Fight for the cure escrita por Pat Black


Capítulo 8
Lisa




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Sam ainda estava lá fora, mas John não ia parar o carro. John apenas acelerou e partiu e Lisa não conseguiu entender como ele pudera fazer isso.

Era Sam lá fora. A líder deles. Aquela que fazia de tudo para protegê-los, alimentá-los, cuidar deles desde que o pai dela morreu e seu irmão havia sido devorado pelos zumbis.

Lisa olhou para a figura soturna de John e se encolheu no banco, com medo de que ele a abandonasse em algum ponto do caminho também. Afinal, não conseguia compreender realmente o que estavam fazendo ali. Sam lhe disse que estavam lhe levando ao médico, alguém que ela ajudaria a descobrir como curar as pessoas daquela doença e a livrar o mundo dos zumbis. E essa parte lhe dera a coragem para não chorar por boa parte do caminho, principalmente quando perderam Anton.

Podia se orgulhar de si mesma por não ter chorado feito a criança que ainda era quando estavam presos naquele prédio cheio de monstros, ou quando Anton a salvou de ser mordida novamente e fora mordido em seu lugar.

Na verdade, todos pareciam estar protegendo ela mais do que o normal.

Certo, talvez Sam tivesse razão e ela era especial, de alguma maneira que não compreendia.

Sentindo o cinto lhe ferir o ombro e apertando seu peito, se curvou para a direita quando John fez uma curva e desviaram de uma multidão de zumbis, ou podres como os mais velhos costumavam chamar os mortos.

“Droga. Droga.” Ouviu John murmurar entre dentes e dar a ré apressado, para fugir de mais um grupo compacto que lhes bloqueava a passagem.

Rodaram em ziguezague por um tempo, até que John soltou um grito de alegria. Ao longe ele avistou o prédio do CDC brilhando sob os primeiros raios da manhã. Depois veio o estrondo, uma explosão, seguida por um som infernal que fez o chão tremer e o carro derrapar e ir de encontro a uma coluna de veículos abandonados.

John foi de encontro ao airbag e apagou. Lisa, no entanto, sentiu seu corpo ricochetear entre o cinto e o banco, o que a deixou tonta e enjoada.

“John!” Ela gritou se desvencilhando do cinto. “John, acorda!” chamou novamente ao notar que alguns desmortos se aproximavam de onde estavam.

Não eram muitos, mas muitos mais daquelas coisas chegariam em breve. Lisa sabia que eles podiam sentir seu cheiro, ainda mais que estavam sangrando.

Devagar se aproximou de John e começou a sacudi-lo, as lágrimas descendo pelo rostinho escuro e temeroso.

John se mexeu e resmungou, para depois despertar completamente.

“Lisa, você está bem querida?” Ele perguntou livrando-se do cinto e afastando o airbag.

“Meu peito dói.” Ela respondeu sem esconder o temor, como fizera boa parte do caminho até ali.

“Vamos sair e eu carrego você.”

Quando saiu do veículo, John se virou na direção onde avistara o prédio do CDC, e onde agora só discernia uma coluna de fogo e fumaça negra.

Lisa olhou na mesma direção após captar o olhar de John, onde a esperança que o carregara até ali parecia se esvair, sumir, dando lugar a uma agonia e uma tristeza que poucas vezes ela podia compreender.

Aquela fumaça ao longe, carregada pelo vento, parecia levar consigo todas as poucas esperanças que seu amigo mantinha até aqui. E mesmo sendo apenas uma criança, Lisa podia compreender isso, por que vivera mais do que muitos adultos, naqueles poucos meses desse mundo louco, no que poderia ter saído das páginas de alguma revista em quadrinhos, ou de um filme de terror.

Sem ter nada além do que seguir em frente, John lhe colocou sob suas costas e a levou em direção ao prédio em chamas.

Talvez encontrasse algum cientista lá. John pensou sem muitas esperanças, mas procurando algo em que se agarrar.

Próximos do local avistaram alguns veículos que partiam. E, mesmo com John gritando na direção deles e tentando a custo chamar-lhes a atenção, eles não o viam ou, o que poderia ser mais provável, não se importaram, os abandonando a mercê dos podres que se erguiam em volta.

John analisou sua arma e resmungou um palavrão enquanto se afastava em busca de uma rota de fuga, mas estavam cercados.

“Lisa, segure na minha mochila e me siga. Não me largue a menos que eu a mande correr.” Ele pediu a garotinha.

Ela assentiu e John começou a caminhar na direção de alguns veículos abandonados à frente, onde ainda poucos desmortos os bloqueavam.

Primeiro ele usou sua faca de caça, os podres ainda estavam espaçados e o corpo a corpo parecia ser a opção mais válida e segura.

Armas eram para momentos em que não havia opções.

Devagar John abateu cinco deles, se aproximando do veículo à frente, mas as suas costas mais se aproximavam.

De repente estavam quase cercados e alguns frescos quase corriam para pegá-los. John começou a usar a arma, mas seus tiros não foram muito certeiros, talvez por que estivesse ainda tonto pelo acidente com carro, ou por que estava exausto pela fuga até ali. Contudo, quando as balas acabaram, se viram apenas correndo em busca de um lugar onde se esconder.

Lisa sentiu quando John a agarrou pelo braço a jogando para frente, colocando-a próxima a um carro. O garoto, no entanto, fora agarrado por um grupo de três, no que, após conseguir se livrar de um, foi arremessado ao chão pelos outros dois.

“Entra no carro Lisa.” John gritou e ela obedeceu entrando por umas das janelas abertas e usando a manivela para fechá-la.

Colada ao vidro viu John lutando com os podres e começou a gritar por ele. Sabia que se John morresse ela estaria sozinha e seria o fim.

Entretanto, como se fosse mais uma visão saída dos quadrinhos, Lisa viu alguém se aproximar do garoto e puxar um dos desmortos de cima dele. Um sorriso feliz iluminou seu rostinho jovem.

“Sam!” Lisa gritou vendo a garota dar cabo do desmorto, enquanto John se livrava do outro, mas não se erguia.

“Sam.” John murmurou levando as mãos ao pescoço para estancar o sangue que brotava da ferida aberta por uma mordida.

“Não... não, não , não. John. Por favor, não.” Sam gemeu se ajoelhando e se inclinando sobre o garoto sem saber o que fazer.

Sam não podia saber, mas John, mesmo enquanto morria, só pensava em como estava feliz da garota ter conseguido escapar. E seu olhar implorava perdão por tê-la deixado para trás, quando tudo o que mais desejara em seu coração era ter tentado salvá-la.

Súbito a luz partiu de seus olhos e Sam soube que ele não mais existia. Colocando o corpo à frente do dele, para que Lisa não visse o que faria, ela lhe deu um tiro na cabeça. Se afastando logo em seguida, rápido, para buscar a garota escondida no carro, e partir no veículo que conseguiu para escapar do estacionamento.

Sam estava vindo o mais veloz que podia em sua direção, mas Lisa sabia, ao sentir mãos frias lhe agarrando o ombro, que ela não chegaria a tempo.

Gritando, como só uma criança poderia fazer, sentiu dentes enterrando em seu pescoço e a morte chegou levando a cura de um mundo que parecia não merecê-lo.


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