Sangue, sua mão estava cheia de sangue. Como aquilo havia acontecido? Aquele lobo havia pulado pra cima dele e depois ele o matou. Será que o lobo havia conseguido feri-lo antes? Amélia e Katherina desceram da árvore e se aproximaram.  Realmente, o dia não podia ser melhor, fabricas fazendo cortes, irmãos perdidos, mundo desconhecido, criaturas assassinas... e agora uma pessoa ferida! Não iria me surpreender se um furacão aparecesse do nada!

Não tínhamos tempo, Robert estava sangrando muito.  Me lembrei então da aula de ciências da senhora Fiorela, quando ela nos deu aula sobre primeiros socorros. Prestei atenção, porque ela era uma das únicas professoras que eu gostava, mas não me lembro de ter visto Robert nesta aula.

- Amélia – falei- você tem alguma garrafa de água ou algo assim?

- Tenho-respondeu – eu sempre levo uma comigo, aqui ela.

 Peguei  a garrafa e coloquei no chão. Cuidadosamente, tirei aquela camisa azul xadrez dele, que ele estava usando como se fosse uma blusa, estava aberta, em cima da sua camiseta branca, que já não estava mais branca, mas sim vermelha.  Também tirei ela, para ver como estava o ferimento, e minha mão já estava vermelha. O lobo havia feito um estrago. Seu peito estava com a marca do corte que aquele lobo fez com suas garras, três cortes, que sangravam muito. Respirei fundo e limpei com a água. Mandei Amélia ir buscar mais água e Katherina foi junto. Fiquei sozinha com Robert, pensando no que faria. Tinha que fazer aquele sangue parar de sair, estancar o sangue, mas isso era difícil, não havia nenhum pano limpo por ai, e não tínhamos tempo. Então peguei a espada e cortei um pedaço do meu vestido, fazendo uma tira, e agora meu vestido só ia até os meus joelhos.  Peguei e enrolei aquela tira em volta do ferimento e do seu braço, resolvendo um pouco o estado. Robert se encostou com dificuldade em uma árvore, respirou um pouco, e começou a falar:

- Onde você aprendeu isso?

- Isso o quê? – respondi. Mas era bom conversarmos, assim ele se distraia enquanto as meninas não chegassem.

- Essa coisa que você fez, esse curativo, sei lá.

- Ahhh, isso eu aprendi na aula de ciências, você não?

- Não estava nessa aula, lembra? Diretoria.... – eu ri, mas depois parei, não era momento para rir, mas ele riu também,com dificuldade, e continuamos conversando, não demorou muito, e as meninas chegaram, trazendo além da água, uma mulher, loira e alta, de olhos verdes, com uma aparência severa, e uma cicatriz em sua bochecha esquerda.

- Ela veio para ajudar! – começou Amélia.

A mulher deu dois passos a frente. Analisou Robert e disse:

- Sorte sua eu estar passando por aqui, sorte de todos vocês, este lugar não é pra vocês.

- Mas que lugar é esse? –interrompi, uma coisa que não deveria ter feito, após o olhar que ela lançou para mim, de desaprovação.  Me analizou, e friamente disse:

- Qual seu nome queridinha?

- Jenna, Jenna Forwood. –disse me levantando e olhando bem em seu rosto. Parecia que ela estava me enfrentando e eu também. Dava pra ver logo, que ela não gostou de mim.

- Então, Jenna, vocês estão em Titanium, mas precisamente no Bosque Sem Nome.

Olhou para mim de novo, olhou para minha mão, que estava segurando o arco e que também estava o anel. Pareceu surpresa, depois seu rosto mudou para uma expressão  de desaprovação, mas com um sorriso falso.

- Queridinha – falou- onde você arranjou esse anel?

- Eu o achei, mas isso realmente importa? Deveríamos estar nos preocupando com outra coisa.- disse apontando para onde Robert estava.

A mulher olhou, foi até ele, e disse com a voz mais doce do mundo:

- Você vai ficar bem, sou Faye, Faye Shine. Mas quem foi o incompetente que fez esse curativo?

- Fui eu – já estava irritada, dava para ouvir na minha voz.

- Não foi uma incompetência,  ela estava me ajudando.Sou Robert Donovan.

- Bem, bem, vamos, temos que levar todos vocês daqui, aqui não é um lugar seguro, e além do mais, temos um ferido.

- Mas pra onde nós vamos? –perguntou Katherina. E ela respondeu, decidida:

- Pro Acampamento Titanium.