Acordei com o som do galho de cerejeira batendo na minha janela. Olhei para o relógio, eram 6 da manhã. Levantei-me da cama e fui me arrumar, penteei meu cabelo como sempre, fiz meu rabo de cavalo, vesti meu vestido de sempre, coloquei minhas botas e desci as escadas. Passei pelo quarto da minha mãe, ela ainda estava dormindo, mas com certeza daqui a pouco acordaria para fazer o café. Apressei-me, peguei um pedaço de pão que estava sobre a mesa da cozinha e sai. Passei pelo campo correndo, dei um oi para Margaret, minha coelha, e saltei a cerca. Morávamos numa área rural, muito simples, mas eu gostava de lá, tudo verde e fresco. Andei até a cidade e fui para o armazém. A cidade era cinza e triste, não havia vida lá, com poucas lojas, sempre com o movimento raso. Entrei no armazém, e me dirigi ao balcão. Troquei algumas peças de lã que estavam em minha bolsa por algumas frutas e um bom pedaço de pão. Vi através da porta aberta, lá no fundo do armazém, Robert, um menino que me parecia problemático, muito rebelde, estava na minha classe e eu não falava muito com ele. Ele tinha o cabelo bem castanho escuro, olhos verdes, com um toque de castanho e uma leve inclinação pro azul. Todas as meninas eram apaixonadas por ele. Ele me olhou, e ficou me encarando, não conseguia ler seu rosto, então desviei o olhar e fui embora. No meio do caminho vi guardas escoltando um pobre velho até um beco. É isso que acontece com quem não tem emprego, não tem nada a oferecer ao reino. Um barulho de tiro, e a história daquele senhor teve um fim. Isso sempre me deixava com raiva.

Chegando em casa, deixei tudo sobre a mesa, ainda estava de manhã, a julgar pelo sol, mas não quis olhar para o relógio. Fui logo pro campo mais afastado de casa treinar. Há 5 meses, havia encontrado um arco e flecha perto de uma arvore, jogado, comecei a treinar e fui pegando o jeito. Treinava todo dia, e hoje já consigo acertar qualquer alvo sem errar. Não sei como alguém poderia ter jogado fora um arco tão bom!

Quando me dei conta, minha mãe estava me chamando para o almoço, fui logo, se ela tivesse que me chamar de novo, ficaria irritada. Estava concentrada no meu prato, comendo o mais rápido possível para voltar a treinar quando meu pai entra correndo, apreensivo, na cozinha, muito pálido....