Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 17
Entrevista


Notas iniciais do capítulo

Pessoal eu ainda não acabei, mas assim que conseguir terminar, aviso. Desculpem por demorar tanto, mas este capítulo tinha que ser muitoooo bem elaboradoooo. Agora está prontinho e fiquem a vontade para lerem.



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Já me encontrava com Damen novamente na nossa sala de conversa e de "aperfeiçoar meu rosto". Damen discutia novamente sobre as cores claras, mas agora estava decidido uma coisa, ele não queria apresentar a garotinha do desfile, e sim, a mulher que tinha tirado um das melhores notas no treino individual.

–Vamos usar cores fortes em você. Passou o pouco tempo de garotinha fofa. Você agora é uma mulher forte, decidida, inteligente, estratégica e ao mesmo tempo... sexy. - comentou Damen. Eu finalmente estava gostando disso.

– Finalmente. - falei-

–Éh, acho que já estava na hora. - comentou o meu estilista- Os carreiristas já estavam abusando muito da sua aparência inocente.

Acabamos rindo muito e conversando até palavras não nos sobrarem e eu estar pronta.

Eu vestia um vestido castanho com vermelho, como se raízes cor de pântano estivessem respingadas de sangue. Minhas botas marrons de soldado acabavam pouco abaixo do joelho e nela Damens tinha fincado margaridas amarelas que se ressaltavam com seus caules verdes e folinhas. Meu cabelo estava preso na mesma trança que no treino e com as mesmas folhas. Meus olhos estavam marcados por tons de folhas de outono e meus cílios postiços pareciam as sombras de galhos que pintavam as paredes dos quartos a noite, feitas pela luz da lua. Minhas unhas estavam pintadas de lilás, como das flores que enfeitavam a primavera. Eu encarava novamente aquela mulher no espelho. O que seria de Adam quando me visse assim? Aquela não era Florence, mas se eu tivesse que fingir ser aquela pessoa que estava sendo refletida, eu ficaria muito feliz.

–Ela não sou eu. - falei para Dame, sem saber se ficava triste ou feliz com o que via.

–Eu não entendo. Esse é o seu rosto um pouco modificado, este é o seu rosto na forma Capital.

–Isso é uma máscara. Isso é uma fantasia. - falei usando o termo ambíguo da fantasia. Além de "fantasioso" como algo que nunca iria acontecer, mas também fantasia de que aquilo não era eu.

– Quer que eu te deixe como chegou aqui? Estava igualmente tão bonita quanto agora. - eu corei, mas não aceitei que ele me transformasse novamente no que eu já fui.

As pessoas julgam pela aparência, eu já julguei pela aparência porque sou uma simples criança de mente limitada e que queria voltar para casa. A diferença entre apresentar uma garotinha na entrevista e apresentar uma mulher era: sobrevivência. Tudo ali parecia cercar a minha sobrevivência na arena, ah, não apenas parecia, era a verdade.

Dame começou a fazer algumas perguntas e eu respondi do jeito mais inteligente, beleza fit sinceridade com uma pitada de mentira.

Depois de algumas horas conversando e respondendo perguntas bobas, fui encaminhada sozinha para um corredor branco aonde se encontravam os outros tributos. Todos estavam bonitos, todos, inclusive Adam.

Ele usava um paletó e calças feitas de folhas, literalmente. Ela descia pelos ombros em diversos tons de verdes até pouco abaixo do peitoral, que começaram a tomar diversas cores de folhas do outono. Ele olhou para mim e seus olhos brilharam.

–Uau - ele falou com a boca em formato de O- Você está...

–Bonita. - completei-

–Gostosa. - ele corrigiu, mas depois que soltou aquelas palavras voltou a realidade e me encarou. - Quer dizer... sim, você está.. está...- ele tentou completar mas se perdeu enquanto seus olhos passeavam por meu corpo.

Eu me encontrei na parede revirando os olhos, sem dar importância para o olhar dele. Aquilo era faminto. Ele mordeu o lábio inferior, mas eu o ignorei.

–Pode ser mais discreto? - perguntei, extremamente grossa-

–Ahm eu sou seu namorado. - ele falou. Minha raiva subiu a cabeça. Eu trinquei os dentes.

–Ah, nesse momento você é meu namorado. Agora, na hora que me vê sofrer aos prantos por você porque quero que você fique vivo, você some, não é?

Ele sorriu e me beijou no pescoço, mas eu tentei me desvencilhar, inutilmente, como sempre. Sua força era superior a minha. Kahinan virou para nós dois e falou.

–Agora não, ok?

Meu rosto ficou vermelho e eu quis me esconderem enquanto estava extremamente constrangida, enquanto jogava o braço de Adam para longe.

Passei os olhos pelas garotas do 1 e do 2, a garota do 1 usava um vestido feito de diferentes tons de quartzos rosas, como o do garoto, ela estava metida a gostosa e tentava manter uma conversa com o garoto do 5, mas não teve muito sucesso, e então desistiu. A garota do 2 me olhava como se quisesse me matar ali e naquele momento, e eu achava que ela faria aquilo, mas não fez para não sujar o vestido de sangue porque não passaria uma imagem boa na entrevista.

A garota do 3 usava um vestido negro que deixava suas costas e ombros nus. Em volta de sua cintura, pendia um cindo de luz verde, igualmente em sua trança que controlava os cabelos negros. Seus olhos pretos e puxados foram destacados por cílios postiços e brilhantes, que me faziam estranhamente querer olhar para aqueles olhos grandes e cintilantes, que exibiam extrema confiança. Ela estudava com o canto dos olhos todos, notando o nervosismo de cada um, ela não era a garotinha fraca que tinha apresentado no treinamento, enquanto o menino de seu distrito com as bochechas rosadas usava um colete negro sobre uma blusa preta e calças sociais, com uma gravata borboleta apertando seu pescoço. A garota do 4 usava um vestido de água, é, era exatamente isso. Ele era transparente e se movimentava, dando uma aparência mais sensual a seu corpo. Seu rosto estava respingado de uma água brilhante e seus pés estavam nus, ela parecia desligada e totalmente despreocupada, com o rosto em uma serenidade de aparência infinita. O garoto do 4 usava um casaco que permitia exibir seu peito musculoso. O casaco era negro e coberto de pérolas, seu rosto era completo por um sorriso branco, certamente arrumado pelos perfeccionistas estilistas.

A garota do 5 usava uma roupa delicada. Ela era prateada e tinha listras horizontais por toda a vestimenta, que passavam luzes azuis. Um laço coberto de lantejoulas prendia pouco abaixo de seu peito e ela não usava os óculos. O garoto de rosto branco, grandes óculos e cabelos desgrenhados, conversava com ela e escutava suas frustrações. A garota do sexto tinha o cabelo preso em um coque e quês cabelos morenos eram corridos por mechas loiras. Seus olhos azuis me encararam exatamente no momento que eu a fitava, mas eu não reagi. O garoto de pele morena estava envolto em um casado feito de pinéus, eles eram transporte, lembrei, aquele tecido era o mesmo do vestido do tributo feminino. A garota do 7 , a loira com olhos castanhos tinha feito uma mecha roxa em seu cabelo, que estava preso por um galho de magnólia, objeto que ela tinha trazido de seu distrito. Eu ia perguntar como ela tinha convencido seus estilistas a fazerem aquilo com seu cabelos, mas assim que ela me olhou, seu olhar superior me diminuiu. Renata era seu nome.

–O que está olhando, décima primeira?

–Décima o que?

–Ahh- ela suspirou- Você sabe, você é do Distrito 11, décima primeira. Eu sou sétima. Compreendeu?

Eu balancei a cabeça em afirmativo. Ela sorriu sarcasticamente com seus lábios finos banhados do batom vermelho que me lembrava sangue. A garota retirou o galho de magnólia de seu cabelo e as mechas loiras caíram sobre o vestido negro de renda que ela usava. Em seu vestido se encontravam sombras de corvos, que para mim, pareciam estar voando. O vestido caia até os pés, aonde restavam sandálias finas negras.

Voltei para meu lugar anterior e vi o garoto do oito, com sardas pipocadas pelo rosto e os cabelos morenos bagunçados caídos pelo rosto. Ele estava bonito daquele jeito meio “mal cuidado”. Ele estava em volta de um paletó que parecia ser feito de vários tecidos, que de modo que ia descendo, mudavam o tom. A garota de seu distrito usava uma facha que atravessava a sua testa e uma trança como se fosse uma tiara. Seus cabelos morenos caiam soltos pelos ombros e seus olhos verdes passeavam pela sala. Ela dançava na pontas dos pés, como se estivesse em uma apresentação de balé.

Distrito 9 estavam envoltos em roupas feitas de grãos, e pareciam sentir frio. Uma garota alta com o cabelo estilo vassoura olhava com os olhos fixos no chão enquanto eu olhava para suas sandálias cor de trigo. O garoto do 9 era alto e forte, com o rosto deformado. Sua pele era branca e ele possuía o cabelo negro. Resumidamente, ele parecia um urso polar com uma peruca estilo “cabelo macaco”. A garota do 10 de cabelos loiros/morenos usava um vestido de peles de onça que quase me fez rir. “As pessoas realmente pensam que a área do abate de Panem aonde conseguimos as peles, tem onças e que eles as matam pra fazer vestimentas ridículas?” Continuei e vi o garoto de seu distrito. Magrelo, cabelos ruivos e pele morena. Uma combinação diferente.

Olhei para Giulliano e vi sua roupa que era toda vermelha e chamativa. “Adoravelmente engraçado” falei gozando dele. Eu não tinha nada contra ele, mas não gostava de caras que vinham chegando em mim achando que conseguiriam tirar um pedaço.

Os nomes começaram a serem chamados .

–E AGORA, COM TODA A NOSSA PANEM.... ANNIE, O DIAMANTE DO DISTRITO 1!!!!!!!!!!- A voz de Caesar Flickerman ecoou por todo o recinto e me fez tremer. “Sorridente, adorável e alegre.” Pensei para mim mesma. A garota do um com olhos verdes e cabelo de vassoura me lançou um olhar superior e girou nos calcanhares, acabando por parar nas cadeiras perto de Caesar enquanto todos os outros tributos a observavam por o corredor que ela tinha passado.

Caesar estava com as sobrancelhas e cabelo rosa, um rosa claro e, devo dizer, muito criança. Aquilo me lembrava o vestido que minha irmãzinha usou em seu aniversário de 8 anos, um vestido rosa claro e suave cobertos de florzinhas. “Faça isso por eles, seja forte por eles, você deve se comportar como uma mulher agora que está vestida como uma.” Falou minha voz repassando tudo o que eu deveria fazer para agradar a todos da grande Panem me amarem.

Passei os olhos por Kahinan, queria me distrair enquanto conversava com ele, mas ele estava ocupado por outra mulher. Ela vestia um longo vestido azul. Seus cabelos negros curtos eram soltos e arrepiados, como se ela não tivesse paciência ou não necessitava que eles fossem segurados. Ela não usava maquiagem no corpo forte, mas seus lábios eram marcados pelo batom vermelho. Ela tentava prender a franja com um prendedor incrustados de pedras mas ele caiu e ela se abaixou para pegar. Seu decote ficou a mostra para todos, principalmente o garoto do Distrito 7, e quando ela retomou a posição anterior Kahinan estava vermelho como um rabanete. Eu comecei a rir sem conseguir me controlar, quando Renata me encarou com o olhar gelado e eu franzi os beiços para outra risada estridente não escapar de minha boca.

Ela era a mentora dos dois e eles não paravam de repassar coisas e rirem um para os outros. Ela deveria ser divertida.

Me recostei na parede pela milésima vez e observei Piscki tateando sua bengala pelo corredor e passando direto por mim, eu toquei seu ombro e avisei:

-Eu estou aqui.

Ele virou a lateral do rosto para mim e reclamou

-Não é você que estou procurando.

Imediatamente retirei a mão de seu ombro e segui com meus olhos o corpo dele de pele morena. Ele chegou muito perto dos tributos do sete e berrou.

-Verônica.

-Cala a boca, Piscki, eu estou aqui. – ela falou, reclamando para ele de volta.

A mentora dos Sétimos que tinha atendido por Verônica conversa com Piscki em um canto do corredor, enquanto ela vagava o olhar tranqüilo e acolhedor pelo caminho, em busca de alguma alma curiosa que atrapalhassem os seus sussurros.

Desisti de tentar escutar a conversa ultra secreta dos dois e voltei a atenção para os outros tributos. Renata e a garota do 3 que se fazia de burra conversavam. As vezes uma das duas balançava a cabeça e outras elas descordavam, mas pareciam estar em sincronia.

A fila começou a se movimentar até que escutei o nome do garoto do 10. Não consegui guardar ele em minha mente, porque meu coração martelava contra o peito e minha cabeça tentava trabalhar nas falas.

-E AGORA, A GAROTA APAIXONADA DO DISTRITO 11. NOSSA FLOR, FLORENCE!!!! – Caesar berrou para o salão e meus joelhos quase falharam. Era como se eu estivesse tentando a reaprender a andar, o que parecia ser extremamente difícil considerando que meus pés pareciam feitos de concreto.

A mão de Caesar puxou a minha e me fez calmamente sentar no sofá confortável. Seus olhos incrivelmente castanhos me olharam calorosamente e eu parei de tremer. “Para que temer daquilo? Era só uma conversa. Não?” Uma voz falou em minha cabeça enquanto outra dizia que ela seria simplesmente transmitida para toda Panem.

Sorri radiante para o publico e abanei para algumas crianças que sorriam radiantes para mim.

-Bem vinda, bem vinda, minha flor. Como está se sentindo aqui na Capital?

-Obrigada, Caesar - falei de um jeito simples. – Ah, tudo aqui é incrível, o jeito que as pessoas se vestem, muito... original – falei enquanto especulava no cabelo rosa bebê do apresentador. – Ainda me confundo em escolher o jantar e também em que botões aperto para dar descarga e se aquele não é o mesmo que liga o chuveiro. – nós dois rimos. Ele não parecia estar sendo falca, era alguém que te deixava confortável apenas com o olhar, exatamente como eu me sentia.

-Sinceramente, devo elogiar a sua entrada. Foi muito bonita e impactante, os estilistas se superam cada vez mais nos distritos 10, 11 e 12, não é Panem? – o público respondeu alegremente- Então, me conte o que você mais gostava em seu Distrito?

Lembranças vieram a tona, preocupações, machucados e feridas antigas, saudades.

-Acho que sinto saudade de minha família, mas algo que não tem aqui além delas é a floresta que eu costumava ir quando não conseguia dormir, quando lia nas horas sem trabalho ou aonde eu passava o resto do tempo livre.

- Realmente deve fazer falta. – ele assentiu, como se compartilhasse minha tristeza, me lembrando Damen. – Você está com algum objetivo sobre a arena?

-Não em especial, e como o que eu disser aqui pode ser usado contra mim futuramente, vou tentar falar o menos que conseguir- sorri-

-Claro. E sobre os outros tributos?? Alguma observação??

-Muitas, mas vou guardá-las para a arena.

-Muito inteligente. Ótima estrategista. – Ele sorriu e eu revidei, sorrindo exatamente como quando sua mãe encontra uma velha amiga e elas começaram a retomar a vida delas e a amiga comenta como você está crescia e bonita.

- Ah, eu estou me coçando para fazer essa pergunta, aposto que eu e toda Panem, mas... o que vai ser de seu namorado e você?

Eu parei ali. Ele tinha feito a exata pergunta que eu estava tentando evitar até a mim mesma e a meus pensamentos.

-Eu...eu...-gaguejei, procurando inutilmente a coragem que me seguia a segundos atrás- Eu não sei o que vai ser de nós, eu só queria estar tranqüila em minha casa, quentinha debaixo dos cobertores de meu sofá velho, com ele ao meu lado conversando, como se isso nunca tivesse acontecido. Queria que ele conseguisse me abraçar e falar que tudo vai ficar bem, mas isso é impossível, porque nós dois queremos voltar para casa sem mortes ou ferimentos, mas isso também é impossível. Eu só queria poder amá-lo sem temer por nossas vidas.

Ninguém falava nada. Ninguém aplaudiu, mas todos olhavam para mim. Consegui sentir os olhos fixados em meu rosto enquanto gotículas de água caíam por minhas bochechas, era uma tristeza real.

Caesar se levantou e eu me levantei junto, ele me abraçou forte e sussurrou em meu ouvido que tudo iria passar.

O público se levantou e apladiu. Alguns choravam, outros sorriam por minhas bonitas palavras e outros estavam abraçados no companheiro do lado. Eu e Caesar nos desvencilhamos e eu saí do palco. Horquídia me esperava no final do corredor de braços abertos e lágrimas respingadas sobre as maças rosadas e maquiadas do rosto.

-Muito linda, minha queria, muito linda. Simplesmente adorei!!

Piscki tinha acabado de voltar de uma conversa com a mentora do sete e ele sorriu de um jeito torto para mim.

-Finalmente!! Essa garota encantou toda Panem, esse povo adora uma novela.

-Como se eu estivesse fingindo. –reclamei mal humorada-

Ele revirou o rosto e passamos a escutar/observar Adam. Ele teve uma encenação tão boa quanto a minha e foi fácil usar o público já abatido.

- Me fale como a pediu em namoro? – perguntou Caesar tentando animar o público-

-Ah, eu tinha comprado um bolinho azul , a cor favorita de Florende e colocado dentro dele, o anel. No final ela se engasgou com o anel e eu tive que ajudá-la. – os dois riram.

Outras perguntas se seguiram até que no último minuto, Caesar fez uma pergunta crucial.

-Como você vai protegê-la? – o público se silenciou novamente. Adam suspirou, escondeu o rosto nas mãos e mexeu no cabelo, exatamente quando as pessoas o faziam aquele tipo de perguntas proibidas.

-Me desculpe, Caesar, mas eu não posso continuar com isso. – Adam saiu dramaticamente do palco enquanto Horquídia me carregava a força para o elevador e eu subia para o meu andar, com Adam logo depois.  



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Notas finais do capítulo

DEIXEM REVIEW!!!!!!! POR FAVORRR!! ADOR A OPINIÃO DE VOCÊS.