Todos na cozinha, eu, minha mãe e minha irmã, que era mais velha que eu, olhamos automaticamente para meu pai. Estávamos assustadas, porque ele deveria voltar pelo fim da tarde, por volta das 6 horas, horário que a fábrica de madeiras que ele trabalha fecha. Estava suando, muito pálido, mais do que já era, suas mãos tremiam, estava desesperado.

- O que aconteceu? Meu Deus, por que você não está na fábrica!!! – gritou minha mãe, ficando assustada como o meu pai.

- E-eles, fi-fizeram –gaguejou meu pai -fizeram... fizeram cortes na fábrica, dispensaram várias pessoas, e eu fui uma delas!!! Estamos perdidos!!! Sem o emprego não vamos ter dinheiro para comer, não vamos poder pagar nada! Nem os impostos!! Senhor, os impostos!! Nós vamos...

-Morrer. –continuou minha mãe, no mesmo desespero que meu pai. Em Humax, a única preocupação que o governo tem com você, é se você paga os impostos, senão os paga... tem o fim como o do senhor que encontrei na cidade.

-Mãe, e agora? –agora foi a vez de a minha irmã falar- Como iremos viver? O dinheiro da escola não é muito para pagar os impostos e nossa comida!!!

Minha irmã era professora da primeira série da escola do Vale. Seu sonho sempre foi ser veterinária, mas não tinha dinheiro para a faculdade, mas com seus estudos conseguiu uma bolsa de professora, e não pensou duas vezes. Era bem parecida com a minha mãe, seus olhos eram castanhos claros, cabelo preto, e de tamanho médio. Minha mãe também, só que um pouco mais baixa. Meu pai tinha o cabelo acinzentado, olhos pretos e um pouco alto. Eu era baixinha, mesmo pra minha idade, 16 anos, tinha o cabelo castanho escuro e olhos castanhos escuros também.

- Eu posso fazer alguma coisa. -disse eu - Eu posso ajudar.

-Mas como? Jenna, o que você pode fazer? Você não sabe fazer nada! – interrompeu minha mãe, para ela, eu nunca conseguia fazer nada direito.

- Não, eu posso fazer alguma coisa. Só continuem pagando os impostos.

- Por favor, Jenna, o assunto é sério, você não pode brincar com isso!!! – Como sempre minha irmã insinuando que eu nunca falo nada a sério.

- Annabeth tem razão, não é hora pra brincadeiras. – retrucou meu pai, bem bravo.

- Mas eu consigo!!! – e sai correndo da cozinha para o campo, fui treinar outra vez o arco e flecha quando vi uma figura ao longe. Desconfiada, fui me dirigindo até lá para ver quem era. Parecia uma pessoa, andando para todos os lados, como se estivesse procurando alguém ou algo. Não era uma pessoa tão alta, mas não era alguém baixinho como eu. A maneira que fui me aproximando percebi quem era. Robert, Robert Donovan. Mas o que ele está fazendo aqui???

Parei em uma árvore e fiquei observando. Queria descobrir porque ele estava lá. Coisa boa que não era...