Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 7
A Vida


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse capítulo ficou um tanto curto, mas deu um pouco de trabalho. Espero que goste, mesmo assim ^^



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― Melhor começar a explicar ― disse a loira o encarando seriamente, enquanto apoiava os punhos na cintura.

― Roberto teve um sonho ― disse o bruxo. ― E nesse sonho, Destino se apresentava ao Poder e lhe pedia ajuda. O grande mestre concedia, e mandava chamar a Força e a Habilidade para nos caçar. Ou pior, achar e capturar meus pais.

As guardiãs se encararam tensas. Nenhuma das três teria chance contra a Senhora Eterna da Habilidade. Nem mesmo as três juntas seriam páreas para ela. E elas sabiam disso.

― Então, você sugere que nós saiamos daqui? ― perguntou a ruiva de braços cruzados e as sobrancelhas franzidas de preocupação. ― E que devemos achar os seus pais?

O bruxo simplesmente assentiu.

― E como você acha que faremos isso? ― perguntou a morena. ― Eles, com toda a certeza, estão usando magia para passarem despercebidos por todos os Senhores Eternos. Como vamos achá-los?

― Eles estão invisíveis para quase todos os eles ― disse o bruxo com um meio-sorriso e as três se entreolharam. ― Mas, há uma Senhora Eterna que pode nos ajudar.

― E quem seria? ― perguntou a loira, cética.

― A Vida ― respondeu o bruxo completando o sorriso. ― A Senhora Eterna para quem meus pais trabalham. Sei exatamente onde encontrá-la.

As três meninas pareceram tensas com o nome da Senhora Eterna, mas concordaram em partir imediatamente. Juntaram toda a comida que conseguiram e voltaram para a floresta, entrando no carro.

― Eu vou com Rodrigo ― disse a morena firmemente, enquanto ajeitava o chicote em seu cinto. ― Assim, vão três pela terra e três pelo ar. É mais seguro.

As outras duas assentiram prontamente. Rodrigo montou em Bruno primeiro e depois a menina o seguiu, se sentando bem atrás dele. Bruno alçou vôo e o carro arrancou, o seguindo.

― Então, Rodrigo ― disse a menina atrás dele. ― Não fomos apresentados direito. Meu nome é Victória.

― Muito prazer ― disse o bruxo com um sorriso.

Depois se virou para frente e um silêncio tomou o ar.

― Diga Victória ― Rodrigo quebrou o silêncio. ― Qual é o real motivo para você e as outras duas estarem me ajudando?

A menina sorriu e olhou para baixo, para as árvores passando rápido.

― Nós não gostamos da tirania dos Senhores Eternos ― respondeu ela simplesmente. ― Lutamos contra eles desde que descobrimos que não fomos designadas para cuidar de nenhum bruxo.

― E como vocês se conheceram? ― perguntou ele.

― Eu e Juliana nos conhecemos durante uma batalha contra um dragão ― disse ela. Depois de notar a expressão confusa do bruxo, explicou: ― A ruiva. O nome dela é Juliana.

O bruxo riu e assentiu.

― Formamos uma dupla logo em seguida ― continuou ela. ― Protegíamos vilarejos contra dragões e feras noturnas. Mas aí nós conhecemos Laura, a loira. Ela nos mostrou uma causa muito importante: proteger bruxos dos Senhores Eternos. ― E riu. ― Lembro que Juliana perguntou: eles têm guardiões para isso, por que devemos ajudar?! ― E fez uma pausa. ― Mas ela nos mostrou que contra os Senhores Eternos nunca há proteção suficiente.

O bruxo a encarou com aparo. Ela tinha toda a razão.

― Então, foi a loira que juntou vocês para essa causa? ― perguntou o bruxo tentando entender melhor.

― Isso mesmo ― respondeu ela. ― Laura é, para mim, como se fosse a líder do grupo, mas Juliana contesta.

O bruxo assentiu e virou-se para frente. A floresta terminava aos poucos e algumas casas começavam a aparecer.

― Estamos chegando ― informou o bruxo.

Victória sorriu com a notícia. Não gostava muito de altura. Só decidira acompanhar o bruxo pelos ares porque lhe devia explicações.

Rodrigo?” a voz de Bruno soou em sua mente.

Sim?”.

Quem era a menina na sua mente ontem à noite?” perguntou o dragão inocentemente.

Minha namorada” respondeu ele e sorriu envergonhado. “Você a viu na minha mente?”.

Vi sim” respondeu ele. “Ela é muito bonita”.

Obrigado” disse o bruxo ainda sorrindo.

Voaram por mais alguns minutos em silêncio, até que as casas deram lugar a prédios altos e brilhantes.

― É ali ― apontou o bruxo e Bruno começou a descer em direção a um prédio colorido e pouco alto.

O dragão pousou bem em frente a ele. Rodrigo e Victória desmontaram o dragão e logo em seguida o carro parou, próximo a calçada. Roberto, Juliana e Laura desceram do carro e se juntaram aos outros dois.

― É aqui? ― perguntou Juliana olhando para o letreiro coberto de pisca-piscas.

Neste estava escrito: O Teatro Senhores Eternos orgulhosamente apresenta: VIDA. Só essa noite!

― Ela atua? ― perguntou Laura.

― É, mais ou menos isso ― respondeu Rodrigo indo em direção a porta.

Tome conta da passagem” disse o bruxo mentalmente para Bruno.

Pode deixar” respondeu ele.

Na porta, um segurança alto e musculoso o parou.

― O que quer? ― perguntou ele, a voz grave.

― Preciso falar com a Vida ― respondeu o bruxo.

― Sei ― disse o homem com desdém. ― Todos querem. A apresentação é só à noite.

― Você não entendeu, senhor segurança ― disse Rodrigo. ― Eu preciso falar com ela agora! A segurança mundial depende disso. Ou prefere resolver com a Força e a Habilidade?

O segurança ficou tenso com os nomes e deixou que o bruxo passasse.

― Obrigado ― disse o bruxo e passou pela porta, com os outros atrás dele.

Lá dentro, encontraram um bar vazio e um palco, onde uma menina dançava e cantava com dançarinos à sua volta. Era bastante habilidosa e sua voz era doce e agradável.

― E também canta?! ― perguntou Laura surpresa.

O bruxo balançou a cabeça, assentindo.

― Ela manda bem ― concordou Victória mexendo o corpo levemente ao som da música.

Assim que a Vida bateu os olhos em Rodrigo, parou de dançar e formou um sorriso enorme no rosto.

― Pausa, pessoal ― disse ela e desceu do palco apressada.

Correu em direção a Rodrigo e o abraçou bem apertado. O bruxo lhe retribuiu o abraço, com um sorriso envergonhado.

― Quanto tempo, não? ― disse a Vida o soltando e olhando em seus olhos.

Rodrigo havia se esquecido de como ela era igual à irmã gêmea: Morte. As únicas diferenças estavam nos olhos e cabelos. Vida tinha os olhos azuis e os cabelos ruivos naturais, no tom ferrugem.

― Pois é, muito tempo ― respondeu ele. ― Eu preciso da sua ajuda para uma coisa.

Vida sorriu.

― Pode falar ― disse ela.

― Eu preciso que você ache os meus pais ― disparou ele, fazendo a Senhora Eterna franzir as sobrancelhas.

― O que aconteceu? ― perguntou ela.

Mas, antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, a parede da frente explodiu em milhões de pedaços. Num milésimo de segundo depois, as três guardiãs já estavam com as armas em punho, apontadas para a entrada, ainda oculta por uma nuvem densa de poeira. Assim que ela baixou, todos se desesperaram.

Estava parados à entrada duas pessoas. Roberto e as três guardiãs não podiam ver seus rostos, o que lhes deram uma grande pista de quem se tratavam. Uma delas era um homem. A pele era morena e os olhos escuros. Os cabelos eram longos e negros, além de estarem trançados para trás. Usava nada mais que um colete preto, uma calça jeans e coturnos.

A outra pessoa era uma mulher. Seus olhos eram escuros e orientais. Seus cabelos, também escuros, estavam presos num rabo de cavalo bem no topo da cabeça e caíam até os ombros como se fosse uma pequena fonte. Usava uma roupa justa e negra.

― Força e Habilidade ― disse a Vida sorrindo falsamente. ― O que os trazem aqui?

― Sabe muito bem o que nos traz aqui, Vida ― disse a mulher oriental, caminhando lentamente em nossa direção.

Vida se colocou na nossa frente, ficando cara a cara com a outra Senhora Eterna.

― Não é uma boa idéia tocar nos meus protegidos, Habilidade ― disse Vida ameaçadoramente.

― Suas ameaças são vazias para mim, Vida ― disse a Habilidade tranquilamente com um sorriso. ― Por ser quem é, não mataria nem uma mosca.

A Senhora Eterna ergueu a mão, com a palma aberta e a acertou na face da Habilidade. A força exercida foi tanta que o estalo chamou a atenção dos dançarinos, que agora as observavam assustados.

― Isso é só uma demonstração ― disse a Vida.

Habilidade alisou a bochecha indignada e furiosa.

― Você não fez isso.

O homem parado à entrada, que deveria ser a Força, entrou no bar. Seus passos faziam a terra tremer.

― Cuide deles, vou acabar com essa daqui ― disse Habilidade para a Força, que encarou os jovens com um meio-sorriso malicioso.

Uma batalha terrível estava para se iniciar.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam da Vida? E da Habilidade? E da Força? Mande reviews e até sábado ^^