Shifts escrita por jéssica r


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

get out of my house.
now.



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Capítulo 12

Cato

Eu não aguentava mais ficar em casa. Já fazia três semanas que eu não colocava os pés em lugar algum a não ser um hospital, uma clinica e minha casa. Eu estava precisando de agitação, pessoas da minha idade e vida noturna.

A minha mãe não sai da minha cola desde o dia do cemitério. Ela vive me perseguindo (diferente de meu pai, que não da à mínima). Acho que ela tem medo que eu volte a ser o que eu era, já que as coisas melhoravam.

Quando digo o que eu era, digo o meu antigo. Aquele que não dava atenção para nada, que incomodava, aprontava e ainda saia toda noite e voltava com o cheiro de drogas e bebidas na roupa.

Bem, era uma sexta-feira de tarde eu estava cansado o suficiente de ficar trancafiado. Eu só lia músicas alta e lia revistas nas quais uma vez comprei, para maiores.

Aquilo já bastava, toda aquela prisão já tinha passado dos limites. Eu precisava sair e nem meu pai, mãe ou qualquer médico me impediriam.

Desci a escada até a cozinha e vi minha mãe arrumando ingredientes para um bolo. Eu fui até a geladeira e bebi um copo de água enquanto a encarava.

– Fazendo um bolo mãe?

– Sim. Faz tempo que não faço nenhum.

– E você quer ajuda? – A perguntei e ela sorrio para mim.

– Claro. Olha, vá lá e pegue os ovos na geladeira.

Eu fiz o que ela pediu. Dei um jeito dos ovos escaparem de minhas mãos, fazendo com que se chocassem ao chão. Minha mãe olhou séria para mim, depois para meus pés e fechou os olhos respirando fundo.

– Esperai ai mãe – Falei quando ela se agachava para limpar a bagunça – Por que você não sai e compra os ovos? Eu fico e limpo tudo.

– Não. Não Cato, você ainda não está totalmente recuperado.

– Estou bem sim. Isso foi apenas um acidente de cozinha.

– Sei... mas tudo bem – Ela finalmente pareceu aceitar.

Tenho certeza que minha mãe se sentia tão presa como eu em casa, já que correu pegando a bolsa e as chaves da casa e do carro e me beijou na testa perguntando mil vezes se estava realmente bem.

Eu sorri da janela da sala para ela e quando o carro virou a esquina corri direto para meu quarto. Peguei meu celular junto dos fones de ouvido, coloquei um casaco com capuz e o pus sobre a cabeça.

Fui até o lado de fora e depois que fechei as portas do fundo, corri até minha bicicleta.

Não andava com Lola já fazia alguns dias (pelo menos não além do jardim) e não tinha certeza se me equilibraria e pedalaria rápido como antes. Eu tentaria ao máximo, porque, dentro de casa eu não ficava mais um minuto.

Quando finalmente passei dos portões de saída e entrada do condomínio, não resisti e gritei por minha liberdade. A voz da minha futura mulher e mãe de meus filhos vibrava em meus ouvidos (Daqui a dez anos estarei em uma cama fazendo amor com Taylor Momsen, sim. Obrigada.).

O mais estranho além de eu estar super excitado com uma coisa que nunca aconteceria, era que o único lugar que pensei em ir foi a escola.

Até que fazia algum sentido, já que meus amigos e as únicas pessoas que realmente demonstravam me amar além de minha mãe, estavam todos ali. Mas a única coisa ruim era que eu tinha pouquíssimo tempo.

Joguei minha bicicleta em algum lugar atrás das arquibancadas e corri até o campo. Marvel e Glimmer estavam lá, estavam todos lá. Marvel jogava uma bola de futebol americano com perfeição no grande arco fechando um perfeito touchdown e Glimmer esticava os braços em cima de uma pirâmide.

Ela pareceu me ver, mas não me reconhecer já que desceu da pirâmide e correu em direção dela. Clove.

Eu gritei para Marvel e ele tirou rápido o capacete e toda aquela proteção. Ele correu até mim e apertou minha mão, seguindo com um forte abraço. Ele já tera me visto alguns dias antes e anos atrás naquela mesma situação.

Se um de nós chorássemos (mais provável Marvel), não seria estranho.

Um momento depois haviam outras pessoas ao me redor e cumprimentando. Cheerleaders, jogadores de futebol, corredores e mais alguém que eu reconheci por olhar.

E quando ela apareceu, eu confesso, fiquei um pouco tenso. Eu tinha me esquecido como Clove era pequena e como com tanta perfeição ela cabia em meus braços.

Ela me perguntou se estava tudo bem comigo e dando-a meu melhor sorriso respondi que sim. Meus pais tinham me proibido de vê-la por um motivo muito babaca, isso sim.

Estava tudo perfeito, mas eu tinha de me lembrar que não tinha tanto tempo. Minha mãe voltaria a qualquer instante e se não me visse em casa, eu seria um Hunthles morto.

Expliquei rápido a Marvel e Glimmer o por que não poderia ficar ali e sai correndo me despedindo. Pedalei com todas as forças que consegui e só parei no portão fechado do condomínio.

Ninguém o abriu, então desci da bicicleta. Finnick, o garoto que geralmente abre o portão e dá informação ao condomínio dormia com os braços cruzados e roncava deixando cair baba sob sua mesa. O controle estava em sua mão e quando o enxerguei, chamei por seu nome.

– Finnick! – Gritei e ele levantou a cabeça todo assustado.

– Ah! É você Cato! Se fosse o patrão você sabe, eu estaria ferrado.

– Hum. Mas eu realmente não ligo para seu emprego Finnick, só quero voltar para casa. Falando nisso... Á quanto tempo você está dormindo exatamente?

– Sei lá, deve fazer uns cinco minutos que adormeci. Por que Cato?

– Você viu o carro da minha mãe por aqui?

– A sua mãe... Sra. Hunthles... A única mulher por aqui que nunca comi porque se fizesse isso você que me comeria vivo e jogaria os restos para alguns mendigos provavelmente... não... não vi nada não...

– Ótimo.

Eu não tenho nada contra Finnick, na verdade ele é um dos caras mais gente fina nas quais conheci mas, a história é a seguinte:

Esse garoto chamado Finnick Odair é muito pobre. Ele deve ter uns três empregos e mais alguns bicos. É bolsista na minha escola e para melhorar seu rendimento e tirar menos dinheiro do bolso, estuda igual a um cavalo e concorre com a equipe de natação.

Isso pode soar muito gay (mas é a realidade), o Finnick é muito bonito. Ele é tipo todo bronzeado, meio loiro e tem um corpo de um Deus pobre.

E acho que Finnick pareceu entender que tem um corpo de invejar e resolveu usa-lo da forma mais fácil possível e rendesse dinheiro. Sexo. Não em boates, ou pela noite usando só uma cueca, mas com quarentonas em meu condomínio que tem piscinas enormes, estão cansadas dos maridos ricos, chamam Finnick para limpar toda a bagunça na água e procuram por segundas intenções.

Quando eu descobri isso lá pelos meus quatorze, quinze anos fui a procura de Finnick. Não por diversão, credo, mas sim para alerta-lo sobre minha mãe. Ela era uma dona de casa entrando nos quarenta anos, com uma piscina boa nos fundos da casa, um marido muito ausente, mas com um filho.

Eu me sentei na mureta na frente do alojamento de Finnick e pensando em minha mãe, telefonei para ela que disse estar na casa de Marvel, tomando chá com a mãe do mesmo ou fazendo algo tonto de mulher. Eu insisti um pouco para que ela ficasse e ela pareceu gostar muito da de possibilidade de ficar longe do filho perturbado por algum tempo.

Nesse meio tempo fiquei conversando com Finnick sobre futebol, garotas, aquela nova loja que se transformava em um bar que aceitava menores mais para o centro e depois de um tempo sobre uma festa.

– Conheces esse endereço? – Finnick falou me mostrando o celular.

Eu peguei-o de sua mão e olhei a mensagem “festa da sexta-feira pelo médio”, depois tinha o endereço que não sabia de quem era e “apenas para veteranos, novatos e fundamental II com bebida ou pílulas Cresta”.

– Desculpe Finnick, não sei de quem é o endereço. Você vai?

– Claro que sim, vejo chuva de pílulas e você?

– O quê?

– Vai á festa? Quer dizer, a gente está no segundo ano e não precisamos de pílulas.

– É eu sei. Mas está difícil. Eu já tive que mentir para minha mãe para sair, não que isso seja um problema, mas pode gerar grandes problemas.

– Sei. Mas olha, só acho que você deveria ir. Só para calar a boca desses fofoqueiros idiotas.

– Mudado? Como assim Finnick? Do que você está falando? – O perguntei confuso.

– Ah... é só que todos já notaram que você mudou de um semestre para cá. Quer dizer... antes você dava festas e estava em outras o tempo todo, chamava atenção de todos, tinha dinheiro e garotas ao seu redor. Bebidas, identidades falsas em com você e de uma hora para outra você meio que, ficou bonzinho.

– Ei!

– Espera, que eu ainda não terminei – Finnick me interrompeu esticando um dedo – Agora estão todos espalhando o boato que com o seu sumiço do nada, você vai voltar a ser o outro cara.

– Vou voltar como o bom e velho Cato?

– Exatamente. Mas sem o bom.

Finnick conseguiu tirar um sorriso de meu rosto. Ele e as pessoas estavam certos. Aquele ali, aquele caro legal e vivendo igual um idiota a procura de uma garota caipira e uma noite de amor com ela, nem chegava perto do meu antigo Cato.

Eu finalmente cai em mim e percebi que havia mudado muito. Por causa de Clove, principalmente.

– Você está ligando para quem? – Finnick perguntou quando teclei em meu celular.

– Alô. Eu posso falar com Annie Cresta?

– Cresta? Você esta falando com a Cresta? E o primeiro nome dela é Annie? Que lindo. Espere... você vai me dar o número dela – Finnick gritou e meio que sussurrou abrindo o portão para mais um carro.

Minhas porras acabaram... espere você me chamou de Annie! – Ela gritou, mas logo relaxou na linha.

Cresta ou maluca das pílulas (não traficante, acho que todos achavam o nome muito forte para apenas uma garota que vende pílulas e algumas drogas para adolescentes que querem ficar insanos por uma noite), mas Annie para os mais íntimos ou compradores antigos.

A garota de cabelo cor de rosa, a mesma idade da minha e já com seu pequeno comércio improvisado de pílulas em um apartamento tijolado no centro.

A maluca tem de tudo. Brancas ou naturais, roxas, azuis. É uma porcaria de arco-íris em um saquinho com no mínimo cinco. Nós nos tornamos amigos a uns quatro anos quando eu a ofereci um pedaço de sanduiche. Ela era até que normal, tinha os fios de cabelo ainda da cor natural marrom, fumava algo e não falava muito.

Eu tenho quase certeza que fui o primeiro a falar com ela naquela escola e a apresentar as mágicas pílulas. Até pareceu amor à primeira vista quando botei uma em sua boca. Era apenas uma pílula das mais fraquinhas, mas tenho certeza que ela se fez de maluca quando transamos horas depois.

Depois daquilo algo aconteceu porque ela pintou o cabelo, comprou roupas novas e agora enche o bolso dos outros com saquinhos de incompreensão e os seus de dinheiro.

– Oi Annie. Como você está?

– Até agora, diferente de você que é rico por uma injustiça, sou pobre e não tenho dinheiro suficiente para o meu próprio carro..

– Engraçada você. Não seria tão mal educada com o cara que tirou sua virgindade.

Tenho de ser. Algum babaca me inventa uma tal de festa onde a pirralhada só pode entrar com pílulas Cresta e agora as crianças enchem os meus ouvidos implorando por pílulas ou um baseado igual cachorro por bola.

– Você não devia estar agradecendo ingrata? Isso não trás dinheiro para você Moa?

Ah claro, até que bastante – Ela não me pareceu sarcástica – mas você se esqueceu que tenho fraldas para trocar e mamadeiras para esquentar? A pequena Moa ainda é jovem e nem sabe tomar suas próprias pílulas.

Finnick fez uma expressão de indignação na minha frente. Acho que ele escutava tudo, porque Annie falava alto demais. Eu sabia o porque todos faziam a mesma cara de Finnick. Na verdade era sempre a mesma razão: Um juiz deixando a guarda de uma irmã criança para a outra irmã criança (Annie é maior de idade pela sua documentação, mas pelo seu psicológico não pode se dizer o mesmo) de cabelos cor de rosa e a casa com cheiro de substancias toxicas. Esse juiz deve ser um cliente de Annie, isso sim.

– Não querendo ser muito grossa e já sendo Cato, mas é que tenho que dar outra rodada para Moa e tenho uns cinquenta telefonemas em espera.

– Tudo bem. Você tem quantas ainda?

– Duzentas... acho. Eu fiz algumas para as festas de sexta-feira, mas como estão dizendo que só terá essa e será enorme, vou me garantir. Pelo jeito, não durarão uma noite. Quantas você quer?.

– Nem sei se quero.

– E por que diabos você me telefona?

– Ei relaxam cor de rosa! Você sabe quem está dando essa tal festa?

– Ah... é a Glimmer como sempre, mas a casa não é dela. É de uma Clove-Flor, sei lá – Annie ninava Moa. Poderia ter a dado para mãe, mas como a mesma sumiu do mundo como o pai mais cedo, Annie agora cuida da criança com seu dinheiro e do governo. Annie é meio doida, mas pelo menos uma responsável. Bem diferente da mãe.

– Couve-flor?

– Não garoto. É Clove-Flor mesmo.

– Clove? É isso que você quer dizer? – Gritei desesperado no telefone.

– Cale a boca seu idiota. Moa dormiu e sim, é isso mesmo.

– Annie muito obrigada. Muito obrigada, mesmo!

– Obrigada você por me fazer perder o meu precioso dinheiro contado e acordar Moah. E a propósito, eu não era virgem antes de você.

– Vibradores não contam Annie e...

Ela desligou o telefone na minha cara e a ligação caiu. Eu até imagino o futuro a pequena bebê Moa: o rosto idêntico ao de Annie, porém dezesseis anos mais nova, o cabelo colorido e o saquinho de pílulas e dinheiro escondido no sutiã.

– Ei Cato. Qual é mesmo o carro da sua mãe?

– É um BMW, por quê?

– Se eu fosse você se apreçava – Ele falou apontando para telinha de uma televisão que mostrava as câmeras de segurança e falando em um walkie talkie preto – ela já está pela vizinhança.

– Tudo bem. Obrigada Finnick.

– Espera ai! Antes você podia me passar o número da Cresta? Quer dizer, Annie.

– Finnick acorda. Ela é maluca e tem um bebê. Não é bem o seu estilo e o de ninguém.

– Qual foi, eu gosto do cabelo tingido dela – Tive de revirar os olhos depois dessa.

– Tudo bem, você conseguiu. Mas passo mais tarde quando formos a festa, pode ser?

– Escutei isso mesmo? Cato, O Hunthles vai a sua primeira festa pós recuperação condôminos do WCC – Finnick gritou de seu posto.

– Você é um grande babaca o Odair – Gritei rindo e já dando as primeiras pedaladas para longe do portão.

– Um idiota gostoso pra cassete.

Como Finnick me alertou, minha mãe chegou alguns minutos depois de mim me dando pouco tempo para limpar de forma porca os ovos no chão. Ela nunca descobriria a minha fuga da tarde, mas agora tinha que criar um plano para que pudesse ir até a festa logo pela noite sem que ela e meu pai percebessem.

Mais tarde no jantar, onde minha mãe me obrigou comer com meu pai e eu não respondi nenhuma de suas pequenas perguntas, subi para o meu quarto e tomei um banho. Me joguei na cama preparado para enrolar minha mãe e fugir.

– Tomou seus remédios querido? – Minha mãe perguntou preocupada quando eu estava na cama.

Essas pílulas não eram como as de Annie Cresta. Me faziam ficar calmo e em alguns momentos até demais. Eu ficava lerdo e paria até que iria fechar os olhos e dormir, ou quem visse de longe desmaiar a qualquer momento. É por isso que depois da primeira vez que desmaie no chão da sala e só fui acordar quinze horas depois no meio de uma madrugada, eu incinero um no banho dia após dia.

– Claro mãe – Menti.

– Eu amo você filho. Não se esqueça nunca.

Ela me falou e beijou meu rosto. É difícil mentir para uma pessoa quando você sabe que ela quer o seu bem e até algo melhor, sua saúde e segurança. Mas eu já tinha desrespeitado as regras tantas vezes e desmaiado no meu quarto depois de um pós festas que bem, nem ligava mais para não complicar.

Quando minha mãe saiu do quarto fechando a porta, dei um pulo da cama e fui até a porta tranca-la e conferi se os corredores estavam livres. Vi minha mãe entrar em seu quarto, com a certeza que dormiria como uma rocha.

Troquei a camisa de pijama velha por calça, camiseta e casaco com capuz e meu velho tênis, não respectivamente e mandei uma mensagem para Finnick chamando-o.

“Tudo ok. Onde você está??”

“Olhe para o outro lado da Rua Riquinho O Rico” Ele respondeu rápido.

A picape de Finnick estava no lugar onde ele indicara e ele esta dentro mexendo no celular.

Fazendo o mínimo barulho possível e anda na ponta dos pés, corri até o lado de fora e seu carro velho.

– Eai Catinho.

– Onde você arranjou essa porcaria?

– Você é rico pra cassete e nunca deve ter ouvido falar numa coisa chamada cofrinho, conhecido popularmente como porquinho.

– Tudo bem, melhor que não ter nada. Agora vamos embora.

– Melhor que uma BMX idiota.

– Bom o motor – Falei quando Finnick partiu o carro e motor rangeu de uma forma ensurdecedora.

– Antes que eu me esqueça, vá á merda ok?

Finnick dirigiu até a direção da casa dos Still mas antes paramos em um posto e ele comprou um garrafa de Coca-Cola na loja de conveniências.

Finnick dirigiu em direção a casa dos Still checando placas, mas antes paramos em um posto e ele correu até uma loja de conveniências. Quando voltou, tinha uma garrafa de Coca-Cola nas mãos.

– Você está brincando não é? Você não bebe?

– Não seu babaca. Olha aqui... essa... vai ser a melhor bebida que você irá tomar na sua insignificante noite – Finnick abriu a garrafa e tirando uma pequena garrafa de whisky derramou todo o líquido na garrafa de Coca-Cola.

– Isso é bom? Porque não tem cara.

– Invenção dos Odair, mesmo eu achando que alguém já tinha inventado, mas enfim, é uma delícia.

– Tudo bem – Falei e bebi o gole do rito de passagem de Finnick – Até que é bom! Agora vamos.

Finnick achou rápido a casa de Clove. Na verdade estava mais para casarão/mansão Still. O lugar era realmente grande e ótimo para uma festa daquelas que eu sabia que era do tipo enorme já que havia carros acumulado por todo o quarteirão e até em cima de calçadas e jardins dos outros vizinhos.

Não se escutava barulho algum lá de dentro, o que era uma grande dádiva. Glimmer estava linda no portão usando apenas langerie cor de rosa, não sei diabos o porquê.

Ela chupava pílulas como quem chupa jujubas e parecia contabilizar tudo em uma caixa de papelão ao seu lado. Glimmer de certeza é a melhor pessoa que conheço para dar festas em cima de hora. E o pior é que, quanto menor o tempo, maior a perfeição. Isso me deixava louco, porque em termos de organização minhas festas sempre ficavam uma porcaria e eu tinha de apelar para ela perdendo suas apostas.

Ou seja, se você algum dia entrar em uma casa e houver loucuras por ali e horas depois você entrar novamente e o todo o caos não estiver mais, não se preocupe ou ache que está louco, ali com certeza tem os dedos mágicos de Glimmer.

– Olhem quem está aqui – Ela falou quando a encontramos – Acho que você podem entrar de graça não é?

– Cadê a coisa que a Clove chama de pai e a propósito, suas roupas?

– O futuro sogrão? Em algum hotel vendo a chuva maluca que cai em Ohio. Acho que São Pedro ama festas tanto como nós. E meu vestido, uns garotos do ultimo ano levaram.

– Como vocês o descartaram?

– Por nossa sorte, o paizão está construindo um condomínio da sua laia no sul. Foi á Ohio para arrumar madeira ou sei lá mais o que e foi ai que caiu uma chuva maluca do nada. Clove ligou para ele e fez um discurso polemico e de chorar para que ela dormisse em qualquer lugar, porque ela já perdera a mãe na chuva e não queria o que o mesmo acontecesse com o papai.

– E ele aceitou? – Finnick perguntou..

– Sim.

– Como eu queria ser mimado assim.

– Você pode, é só me deixar mimar você e esquecer por belos longos minutos em uma cama todos aqueles seus irmãos pirralhos – Glimmer falou piscando para Finnick e contando mais sacos de pílulas na caixa.

– Namorado. Marvel. Lembrada?

– Não... acho que posso esquecer por...

– Glimmer! – Gritei para ela.

– Só brincando Hunthles, relaxa. Vamos entrem. Não quero bagunça na minha portaria.

Depois de nos expulsar do seu jardim agora portaria, eu e Finnick entramos na casa. Como já havia falado, Glimmer se supera festa após festa. Não sei aonde, nem como ela arranja essas coisas, só sei que estava tudo muito mais foda do que a ultima festa que ela montara dois meses atrás.

Tudo estava escuro e as únicas coisas as quais brilhavam eram os corpos vermelhos, o local onde fora posto uma mesa de mixagem e aquela tinha filha da mãe que gruda em seu corpo e ai você passa a brilhar diante a cor.

Tinham também as mesas cheias de bebidas de quinta até a que apenas loucos com a carteira borbulhando com dinheiro dentro compram.

Eu reconheci pouca gente no escuro, mas elas pareceram notar minha presença. Finnick já não estava ao meu lado e parecia mais despreocupado do que em achar o carro pela manhã e dirigir a minha casa. Eu já podia ver um Finnick dormindo no sofá cama em meu quarto e vomitando em meu banheiro.

Tentei relaxar como Finnick e não pensando na amanhecer, apenas no ali e agora. Peguei algo para beber e fechei os olhos sentindo a vibração da música. Glimmer apareceu no meu lado com roupas novas (apenas um moletom cinza na realidade, que tenho certeza ser de Clove e a parte de baixo cor de rosa a mostra) toda pintada de tinta. O cabelo, os lábios e as faixas em todo seu corpo.

Não consegui não rir porque ela estava muito diferente e engraçada, mas continuava a sexy Glimmer de sempre. A vagabunda pegou um lada de tinta azul de seus pés e jogou com uma das mãos o resíduo em mim. Sua mão estava azul agora, como minha jaqueta e barriga.

– Bem vindo de volta Cato – Ela gritou e quando eu reparei já haviam centenas de pessoas em uma roda em minha volta com latas de tinta.

Eu só consegui pensar em um “fudeu” e quando vi já estava um grande e loiro homem arco-íris. Se isso pareceu mais gay do que minha discrição de Finnick eu não sei, mas quando os restos de minhas roupas no espelhos mais tarde, estavam muito legais.

– Fique doidão – Glimmer sussurrou em meu ouvido quando veio me abraçar. Ela tirou de algum lugar do casaco uma pílula de cor roxa e colocou delicada na minha boca. Eu a olhei e pisquei mais forte e ela deu um grande sorriso para mim. As coisas começaram a rodar e se multiplicar. A porcaria de Annie parecia fazer algum efeito rapidamente.

– Bom garoto.

Glimmer deu-me um tapinha no rosto e tenho quase certeza que ela me deu um selinho depois e saiu correndo. As coisas estavam girando mesmo, eu via tudo em dobro e se alguém encostasse em minha barriga eu seria capaz de vomitar.

Estava ficando tão quente que quando botei a mão na minha testa ela suava. Eu suava igual um porco.

Quando encontrei Annie em algum lugar naquela bagunça de tinta, me lembro de a ter perguntado se era normal suar tanto e ela apenas rio e foi puxado por alguém que acho que reconheci como Finnick.

De uma forma louca, depois de uns dez minutos eu já não sentia mais nada. Quer dizer, tudo ficou bem mais colorido e um pouco escuro do que antes, mas eu me sentia muito bem e com uma energia que não senti em semanas. Pílulas roxas, Cato, Cato, suas melhores amigas.

As infernais horas seguintes passaram como borrões. Aquelas horas que depois que você toma um banho e se sente ciente e real o possível para voltar a ser você mesmo, o chato e não doidão você e começa a se lembrar das merdas (que geralmente são as melhores partes) que você fez na noite que seu passou.

Eu demorei um longo tempo para aprender a me lembrar das noites que eu passava insano de qualquer coisa. Eu tinha que tirar minhas roupas, ligar o chuveiro e me sentar em seu fundo para ai tentar relembrar de maluquices.

E quando finalmente me sentei no fundo da porcaria do chuveiro, querendo mais e mais loucuras eu comecei a me lembrar, por exemplo: de encontrar Finnick e Annie se agarrando em um sofá. Ela por inclinada por cima de seu corpo, rindo e inclinando a cabeça e tapando visão de um lado com os cabelos e depois beijando qualquer parte do peito de Finnick.

Lembro-me também de encher meu copo apenas duas vezes e beber por vontade própria. As outras milhares de vezes que meu copo estava cheio e eu o levava até a boca com nenhuma consciência, as pessoas em meu caminho que o enchia.

Houve também a hora em que eu ria igual um babaca e tirava a camisa. Que dançava com uma garota menor e mais magra que eu e que sussurrava coisas em meu ouvido. Outra que estava cansado demais e me apoiava em uma parede escura e Glimmer aparecia que nem magia com um garoto que não parecia ser Marvel em suas costas e enchia minha boca com qualquer porcaria que me dava energia.

Um momento uma garota apenas com uma saia, apenas-com-uma-pequena-saia-e-sem-mais-diabo-de-nada gritou em um microfone “hora de girar a garrafa” e todos pararam para jogar o antigo jogo.

Eu fui para um banheiro com uma morena, para um armário com roupas de inverno com uma loirinha, para um quarto com duas que queriam tirar minhas calças mas, eu só fiquei com uma porque bem, eu não sei porque não queria a outra e apenas fiz.

Quando meu corpo e minha mente não aguentavam mais eu achei uma porta de vidro que dava para a lateral e os fundos da mansão, junto do jardim e da piscina. Puxei o máximo que consegui de ar e me joguei rindo na grama agradecendo por tudo aquilo ter voltado.

A minha alegria e meditação não durou muito porque eu já me debatia com os braços e pernas sendo segurados por alguns caras fortes que me tacaram na piscina. Logo após, ele se jogaram na mesma junto de mais algumas garotas.

A água não chegava perto de translucida e quanto mais pessoas pulavam para dentro d’água e faziam com que a tintar em seu corpo escorresse, mais colorido e imundo tudo aquilo ficava.

Eu me sentei na beirada da piscina e encontrei uma pílula no bolso da minha calça. Ela não parecia estar mole, parecia ser a prova d’água ou algo assim porque a tomei com facilidade.

A engolindo, inclinei a cabeça para trás e quando voltei a enxergar o que estava na minha frente encontrei o olhar com uma Clove apenas de biquine e risonha encostada na borda da piscina no outro lado.

Eu voltei para dentro da água e fui até o lugar onde a tera visto. Ou achava que tera, porque ela não estava mais ali. Levei exatamente cinco minutos para achar Clove entre as pessoas, enquanto ela brincava de gato e rato ou pique esconde.

– Achei você – Falei em seu ouvido quando a puxei até uma beirada. Ela sorriu para mim.

– Olá.

Como outras garotas se aproveitaram de mim e de meu eu de outro universo, ou algo parecido, eu estava pronto para me aproveitar de Clove. Aquela com certeza com um biquine preto e muito pequeno não era ela e nem chegava perto.

Eu comecei beijando seu pescoço e vendo que ela abria caminho (apenas demonstrando caminho rindo como uma oferecida maluca que ela não é), coloquei uma de minhas mãos na sua coxa. Clove não me rejeitou e cruzou suas pernas em minha cintura em quanto eu a empurrava para a borda da piscina. Continuei a beijar seu corpo e nunca sua boca.

– Eu não... eu não... não vou deixar você ganhar.

– Eu sei que não – Falei sarcástico botando a mãos em seus cabelos e preparando-a para o beijo.

A encarei e ela retribuiu o olhar. Clove colocou uma das mãos em meu abdômen e o alisava enquanto ria para mim esticando a mesma mão até um lado de meu pescoço. Um beijo ao melhor estilo Hunthles saindo com capricho, Senhorita Still.

Eu estava a centímetros de sua boca, ou poço dizer meu mais novo pote de ouro. Ela já alisava meus cabelos e eu seu corpo. Nossos narizes se acariciavam devagar e eu ela já movimentávamos nossas bocas. Era ciente que o joguinho de Clove de se fazer de difícil estava terminando a milímetros naquele momento de minha boca, até que...

– Desculpe interromper – Eu olhei com raiva para cima e Clove repetiu meu gesto. Eu sentia seu peito se movimentar para cima e para baixo arfando de nervosismo e o meu também, porém de raiva.

Cresta estava acima de nós. Usava suas peças de roupas esquisitas, mas dessa vez haviam poucas já que eram retiradas por Finnick. Ele afastava os cabelos coloridos da garota de suas costas, beijava o local e apertava sua cintura.

Acabei bufando com raiva saindo até pelos ouvidos. Eu tinha uma garota difícil, teimosa e pior ainda, durona, aos meus braços seguintes antes. E o “pior”, a milímetros de minha boca e acabara de perde-la por causa de uma drogada, uma criança e eu semideus.

– Alguém pode me fazer um favor? Eu acabei de ganhar ele no sete minutos no céu e se Moa se traumatizar terei problemas – Annie falou chacoalhando a criança.

– Tá.

Eu não tinha como recusar. Quer dizer, era uma criança e não tinha como dizer não para enormes olhos verdes te encarando de uma forma tão pura, e você sabe, essas coisas mágicas com beicinho que crianças conseguem fazer com a magia mais pura.

Sentei-me na borda da piscina e escorrendo água pela calça, me levantei e peguei Moa no colo. Ela choramingou um pouco, mas desesperado a chacoalhei. Sem gritinhos ou lágrimas, por favor, por favor. Se comporte Moa.

Olhei para baixo e vi Clove me encarando. Ela estava com as mãos apoiadas na beira da piscina e logo inclinou a cabeça para baixo. Quando voltou a levanta-la, piscava séria mais do que o normal.

Clove pôs uma das mãos na barriga e a apertou. Quem visse de longe perceberia que ela não estava se sentindo nada bem. E mesmo de perto, ela parecia estar ficando muito branca (mais do que o normal, na verdade). Clove subiu rápido pelas bordas e saiu correndo para algum lugar dentro de sua casa.

E lá se ia pelo vazo (literalmente) a Clove alegre, risonha e totalmente insana. Além de safada, que era a melhor parte. Voltava a ser a durona e com espírito de rapaz pela qual eu, por motivos não específicos ainda, me interessei.

Voltando a me preocupar comigo, eu estava em uma dura enrascada. Tinha dois enormes olhos brilhantes me encarando em meu colo, milhares de adolescentes bêbados e pelo menos 75% drogados e eu parecia o único em me importar com isso, o que era um problema.

Tudo já estava “Se Beber Não Case” o suficiente (bem capaz de ter algum bicho no banheiro, bem capaz) e se você acha que as coisas não podiam piorar... elas pioraram. Envolvendo casa na árvore, fotos e vomito.

Mas começando pela casa na árvore. Eu não sabia para onde ir. Para um local o mínimo possível seguro para um jovem em meio de milhares e um bebê. E o único local que sobrara na muvuca e me parecia um pouco confortável, era a casa na árvore dos Still.

– O meu nome é Cato e o seu? – Falei quando estava um pouco mais seco e me sentei com a costa apoiada em uma tabua de madeira e Moa em meus braços. Ela é uma criança bonitinha, um bebê na realidade, mas é meio pesada o que me surpreendeu.

Imaginei os pequenos braços fracos de Annie carregando “isso” de um lado para o outro. Só pílulas para aguentar isso (ou um carrinho de bebê Cato, seu estúpido). Bem, obviamente eu sabia o nome de Moa, mas eu tinha de dar um jeito de começar a puxar conversa já que era a primeira vez que conversava com um bebê à anos.

– Você deve gostar de música não? Quem não gosta? Mas essa é muito chata.

Passei a mão por minha calça e senti meu celular. Eu o tirei do bolso com os cumpridos fones de ouvido e relaxei. Eu tenho dinheiro para comprar um celular novo, mas me preocupo com a música (que parece ser uma das únicas coisas que me relaxam, depois de banhos, minha mãe e em alguns momentos com Clove) isso sim.

Os fones estavam fazendo uns zumbidos estranhos, talvez por causa da água, mas dava para escutar algumas coisas. Selecionei uma música que relaxasse Moa e que por algum milagre ela não chorasse. Acabei colocando a calma Preparedness da The Bird and Bee, mesmo.

Moa não teve reação nenhuma e depois de um tempo até perdi o medo que ela chorasse. Na verdade, quando comecei a acariciar seu pequeno corpo ela começou a fechar os olhos como se estivesse ficando embriagada pelo sono. E ela estava mesmo, mas de uma forma diferente, uma forma doce.

As únicas pessoas que eu vira dormir daquela forma (doce, ou igual a um anjo. Os únicos adjetivos a qual encontrei) foram minha mãe uma fez quando eu era criança, deitada em um sofá na sala sorrindo e cochilando ao mesmo tempo, minha pequena irmã nos curtos fleches que tenho com ela e Clove uma vez a qual ela descansou a cabeça na parede em uma aula e tirou um cochilo.

– Aqui é meu lugar. O que você faz aqui? – Escutei a voz e arranquei os fones do ouvido. Ela estava encostada na porta aberta de madeira da pequena casa e enrolada em uma toalha.

O seu cabelo estava todo molhado, o corpo escorria tinta e os lábios estavam roxos. Clove estava tremendo de frio, porém manteve a expressão séria. Ela respirou fundo (acho que viu Moa e notou que se gritasse comigo ali, teríamos uma longa perturbação para os ouvidos) e sentou-se ao meu lado no chão.

– Onde você conseguiu arranjar um bebê? – Ela falou dando um meio sorriso. Eu nunca gostei daquele sorriso sarcástico no rosto de Clove, mas ela fazia sempre, meio que só para irritar.

– A Annie a trouxe. Ela é a irmã dela e se chama Moa.

– Annie Cresta? A de cabelo cor de rosa e cheia de...

– Pílulas. Essa mesmo.

– Então ok – Clove falou parecendo agradecer por a criança não ser minha (ou eu ter engravidado alguém) e se sentou para mais perto de mim. Senti sua pele muito fria quando ela tocou-me.

– O que estamos fazendo aqui mesmo?

Clove falou dando outro meio sorriso e revirando os olhos. Eu ri também porque sabia do que ela falava. De certeza aquela era sua primeira festa, o que não me surpreende e agora ela devia estar em algum lugar bebendo e se esfregando em outros caras além de mim e não estar ali com um idiota e uma criança.

Eu já estava acostumado com essas coisas esquisitas, principalmente nos finais de festa onde as coisas estão no teto ou em algum lugar escondido ou totalmente insano. Não que eu esteja acostumado a terminar as festas em uma casa em cima de uma árvore com um bebê, mas sim terminar com coisas estranhas como aquilo.

– Basicamente estamos nós, eu, você e uma criança em cima de uma árvore em quanto desconhecidos quebram sua casa lá embaixo e você parece nem ligar. Isso é bom. Um fim de festa diferente para sua primeira festa.

– Essa não é minha prima festa ok?

– Sei.

Nós ficamos em silêncio por um tempo até que Clove mexeu as pernas. Ela se curvou para frente e abraçou os braços até a barriga os cobrindo com a toalha de seu corpo. Ela ia congelar de frio ali e tinha de se aquecer.

– Você tem que trocar essas roupas Clove.

– Onde você estava?

– O quê?

– Onde você andou todo esse tempo? Três semanas atrás? Você sabe o quanto foi difícil para mim. Fiquei sem receber nada, um email, uma carta, um recado, nada Cato. Sabe o quanto me culpei e senti mal? O quanto Marvel e Glimmer tiveram que encher meu saco e me distrair para que eu não ficasse parada pensando besteira? E sabe como eu fiquei depois que eu descobri o porquê toda essas coisas, eu fiquei com muito...

– Medo – A palavra se encaixou perfeitamente na frase de Clove. Foi a primeira coisa que pensei, porque foi a coisa que mais senti a voltar a tudo aquilo.

– Algum dia você vai me contar o que aconteceu com ela e para onde você foi não vai? Por que algum dia eu vou estar pronta para escutar também.

– Por que você não pergunta ao Marvel ou a Glimmer? – A perguntei forçando a garganta para não chorar.

– Não vai ser a mesma coisa.

– Então você quer que saia da minha boca?

– Exatamente. Mas como eu disse, não sei se estou preparada.

– Ninguém está. Ninguém nunca esteve. Ninguém nunca estará.

– Algum dia talvez – Clove falou encostando a mão sobre a minha no chão. Eu a deslizei para minha barriga porque eu não queria aquilo.

Clove piscou os olhos e juntou as sobrancelhas. Ela me pareceu bem confusa e estava certa de estar. Quer dizer, eu também estaria se fosse ela. Uma hora atrás eu queria beija-la e arranjar um quarto com ela e agora afrouxava tudo. O que eu estava fazendo? O que meu corpo estava fazendo e por que agia assim?

– Algum dia – Ela continuou parecendo não ligar para nossas mãos ainda separadas (o que me arrependo de estarem e como sempre, estavam daquele jeito por culpa minha) – eu irei ficar sabendo de tudo e por sua boca. Apenas a sua. E até lá, quando eu e você estivermos prontos para falar sobre isso, nenhum de nós irá ficar cutucando um ao outro. Eu não perguntarei e você não falará quando eu estiver por perto, tudo bem?

– Tudo bem.

Eu acabei concordando mesmo. Não que o que ela falou não estivesse certo e eu estava agradecendo a céus por não precisar explica-la tudo aquilo e por me livrar por hora daquela barra, e sim também que se eu não concordasse, eu não estaria na lista de Clove, eu seria a lista.

Clove se levantou devagar e eu estava (por motivos) prestes a gritar para que ela ficasse, porém ela logo voltou e com algumas coisas na mão. Uma câmera antiga e uma caixa.

Ela abriu a caixa pela tampa e despejou com cuidado as coisas de dentro no chão. Eram coisas que envolviam seu novo lar, adesivos, chaveiros, essas coisas, mas principalmente fotos. Muitas delas.

Eu ri em ver Marvel e Glimmer fazendo palhaçadas em algumas quando as peguei na mão com cuidado para não acorda Moa, e Clove deu um sorrisinho também. Clove não falou nada enquanto eu via todas aquelas fotos. Ela apenas encarava Moa.

– O que foi? Quer pegá-la? – A perguntei.

– Não. Pode deixar ela dormir.

– Vem aqui. Ela é uma boa garota e você também é uma. Vão se dar bem – Falei já entregando Moa. Clove a pegou desengonçada pela primeira vez, mas foi se ajustando. Ela estava naquela posição de garotas (as pernas para trás e coladas e o corpo sentada nelas) ao meu lado e ia bem.

– O que é isso? – Perguntei quando vi uma foto estranha mais longe. Eu me estiquei para pegar a foto, mas Clove a puxou para ela.

– É pessoal.

– Qual foi? Não deve ser tão ruim assim vamos lá?

Eu puxei a foto das mãos de Clove ela abaixou a cabeça. Devia ser algo embaraçoso ou parecido, mas nada demais. As garotas sempre exageram com isso. O cabelo estava feio, a maquiagem e etc. Mas foi ai que lembrei que ela é Clove.

Tudo bem. Foi meio surpreendente, mas não muito. Era apenas eu. Dormindo. Ainda não sei aonde. Foi ai que olhei melhor e vi o fundo vermelho. Era o sofá do lugar onde eu e Marvel costumamos jogar boliche no dia em que cai e desmaiei.

Em que eu a beijei por alguns poucos segundos e ela me interrompeu na melhor parte. Para ter notado o quão insignificante aquele beijo foi, eu mal me lembrava dele direito. Lembrava mais da praia.

– Sou apenas eu – Falei enquanto Clove levantava a cabeça. Eu virei a foto rápido e ela olhou pra baixo novamente.

“Esse garoto se chama Cato mãe. Eu o conheci a alguns dias e estou meio que interessada em descobrir novos lugares com ele. Tentar esquecer, mas nunca é o suficiente” Estava escrito com caneta hidrocor preta no lado de trás.

– Sua mãe estaria orgulhosa de você.

Acho que falei a coisa certa, porque Clove voltou a me olhar e agora sorria um pouquinho melhor. A cor de sua pele esta voltando e até pude começar a ver as sardas em seu rosto e o vermelho de vergonha em suas bochechas.

Um ponto para o Cato!

– Será que eu posso? – Clove falou esticando a câmera.

Eu não hesitei e peguei Moa no colo. Clove realmente bateu uma foto e uma pequena folha saiu por debaixo da câmera em suas mãos. Aonde ela arranjara aquilo? Em 1880?

Clove levantou sacudindo a foto com as mãos e pegou uma caneta em algum lugar por perto. Ela escreveu o seguinte em uma letra bonita: “Esses são Cato e Moa e eu os amo”. Amor. Sim, amor, não raiva.

Ela pôs as coisas na caixa novamente e colocou a foto nova junto. Clovely Still o que você ainda esconde de mim que eu obviamente não sei? De repente eu não seja o único com problemas e essas coisas, você também talvez seja. E nem que eu viro maior perdedor da cidade, eu irei descobrir mais sobre você.

– Você quase me beijou lá em baixo.

– O quê?

– Eu não vou repetir.

– Beijo é isso?

– Sim.

– A gente quase se beijou sim e eu tenho que admitir, você é boa.

– Mesmo? – Ela perguntou empolgada e me surpreendi.

– Uhum.

– Mas você nem me beijou e...

– Quem sabe de beijos aqui hein? Eu ou você? E aquela parada com os narizes, eu amo aquilo – Eu falei de uma forma natural. Olha o que eu falei. Sobre narizes.

– É bom mesmo.

Clove riu e eu ri também. Olha aonde chegamos? Carinhos com o nariz? Sério mesmo?

– Eu vou descendo antes que derrubem minha casa.

– Se fosse quiser, eu posso ajudar com um pouco da bagunça amanhã – Falei dando desculpa para apenas vê-la no dia seguinte.

– Aham.

– Então a gente se vê por ai. Ou amanhã.

Clove se agachou até mim e beijou minha bochecha com graça. Ela fez um carinho em Moa e ela se mexeu um pouco. Quando Clove sumiu pela porta eu me levantei tentando me esticar um pouco, ainda com Moa nos braços. Fui à sacada e Clove estava parada no meio da gente no jardim com uma das mãos na boca e sorrindo parecendo não acreditar no que aconteceu ou acontecia. Na verdade, ninguém acreditaria.

Ela jogou a toalha na grama e deixou a mostra novamente seu biquine preto. Ela tem um belo corpão para mostrar e não entendo o porquê o esconde tanto com as milhares camadas de roupa. Não que precisasse ser assanhada como Glimmer, mas um pouco menos roupas seria um avanço.

Como não me livrar de Clove e ao mesmo tempo ser eu mesmo, como Finnick descrevera horas antes? Eu teria de dar um jeito e bem rápido.

O mais rápido que eu tinha que fazer no momento era achar um lugar melhor para Moa. Eu não podia sair por ai com um bebê nos braços igual uma babá e ser conhecido como “o cara”. E na realidade eu não tinha nenhuma responsabilidade com Moa, Annie e os Cresta sim.

Qualquer ignorante sabia que aquilo não era lugar de criança. Eu estava a caminho de Annie quando fui obrigada a me esconder em um tufo de árvore. Eu não o vira muitas vezes, duas ou três quando fora buscar a filha de carro na escola, mas o reconheci. O bigode marrom, o cabelo da mesma cor. O terno e o ar de velho empreendedor.

O Sr. Still. Mas conhecido como o dono daquele lugar, o lugar onde menores estavam fazendo a farra e criando terror. Eu não acreditei quando vi aquela cena. A garota de cabelos molhados, biquini preto e pele branca vomitando nos pés do velho uma mistura de bebidas e pílulas e outras besteiras que achara durante a festa e a deixara daquela maneira. Vomitando aos pés do próprio pai.


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Notas finais do capítulo

ódio: s.m. aversão inveterada e absoluta; raiva; rancor; antipatia = O QUE EU SINTO PELOS MEUS PARENTES AGORA ;X
ESSE POVO QUE CHAMO DE FAMÍLIA, INVADIU MINHA CASA, MEU QUARTO, MEU PC E FIZERAM QUE EU FICASSE DE CASTIGO. PRIMEIRO MEUS PRIMOS INVADIRAM MEU PC, ME IMPEDINDO DE ESCREVER. DPS APRONTARAM PRA MIM E EU FIQUEI DE CASTIGO. NA BOA, EU ODEIO FAMÍLIA DO INTERIOR E ETC. FIQUEM NAS SUAS CASAS FIM DO ANO, POR JESUS U.U
mas vcs não tem nada a ver com isso, então recomeçando, oi bbs como ses tão? senti falta de vocês ♥
party rock is in the house tonight ♫ ta parei
viram os novos personagens? finnie (e não fannie. nome de shipper feio. me lembra mulher do big brother u.u), pra quem ñ sabe finnick e annie e perfeição e fim ♥
vão entrar novos personagens logo logo. um loirinho... uma garota com tranças... uma q começa com "m" e termina com "adge" e um que começa com g e rima com gayle KKKKKKKKKK
deu ñ vou falar mais se não estraga tudo tbm u.u
p.s: e tem a prim, e a foxfaced (vou chamar ela de melissa pq sim q) e as coisas vão esquentar agr e mudar de rumo. ô dlç k