Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 50
Garotinha Finnigad




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É horrível amar uma coisa que apenas a morte pode tocar.

Adam tremia e suava, Horquídia tentava conversar com ele, mas era ignorada. O garoto caminhou de sua cadeira fofa e vermelha ao seu quarto, ainda segurando a xícara de café. A mão do garoto girou a maçaneta, fechou a porta, correu para tirar as roupas e a água gelada cobriu seu corpo fazendo-o se encolher como um animal indefeso.

Ele ficou sentado no chão do box, ainda com alguns trapos que ele não tinha tirado do corpo, pensando em Florence. Ele queria se matar, ele queria se afogar nas tristezas e mágoas ou transformar suas saudades em uma corda que conseguisse quebrar seu pescoço.

Horquídia bateu na porta inúmeras vezes avisando a Adam que estavam muito próximos do Distrito 11. Ele começou a chorar. Ali o ar se misturava entre café, os sais de banho contidos na água e um cheiro amargo de tristeza e arrependimento.

O garoto se vestiu adequadamente, com lágrimas respingando de seus olhos embaçados e no fundo, pequenas plantações começavam a surgir aqui e ali, o gosto de frutas poderiam ser sentidos na boca se eles chegassem mais perto. Adam olhou para o trilho á frente e viu os grandes portões cinzas que eram tão altos que pareciam fazer uma sobra sobre a cidade. Eles iam atravessá-los e ele estava em casa, mas não estava salvo dos pesadelos.

Eles estavam chegando a estação. Os gritos eram escutados de longe, a euforia era mais alto que as rangidas do trem e as mãos de Adam suavam. Sempre suavam quando ele estava nervoso.

Seus olhos corriam pela multidão procurando seu pai até que ele o viu. O homem sorria e esperava, mas seus três irmãos menores berravam e farfalhavam. As duas gêmeas de cabeleira loira berravam o nome do menino, ele sorria com tranquilidade, procurou a família dos Finnigad, mas nenhuma criança frenética se destacava entre as outras ou nenhum pai mais velho e uma mulher com olhos verdes bondosos e um rosto jovem cansado. Piscki entrou enquanto Adam abanava constantemente para as pessoas na estação.

Piscki baixou as cortinas com suas mãos negras e silenciosas e Adam parou.

–Está pronto? - ele perguntou com a voz serena.

–Não tenho certeza que quero ir.

–Não pode viver escondido em um trem. - a bondade na voz do mentor conseguia convencer qualquer pessoa.

–O que vou falar para a família de Flo?

–Vamos descobrir.

Piscki encostou a mão no ombro do garoto e o puxou gentilmente. Os dois seguiram para a porta do vagão. Uma luz intensa brilhava lá fora, o Sol. Um calor escaldante a muito tempo esquecido estava presente ali e fazendo questão de que todos o notassem . As pernas do garoto viraram pedra e ele se bloqueou. Seus pensamentos turbilhavam á milhão, mas uma coisa em especial o fez descer do trem. Uma especial menina com cabelos loiros e olhos castanhos que também possuía Finnigad em sua vida. A garota Finnigad o encarava como se ele fosse uma espécie de monstro ou um animal que tinha aniquilado milhares de vidas, ela não deixava de estar certa. Ele queria correr atrás da menininha e pedir desculpa, e explicar tudo, mas Horquídia percebeu isso e o segurou.

Um pé para frente e outro depois, vamos Adam, não é difícil andar, continue assim, muito bem. Uma voz implicava em sua cabeça, uma voz que respectivamente pertencia á Florence. Assim ele deu o primeiro passo.

Piscki desceu ao seu lado, mas Horquídia ficou no trem. Ela mandou um beijo para Adam e berrou que o veria novamente em algumas semanas. Piscki pegou no ombro de Adam e os dois caminharam até a família do garoto.

Vários soldados vestidos de branco rodeavam o vitorioso e seu mentor, um pacificador os explicava que Adam subiria em um pódio em frente ao edifício da justiça e daria um pequeno discurso, e logo após seria encaminhado para a aldeia dos vitoriosos. Adam mal prestava atenção, ele estava ocupado de mais mexendo nos fios finos e loiros na cabeça de Aila e Dalia. Seu irmão, e o menor, saltitava na sua frente, alegre e extrovertido. Adam virou para o seu pai e o encarou. Os dois ficaram ali, se estudando como se fosse a primeira vez que se encontravam na vida, o homem alto da pele morena clara se aproximou e abraçou o garoto. Finalmente o menino estava em suas mãos.

Todos foram encaminhados para o edifício da justiça em silêncio. Os menores não ousavam questionar qualquer coisa em questões da arena, o que fez Adam se perguntar se eles tinham visto todas as matanças que seu irmão mais velho produziu.

Ada olhou para seu pai e aproximou seus lábios do ouvido.

-Eles... você sabe.....eles viram....

-Não. – o pai respondeu sem encarar o filho. – Mas eu sim.

O silêncio se fez até o tributo ser separado de sua família e entrou no imenso edifício cinzento que chamava atenção na praça. Ele se lembrou de algo que eu não comentei com nenhum de vocês. Ele se lembrou do Presidente Snow falando seu breve discurso e o entregando a coroa. Uma coroa de ouro simples, mas bonita. Ele tinha guardada na mala que tinha sido deixada no trem e deveria estar sendo agora, encaminhada para o trem.

Ele lembrou dos olhos azuis de Snow e como ele o olhou de um jeito orgulhoso como “Obrigado por ter sido uma verdadeira peça dos meus jogos, ao contrário de Florence.” Ele não iria encontrar Snow novamente até o passeio dele pelos Distrito e sua nova entrevista com Caesar. Alguns estilistas trazidos da Capital ajudavam Adam a se recompor e ficar mais apresentável. Todos tinham já acabado e estava na hora de ele sair e encarar a luz do dia novamente.

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Ele atravessou um pequeno gramado e se encontrou do outro lado da praça, aonde estava colocado um pequeno pódio, Adam subiu ali e viu Piscki sentado em uma cadeira ao lado do microfone, mas ele não parecia que iria acrescentar nenhuma palavra. Adam olhou para o público e procurou seu pai e seus irmãos, procurou os Finnigad, completamente despreocupado, mas dessa vez, ele os encontrou.

Uma menininha agarrada ao vestido sujo e cinza de uma mãe com olheiras marcando o rosto e ambas choravam. Um homem alto, de ombros largos e magrelo como sua filha morta, envolvia sua mulher com seus braços acolhedores. O menino estava á frente do pai e ele também chorava, mas em silêncio. As lágrimas caiam e suas feições não exibiam nenhuma alegria escondida na maioria dos rostos infantis. Adam congelou.



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