Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 12
História


Notas iniciais do capítulo

E aqui está outro capítulo, como prometido. Algumas coisas interessantes são tratadas nesse capítulo, portanto, espero que goste ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/262614/chapter/12

O bruxo, vendo que Júlia seguia pelo salão direto e atravessava outras portas duplas na parte da frente, decidiu esperar um pouco. Vozes que procediam de sua namorada e uma mais grave vinham de lá. Falavam alto e se cumprimentavam como se não se vissem há muito tempo. Só depois de alguns minutos, é que as vozes se acalmaram. Era a deixa dele. Seguiu, o mais silenciosamente possível, para dentro do salão e em seguida para dentro do elevador. Apertou o botão de seu andar, que era o terceiro, e sentiu o costumeiro frio na barriga, que indicava que o elevador estava subindo.

Quando as portas se abriram novamente, Rodrigo saiu deste e caminhou para o seu quarto. Parou à porta, sem abri-la, e teve uma idéia. Caminhou pelo corredor à procura de um quarto em particular. Bateu em uma das portas e uma voz feminina respondeu:

— Quem é? — parecia a voz de Victória.

O bruxo balançou a cabeça negativamente e partiu para a próxima porta. Bateu três vezes, quando outra voz o respondeu:

— Pode entrar — era a voz que procurava.

Então abriu a porta, encontrando Roberto sentado sobre o tapete, com livros e folhas espalhados sobre a mesinha de centro de seu quarto. Estava usando uma regata básica, que deixava à mostra seus braços musculosos e a pele clara, e uma bermuda cargo escura. O guardião trazia uma expressão concentrada e preocupada no rosto. Um lápis preto estava na boca, preso entre os lábios. Uma folha pautada estava numa das mãos e havia várias coisas escritas nela. Com a outra, revirava os papéis ou passava as folhas de um dos livros.

— O que está fazendo? — perguntou o bruxo um tanto surpreso com a rapidez com que seu amigo abria um livro, anotava coisas e olhava os papéis.

Rodrigo fechou a porta atrás de si, sem uma resposta imediata, e se sentou ao lado de seu guardião e amigo. Ele tirou o lápis da boca, rabiscou mais algumas palavras na folha pautada e encarou o bruxo com um sorriso.

— Só estudando — disse ele e voltou a colocar o lápis na boca, desviando o olhar novamente para as folhas.

Rodrigo assentiu e então começou a esquadrinhar os livros com os olhos. Roberto sempre estudava quando podia. Seu cinto multiutilitário lhe dava qualquer coisa que precisasse. Fosse um livro, ou vários deles. Lembrava-se exatamente como Roberto o usava. Bastava apenas pensar em alguma coisa, apertar um botão e então um pequeno cubo saltava de lá. O mesmo cubo crescia em questão de segundos, até se tornar o que fora pedido. Era realmente incrível o que a tecnologia podia fazer.

— Você tem algum livro sobre a genealogia dos Eternos? — perguntou o bruxo ainda esquadrinhando os livros com o olhar.

Roberto fez que sim com a cabeça, esticou o braço, pegou um dos volumes, que era um dos mais espessos, e o entregou a Rodrigo.

O bruxo, mais que depressa, o abriu. Lá dentro, encontrou algumas figuras de animais bem coloridos e exagerados. Abaixo dos animais, alguns nomes. Um camelo dourado estava numa das páginas, sob ele estava escrito: Terra. Em outra, um salmão rosado com o nome: Água. Em outra ainda, um pássaro azul-metálico, que o bruxo desconhecia, trazendo o nome: Céu.

— Os três fundamentais? — perguntou o bruxo.

Roberto desviou o olhar para o livro nas mãos de Rodrigo e assentiu, desviando o olhar novamente para suas folhas. Fez algumas anotações a mais e fechou os livros.

— Finalmente terminei — disse ele sorrindo enquanto olhava a folha repleta de anotações.

Rodrigo voltou o olhar para seu livro e passou mais algumas páginas, até chegar a um corvo negro, o qual tinha o nome: Morte.

— O que você está procurando? — perguntou o guardião franzindo as sobrancelhas e esticando o olhar para ver melhor o livro.

— Nada em particular — respondeu ele. — Só procurando a genealogia da Morte.

Roberto esticou o braço e passou mais algumas páginas, sussurrando coisas inaudíveis.

— Aqui é melhor para procurar — disse o guardião sorrindo.

O bruxo encarou o guardião sorrindo e voltou o olhar novamente para o livro em suas mãos. Na página aberta, estava a maior árvore genealógica que ele já vira na vida. No topo, estava apenas a Criação e a Destruição. Abaixo destes, estavam o Céu, a Terra, a Água, o Terror, o Poder e a Misericórdia. Mas o galho da última somente saía da Criação.

— A Misericórdia só é filha da Criação? — perguntou o bruxo.

— Exatamente — explicou o guardião e fez uma pausa. — Ela foi concedida por partenogênese pela Criação, quando o Caos se externou da Terra. — E apontou o nome “Caos” num galho que saía da Terra. — Ela decidiu tê-la para que o Caos fosse apaziguado. Por isso, o outro nome da Misericórdia é “a Apaziguadora”. — E fez outra pausa, desta vez menor. — Mas, como você pode ver, não deu muito certo. Por isso, a Criação concedeu o Equilíbrio. Ele o Caos lutam nos cosmos, de onde a Criação vem. Mas, não podemos vê-los mais, graças a essa dimensão. A Criação, a Destruição, o Equilíbrio e o Caos devem ter ficado nos cosmos daquele outro planeta: Terra.

Rodrigo assentiu e desceu mais o olhar, até achar a Morte. Vendo de onde seu galho provinha, compreendeu que o que sua namorada dissera era verdade. Morte estava entre os nomes e galhos que provinham da relação entre Poder e Misericórdia. Eram os nomes: Morte, Vida e Sabedoria.

— Não sabia que a Sabedoria também era filha do Poder e da Misericórdia — disse o bruxo surpreso, encarando o amigo guardião.

— Mas, é — respondeu Roberto. — Ela, a Vida e a Morte. São as mais privilegiadas Senhoras Eternas, graças ao parentesco com dois da Trindade Eterna.

Rodrigo franziu os lábios e assentiu, desviando o olhar novamente para o livro. Estava gostando de saber daquelas coisas.

De um galho proveniente da Terra e do Céu, estava escrito: Raça Humana.

— Olha só — disse Rodrigo sorrindo. — Os guardiões e os bruxos provêm da Terra e do Céu!

Roberto também sorriu.

— Isso mesmo — disse ele. — Os humanos foram concedidos para serem servos dos Senhores Eternos. Mas alguns não desenvolveram poderes. E foram designados para um cargo menor: protetores de bruxos. Foi assim que os guardiões foram criados.

Rodrigo franziu as sobrancelhas e encarou Roberto, confuso.

— Então, isso quer dizer que o que difere os bruxos dos guardiões é a habilidade mágica, ou a falta, deles? — perguntou o bruxo indignado.

Roberto assentiu tristemente.

— Agora eu entendi o porquê dos meus pais apoiarem os guardiões — disse o bruxo deixando os ombros caírem tristemente. Então olhou o amigo nos olhos. — Por que não me contou isso antes?

— Achei que já tivesse aprendido na escola — respondeu o guardião simplesmente, dando de ombros.

— É, eu devia ter aprendido — disse o bruxo. — Mas eu nunca fui bom em história.

— Se quiser, pode ficar com esse livro, para estudar mais um pouco — sugeriu o guardião animado.

— Posso mesmo? — perguntou Rodrigo e o amigo assentiu sorrindo. — Nossa, eu vou adorar ler isso, obrigado.

— Não tem de quê — disse ele. — Tudo para manter você a salvo e informado.

O bruxo riu e abraçou o amigo, que o retribuiu o abraço. Um silêncio profundo se instaurou no quarto, enquanto o bruxo encarava o amigo e ele encarava a folha pautada. Foi quando Rodrigo notou a expressão no rosto do guardião. Uma enorme preocupação fazia as sobrancelhas de Roberto se franzirem, enquanto observava cada letra ali escrita.

— O que houve? — perguntou o bruxo por fim.

O guardião o encarou e depois sorriu.

— Não há nada, por quê?

— Eu te conheço, Roberto, o que houve? — perguntou novamente.

O guardião balançou a cabeça, expirando pesadamente e deixando os ombros caírem.

— É só aquele sonho que eu tive — disse ele. — Ainda me preocupa um pouco. — E fez uma pausa. — De quem você acha que estavam falando, quando disseram sobre uma criança?

Rodrigo deu ombros e balançou a cabeça.

— Eu realmente não sei — disse ele. — Mas, pode ser sobre mim.

— Você não é mais uma criança, Rodrigo — discordou o guardião. — E, além do mais, eles disseram que você atrapalharia o plano deles.

Rodrigo franziu as sobrancelhas, entendendo o que Roberto queria dizer. Mas, antes que o bruxo pudesse dizer qualquer coisa, a porta atrás de si se abriu. Júlia entrava com uma expressão arrasada e desesperada.

— O que aconteceu? — perguntou Rodrigo assustado, se colocando de pé num salto.

Júlia respirou pesadamente.

— Guerra disse que meu pai quer que eu e ela procuremos por você — disse ela misteriosamente. — E que comecemos reconhecendo a aura mágica de vocês na cabana onde estavam antes de vir para cá.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, gostaram da genealogia dos Senhores Eternos? E das dúvidas no final do capítulo? Mande reviews e até terça ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.