Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 20
Planos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me por não postar ontem... Foi o aniversário do meu irmão e eu nem tive tempo pra nada ):
Mas, enfim... Eu mudei algumas coisas na história, vocês verão a seguir. Não irá interferir em nada no andamento, são só algumas denominações. A Terra, o Céu e a Água agora são Senhores Eternos elementais, e não primordiais. Isso será explicado mais adiante. Bem, é isso... Boa leitura



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Guerra encarava Júlia de sobrancelhas franzidas até que o vídeo terminasse e ela lhe entregasse o aparelho novamente.

Júlia estava boquiaberta e confusa.

― Isso é impossível! ― sussurrou ela atordoada.

― Por quê? ― perguntou Guerra recolocando o aparelho sobre a mesa e estreitando os olhos. ― Por que o Poder dissera que ela e os outros elementais haviam abdicado do trono e sumido para sempre?

Júlia assentiu, encarando a amiga.

― Sinto em lhe dizer que tudo isso foi uma mentira ― disse Guerra com um sorriso triste. ― Minha serva, uma bruxa da terra, foi contatada por sonho pela própria Terra. Disse-me que a voz dela ecoava em sua cabeça e lhe dizia que o Poder e o Terror aprisionaram a ela e aos seus irmãos e em seus respectivos reinos. E disse também que ela pode despertar; voltar à vida; mas só se todos os bruxos da terra ajudarem com seus clamores.

Júlia ficara ainda mais assustada e surpresa. Era como se tivesse acabado de receber um chute no ventre. Seu pai mentira para todos os Senhores Eternos! Era ultrajante, no mínimo.

― E é isso o que estão fazendo? ― perguntou Júlia, mesmo sabendo a resposta. ― Tentando despertar a Terra?

Guerra assentiu erguendo as sobrancelhas enquanto cruzava os braços.

― Mas... qual é a relação disso com o mestiço verdadeiro? ― perguntou Júlia de repente confusa e intrigada.

― É aí que está ― disse Guerra com um meio-sorriso. ― A Terra disse a ela que o mestiço verdadeiro está além de nosso mundo. Naquela terra primitiva onde vivíamos, você se lembra? Até tinha recebido o nome da Terra como homenagem.

― Lembro sim ― disse Júlia assentindo.

― Então, o mestiço está lá, junto com os irmãos da Terra ― disse Guerra. ― O despertar dela será só o início. Depois disso, ela enviará alguém em missão para a Terra, sendo a única que pode abrir um portal para lá, para que se ache esse mestiço e o reinado do Poder acabe finalmente.

A cabeça de Júlia estava a mil. Era muita informação nova ao mesmo tempo.

― Uau, isso foi demais ― disse Júlia piscando várias vezes rapidamente, tentando assimilar tudo.

― Mas, tem um problema ― disse Guerra com um sorriso triste.

― Qual?

― O Poder também está tentando despertar a Terra ― disse ela tensa. ― Se ele conseguir, tudo estará perdido. Forçará ela a dizer como abrir o portal e pegará o mestiço antes de nós. E a profecia terá sido em vão. Por isso eu preciso da sua ajuda.

Júlia entendeu a mensagem, assentindo. Teria que ser forte agora. O fim do reinado tirano de seu pai estava para acabar.

― E o que eu posso fazer? ― perguntou ela firmemente.

Guerra deu um meio-sorriso triste.

― Pode levar o Rodrigo até o Templo Central da Terra, onde os bruxos estão reunidos.

― Mas ele não pode sair da cama! ― protestou Júlia. ― Nem se recuperou ainda!

― A Terra disse que ele é essencial no despertar dela ― explicou Guerra. ― Mesmo que não seja o mestiço da profecia, ele ainda pode dominar muito a magia.

Júlia franziu os lábios tristemente, mas assentiu.

― Vou comunicar a ele e aos seus pais ― disse ela.

No Templo dos Senhores Eternos:

― Ainda não conseguimos nada, soberano ― disse Abaré com temor enquanto se encurvava em frente ao Senhor Eterno do Poder, nas escadas abaixo de seu trono.

― E por que não? ― perguntou ele com sua voz grave e imponente. ― Não é capaz nem disso?

― Não me entenda mal, soberano, mas... ― disse Abaré quase num sussurro. ― Temos poucos bruxos da terra do nosso lado. Isso não vai funcionar se não tivermos mais deles.

Poder deslizou os dedos pelo capelo da naja em seu trono, ainda em silêncio. Parecia que ia perder a paciência a qualquer momento, mas Abaré não notara, pois não podia ver seu rosto, encoberto pela Sombra.

― E qual é a dificuldade de arranjar mais deles? ― perguntou Poder finalmente.

Abaré engoliu em seco.

― Parece que todos eles desapareceram da face desta terra ― disse Abaré se controlando para não gaguejar.

― O que quer dizer com isso, verme? ― perguntou Poder inabalado.

― Quero dizer que todos os outros bruxos estão tentando despertar a Terra também ― explicou Abaré. ―, mas para o outro lado.

Poder inspirou fundo, entediado.

― E acha mesmo que eu não sabia disso? ― perguntou ele com desdém. ― Vá até o Templo Central da Terra e seqüestre alguns deles. Não vai fazer mal algum.

― Isso não é contra as Leis, meu senhor? ― perguntou Abaré ainda temeroso.

Um silêncio profundo tomou o salão. Abaré, então, ergueu os olhos e notou que Poder começava a tamborilar os dedos sobre a cabeça da naja.

― Que se danem as Leis ― disse Poder entre dentes. ― Eu quero novos servos até o amanhecer, ou será você, no lugar do mestiço, a morrer.

Abaré assentiu freneticamente, tremendo de medo.

― E saia já daqui, antes que eu me irrite! ― disse Poder fechando um punho e o acertando sobre a cabeça da naja com tanta força que um trovão retumbou pelo salão.

― Sim, soberano ― disse Abaré se levantando e saindo do salão apressadamente.

Um silêncio tomou o salão, assim que Abaré saiu. Poder inspirou fundo e fechou os olhos. Aquele trabalho, de dominar sobre tudo e todos, era desgastante. Mas sabia que era necessário.

― Não se fazem mais servos como antigamente, não é? ― perguntou uma voz familiar ao seu lado.

― É, irmão ― disse Poder suspirando. ― Não está fácil.

― Sei como é ― disse-lhe a voz novamente.

Poder abriu os olhos e encarou o irmão de sobrancelhas franzidas.

― O que está fazendo aqui, Terror? ― perguntou ele.

― Só observando ― disse Terror com um meio-sorriso maligno. ― Afinal, a Terra está para despertar e eu quero saber como tudo está andando.

Poder estreitou os olhos, desconfiado, mas acabou dando de ombros.

― Só quero esmagar esse mestiço miserável logo ― disse Poder desviando o olhar.

― Eu entendo, irmão ― concordou Terror se aproximando do trono. ― Mas o que eu queria mesmo é lhe contar umas coisinhas sobre o Destino. ― E alisou a adaga de diamante em sua bainha.

― Que coisas, Terror? ― perguntou Poder entediado.

E, de repente, as portas do salão se abriram violentamente. Poder franziu as sobrancelhas e fitou a entrada. Terror também virara a sua atenção para lá, ficando surpreso logo em seguida por quem entrava no salão.

― Pai, por que ainda conversa com esse meu tio? ― perguntou Vida evidentemente abalada e com os olhos inchados de tanto chorar. ― Não sabe o que ele me fez?

Terror parecia tão surpreso quanto Poder.

― O que houve, minha princesa? ― perguntou ele docemente. Amava sua filha. Uma das poucas pessoas por quem sentia amor de verdade.

― Esse... esse... esse crápula me possuiu! ― disse Vida e logo em seguida caiu ao chão, se derramando em lágrimas.

Poder arregalou os olhos e encarou o irmão ao seu lado, que ainda parecia surpreso. Terror se levantou para começar a correr, mas Poder o agarrou pela nuca, com um aperto forte da mão. Com um movimento rápido e único, Poder segurava seu pescoço agora.

― Como assim, Terror?! ― perguntou Poder vorazmente, se levantando de seu trono e erguendo o irmão pelo pescoço. ― Você possuiu minha filha?!

Terror tentava se explicar, mas não conseguia. Mal conseguia respirar, pelo aperto cada vez mais forte em seu pescoço. Desviou o olhar para Vida, nos degraus abaixo. Ela sorria.

― Ela está... ― tentava falar o Terror, sem sucesso. ― Ela...

Poder o ergueu ainda mais alto e depois o lançou escada abaixo, rachando o mármore, indo cair, inerte, perto da Vida. Ela, mais que rapidamente, pegou a adaga da bainha do Senhor Eterno e a escondeu sob sua roupa, voltando a chorar logo em seguida. Poder caminhou escada abaixo, encarou o rosto cinzento e rachado do irmão, e depois se aproximou da filha.

― Vai ficar tudo bem, querida ― disse ele a abraçando e afagando seus cabelos.

Logo, o rosto de cimento do Terror se reconstituiu e ele se levantou encarando Vida com fúria e avançando em sua direção, sendo detido pelo Poder, que lhe acertou um soco bem no queixo, fazendo-o voar para trás.

― Querida, eu quero que vá para seu quarto e fique lá, ok? ― pediu Poder ainda calmo. ― Eu irei lhe vingar, pode deixar com o pai.

Vida assentiu com um sorrisinho e saiu do salão, se controlando para não saltitar.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram do plano da Vida? E da revelação sobre a Terra? Mande reviews e eu tento postar no domingo.



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