Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 11
Verdades


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui está outro capítulo um tanto lentinho, mas com algumas revelações muito interessantes. Espero que goste ^^



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O bruxo se encaminhou para seu quarto com um sorriso divertido no rosto. Chegando lá, constatou que era igualmente arrumado e mobiliado ao dos pais. Desviou o olhar para a porta do banheiro e caminhou até lá. Este era tão suntuoso quanto o quarto. As paredes eram de um tom creme e haviam várias e pequenas lâmpadas espalhadas por toda a extensão. Espelhos vitorianos também faziam parte do luxo do local, além de uma banheira com hidromassagem já cheia e ligada, uma ducha dourada, velas para dar o clima, pia toda em mármore, toalhas de tecido fino e macio ao toque... Tudo era realmente luxuoso. O bruxo franziu os lábios e balançou a cabeça, como se quisesse dizer: nada mal. Então, fechou a porta e foi logo se despindo. Mergulhou na banheira e permitiu-se relaxar um pouco. Fechou os olhos e ficou só a sentir a anestesia maravilhosamente calma que lhe percorria o corpo. Após alguns minutos, quando se sentiu plenamente satisfeito e relaxado, o bruxo saiu, se secou, e estalou os dedos. Logo, estava usando apenas uma bermuda leve e confortável. Olhou-se no espelho e gostou do que viu. Seu corpo não era tão trabalhado quanto o de Roberto, que tinha necessidade em ter um corpo malhado para proteger Rodrigo, mas também não era de todo franzino. Era possível ver perfeitamente seus músculos se desenvolvendo. As lutas estavam mudando sua massa muscular, e ele gostava disso. Sorriu para si mesmo e saiu do banheiro, quando seu coração só faltou lhe sair pela boca ao ver que Júlia estava sentada em sua cama, lhe aguardando.

― Amor, oi ― disse ele corando por estar com o peito nu.

― O-lá ― disse ela levantando uma das sobrancelhas, com um meio-sorriso, o que só fez o bruxo corar ainda mais.

Com outro estalo de dedos, estava usando uma camisa de gola vê.

― Já não adianta mais, eu já vi tudo ― disse ela e riu quando viu a expressão envergonhada do namorado. ― Brincadeira. ― E se afastou do centro da cama, gesticulando para o espaço ao seu lado. ― Senta aqui comigo, precisamos conversar.

O bruxo, hesitando um pouco, se sentou ao seu lado e a encarou. Ela, por sua vez, segurou as mãos dele e o encarou séria.

― Amor, eu... ― e hesitou. ― Eu acho que já está na hora.

O bruxo franziu as sobrancelhas.

― Na hora de quê, exatamente?

― Na hora de contar aos seus pais sobre o nosso namoro ― respondeu ela e o bruxo expirou aliviado. ― O que pensou que fosse?

― Nada não, deixa para lá ― respondeu encabulado.

― Sei... ― disse a Senhora Eterna o encarando desconfiada.

Rodrigo riu, balançando a cabeça, e desviou o olhar para a porta do quarto, sem largar a mão da amada.

― Sabe o que é ― disse ele quase num sussurro. ― Eu já contei a eles. Contei a eles assim que chegamos. Na verdade, eu contei só para a minha mãe.

Júlia sorriu interessada.

― E o que ela disse?

― Ela disse que me apóia ― respondeu o bruxo com um meio-sorriso, voltando a olhar nos lindos olhos verdes de Júlia. ― Até porque o amor dela e do meu pai também era proibido, e isso não a impediu de me ter.

Júlia assentiu sorrindo.

― Isso é perfeito ― disse ela radiante. ― Sua mãe apóia!

― É... ― concordou Rodrigo também sorrindo. Mas o sorriso logo se desfez, quando desviou o olhar e notou algo errado. ― E eu acho que foi até fácil demais. ― E fez uma pausa para voltar a encarar a namorada nos olhos. ― Não só o nosso namoro, mas tudo isso. A vinda para sua casa... Quer dizer, mansão, e tudo o mais.

Júlia riu.

― Você não sabe quem são meus pais, não é? ― perguntou ela sorrindo.

O bruxo balançou a cabeça negativamente.

― Sabe que eu nunca gostei de história ― disse ele.

Júlia, ainda sorrindo, segurou ainda mais firmemente as mãos do bruxo e o encarou nos olhos.

― Minha mãe é a Misericórdia, Rodrigo ― disse ela. ― Por isso seus pais não reclamaram muito para vir. Confiam nela.

― A Misericórdia? ― Rodrigo estava boquiaberto.

Ela não era filha de só mais uma Senhora Eterna. Era filha da Misericórdia! E a Misericórdia era uma dos três integrantes da Trindade Eterna. Faziam parte dela: o Terror, o Poder e mãe de sua namorada, a Misericórdia. Os três eram o que havia de mais poderoso em seu mundo. E de mais sagrado também.

― Sim, a Misericórdia é a minha mãe ― respondeu Júlia de sobrancelhas franzidas, surpresa com a reação do bruxo.

― E quem é o seu pai? ― perguntou ele ainda surpreso.

― Bom, já o meu pai pode ter sido o motivo deles terem reclamado um pouco ― disse ela com um sorriso amarelo.

Rodrigo arregalou os olhos. Não podia ser. Será?

― Se-seu pai é o Poder? ― gaguejou com medo da resposta.

Morte desviou o olhar tristemente e hesitou um pouco antes de finalmente assentir.

― Por que nunca me disse? ― perguntou ele quase alarmado.

― Achei que não fosse necessário ― respondeu ela quase desesperada. ― Achei que, se eu contasse, você terminaria comigo.

― E então você me traz para a sua mansão, onde seu pai pode chegar a qualquer momento? ― perguntou ele assustado.

― Não, claro que não ― disse ela balançando a cabeça, mas sem voltar o olhar para o namorado. ― Foi exatamente por isso que os trouxe para cá. Eu e ele nunca nos damos bem e nunca nos daremos. ― E só então encarou o bruxo, que expirou aliviado. ― Achou mesmo que eu o traria para cá se ele viesse aqui?

O bruxo balançou a cabeça negativamente.

― Não, desculpa ― e abraçou a Senhora Eterna, que lhe retribuiu o abraço.

― Eu te amo, seu idiota ― disse ela. ― Nunca faria algo que lhe colocasse em perigo.

― Eu sei, eu também te amo ― disse ele num tom triste. ― Me desculpa por isso?

― Tudo bem ― disse ela quase num sussurro.

E então eles se soltaram e se beijaram lentamente, até ficarem sem ar, sorrindo.

― Agora, vem ― disse Júlia se levantando e puxando o namorado da cama. ― Quero te mostrar uma coisa.

O bruxo seguiu a Senhora Eterna para fora do quarto. Eles atravessaram o corredor, passaram pela sala aonde chegaram e se dirigiram a um local de portas duplas e douradas, na parede oposta ao corredor. Após apertar um botão na parede, as portas duplas se abriram, revelando um elevador. O bruxo e a Morte entraram e ela apertou o botão que deveria os levar para o térreo. Rodrigo sentiu um frio na barriga e então os números começaram a diminuir. Quando este chegou ao zero, outro frio na barriga e as portas se abriram. Morte saiu na frente, sendo seguida de perto pelo namorado. Estavam agora numa espécie de salão principal. O piso era de mármore negro, assim como as paredes. O teto era totalmente dourado. Janelas enormes estavam espalhadas pelo local, semicerradas pelas cortinas douradas. Estátuas, também de mármore negro, estavam postas nos quatro cantos da sala. Rodrigo ficava cada vez mais surpreso com o tamanho da riqueza de sua namorada.

― Onde estamos indo? ― perguntou ele enfim.

― Você vai ver ― e o puxou, atravessando o salão.

Nos fundos deste, enormes portas duplas e douradas estavam abertas. Um vento fresco e cheiroso soprava delas. Rodrigo logo percebeu que cheiro era aquele: rosas. Morte continuava a puxá-lo e eles atravessaram as portas. Estas davam para o maior jardim de rosas brancas que Rodrigo já vira na vida.

― Que lindo! ― Rodrigo não pôde deixar de dizer.

― Obrigada ― disse Júlia envergonhada.

Os dois desceram o pequeno lance de escadas e caminharam para o lindo e enorme jardim. Estátuas de mármore retratando uma mesma mulher, segurando um grande vaso, em várias posições diferentes, estavam espalhadas pelo jardim. Finos riachos e pontes também passavam por entre as rosas. Bancos de mogno e metal negro estavam em pontos estratégicos, próximos às rosas. E isso tudo até onde a vista alcançava.

― Júlia, isso aqui é lindo! ― disse o bruxo maravilhado.

― Deu o maior trabalho para cultivá-las, porque aqui o solo não é muito fértil ― disse ela sorrindo orgulhosa. ― Mas, eu falei com a Senhora Eterna da fertilidade e ela deu um jeito para mim. Acho que ficou bom.

― Bom? Isso aqui está perfeito! ― disse o bruxo.

E então fechou os olhos, sentindo o fresco aroma das rosas e o sol, dourado e quente, brilhando acima.

― Que bom que gostou ― disse ela sorrindo empolgada.

O bruxo abriu os olhos e a encarou com um sorriso.

― Eu adorei, é lindo demais ― disse ele.

Os dois se beijaram novamente e só pararam quando foram interrompidos por uma pessoa que se aproximava.

― Senhora, Guerra está aqui e deseja lhe falar ― disse o velho mordomo que se aproximara.

― A Guerra está aqui? ― perguntou Júlia confusa. ― Mas, o exército ainda está treinando, o que será que ela quer?

O mordomo deu de ombros.

― Guerra? ― perguntou o bruxo.

― É, a Senhora Eterna da Guerra ― disse ela. ― Eu mantenho o exército dela aqui. Mas eu acho que ela não está do nosso lado. Por isso, eu quero que suba e fique no seu quarto, onde estará seguro.

― Ok, meu amor ― disse ele e a beijou novamente. ― Se cuida, ok?

― Pode deixar ― respondeu ela sorrindo e caminhando para dentro do salão principal novamente.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram do jardim? Gostaram de saber sobre os pais da Morte? Deixe reviews e até domingo ^^



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