Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 10
Na Mansão da Morte


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos que ainda acompanham o/
Por que vocês sumiram? Sinto a falta de vocês nos reviews :(
Bem, aqui está outro capítulo. Este é um pouco mais lento, só para estabilizar a história.



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A Morte puxou o bruxo pela mão, empolgada. Ele, por mais hesitante e nervoso que estivesse, acabou sendo levado por ela. Assim que saíram do quarto, ouviram vozes vindas da cozinha e seguiram para lá. Luan e Helena conversavam sentados à bancada. Assim que viram a Senhora Eterna da Morte, se levantaram num salto.

― Filho, saia de perto dela ― disse sua mãe estendendo as mãos na direção de Júlia.

A Senhora Eterna, por sua vez, levantou as mãos, num sinal de rendição, fazendo os bruxos mais velhos se entreolharem confusos.

― Eu não vim brigar ― disse ela suavemente. ― Vim apenas lhes oferecer uma proposta.

Os bruxos franziram as sobrancelhas, desconfiados, mas logo abaixaram as mãos.

― E que proposta seria essa? ― perguntou Luan seriamente.

Júlia os encarou, abaixou as mãos, respirou pesadamente e disse:

― Preciso que venham para a minha mansão.

Um segundo de silêncio.

― Já morremos e não ficamos sabendo, é isso? ― perguntou Helena.

― É a pior proposta que eu já ouvi ― concordou Luan, incrédulo.

Júlia encarou Rodrigo por um instante e então se virou novamente para os bruxos.

― Poder já nos localizou ― disse Rodrigo temeroso.

Luan e Helena arregalaram os olhos e encararam o filho.

― Não é possível, meu filho ― disse Helena. ― Poder até pode saber onde estamos, mas não pode revelar. É contra as Leis Eternas!

― Mas... ― ele hesitou. ― Nós já as transgredimos antes. E agora ele quer vingança. Mandou os demônios do Terror atrás de nós. Devem estar chegando a qualquer momento.

Luan e Helena se entreolharam, avaliando a veracidade do que fora dito.

― Essa aí está te persuadindo? ― perguntou Luan.

Rodrigo estreitou os olhos e balançou a cabeça, cético.

― Não, pai ― respondeu Rodrigo. ― Eu vi em meus sonhos. O Senhor Eterno que destruiu nossa casa persuadiu o Poder para mandar outros servos dele atrás de nós. É verdade!

Os bruxos se entreolharam novamente e deram de ombros.

― Por esse mesmo motivo, estou lhes oferecendo abrigo e proteção ― continuou Júlia. ― Em minha mansão, vocês não poderão ser localizados.

― E por que confiaríamos em você? ― perguntou Helena. ― Você não é mais um deles? Uma Senhora Eterna? E ainda por cima da Morte?

Júlia inspirou profunda e tristemente.

― Sei que sou tudo isso, mas não estou do lado do Poder ― ela disse isso como se algo a incomodasse nas palavras da bruxa. Como se algo estivesse errado. ― Eu sei que está mais do que na hora de outra pessoa subir ao trono.

Luan suspirou, encarou a Morte de olhos estreitados por alguns instantes, hesitando, mas por fim assentiu.

― Eu acredito nela ― disse ele.

― É, vamos ver no que dá ― concordou Helena, pouco convicta.

Júlia assentiu com um sorriso amigável e estendeu a mão para Helena.

― Eu lhe prometo, em nome da Criação, que tentarei de tudo para protegê-los ― disse a Morte veemente.

Helena sorriu e apertou a mão da Senhora Eterna.

― Agora, se não se importam, temos que ir ― disse Rodrigo.

Júlia assentiu.

― Vou chamar os guardiões ― disse Luan correndo para os devidos quartos, os chamando.

Júlia fora com ele, o seguindo e o ajudando a despertá-los.

Helena e Rodrigo ficaram sozinhos na cozinha, se encarando.

― Quero essa história da Senhora Eterna da Morte estar aqui bem explicada ― disse sua mãe de sobrancelhas franzidas.

― Pode deixar ― respondeu ele com um sorriso nervoso.

Assim que todos (inclusive os dragões) estavam reunidos e prontos nos fundos da casa, Júlia estendeu as mãos para a terra, que começou a tremer levemente e a exalar uma espessa fumaça negra, que os envolveu. Num milésimo de segundo depois, o cenário à volta deles mudara. Agora, todos estavam numa sala ampla e suntuosa. As paredes e teto eram negros como carvão e tinham lindos entalhes dourados. Cortinas grandes, douradas e pesadas estavam amarradas à frente de grandes janelas abertas. Esculturas, pinturas, tapetes, poltronas e sofás também tomavam conta de grande parte da sala.

― Bem, aqui estamos ― disse Júlia por fim, com um sorriso radiante. ― Os quartos ficam por ali. ― E indicou um longo corredor do lado esquerdo. ― Os dragões estão no estábulo bem abaixo. Se precisarem de algo, há uma campainha em cada quarto, basta apertá-la.

― Obrigado ― disse Luan.

― Não há de quê, meus queridos ― respondeu Júlia. ― Só quero ajudar. ― E fez uma longa pausa. ― Agora, eu tenho que descer e comunicar aos empregados sobre a comida dos dragões e a limpeza diária dos quartos e do estábulo. Enquanto isso, podem se estabelecer em seus quartos. ― E se virou, depois de dar uma piscadela para Rodrigo, que sorriu envergonhado.

O jovem bruxo se virou para o corredor, onde sua mãe lhe fuzilava com o olhar. Ele já sabia o que aquilo significava: precisamos conversar. Por esse mesmo motivo, Rodrigo seguiu a mãe para o quarto, juntamente com Luan. O lugar era bem grande e confortável. Uma cama de casal king size com um véu branco, que lhe caía pelos cantos; closet, também branco, embutido na parede; um lustre de diamantes ao centro; poltronas acolchoadas aqui e ali; um tapete de linho fino; uma mesinha de vidro ao centro; uma sacada bem ao lado da cama; uma porta no lado esquerdo que dava ao banheiro e um criado-mudo, com direito a vaso de rosas brancas e tudo.

― Que lindo ― Rodrigo deixou escapar.

Luan concordou com um aceno de cabeça e caminhou para o banheiro. Helena e Rodrigo se sentaram na cama, que era muito confortável.

― Vou tomar uma ducha ― disse ele sorrindo empolgado, deixando Helena e o filho sozinhos.

Eles sempre faziam isso: dispensar Luan para poder conversarem a sós. Rodrigo era muito mais achegado à mãe do que ao pai. Não sabia bem o motivo disso, mas costumava se abrir mais com ela.

― E então, pode começar a falar ― disse Helena assim que ouviu o som do chuveiro ligado. ― Como a Morte nos achou? Estávamos invisíveis.

Rodrigo engoliu em seco, procurando as palavras certas.

― Mãe, eu... ― começou ele e parou novamente por alguns segundos. ― Eu estou tentando lhe dizer isso há muito tempo, mas nunca consegui reunir coragem o suficiente. ― E fez outra pausa para analisar a expressão da mãe, que até agora não mostrava nada além de curiosidade. ― Eu... Eu estou namorando a Senhora Eterna da Morte.

Era como se Helena tivesse acabado de receber um chute na barriga. Dado pelo próprio filho. Mas não pelo fato dele estar namorando uma Senhora Eterna. Era pelo fato dele não ter contado a ela antes.

― Por que não me contou? ― perguntou ela suave e tristemente, com as sobrancelhas franzidas.

Rodrigo desviou o olhar para baixo, para o lençol branquíssimo.

― Tinha medo de que passasse a me odiar ― respondeu ele e ergueu a cabeça novamente, encarando a bruxa à sua frente. ― Ou que me proibisse de vê-la.

Helena sorriu e tomou o filho nos braços, com um abraço apertado e reconfortante.

― Eu nunca faria isso, meu filho ― disse ela sorrindo ao ouvido dele. ― E eu até apóio o amor de vocês. Você sabe... Você não teria nascido se não fosse por um caso parecido. ― E deu uma risadinha. ― Só não pense mais essas coisas de mim, ok? Eu sempre vou te apoiar, em qualquer coisa.

Rodrigo não pôde conter as lágrimas quentes e insistentes que começaram a rolar por seu rosto. Tinha a melhor mãe do mundo, e nunca percebera.

O som do chuveiro parou e Helena soltou o filho, secando as lágrimas do mesmo. Foi quando o bruxo notou que ela também chorava e secou as lágrimas dela também.

― Eu te amo, mãe ― disse ele sorrindo.

― Eu também te amo, filho ― disse ela sorrindo.

E Luan saiu do banheiro, usando apenas uma toalha enrolada na cintura, deixando à mostra seu corpo malhado. Resultado de anos de treinamento pesado.

― Essa água é maravilhosa! ― exclamou ele animado. ― Vocês têm que experimentar!

Helena sorriu com o vislumbre do marido sem camisa e se levantou. Rodrigo balançou a cabeça negativamente e, com um sorriso, foi até a porta.

― Vou experimentar no meu ― disse ele e saiu.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram da Helena? E da mansão? Mande reviews e até sexta ^^