Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 32
Mentores


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo não é narrado por Florence (1ª pessoa)



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Piscki encostou as mãos nas costas magras de Verônica. Seus dedos finos e sempre enfeitados de anéis tremiam e seus cabelos negros e encaracolados estavam presos em um coque, como o habitual. Piscki sabia por que ela estava quieta e não era apenas por Kahinan estar morto. Ele sabia da história dos dois.

Verônica continuava com o corpo bonito, mas estava mais magra que o normal. Piscki sabia. Ele sempre soube de muitas coisas, mas aquilo era diferente. Era óbvio que ele gostava de seus tributos, mas Kahinan era um menino diferente, de uma história diferente.

Piscki levou o copo á boca e sentiu a tequila queimar a garganta, como sempre fazia. Ele não deveria dizer nada, porque quando se perde alguém, você deve simplesmente mostrar presença. Sem palavras, porque elas são inúteis em dadas situações.

Verônica levantou a cabeça que estava temporariamente escondida nas mãos e ficou encarando a tela da televisão por onde tinha passado o cadáver de Kahinan. Verônica se levantou e caminhou com pisadas fortes até o elevador. Ela tinha abandonado o salto alto no sofá e só estava coberta por um vestido azul curto. Piscki a seguiu sem dizer nenhuma palavra.

Verônica apertou nos botões que correspondiam o centro de treinamentos e os dois desceram em um silêncio permanente.

As portas se abriram, eles percorreram um curto corredor e se depararam com as armas arrumadas da sala de treinamento. A mentora atravessou a sala e foi até uma floresta e árvores que representavam uma área ao ar livre adicionada durante os jogos de Florence, ela segurava um machado brilhante que rasgou as cascas das primeiras árvores até elas despencarem.

A mulher as perfurava sem se importar com Piscki, que sentou e escutou os troncos caírem, sem piedade, no chão de terra. Ela ficou ali toda à tarde, sem exclamar nenhum som ou deixar cair uma lágrima com toda a raiva escorrendo pelo machado e se descarregando nas árvores.

No final sobrou uma árvore. Apenas uma a metros dela. O machado foi lançado e entrou profundamente na casca com um grande estrondo escutado por Piscki.

–Cansou? - o cabelo ralo de Piscki começava a se tingir de uma cor prateada enquanto o de Verônica permanecia jovem, como ela era. Ele esticou os braços de onde vinham os passos dela e a mulher se enroscou em seu abraço. Ninguém a veria chorar e ela estava decidida disso. Piscki foi como um pai para ela. Ele a manteve viva nos Jogos. Ele foi a causa dela ganhar.



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