Jogos- A Minha Batalha Começa escrita por Fran Marques


Capítulo 10
Treinamento com os outros tributos




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Acordei de manhã suando por um pesadelo e dei de cara com os olhos tranquilos de Adam tomando uma garrafa de bebida. Ele sorria radiante para mim, mas eu corri a mão até a garrafa e cheirei o líquido, com uma pequena paranóia nada discreta. Era apenas água.

–Ei, relaxe, eu prometi que iria parar. Não confia em mim?

Eu não respondi, apenas voltei a deitar na cama e ele se recostou ao meu lado, me envolvendo com seus braços quentes.

–Hoje é o treinamento e depois da manhã iremos nos apresentar individualmente e receber a nota. -comentou ele , com sua voz doce me aconchegando-

–Aham- concordei, eu não queria conversar, estava cansada de mais para falar e queria que ele me abraçasse bem forte e me beijasse sem intenções de parar-

Ele me fez exatamente isso e aproximou meu corpo do seu, mas eu simplesmente voltei a dormir, quieta no meu canto, com medo de amá-lo mais do que já amo e ao mesmo tempo me perguntando se era correspondido. Era. Mas tanto quanto eu o amava?

Ele aproximou seus lábios frios de meus ouvidos e começou a recitar um texto que eu tinha escrito á muito tempo atrás, que ele mesmo tinha pego de mim. Eu amava escrever, e principalmente, quando as pessoas gostavam de meus textos.

"Linda flor, descanse enquanto a guerra passa e os soldados pisam em suas pétalas. Prepare-se porque seus espinhos ainda devem crescer e nesse momento você estará pronta para lutar."

Ele parou, embora eu necessitasse calorosamente de sua voz.

–Desculpe por te desejar a quase cada segundo do meu dia e querer passar cada momento a minha vida com você. –ele falou, passando os lábios por meu pescoço-

Uma voz petulante cismou em minha mente "Quero ver na arena como serão os segundos dos seus dias e os momentos de sua vida. No final a rosa é pisoteada e todos sabem."

Levantei-me da cama e me cobri com um manto quente para ir tomar café, Adam automaticamente se levantou ao meu lado e fomos para a mesa, de mãos dadas sem mais nenhuma palavra.

–Bom dia- exclamou Horquídia, extremamente radiante.-

–Olá. - falou nosso mentor- Sentem-se rápido, temos muito a que conversar.

Me sentei, logo seguida por Adam e começamos a conversar abertamente sobre nossas armas.

–Então.. que tipo de arma vocês dois costumam usar ou se adaptar melhor?

–Zarabatana - respondi primeiro - estilingue e espada.

Adam me olhou como se estivesse com um ponto de interrogação em sua testa quando falei sobre a espada.

–Espadas são pesadas.

–Sim- falei em um tom óbvio, irritando ele-

–Você é fraca.

–Sou sim, Adam.- repeti sarcasticamente- Você realmente acha que uma garota que dês do momento que se conhece por gente trabalha na área de escalar as árvores não tem braços fortes e coordenação motora suficiente para mexer em uma espada? Me poupe. Sou mais rápida que você, mais estratégica que você e sei táticas de sobrevivência melhores que as suas.

–Eu sou mais forte, e não, você não é mais rápida.

–Chega. –exclamou Piscki- Não estamos aqui para saber quem é melhor, só quero saber sobre as armas, e sei que não é uma pergunta muito difícil, então sejam rápidos.

–Espada e lança.

–Perfeito, hoje quero que vocês se dediquem especialmente a como fazer fogo, plantas venenosas e como desarmas ou armas bombas. Temos lá outras estações muito interessantes que podem ajudar extremamente no que vocês vão fazer, então quero que circulem por elas e não toquem nas armas, ou melhor, podem mexer em qualquer arma, menos nas que vocês tem maior habilidade. Os carreiristas têm paixão por exibir seus dons ao público e outros tributos, usufruam disso. Estudem os outros tributos, porque na realidade, vocês têm maior dificuldade do que qualquer um. Vocês vão trabalhar com suas habilidades e com as estratégias de outros tributos.

Após o café da manhã e o duradouro discurso de nosso mentor, fui me vestir. Eu coloquei uma calça que imitava jeans com corrente s marcando os bolsos. Uma blusa de manga comprida com uma fina linha vermelha em suas mangas marcava a roupas, mas o que eu achei mais reconfortante nela, foi o número 11 em dourado marcado ali. A última coisa que vesti foi minha bota de camurça, que por sinal, eu adorei, pois no meu distrito eu tinha uma daquelas e sempre que conseguia as usava. Elas eram negras e subiam até a panturrilha.

Saí do quarto e me dirigi junto com Adam até o elevador, que dividimos novamente com os tributos do doze, e eu fiquei extremamente curiosa em saber o que aquele garoto estranho poderia fazer.

Chegando ao centro de treinamento, observei alguns tributos conversando com seus parceiros de distrito em um grande círculo, aonde nosso treinador esperava pelos últimos tributos a chegarem, que é claro, éramos nós.

–Bem vindos ao centro de treinamento. Aqui vocês vão aprender a sobreviver. Antes que vocês se ataquem nas armas, quero que saibam que 30% dos tributos morre de desidratação, 20% por doenças adquiridas na arena, 40% por baixa ou alta temperatura e por ingerir a fruta errada, então quero que cada um de vocês mantenha em mente que apenas saber lutar, não vai manter você vivo.

Aquela hora olhei para Adam com um sorriso de vitória no rosto e ele apenas me encarou e virou os olhos.

Fugi da confusão que se encontrava em volta da parede aonde se encontravam todas as armas e corri para a parede de escalada. Uma instrutora me mostrou o que eu poderia e não poderia fazer, como nunca descer de uma árvore ou de um monte de pedras de costas para a parte aonde me seguro e como deveria me certificar de que cada galho ou pedra eram seguros. Sinceramente, acho que eu não deveria ter escalado, porque naquele momento, os carreiristas resolveram passar uma olhada sobre os outros tributos ao mesmo tempo que eu subia rapidamente a parede, como uma lagartixa fugindo de um gato.

Segui para como fazer fogo e me encontrei com o garoto do Distrito 7, ele tinha olhos verdes e o cabelo caramelo era encaracolado, descendo até os ombros. Ele tentava fazer uma fogueira, e assim que eu cheguei, ele colocou fogo sobre os galhos secos que cobriam a areia artificial daquela estação.

Eu estava com tremenda dificuldade e meu instrutor me explicava que tipos de galhos pegariam fogo mais rápido e em quais eu não deveria encostar. Era inútil tentar fazer fogo depois de uma chuva, porque praticamente a floresta inteira estaria úmida e eu não conseguiria nenhum galho. Minha franja começava a cair sobre minha testa quando o garoto do 7 comentou comigo:

–É melhor que seus estilistas prendam isso quando você estiver na arena, com a visão que isso está tapando você pode perder uma luta...

–E isso significa morte. – completou o garoto do doze que acabava de chegar – E não seria bonito ver um rostinho bonito como o seu se machucar. Não é?

O garoto do 7 começava a se levantar e eu aproveitei e fui com ele para a área das plantas, me desviando rapidamente das falas afobadas do garoto do 12.

–Então...- implicou o tributo do Distrito 7- você é um alvo grande aqui.

–O que quer dizer?

– Não parece óbvio? Giulli está dando em cima de você, implicando com o seu “namorado” se é que isso é verdade, e não outra história para se contar aos patrocinadores. Você já chamou atenção de muita gente, acredite. A garota do 2 e a do 1 te odeiam.

–Como você sabe de tudo isso? – perguntei erroneamente-

–Sei sobre elas porque escutei elas comentando sobre você e o jeito como olham para você já deixa bem claro que você virou alvo. Giulliano olha pra você como se tivesse cede de carne, sei o nome dele porque tenho boa memória e vi como ele foi escolhido pelos vídeos que meu mentor me passou.

–Hm, obrigada, estou me sentindo muito melhor.

Ele riu alto e logo chegou Adam, ciumento como sempre.

–Oi. – falou para o garoto do 7, o encarando com olhar frio-

–Oi. – ele comentou mas de um jeito simpático, automaticamente esticando a mão- Sou Kahinan. Se não me engano você é o namorado dela? Adam, não éh?

–Exato.

–Mas eu ainda não sei seu nome- ele falou para mim- simplesmente esqueci.

–Florence.

–Bonito o nome.

Comentou ele e logo em seguida Adam, Kahinan e eu seguimos para a estação de plantas.

Meu objetivo ali era descobrir a maior quantidade de plantas que eram venenosas para eu usar em minha zarabatana, mas assim que lembrei de nosso treinador avisando que lutar em uma arena não bastava, segui para as frutas comestíveis, cascas de plantas saudáveis e folhas medicinais. Passei um curto tempo produzindo nós, pois eu sabia daquilo muito bem. As vezes meu pai me levava para pescar e enquanto ele pescava eu fazia e desfazia nós, aquilo eu conhecia tão bem como a palma de minha mão.

Peguei um pedaço de corda e me lembrei de Finnick Odair, um garoto muito bonito que já ganhou os jogos e costumava fazer nós para se distrair. Eu comecei a fazer movimentos repetidos fazendo e desfazendo diferentes tipos de laços.

Me sentei no chão e comecei a observar outros tributos. A garota com os olhos puxados do Distrito 3 era extremamente horrível mas aparentemente forte, minha moral caiu quando a observei segurando a espada com duas mãos e tentando acertar um boneco, ferindo inutilmente o ar. Por um momento eu quase ri dos esforços sem resultados dela, quando percebi seu sorriso pelo canto da boca. Aquilo era um truque e a garota de cabelos negros e olhos puxados não era tão fraca e inocente quanto aparentava.

Passei os olhos pelos tributos do Distrito 10 que compunha um garoto de cabelos castanhos e olhos esbugalhados e morenos. Uma garota alta e forte com cabelos loiros e olhos caramelo atirava facas, sem errar nenhum alvo.

A garota do Distrito 5 , a magricela e morena, mexia com as plantas e dava algumas para ratinhos dentro de gaiolas. Meu corpo tremeu quando observei o rato cair duro no chão de sua prisão para experiências científicas e me levei por uma leve pena, que logo passou, eu teria que me tornar uma assassina.

–Vai ficar parada nos admirando? – uma voz ranhenta e fanha quebrou meus pensamentos e me fez voltar para a dura realidade. Me virei para o locutor da frase e percebi que era a garota do 1. Morena (seu cabelo parecia o de uma vassoura) com olhos verdes e meio gordinha.

–Na realidade estava olhando habilidades que realmente valem apena, como a do garoto do 7 e a menina do 5, se não se importa. Acredite, se eu quisesse dicas de como deixar meu cabelo uma palha, teria olhado para você. – sorri maliciosamente e sarcasticamente, de um jeito que qualquer um ficaria com raiva, com a vontade de arrancar minhas tripas com as unhas.

–Olha quem falando, já olhou para o seu rosto?

–Ela e todo mundo já. Aqui todos sabem que ela é bem bonita, ao contrário de algumas aqui. – Adam tinha chegado, e se meteu em meus assuntos novamente, mas eu não deixei de rir.

– Me desculpa garoto sujinho do Distrito 11.

– Desculpa por na sermos um bando de carreiristas filinhos de papai. –retruquei, mas aquele momento eu já estava em pé e totalmente disposta para dar um tabefe na cara daquela mimada. Eu poderia agüentar qualquer coisa, mas não poderiam falar do meu Distrito. Da minha casa. -

A garota virou as costas para mim e saiu, Adam segurava meu pulso com força, porque ele me conhecia melhor que ninguém e saberá que eu conseguiria dar uma rasteira naquela menina e fazer ela cair com os beiços no chão. Um sinal ecoou pelo salão, indicando a hora do almoço.




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