Não me lembro de absolutamente nada depois que fomos puxados para dentro daquela árvore.  Minha cabeça estava doendo como nunca esteve, estava um pouco zonza, então resolvi me sentar. Coloquei minhas mãos no chão e senti grama entre meus dedos. Olhei espantada, pela primeira vez, onde eu estava. A grama era de um verde vivo, e o campo se estendia até vários montes e montanhas ao longe. Várias árvores por todo lado, havia um rio por perto, estava ouvindo o barulho de uma correnteza. Aquele não parecia ser o bosque, de jeito nenhum.

- Aiii, minha cabeça! – Robert disse enquanto tentava se levantar.

- O que aconteceu? E onde estamos? – as duas garotas disseram.

Me levantei, olhei em volta, olhei para o meu anel, ele estava normal, como havia encontrado. Dei alguns passos para frente, e conclui:

- Não estamos no bosque, deve ter acontecido alguma coisa, algo que não nos lembramos.

-  Só lembro até estarmos olhando para o seu anel, então apareceu uma luz forte da árvore. – Robert começou, tentando ajudar.

- Esse anel!! Tudo por culpa desse anel!! Vamos nos livrar dele agora!! – Amélia disse quase chorando de desespero. Katherina a cortou:

- Amélia, se jogarmos ele fora talvez nada vai voltar ao normal!! Você devia começar a pensar!!

Resolvemos nos acalmar, até pensar em uma explicação lógica para tudo aquilo. O tempo foi passando e nada. Decidi andar um pouco, para explorar o lugar, sempre gostei de lugares abertos, então fui andando por ai, mas não tão longe, para não me afastar dos outros. Parei para analisar aquele anel, quando senti algo batendo na minha cabeça. Robert sempre fazia essas brincadeiras na escola, pensei que fosse ele e gritei para que parasse. Outra vez, e essa foi tão forte que meu cabelo acabou se soltando e a presilha que o prendia se rompeu. Fui me virar para fazê-lo parar com isso, mas o que encontro não é um garoto se divertindo enquanto irrita as outras pessoas , mas sim uma ave grande, preta, parecida com um abutre, mas suas asas  eram diferentes. Pareciam se dissolver no ar, assim como o resto de suas penas. Ele estava se preparando para me atacar quando me abaixei, consegui me desviar por pouco. Estava se preparando para um novo ataque quando armei meu arco e flecha e disparei. Bem no peito. A criatura caiu dura no chão, parada. Me aproximei dela mas em vez de sair sangue, ela foi se misturando com o vento, como pó, e sumiu. Voltei correndo como doida, aquele não era um lugar comum, tinha que avisar os outros.

- Esse não é um lugar qualquer!!! Precisamos sair daqui, vocês não acreditam no que eu vi!!! – as primeiras palavras que eu disse depois de tudo aquilo.

-Ehhhh, Jenna... – ouvi a voz de Robert- Eu acho que vamos acreditar sim...

Amélia e Katherina estavam em cima de uma árvore, apavoradas, Robert estava parado na frente dela, parado não, imóvel, não movia um músculo sequer. Estava a ponto de perguntar o porquê quando já o vi. Era um lobo imenso, preto, como a outra criatura que tive o desprazer de conhecer, estava rosnando, suas gengivas eram  vermelho sangue, estava babando, seus olhos eram vermelhos reluzentes, que pareciam pedir sangue. Quando ele me viu, soltou um rosnado mais forte e foi para a minha direção. Estava me preparando para atirar uma flecha mas ele foi mais rápido. Me derrubou no chão ficando bem acima de mim, com seus olhos faiscando. Tentou morder minha cabeça, mas desviei a tempo, pensei que era o fim, fechei os olhos quando senti aquele peso saindo de cima de mim. Abri os olhos e vi Robert enfrentando aquela fera. Katherina, lá de cima da árvore, jogou uma espada, que certamente havia levado com ela, já que elas se diziam as “Ladras do Oeste” para ele.  Correu para pega-lá e a fera foi atrás, estava pulando para cima dele quando Robert se virou e com um só golpe partiu o lobo ao meio, que também se misturou com o ar e sumiu. Olhei espantada, ele tinha me salvado, quando ele caiu no chão. Corri para lá, o mais rápido possível. Me ajoelhei na frente dele, ele se levantou um pouco e sua mão estava sobre seu peito. Não entendendo nada, toquei a sua mão e a afastei, e vi: Ela estava cheia de sangue.