Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 13
Antes do Treinamento Individual




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Meus estilistas arrumaram meu cabelo e fizeram uma trança que eles insistiam em chamar de "trança embutida", eu nunca tinha entendido muito sobre tranças, porque a única que minha mãe sabia fazer era uma "traça cachoeira" que ficava bonita em meus cabelos.

–Não estaríamos copiando a Katniss. - ela sinceramente tinha virado um exemplo para mim, mas eu não queria ser a imitação da garota em chamas-

–Não se preocupe com isso. Sua trança vai ser em um estilo diferente, iremos colocar algumas flores falsas em seu cabelo, que é um novo produto que acaba de chegar na Capital, elas possuem cheiro, abrem e fecham, crescem e morrem, deixando novas flores em seu lugar, mas nunca vão parar com esse ciclo.

–Como vai ficar?

– A revista. – falou Damen para Purpúria, que logo o passou uma revista com a imagem de uma trança. Ela vinha do topo da cabeça e decia até pouco abaixo dos ombros, entre alguns buraquinhos dela se encontravam florsinhas brancas parecidas com margaridas pequenininhas com alguns fios fora do luar. Exatamente como eu gostaria.

–É assim que você vai ficar.

Eles passaram o resto do tempo prendendo as flores falcas em meu cabelo e fazendo a trança. Até que eu estava quase dormindo quando Ross me avisou que eu e Adam iríamos descer para o treinamento individual.

*******************************************

Descemos pelo elevador e fomos para uma sala de espera. Ali todos os tributos se encontravam se remoendo de ansiedade e preocupação para entrar na sala. Nosso treinador do Salão de Treinamento veio nos avisar que em menos de cinco minutos. Naquele meio tempo eu dormi. Foi até engraçado, porque acordei com a garota do 7 me cutucando para eu não babar em cima dela.

Seus cabelos eram loiros arruivados e seus olhos eram castanhos frios como gelo. Sua mão me tocou e eu recebi um choque, não era apenas os olhos que eram gelados, mas também a pele. Seu eu não me enganava, tinha a visto praticando com os machados. Meu corpo estremeceu. Sim, com total certeza, aquela era a garota loira dos machados. Tinha visto ela atirar em um boneco e sem barulho algum, a cabeça caiu rolando no chão. Afastei meu corpo dela e me apoiei nas costas de meu banco.

O tempo passou lentamente como se cada segundo fosse um século, até que me lembrei da corda que tinha amarrado no pulso. Eu o retirei com satisfação mas meus olhos recaíram sobre alguns arranhões que se encontravam um pouco abaixo da corda que marcava meu pulso.

Olhei para Adam rapidamente e ele também observava aflito o meu machucado, e eu sabia que nem passava por sua mente que tinha sido ele que tinha as produzido. Corri a manga pelo braço para tapar os ferimentos antigos e voltei minha atenção para a cordinha/pulseira, produzindo pequenos nós de diversas formas.

A sala foi se esvaziando, até que sobrou o garoto do 10, que tinha acabado de entrar na sala, Adam, Giulli, a garota do 12 e eu.

–O que era aquilo?

–Marcas do passado.

–Quem fez isso com você?

–O tempo e a minha preocupação com os outros.

Naquele momento, eu olhei profundamente nos olhos de Adam, sem sorrir ou fazer qualquer expressão, apenas me afundando no dia em que ele tinha feito aquilo.

Eu estava entrando no bar aonde meu tio trabalhava, e que Adam gostava de freqüentar, eu estava tranqüila quando entrei lá dentro e me deparei com Adam em uma briga. Estávamos na época dos Jogos Vorazes, aonde apostas secretas corriam por todo o Distrito 11.

–SE VOCÊS VÃO BRIGAR, QUE SEJA LÁ FORA!!- berrou meu Tio furioso, acostumado com aquela euforia das brigas de Adam após a bebedeira e fumar.

Ele foi lá pra fora e um homem berrou com Adam.

– Quero o dinheiro. Agora.

–Já falei que não posso pagar, que não vou pagar e estava apenas blefando quando falei tudo aquilo da aposta.

–Não me interessa o que você estava fazendo.

Aquela hora eu me meti e falei:

–Vamos para casa, Adam. Agora.

–Olá boneca- o homem bufou em meu rosto e eu senti seu bafo de cigarro e o cheiro de bebida-

–Não encoste em mim.- exclamei, enquanto levantava Adam do chão-

–Saia da minha frente para eu acabar com o seu amiguinho.

Eu dei as costas para o homem e ajudei Adam a se estender sobre mim, tendo total dificuldade de andar.

–Segurem ela.

Homens que o acompanhavam vieram me segurar pelos braços enquanto o homem que tinha feito a aposta com Adam levantava um facão, que costumávamos cortas frutas com cascas muito grossas. Aquilo atravessaria o crânio de um adolescente com maior facilidade que cortava uma abóbora.

A espada desceu mas eu me esquivei dos braços pesados dos homens e me atirei na frente de Adam. O mínimo que eu esperava dele era ele tentar me impedir de fazer aquela loucura suicida ou tentar me proteger, mas ele apenas se encolheu atrás de meu corpo e deixou que eu levasse a carga das batidas. Coloquei meu braço á frente de meu rosto, era melhor perder uma mão do que perder uma cabeça. Por sorte e reflexo do homem que ia matar Adam, assim que me esquivei para a frente do garoto, ele diminui a intensidade da batida. Ele poderia ter matado nós dois, poderia ter me cortado ao meio e arrancado meu braço, mas não o fez.

Eles simplesmente olharam para meu braço sangrando e fugiram, amedrontados e sabendo que tinham machucado uma criança.

Adam fugiu e eu fiquei ali no chão, com a roupa sangrando e o braço latejando. Aquilo era imperdoável, mas o meu erro era amar de mais.

Eu tinha parado de olhar para Adam e agora ele me encarava com a poça entreaberta.

–Se lembra agora? – perguntei com a voz falhando-

–Eu.. eu, não...

–Agora você já fez.

Meu nome ecoou pela sala e todos os olhares foram dirigidos a mim.

–Boa sorte. – foram as únicas palavras que Adam conseguiu soltar para mim, mas eu segui em frente. Agora seria mais fácil estraçalhar aqueles malditos bonecos e ganhar uma boa nota naquilo. Era apenas usar toda a raiva acumulada.


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