Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 6
Uma Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste mesmo desse capítulo, pois eu trabalhei um tanto o romantismo nele. Boa leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/262614/chapter/6

― Eu te amo ― disse o bruxo ainda de olhos fechados e meio ofegante.

― Eu também te amo ― respondeu a Senhora Eterna afagando o rosto de Rodrigo com um sorriso bobo no rosto.

O jovem, voltando a si, abriu os olhos e a encarou.

― Sabe qual Senhor Eterno foi lá em casa? ― perguntou ele.
Júlia desfez sorriso para uma máscara de preocupação.

― Um dos que eu menos gosto ― disse ela e se sentou na cama com um suspiro. Rodrigo a seguiu e se sentou ao seu lado. A Morte balançou a cabeça tristemente e depois encarou o jovem. ― Todo mês, junto com a reunião dos bruxos, os Senhores Eternos também se reúnem. E eu tenho que dizer que eles não estavam nada felizes na reunião de hoje. Depois de assistirem ao resultado da reunião paralela e verem a proposta dos seus pais... ― Ela parou e balançou a cabeça novamente.

― Houve um rebuliço. Sabedoria apoiou seus pais, como era de se esperar. Mas outros não fizeram o mesmo. E o Poder desaprovou a proposta.

Rodrigo estava arrasado. O Poder era o Senhor Eterno mais poderoso e influente que o bruxo já ouvira falar. Seus pais não tinham chance contra ele. Nem se tivessem conseguido voto a favor de todos os outros Senhores Eternos. O Poder era um líder tirano e impunha as Leis sobre todos. Se Morte estivesse certa, o Senhor Eterno que aparecera em sua casa era só o início dos problemas.

― Sinto muito ― disse ela e abaixou a cabeça.

― Tudo bem, amor ― o menino a envolveu com os braços e a puxou, fazendo-a deitar a cabeça sobre seu peito. ― A culpa não é sua. É dos meus pais por serem tão radicais.

― Mas eles são bons ― disse a menina num tom de voz divertido. ― Uma pena não conhecê-los como meus sogros.

― Sabe que eles não iriam deixar a gente se ver, não sabe? ― perguntou o jovem sorrindo enquanto afagava os cabelos sedosos e negros da Senhora Eterna.

― Eu sei ― disse ela rindo e suspirando satisfeita, por estar nos braços do amado.

― Um dia, quem sabe ― disse Rodrigo rindo e Júlia lhe acertou um soco leve no peito.

― Seu bobo ― ela disse também rindo.

Seu bobo ― ele corrigiu.

Meu bobo ― concordou ela satisfeita.

Os dois se beijaram e sorriram. Sabiam que o amor deles era proibido, até para os pais radicais de Rodrigo. Mas eram felizes demais juntos e nunca desistiriam disso.

― Dorme comigo essa noite? ― perguntou Rodrigo profundamente voltando a afagar o cabelo de Júlia.

― Lógico ― disse ela e sorriu, se soltando dele.

Com um estalo de dedos, Júlia estava usando roupas mais leves. Ela sorriu envergonhada quando notou que Rodrigo estava boquiaberto e se deitou na cama. Rodrigo se deitou bem atrás dela e envolveu sua barriga com os braços, a puxando para si. Permaneceram assim a noite toda: acolhidos num abraço apaixonante e confortável. Rodrigo sentindo o leve e delicioso aroma de rosas, enquanto Júlia sentia o calor do namorado a envolver. Os dois protegidos de todo o perigo lá fora, que os ameaçava.

Rodrigo não teve sonhos, nem pesadelos, nem nada do tipo. Acordou com uma disposição sobrenatural para fazer qualquer coisa. Olhou para o lado e lá estava ela: a menina dos seus sonhos, a razão de seu viver (por mais estranho que possa parecer, já que aquela era a Morte).

Sorriu ao notar que ainda dormia e a abraçou, beijando-lhe a testa. Ela gemeu baixinho e se ajeitou no abraço do rapaz.

― Bom dia, amor ― sussurrou o bruxo.

Ela sorriu instantaneamente. Abriu os lindos olhos verdes, bem devagar, fazendo Rodrigo suspirar silenciosamente.

― Bom dia ― disse ela e beijou o bruxo.

― Dormiu bem? ― perguntou ele docemente.

― Como um anjo... ― disse ela e pensou bem. ― Dormi sim.

Rodrigo riu e a beijou novamente. Só sentia-se completo ao lado da Senhora Eterna. Agora, esse sentimento de unidade explodia em seu peito.

― Eu te amo ― disse ele.

― Eu também te amo ― disse ela sorrindo e o abraçando.

Um silêncio agradável tomou conta do quarto. Rodrigo afagava os cabelos de Júlia, enquanto ela sorria e sentia o cheiro do jovem.

― Casa comigo? ― perguntou ele.

― Agora? ― perguntou ela se soltando dele e o encarando com um sorriso brilhante.

― Agora ― respondeu ele também sorrindo.

― Lógico! ― respondeu ela e o abraçou forte contra o peito.
Ele riu baixinho e eles permaneceram assim durante um bom tempo: agarrados, quietos e felizes.

― Acha que os Senhores Eternos acharam meus pais? ― perguntou o bruxo.

― Acho que não, amor ― respondeu ela sinceramente. ― Seus pais sabem como se cuidar. Qualquer coisa, mande-os uma mensagem do ar. É mais seguro do que uma ligação de celular.

O bruxo assentiu e pousou o queixo sobre o topo da cabeça de Júlia, que sorriu. De repente, alguém bateu na porta. Rodrigo e Júlia se olharam assustados.

― Tenho que ir, amor ― disse a Senhora Eterna se levantando num salto, estalando os dedos e voltando a usar suas roupas habituais.
O bruxo ficou boquiaberto, enquanto ela se aproximou dele e lhe deu um último beijo antes de desaparecer, num piscar de olhos.

― Quem é? ― perguntou o bruxo assim que conseguiu pensar.

― Sou eu... Roberto ― respondeu o guardião do outro lado. ― Posso entrar?

― Entra ― respondeu o bruxo se ajeitando como podia.

O guardião entrou no quarto com uma expressão meio tensa e fechou a porta devagar.

― O que houve? ― perguntou o bruxo de sobrancelhas franzidas.

― Nada ― respondeu Roberto se sentando na cama de forma nervosa.

― Eu te conheço, fala logo! ― disse o bruxo erguendo uma sobrancelha de maneira convencida.

O guardião bufou.

― Eu acho que não poderemos ficar aqui por muito tempo ― disse ele.

― Por quê?

― Tive uns sonhos estranhos.

― Que tipo de sonhos?

― Sonhos ― respondeu e deu de ombros.

― Conta ― disse o bruxo numa voz firme.

O guardião se sentou por completo na cama e pareceu pensar em como começar. O modo que ele contou foi confuso e demorado, então vou contar-lhes melhor.

O guardião, assim que fechara os olhos, fora transportado por entre nuvens negras de tempestades gélidas e desagradáveis. Tudo era uma confusão de cinza. Quando conseguiu distinguir onde estava, ficou surpreso. Estava no palácio dos Senhores Eternos, mais precisamente no salão principal. Reconheceu pelas figuras da Criação no teto abobadado e colorido. Um caminho ladeado de colunas se estendia até um trono dourado com braços em forma de najas de boca escancarada. Um sombra densa pairava sobre quem estava sentado lá, mas Roberto conseguiu ver que usava terno. De repente, as portas atrás dele se abriram e outra figura entrou. A mesma sombra pairava sobre ele: eram as Sombras da Ignorância, feita para proteger a identidade dos Senhores Eternos de seres inferiores: guardiões. A figura caminhou pelo longo caminho até o trono e, chegando lá, ajoelhou-se. Logo, Roberto percebeu que o ser sentado ao trono era o grande Poder.

― Oh, grande mestre Poder ― disse a figura ajoelhada a sua frente. A voz não era tão grave, mas era firme e masculina. ― Peço licença para falar-lhe.

O Poder somente fez um gesto com a mão, mandando a figura se levantar.

― Tenho péssimas notícias, meu rei ― disse o homem à frente do Poder com temor na voz. O grande mestre nem se mexera, mas o outro homem continuou: ― Acabei de verificar o Livro dos Destinos e algo está errado. O mestiço, filho dos bruxos-líderes da noite e do dia, irá interferir em seus planos, futuramente. Planos muito importantes.

O Poder finalmente se mexera, curvando-se para frente.

― De que planos você fala, Destino? ― perguntou o Poder. A voz grave e imponente.

― O senhor conhece muito bem a previsão sobre a criança, não conhece? ― perguntou o tal Destino.

― E o que sugere que façamos? ― perguntou o Poder enfim.

― Mande Senhores Eternos atrás dele ― respondeu Destino. ― Se não conseguir fazer isso, capture seus pais e os use como isca.

O Poder voltou a recostar-se no trono. Tamborilou os dedos sobre o apoio de braço por alguns instantes e inspirou fundo.

― Mande chamar a Habilidade e a Força ― disse o grande mestre. ― Tenho trabalho para eles.

― E depois disso eu acordei ― terminou Roberto sentindo um arrepio frio percorrer seu corpo inteiro.

Rodrigo estava em choque. Levantou-se num salto e estalou os dedos, ficando pronto num segundo.

― Aonde você vai? ― perguntou Roberto.

― Sair daqui e procurar outro lugar para ficar ― respondeu Rodrigo. ― Ficar parado esperando a captura e a morte não é uma boa opção.

― Eu vou com você ― disse Roberto se levantando, com uma expressão séria.

Rodrigo assentiu e saiu do quarto, com Roberto o seguindo. Os dois foram até a piscina, onde Bruno, já acordado, devorava uma sacola de carne.

― Bruno, temos que ir ― disse o bruxo.

“Para onde?” perguntou o dragão em sua mente.

“Não sei, só sair daqui” respondeu o bruxo.

― Ei, onde pensam que vão? ― perguntou a menina loira, bem atrás deles.

Os meninos se viraram e lá estavam as três, de braços cruzados, os encarando.

― Eu tenho que encontrar meus pais ― disse Rodrigo. ― Eles estão em perigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, quem shipa Rodrigo com Júlia? O que acharam do Destino e das Sombras da Ignorância? Mande reviews e até quinta o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.