Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal
Notas iniciais do capítulo
E aí está um capítulo "cheio" de ação, espero que goste ^^
Antes que Força pudesse dar um passo na direção dos jovens, Bruno entrou no bar, terminando de derrubar a parede. Acertou Força e Habilidade com a cauda com tanta força, que os lançou longe. Agachou-se no chão e todos subiram em suas costas, inclusive Vida. Depois saiu voando para fora dali, antes que os Senhores Eternos pudessem se recompor e voltassem a persegui-los.
― Bruno, isso foi demais! ― elogiou o bruxo ainda perplexo.
“Obrigado” disse o dragão mentalmente com orgulho. Mas, nesse mesmo instante, o dragão se desestabilizou. Suas asas se fecharam de repente e, por mais que o dragão se esforçasse, elas não voltavam a se abrir. Com isso, eles começaram a cair. Victória se agarrou com as unhas no dragão, desesperada. Vida deteve a queda como pôde, usando seus poderes de Senhora Eterna, mas não pôde fazer muito. Quando estavam em terra firme, compreenderam o que tinha acontecido.
Um homem os aguardava, parado no meio da estrada. Este tinha um cabelo e barba ralos e grisalhos e olhos escuros. Usava um casaco de pele de raposa sobre um terno completo e preto; luvas de couro na mesma cor e segurava uma bengala, a qual tinha uma borboleta vermelha pintada no punho. As três guardiãs e Roberto conseguiam ver seu rosto, o que significava que não era um Senhor Eterno.
― Quem é você? ― perguntou Rodrigo se colocando na frente do grupo corajosamente.
O homem gargalhou e estalou os dedos, fazendo um chapéu coco aparecer na cabeça.
― Não é possível que não se lembre de mim ― disse ele com um meio-sorriso cético. ― Sou Abaré, o melhor amigo de seu avô. Depois de tantos anos, é esperado que você, pelo menos, se lembre de mim.
Com o nome, Rodrigo arregalou os olhos. Conhecia muito bem Abaré. Seu avô e ele sempre foram os piores inimigos, destes que disputam tudo. Mas o avô de Rodrigo ganhava quase sempre, o que tornou Abaré um homem rancoroso e vingativo.
― Melhor amigo coisa nenhuma ― disse o jovem bruxo. Abaré riu com o nariz e manteve um sorriso debochado. ― O que você quer?
― Digamos que eu queira uma chance de me redimir com meu mestre depois de ter perdido anos numa disputa inútil contra seu avô ― disse ele lançando um olhar fuzilador para o bruxo mestiço. ― Desta vez, não há nada a ver com ele.
― Eu não tenho nada a ver com seu mestre e muito menos com o meu avô ― protestou Rodrigo. ― Agora, se me der licença, tenho coisas mais importantes para fazer. ― E deu as costas ao bruxo mais velho.
Abaré, utilizando de seus poderes aéreos, virou Rodrigo novamente para ele.
― Como eu já disse, não tem nada ver com o seu avô ― disse ele. ― Sou servo do Poder, e por isso, tenho que acabar com você. Ele me enviou, juntamente com Força e Habilidade, para demonstrar do que o Senhor Eterno mais poderoso é capaz.
― Até você se bandeou para o lado dele?
Abaré conteve-se só em sorrir e, com um movimento da bengala, lançou Rodrigo para trás. O jovem, que não conseguia manipular muito bem o elemento do ar, voou para trás, aterrisando sobre as costas de Bruno. Vida deu um passo à frente e os outros a seguiram.
― Deixem isso comigo ― disse Rodrigo se levantando de maneira imponente. ― Vida, se a Força e a Habilidade voltarem, cuide deles.
Vida assentiu seriamente enquanto o jovem voltava para frente do grupo. Abaré sorriu, ao ver o jovem de pé.
― Vejo que finalmente está disposto a colaborar ― disse o bruxo mais velho.
Rodrigo nada disse, só ergueu as mãos para o alto, fazendo uma torrente de água jorrar do chão. Esta o envolveu como duas serpentes enormes, feitas de água cristalina.
― Nada mau ― disse Abaré debochadamente.
Rodrigo estendeu as mãos para frente e as serpentes avançaram, tentando atacar o bruxo mais velho, inutilmente. Abaré, um bruxo muito habilidoso, usava a bengala e o ar para desviar das investidas das serpentes de água. Logo, os animais estavam desmanchados no chão e Abaré respirava ofegante, enquanto Rodrigo ainda tinha fôlego sobrando e muita magia para usar. Com um movimento rápido de mãos, fez a terra tremer e uma pedra ser lançada contra o bruxo mais velho. Este, só a tocou com a bengala, fazendo-a explodir em mil pedacinhos. O jovem bruxo, agora surpreso, estendeu as mãos para baixo, controlando raízes ali próximas, as engrossando e fazendo-as subir à superfície e prender o bruxo mais velho ao chão. Abaré, que só viu as raízes na hora, foi pego de surpresa e sua bengala fora separada dele. As grossas raízes prenderam os tornozelos e os antebraços do bruxo mais velho. Outras mais finas enrolaram sua cintura e iam subindo até o pescoço.
― Só isso? ― perguntou o bruxo mais velho fazendo as raízes explodirem com uma rajada poderosa de ventos.
Sorriu, se abaixou e pegou sua bengala.
― Agora, vamos começar isso de verdade ― disse ele e avançou para Rodrigo, que tentou pular para o lado, mas foi agarrado pelo homem.
O jovem caiu com a cabeça no asfalto, ralando a testa. Lutando com muito esforço, se livrou do abraço do velho, o acertando com o joelho na barriga. Abaré segurava o abdômen e tentava respirar, mas a única coisa que conseguia era uma pesada respiração ofegante. Rodrigo, aproveitando a distração, ergueu as mãos para o céu. De repente, nuvens negras começaram a se formar e uma chuva de raios atingiu o velho, que foi lançado quilômetros longe, com um grito.
Rodrigo deixou os braços caírem, tomado pelo cansaço, o que fez as nuvens desaparecerem. Mas, a guerra não havia acabado ainda. Habilidade e Força saíram do prédio semi destruído e encararam os jovens furiosamente.
― Essa não! ― disse Rodrigo assustado correndo de volta para Bruno. ― Subam!
Não foi preciso mandar duas vezes. Num piscar de olhos, todos já estavam nas costas de Bruno e ele alçava vôo, se afastando gradativamente dos Senhores Eternos furiosos, mas que não sabiam voar.
― Vamos achar você onde quer que vá! ― ameaçou Habilidade apontando e gritando.
Rodrigo balançou a cabeça com falsa pena.
― Senhores Eternos e não sabem voar ― disse ele e Vida sorriu concordando.
― Não são todos que têm essa capacidade ― concordou ela.
― E então, para onde vamos? ― perguntou o bruxo.
Vida sorriu e estalou os dedos. Tudo a volta deles pareceu embaçado, pálido, e começou a mudar de forma. Quando se deram por si, estavam em um lugar totalmente diferente. Uma floresta úmida e cheia de árvores altas e samambaias pelo chão. No centro de uma clareira, estava uma espécie de cabana. Bruno pousou e todos o desmontaram. Rodrigo, assim que desceu de Bruno, correu em direção à construção com dois andares e bateu na porta.
O rosto de sua mãe apareceu na janela por um segundo e ela sorriu. A porta se abriu logo em seguida. Seu pai o aguardava do outro lado com um sorriso e um abraço apertado.
― Que bom que está bem, pai ― disse o jovem permitindo lágrimas quentes escorrerem por seu rosto.
― Filho ― disse Helena também o abraçando.
― Mãe ― e os três se abraçaram ao mesmo tempo, emocionados.
Quando se soltaram, Helena secou as lágrimas do filho e lhe deu um caloroso beijo na testa.
― Estou muito orgulhosa de você ― disse ela sorrindo.
― Quem são essas? ― perguntou o pai encarando as três guardiãs.
― Estas são Victória, Juliana e Laura ― respondeu o jovem apontando para as respectivas garotas. ― São guardiãs.
O pai assentiu, um tanto desconfiado, e deu passagem para todos entrarem. Roberto, as guardiãs e Vida cumprimentaram os pais de Rodrigo com sorrisos aliviados.
― Bom vê-los novamente, Helena e Luan ― disse Vida sorrindo.
Quando todos entraram, Luan e Helena perceberam o dragão negro e cheio de salpicos brilhantes do lado de fora.
― Dragão! ― disse Luan assustado e saindo de casa, acompanhado de Helena.
― Não! ― protestou Rodrigo e os pais o encararam confusos. ― Esse é Bruno, o meu dragão. O achei na noite da reunião.
Seus pais sorriram intrigados e se aproximaram do dragão-noturno, que não resistiu ao toque e ao afago dos bruxos.
― Filho, ele é lindo! ― disse Luan com um sorriso enorme.
― É perfeito para você! ― concordou Helena.
Luan colocou os dedos na boca e assobiou. Logo, os dragões-aéreos dos pais de Rodrigo surgiram, saindo detrás do edifício. Aproximaram-se do dragão-noturno, o farejando e emitindo um som gutural.
― Diego gostou dele ― disse Luan sorrindo.
― Jade também ― disse Helena da mesma forma.
No mesmo instante, os dragões começaram a pular um em cima do outro, emitindo os mesmos sons guturais: estavam brincando.
Rodrigo deu gargalhadas animadas assistindo à cena. Os pais dele o encararam sorrindo orgulhosamente. Mas logo os sorrisos se desmancharam.
― Filho ― disse a mãe pousando a mão no ombro do jovem. ― Precisamos entrar. Aqui fora não é tão seguro.
Rodrigo assentiu e os três entraram de volta no edifício. Encontraram os outros sentados num enorme sofá. Todos mergulhados em um silêncio tenso.
― O que vocês fizeram? ― perguntou Vida logo, preocupadamente. ― Foi um pouco assustador encontrar o filho de vocês, aterrorizado e pedindo a minha ajuda.
― Nós propusemos igualdade entre bruxos e guardiões ― respondeu Luan simples e firmemente.
Vida não se abalou, só se colocou de pé.
― Vocês sabiam que o Poder está atrás de vocês? ― perguntou a Senhora Eterna.
Os dois bruxos se entreolharam tensos.
― Não dou nem um mês para que ele ache vocês aqui ― continuou ela e inspirou pesadamente. ― O que estão usando para ficar fora do radar dos Senhores Eternos?
― Magia de camuflagem ― respondeu Helena. ― Não irão nos achar tão cedo. Só precisamos retocá-las todas as manhãs.
Vida assentiu seriamente.
― Eu preciso ir ― disse ela. ― Só... tomem cuidado. ― E sumiu num piscar de olhos.
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E então, acharam divertido? E a parte da ação? Mandem reviews ^^