Shifts escrita por jéssica r


Capítulo 11
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

leiam as notas finais plss



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Clove

Não lembro exatamente o que aconteceu o resto do dia. Fleches vinham o tempo inteiro em minha cabeça e eu já ficava confusa. Só me lembro de muito pouco, mas muito pouco mesmo.

Marvel e Glimmer ás vezes me lembravam de algumas coisas, porém minha cabeça parecia não compreender. Ele nunca saia da minha cabeça e quando perguntava aos outros sobre ele, me enrolavam e nunca me diziam.

Agora lá estava eu sentada nas arquibancadas. Eu não era a maior fã daquele colégio, mas eu realmente gostava daquele lugar. Glimmer estava no treino e Marvel também. Alguns dias para cá, nós começamos a conversar mais.

Tirando o fato de como Cato estava, eles me contavam tudo. Algumas horas ficavam até maçante demais, mas me ajudava a não pensar em Cato. Eles estavam juntos á quase três semanas e eu estava feliz pelos dois, mas mais por Marvel.

É legal tê-lo como amigo, mas apenas isso. Meu coração e minha cabeça estavam com outra pessoa e acho que ele acabou entendendo isso. Eu não esperava que ele se agarrasse a Glimmer, mas os dois pareciam tão felizes juntos que não me intrometi.

Eu estava estudando para aquela prova de História. Os exames só começavam daqui a algumas semanas, mas eu precisava de algo para me distrair. Até meu pai disse isso. Também disse que eu estava mudando, não para pior, mas eu não parecia tanto a ingênua de Ohio.

Fiquei feliz por aquilo e o dei um sorriso. Eu sabia que meu pai estava preocupado comigo depois do dia no cemitério. Eu me lembro (inclusive, é uma das coisas que mais me lembro) dele me pegando no hospital ou em algum lugar parecido.

No caminho de casa o contei sobre a visão de mamãe. Ele não falou nada o caminho inteiro e só me levou até a cama e beijou minha testa aquela noite. Quando eu acordei, gripada demais ele já havia ido para o trabalho.

Eu sei que meu pai tem uma vida diferente na Califórnia, mas ás vezes eu só queria que ele fosse um pouco mais presente. Ele é na dele, eu sei disso, mas é meu pai. Eu não sou de reclamar então não o falo nada, prefiro que isso fique para mim.

Então... Continuando sobre Cato. Eu não o vejo já faz uns dias. Ele não apareceu na escola e quando fui até a sua casa não tive coragem de apertar a campainha. Marvel e Glimmer, como já disse não me contam nada.

Eu estou me sentindo mais sozinha do que nunca. Ele era um idiota comigo na maioria das vezes, mas tínhamos nossos momentos e eles eram tão bons. Eu só não entendia porque todos o escondiam de mim. O que eu fiz?

– Ei. Tem alguém ai? – Glimmer falou estralando os dedos.

Seu treino estava em pausa e ela veio conversar comigo. Ela estava fazendo bastante isso esses dias. Acho que Marvel a mandava fazer isso, não sei. Só sei que ela fumava muito quando estava longe dele e até me deu alguns cigarros, mas eu não gostei muito.

– Oi.

– O que você tem hein? – E acendeu um cigarro.

– Nada não.

– Sei.

– Sério. Ó eu juro.

– Olha – Ela sussurrava – eu nunca aceitei esse negócio você e segredos desde o início. É só que...

– O que está havendo Glimmer? Por que todos estão me escondendo coisas?

– Tudo bem eu te falo, mas não conta nada para o Marvel ok?

– Sim.

A metade de coisas que Glimmer falou eu não entendi. Ela falava tão rápida e naqueles dias eu andava meio lenta. Eu só realmente tentei entender as partes que falavam de Cato (que foram a maioria delas).

– Acharam garrafas de whisky atrás da lapide. Você viu alguma coisa aquele dia Clove?

– Nada.

– Eu sabia. Eu falei para ele, para todos eles.

– Para quem Glimmer?

– Seu pai e os do Cato.

Meu pai? O que ele tem haver com tudo isso? Ela me contou cada detalhe e eu prestei muita atenção. Glimmer era uma boa fofoqueira como todos desse colégio pareciam ser. Parece que meu pai teve uma discussão feia com os de Cato.

Segundo Glimmer eles achavam que eu era uma espécie de drogada. Meu pai não entendeu, mas esquentou a cabeça. Ele jurava de pés juntos que eu não me envolvia com qualquer droga explícita e que Cato sim, ele parecia um garoto maluco.

Glimmer também me contou que Cato nunca conversava com os pais, mas um dia falou alguma coisa com a mãe sobre uma garota especial. Eu não deixei de soltar um sorriso, porque tinha certeza que ela era eu.

Enfim. Uma noite a mãe foi até o quarto de Cato e o escutou o filho falando ao telefone sobre drogas e uma certa garota.

Então era tudo isso, era por isso que meu pai andava estranho e por isso eu não podia ver Cato de forma alguma. Mas essa não era eu, eu nunca me envolvi com nada disso, apenas a...

Então era o seguinte: meu pai estava puto e por isso andava tão estranho e Cato não vinha as aulas porque a família tinha medo que ele se encontrasse com a tal garota, no caso eu.

– Você – Falei para Glimmer.

Ela deu um pequeno sorriso. Cato devia estar falando com Marvel pelo telefone sobre Glimmer e a mãe ouvira, deve ter nos visto juntos na lapide e todas as garrafas. Tudo se encaixava, não dava para negar.

– Eu preciso vê-lo.

– Calma ai. Eu não te contei nada está lembrada?

– Glimmer... mas eu... arg...

– Você quer que eu me foda. É isso? Mas do que eu já fodi tudo?

Eu estava tão irritada e confusa com tudo aquilo. Era algo meio que simples, além disso, nada era minha culpa. Eu apenas não queria ficar ali parada igual uma tonta e não poder fazer nada, não poder ver Cato.

A maioria das pessoas já deviam estar sabendo dessas coisas e á três semanas deviam estar falando sobre tudo isso as minhas costas. Era tudo tão frustrante. Eu não queria fazer nada, só escutar do próprio Cato que estava tudo bem.

– Vá á merda sua sortuda.

– Quê?

– Sabe, lá no hospital ele falava o tempo todo de você.

Glimmer jogou o cigarro no chão e o esmagou com o pé. Ela se levantou e em um pé só pôs o isqueiro em uma das meias. Ela forçou o rabo de cavalo na cabeça e deu um largo sorriso.

– E foi o tempo todo mesmo. Só falou de você. Ficou até chato.

Acho que já estava ficando vermelha. Eu dei um sorriso e pensei na possibilidade de ele gostar um pouco de mim também. Glimmer revirou os olhos (acho que ela lê mentes às vezes) e deu um largo sorriso novamente.

Ela saiu correndo e eu não entendi o por que. Havia um pequeno tumulto de pessoas em um lado de campo que eu não dei a mínima já que devia ser um desses garotos magrelas que sempre se quebra todo e o tempo todo.

“Vá á merda sortuda.” O que Glimmer queria me dizer com aquilo? Sorte com quê? Com o amor eu não tinha e muito menos na vida. As chances de eu ganhar na loteria eram mínimas e acho que apenas uma tonelada de dinheiro me faria um pouco feliz agora.

Eu escutei o grito ensurdecedor de Glimmer no meio de toda aquela gente. Coitado do garoto magrela seria zoado até o final de seu ginásio agora e como eu estava me tornando uma Californiana, ser curiosa fazia parte.

Corri até o motim e juro que senti minha respiração parar por alguns segundos. Em Ohio, á alguns anos me lembro de minhas primas mais velhas falando sobre garotos. Uma delas disse que quando ficava nervosa por causa de algum garoto, ela serrava os punhos e respirava dez vezes.

Eu tentei seguir o conselho dela e respirei o máximo possível. Ele estava ali recebendo abraços e tapas nas costas dos outros e também tinha um sorriso no rosto. Eu não o queria deixar pior, nem nada disso, mas precisava de algo.

Dei alguns passos empurrando as pessoas à minha frente. Glimmer e Marvel estavam no seu lado e ele abraçava sua cintura. Só me lembro daquele momento quando nossos olhos se cruzaram.

Foi como se todos ao redor sumissem e eu visse apenas ele e o enorme sorriso de Glimmer. Ela era uma espécie de cupido drogado que nunca servia para nada, meio preguiçoso, mas que sempre tinha uma carta na manga.

Eu o abracei e o pude sentir me abraçando mais forte. Cato me deu um beijo na parte lateral da cabeça e eu pude o escutar rindo. Eu tranquei as lágrimas em meus olhos porque sabia que quando caísse na real todos ainda estariam ali.

Seria bom se todos sumissem e eu pudesse ficar ali sozinha com ele, mas claro que isso só aconteceria em algum sonho ou em uma ilusão. Eu o larguei e o olhei de novo. Cato pegou em uma das mãos e o sussurrei rápido:

– Está tudo bem?

– Sim. Está tudo ótimo.

Ver o  Cato me deixou um pouco mais alegre, mas eu tenho que dizer não estava satisfeita. Eu queria conversar com ele e entender de uma vez por todas essa confusão. Eu não iria entregar Glimmer nem nada, só queria conversar.

O que me deixou chateada novamente aconteceu no final do dia. Meu pai me veio pegar na escola (o que já me deixou irritada porque eu iria a procura de Cato) e fiquei o encarando o caminho inteiro. Ele como sempre, não deu um piu.

Ele me falou que eu mudei de jeito morando na Califórnia, mas ele continuava o mesmo tonto de Ohio. Eu estou apenas alguns meses aqui e ele que mora á anos e não mudou nem um fio de cabelo.

– Eu vou para o escritório acabar umas coisas – Ele finalmente disse quando chegamos em casa.

Nada de: “como foi na escola querida?” ou “está com fome querida? Podemos fazer algo juntos.”, apenas mais trabalho. Eu só dei de ombros como fazia todas as vezes que ele falava de trabalho.

Joguei minha mochila em qualquer canto da cozinha e arranjei alguma coisa para comer. A geladeira estava cheia, mas eu preferi comer uma maçã. Eu falo de meu pai, mas me preocupo bastante com ele.

Se a geladeira esta cheia era porque ele não tinha comido nada ainda e qual diabos de hora ele comeu no serviço? Eu fiz um prato de comida para ele, coloquei em uma bandeja e botei uma flor para talvez amolecer seu coração e ele começar a comentar sobre a família de Cato.

Subi até o seu escritório e bati na porta. Ninguém respondeu então eu entrei.

– Pai eu não sei se você gosta de macarrão e na verdade eu nem sei se ficou bom, mas você precisa conversar e você precisa comer... oh!

Uma mulher estava ajoelha ao seu lado e sorria para ele. Havia algumas plantas de casas em cima de sua mesa e os dois a analisavam juntos. Não que eu estivesse morrendo de ciúmes, mas ele podia ter dito que tinha outro alguém em casa.

– Ah oi. Você deve ser a Clove? Seu pai fala muito de você – Ela falou esticando a mão e eu a apertei.

– Pai...

– Meu nome é Shirley e eu sou a assistente de seu pai. O ajudo sempre que precisa sabe?

– Aham.

– Seu pai fala o tempo todo de você e acho que ele tinha razão, você é mesmo bonita.

– Obrigada.

“Tudo bem Shirley. Agora você pode, por favor, calar a boca e sair da minha casa?” Eu tinha muita vontade de gritar aquilo.

A assistente de meu pai (não quero falar seu nome o achei feio) era realmente bonita. Ela parecia ter quase uns trinta anos e vestia um vestido laranja muito bonito. Esses tipos de vestidos que só secretárias usam e que nunca sei onde elas compram porque provavelmente eu nunca vou usar um.

Talvez eles combinem com o corpo de Glimmer, ou alguém muito mais gostosa que eu, como Shirley. Deu não vou mais pensar sobre o corpo daquela invasora de casas.

Enfim. A ajudante de meu pai ficou horas falando coisas que eu não queria saber sobre o novo condomínio ao sul que meu pai estava com as madeiras da indústria, ou algo parecido. Eu confesso eu estava ignorando completamente tudo e odiando cada vez mais aquela mulher.

Meu pai não falou nada e só ficava fazendo rabiscos na planta enorme sobre a sua mesa. Ele só soltava alguns “uhum”, “sim”, “talvez”, “é” e irritando a qualquer um que falasse com ele.

Eu já estava irritada com meu pai e eca, Shirley. Joguei de propósito a bandeja em cima da mesa e o suco que estava em um copo se derramou todo sobre a planta. Meu pai me olhou sério e eu acho que ele já sabia que eu tinha descoberto tudo.

Shirley finalmente calou a boca e deu um jeito de discretamente sair do escritório. Meu pai levantou a cabeça e eu o fuzilei com os olhos. Cruzei os braços, mas depois peguei todas as coisas da bandeja e taquei no lixo do lado de sua mesa.

Shirley voltou com milhares de plantas em seus braços e mais uma prancheta. Não a ajudei e pensei o como seria divertido se ela tropeçasse de seu salto sei lá que número e desse de cara no chão.

– Odiei seu vestido – A falei saindo do escritório e batendo a porta.

Meu pai não veio atrás de mim como qualquer pai zangado viria, mas por precaução tranquei a porta do quarto. Não ligo se ele tivesse uma chave extra ou o escambau ele era o errado e sabia disso.

Peguei o cobertor roxo da minha cama e botei na sacado do meu quarto com mais alguns travesseiros. Eu estava disposta dormir ali vendo as estrelas e mesmo se chovesse eu não sairia.

Em Ohio eu fazia muito isso em nosso jardim. Quando não tinha nada para fazer, roubava a toalha de mesa e a estendia no chão. Eu passava o dia todo ali olhando para o céu e até hoje eu me pergunto por que não me queimava com o sol.

– Secretária idiota – Falei jogando um travesseiro no jardim dos fundos.

– Família Hunthles idiota – E joguei outro.

– Shirley idiota – E não joguei esse travesseiro porque não iria gastar travesseiros com a Shirley idiota.

Eu gosto muito de travesseiros, eles são confortantes e macios e Shirley não merecia um. Principalmente com esse nome. E eu que achava o meu nome mais que ridículo.

O telefone tocou e eu corri até ele. Shirley não atenderia nossas ligações nem a pau e se fosse alguém do trabalho de meu pai que ligasse de novo, porque eu desligaria na cara. No fim das contas quem ligou foi Glimmer.

– O que foi?

– Nossa que mau humor das trevas.

– Se você tivesse uma Shirley em casa você também estaria assim.

– O que é uma Shirley? – Marvel falou e eu revirei os olhos.

– Não é uma Shirley é a Shirley. A nova secretária do meu pai.

Eu escutei os dois rirem muito no telefone. Acho que eles riram sem parar por uns cinco muitos (até fui à cozinha pegar um café). Todos sabem onde secretarias acabam e de como elas gostam de mesas de escritório enormes e salas de xerox.

Ela é gostosa Clove? Por que se for é que a Glimmer anda meio ruim de cama.

Glimmer gritou longos dez minutos com Marvel e fiquei escutando tudo. Na verdade eu ri demais com as coisas que Glimmer falava e até gritou o nome inteiro de Marvel que eu nunca tinha escutado. No fim eles fizeram as pazes e acho que se beijaram.

Quantos anos ela tem Clove?

– Não sei. Uns vinte e poucos?

E o seu pai? Tem quantos?

– Não sei. Cinquenta mais ou menos?

Mas que papa-anjo.

Glimmer gritou com Marvel mais um pouco, mas dessa vez eu não ri. Começou a ficar chato então pensei nos possíveis nomes iguais para papa-anjo. Safado, sem vergonhas e come novinhas só consegui pensar nisso em dois minutos.

Ainda está ai Clove? Seu pai pode não ser isso. Ele não é meio que supercentrado no trabalho?

– Sim.

Ah então. Em todos os filmes que eu vejo os empresários sempre têm ajudantes.

– Quer saber, tudo bem. Meu pai transa com quem ele quiser e não vou ficar pensando nessas coisas. Vou para cama. Boa noite para vocês.

Espera ai – Glimmer gritou ainda na linha.

– O que foi agora?

São oito horas de uma sexta feira e você acha mesmo que eu vou te deixar em uma cama pensando com quem seu pai trepa?

– Hm. Melhor que sim.

Sei bem do que você precisa e vamos te ajudar.

– Se for falar com Cato até pode ser, mas se não, obrigada boa tentativa.

Isso é bem melhor e você também vai poder falar com Hunthles delícia.

– O que? Um milagre?

Uma festa!


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Notas finais do capítulo

então pessoas temos q conversar. hi. como tão? tudo bem? :)
ó, eu não escrevo pras paredes mas eu tbm não escrevo só por reviews. eu escrevo pq amo escrever e principalmente amo meus leitores ♥
mas eu vou precisar da ajudinha de vcs, então tirem a leseira do corpo KKKK
a fic anda com poucos leitores (q eu amo, mesmo) então quero a opinião de vcs. do que pode melhorar, do que pode ajudar e etc. é só falar oks?
bjs e deixem suas sugestões tudo bem?