Um ninho. Um ovo. Uma coruja.

Edwiges se mexeu um pouco, e se acomodou melhor sobre o ovo. Era importante mantê-lo quente. Sempre.

Olhou ao redor. A floresta estava escura e fria. Ela nunca iria encontrá-lo assim. E o pior é que ela estava morrendo de fome.

Piou alto, zangada. Apareça, caramba. Já cansei de esperar.

Um leve som de farfalhar de folhas chamou sua atenção. Ele estava ali, finalmente.

Mas o que apareceu não era a sua coruja negra. Era uma aranha.

O aracnídeo era pelo menos duas vezes o tamanho dela. E muito assustador.

Edwiges se levantou, desajeitada. Iria proteger seu ovo a qualquer custo, pensou enquanto contría as garras afiadas.

Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ouviu um assobio. Quando olhou, a aranha não estava mais à sua frente. Ela fora jogada do alto da árvore, e agora rolava pelo chão da floresta lutando com uma coruja negra.

Edwiges viu de relance um bico afiado. Segundos depois, a aranha estava morta.

A ave voou e pousou perto dela. Um corte atravessava o olho. Ela sabia que ele não ficaria cego, mas teria uma cicatriz sinistra pelo resto da vida.

Ele se aproximou, e Edwiges chegou para o lado, para que ele se acomodasse. Ela sabia que ele estava decepcionado consigo mesmo. Por quase não ter chegado a tempo para protegê-la.

Tudo o que Edwiges pode fazer foi reconfortá-lo. Abriu a asa e abraçou o companheiro. Por que às vezes gestos falam mais do que palavras. E seu ato de proteção significou muito para ela.