Fight for the cure escrita por Pat Black


Capítulo 7
Left back




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John acelerou sem olhar para trás quando Sam entrou no veículo e fez um sinal com a mão para que partissem. Uma lágrima solitária marcava sua face e as veias do pescoço estavam tencionadas, como se ela tentasse a custo conter um grito.

Por um momento pensou em olhar para trás, procurar por Marcos, mas estava calejado demais para não compreender o que havia acontecido. Assim como Anton, Marcos se fora, e esse tipo de perda não era mais nenhuma novidade no mundo caótico em que viviam.

Acendendo os faróis passou a rodar em busca da saída, mas aquilo não seria fácil diante da confusão e dos bastardos desmortos que, assim que os avistaram, ou seguindo o barulho do veículo, começaram a persegui-los em um passo lento, mas angustiante.

“Cadê o Marcos?” Lisa perguntou com o que anda restava de sua inocência infantil.

Desviando os olhos por um momento para encarar Sam, John pode ver a garota engolir e balançar a cabeça para afastar as lágrimas.

“Ele se foi querida.” Sam falou por fim com a voz embargada.

No silêncio que se seguiu John pensou na primeira vez que encontrara o grupo do pai de Sam e aquele garoto de cabelo quase raspado e olhar duro, parecera ler a sua alma. Eram apenas alguns andarilhos ainda tentando compreender o que acontecia no mundo a sua volta, mas Marcos parecia ter o espírito velho e intuitivo. Haviam se tornados amigos. Claro que não como a amizade que o outro compartilhava com Sam, algo de infância, mas o bastante para sentir seu peito apertar ao sabê-lo morto, muito mais que qualquer um dos outros que perdera pelo caminho e nos meses passados.

Descendo com o carro recordou da noite em que decidiram partir naquela aventura suicida e Sam marcara um encontro com ele no estoque.

Enquanto esperava por ela, tinha imaginado que teriam uma conversa privada sobre a viagem, traçariam planos, ou até ela lhe passaria informações que não queria reveladas a todo o grupo.

Assim, quando ela apareceu das sombras, como se estivesse ali por um bom tempo, e o beijou, seu primeiro reflexo foi beijá-la de volta, até se dar conta de que aquela era Sam e ela não sentia nenhuma atração por ele.

“Faço dezoito hoje.” Ela sussurrou agarrando seu pescoço, o puxando novamente para um beijo ainda mais profundo. “Não me negue isso John, por favor.”

E ela quase implorou. Mas Sam nunca implorava, por nada desde que a conhecia. Ela era feita de aço e gelo. Foi moldada pelo mundo caótico para ser uma líder fria e concentrada. Perdera a todos: Pai, irmão, amante. E com eles, talvez a capacidade de amar e se entregar totalmente como mulher.

Sam não o queria por ele naquele momento. Por alguma razão, escolhera  a ele como algo apropriado para cumprir um objetivo. Mas, como John poderia dizer não para o que Sam ofereceu naquele porão escuro e úmido, quando o que mais desejara era tê-la nos braços quando a conhecera?

E foi sem pensar no por que de tudo aquilo, ou preferir não fazê-lo, que John tomou a virgindade dela, ali mesmo, de encontro à parede, um pouco inexperiente, apressado demais, mais consciente o bastante para cuidar de não machucá-la ou se enganar de que aquele era o início de algo mais forte entre eles.

Gozaram. Depois ficaram quietos e calados por um tempo. E, no fim, Sam o abraçou com carinho, agradecida, como se o presente não fosse todo dele, para depois ajeitar as roupas, enxugar algumas lágrimas e subir para junto dos outros, e tratá-lo todo o tempo até ali como se nada tivesse ocorrido entre os dois.

Sacudiu a cabeça.

Voltando de seus devaneios, John se concentrou no ziguezague das rampas, no que pareceu levar horas, e não poucos minutos, para chegar enfim a uma das saídas.

Barricada.

Apesar do que parecia a maior bagunça, John pode perceber que o problema estava apenas em conseguir afastar alguns destroços para abrir espaço e avançarem.

“Fica no carro. Preciso afastar aquele contêiner de lixo.” Falou para Sam e já partia.

Enquanto apagava alguns errantes que perambulavam pelo local, John percebeu que Sam o seguia, dando cabo de um podre, já avançando para o contêiner empurrando-o para fora do caminho.

Depois, foi o inferno novamente.

Atrás da minivan uma multidão de monstros se aproximava. Do lado de fora outros tantos avançavam em direção a garota.

“Vai para o carro John.” Sam gritou empurrando o obstáculo totalmente para fora do caminho, já atirando em direção de um grupo de não menos que dez que se aproximavam dela o bastante para evitar que voltasse com ele.

John ainda quis retornar e ajudá-la, mas Sam o olhou duro e ele compreendeu que ela não arriscaria Lisa, e a possibilidade de uma cura daquele mundo, para salvar a si mesma.

Correndo retornou ao veículo e acelerou, imaginando, em um fio de esperança, que pudesse aproximar o carro o bastante para derrubar alguns e resgatar a garota.

Mas quando se aproximou, avistou Sam correndo em direção a uma das rampas, sendo seguida pelo grupo de podres, tendo à frente um grupo ainda maior destes, encurralada e sozinha.

Pensou em frear e salvá-la, mas o baque de vários desmortos na lataria do veículo o despertou para a realidade. Acelerando, deixou Sam para trás, atirando por sua vida, sabendo que ela lutaria até o fim, mesmo que não houvesse nenhuma chance de escapar dali com vida.


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