Meu Cupido Atrapalhado escrita por Tarver


Capítulo 6
Cap.05




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– Porque fez isso?! – Seth se jogou em frente ao meu armário quando ia abri-lo.

– Isso... O que? – me fingi de desentendida. Era óbvio do que falava.

– Escreveu aquilo na minha testa! Sabia que tive que usar removedor de maquiagem? E isso não é legal – ri o empurrando da frente e abrindo meu armário, retirando os livros do primeiro horário e saí andando com ele atrás de mim.

– Agora você vai aprender a valorizar o que uma garota sofre pra ficar bonita e talvez elogie a Amy quando sair com ela – pisquei.

– Amy?

– É, Seth. Amy. Amy Cork – arregalou os olhos, negando – Foi a única pessoa em que pensei.

O.k., eu não tinha exatamente pensado. Tinha tirado na sorte. Mas foi o único jeito que pensei para escolher alguém, já que esse idiota não serve nem pra isso. Paramos em frente a minha sala.

– Começamos na sexta, na festa da sua casa.

– Como sabe da festa? – franziu a testa – A festa é do Trevor. Ele te disse algo?

– Não. Mas estão falando disso por aí. Você é irmão dele e eu vou ser sua “convidada”, só pra não deixar que você faça burradas.

– Pensei que as garotas ligassem pra esse lance de confiança. Se eu chegar com você, ela não vai querer continuar comigo.

– E quem disse que vamos chegar juntos?

Deu de ombros e entrei na sala, me sentando no fundo, perto de Corey, um garoto ruivo de cabelos cacheados e oleosos que caíam no rosto. Pensando bem, eu poderia, sim, ter ficado com alguém pior que o Miller para ajudar. Se eu tivesse que ajudar Corey, a primeira coisa que faria seria lavar e cortar esse cabelo. Depois, acabaria com as espinhas e consertaria os dentes tortos. Mas isso demoraria muito, e sairia dos limites de ajuda de um cupido.

A aula passou rápido – acontece quando se dorme o tempo inteiro. Os horários seguintes também. Não porque dormi, só passaram rápido. A aula do Sr. Zangado – não que o nome dele fosse esse, mas eu o tinha apelidado assim pois sempre estava zangado com alguma coisa, nem que fosse com a “porcaria da mesa que só sabe balançar” – me ajudou em relação a Amy, já que estávamos na sala de mídia, então fiquei procurando informações sobre ela ao mesmo tempo que tentava um notícia.

– Porque ficou a aula inteira com o Facebook da Amy aberto? – perguntou alguém atrás de mim, que depois reconheci como Riley. Uma garota alta, de cabelos pretos e lisos que batiam no meio das costas, fazendo contraste com seus olhos azuis.

– Eu... Mandei um convite de amizade e devo ter deixado a guia aberta, só isso.

– Ah, entendi. Ela é minha amiga, posso pedir pra aceitar o convite mais rápido – sentou-se à mesa de frente para mim e encarou a tela – Aí está dizendo que já são amigas – estreitou os olhos, em dúvida – Tem certeza de que é isso mesmo?

– Sabe se ela vai na festa do Trevor na sexta? – perguntei sem me importar com qual seria sua reação. Quer dizer, era uma pergunta normal, se for pensar – Ele me pediu ajuda pra ver quantas pessoas vão, mais ou menos. Você vai?

– É. Acho que sim. Nós duas vamos.

– Legal. Te vejo lá, então – sorri e fechei o navegador. Juntei o livro que estava ao meu lado com algumas folhas e saí da sala, indo em direção à meu último tempo: História. Sério mesmo, tem coisa pior? Ninguém precisa saber sobre pessoas que já morreram. Ao invés disso, deveriam ensinar sobre os caras (vulgo gênios) que inventaram o computador, a TV e essas coisas.

Desculpa, mas a aula de revisão sobre a Segunda Guerra Mundial nunca foi e nunca será melhor que o cochilo que tirei durante nesse tempo. As explicações do Sr. Kinney, são melhores do que qualquer calmante que você compre em farmácias por aí, acredite. A única pessoa – pelo menos que eu saiba – que assiste a sua aula fazendo anotações das coisas mais importantes e respondendo suas perguntas é Cece Brill, uma garota com piercing no nariz, que usa óculos de grau Ray Ban com armação colorida e tem o cabelo com mechas alaranjadas. Não é exatamente o que se espera de uma garota com boas notas. As minhas, sinceramente, são horríveis. E olha que eu nunca pintei o cabelo, pus um piercing ou fiz uma tatuagem. Será que se eu fizesse tudo isso adiantaria alguma coisa?

– Senhorita Sky? – levantei a cabeça meio zonza – Poderia me dizer quem ganhou a guerra?

– Que guerra? – estreitei os olhos, me lembrando de que falávamos da Segunda Guerra Mundial – Ah. Essa guerra. Não sei.

Suspirou.

– Quero uma redação de três mil palavras para a próxima aula sobre este assunto – girei os olhos quando virou as costas e se afastou da minha carteira e voltou a falar.

O tempo que eu gastaria dormindo mais um pouco em casa – O.k., eu tenho que ajudar o Miller, mas não preciso ficar com ele vinte e quatro horas por dia – vou gastar fazendo isso.

Na saída, passei por Seth sentado no mesmo banco de sempre e me sentei ao seu lado.

– Não posso te ajudar hoje, mas vai treinando algumas coisas na frente do espelho, ou pro travesseiro mesmo, porque a Amy vai à festa. Pede ajuda pro Trevor, deve ser melhor.

– A festa é só na sexta.

– Diz isso como se fosse experiente! – ele me encarou, obviamente irritado – Foi mal – pus os pés para cima do banco com a mochila por cima de meu colo – Ei, você sempre volta a pé? – assentiu – Porque não volta com seu irmão? Ele dirige. Aliás, você também já tem idade para dirigir.

– Não volto com o Trevor porque prefiro andar quilômetros que ficar no mesmo carro que ele e a namorada da vez. Sério, nem sendo um cupido você agüentaria tanta melação! E eu posso dirigir, tenho carteira. Só que, por enquanto, não tenho um carro e Trevor não deixa usar o dele – deu um sorriso fraco.

– Eu dirigiria se tivesse idade.

– Fazer o que, ninguém mandou ter quinze e não dezesseis – bufei – Seu pai te busca sempre?

– Não mesmo – ri – Ele só traz. Tenho que voltar a pé. Quer companhia? Posso te dar umas dicas.

– Aceito sua companhia, não suas dicas. Até agora só conversamos sobre você ser um cupido e sobre como conquistar uma garota.

– Tá bem, prometo não falar de nada disso – levantei as mãos em sinal de rendimento.

Se levantou e me ofereceu a mão, a qual neguei, colocando a mochila em um dos ombros ao mesmo tempo em que me levantava. Fomos andando em silencio até metade do caminho quando perguntou:

– Você... Recebe? Quer dizer, por ser um cupido e tal.

– Lógico que não – ri – Acho que é só uma obrigação. Nem sei direito o que acontece se não fizermos as missões. Comigo, meu pai acaba me deixando de castigo, falando na minha cabeça. Mas com eles eu não sei.

– Eles trabalham? Já que não recebem, precisam de dinheiro, né? Estamos em Los Angeles!

– Trabalham. Meu pai é engenheiro e minha mãe é fotógrafa. E, se quer saber, eles também fazem suas coisas como cupido. Meu pai nem tanto, mas minha mãe quase sempre acaba ajudando uma cinquentona que vive com gatos a ficar com algum cara. Só eu recebo missões. Meu pai me dá e eu preciso fazer. Eles não, quando vêem que alguém precisa de ajuda no amor, ajudam. Só isso.

– Deve ser legal. Sabe, ser cupido. Por mais que você receba missões como ajudar um idiota como eu, tem esse lance dos poderes.

– Os poderes não pagam a raiva que eu passo ou o tanto que meu pai fica irritado. Não sou a melhor no que faço, dá pra ver.

– Até agora não me aconteceu nada.

– É. Não tínhamos combinado não falar sobre isso? – arqueei as sobrancelhas. Riu e assentiu, mas já estávamos na porta de sua casa – Tchau, Seth. Te vejo depois, agora tenho encontro marcado com a Segunda Guerra Mundial – franziu o cenho, não entendendo porcaria nenhuma do que eu falava – Dever de história.

– Ah – riu – Te vejo amanhã – esticou o braço e puxou uma mecha do meu cabelo, sorrindo quando fiz uma careta em desaprovação.

– Hey, Jess – Trevor acenou do gramado, onde estava sentado com uma garota que devia ser a nova namorada de que Seth havia falado.

– E aí – sorri.

– Porque ele pode te chamar de Jess e eu não? – Seth reclamou.

– Porque você é idiota – dei um sorriso sacana e continuei andando em direção a minha casa.

Minha mãe estava conversando com alguém no telefone, enquanto Michael pulava em uma cama elástica que deveria ser usada para jump. Passei por trás dela e subi as escadas gritando que havia chegado. Joguei a mochila na cama e peguei o laptop que estava carregando na tomada. A primeira coisa que fiz foi entrar no Skype. Eu não tenho amigos aqui, na Califórnia. Mas quem disse que eu não tenho amigos em New York? Sim, antes de vir pra cá – o que, aliás, não tem nem duas semanas – eu morava em NY. Claro que eu já morei em muitos lugares, como Flórida, Seatle, e até Toronto, no Canadá. Não por ser um cupido, mas porque meus pais realmente gostam de mudar de cidade. Não que seja muito normal, mas eles gostam. O ruim é que o lugar onde eu me dei melhor foi em New York e, olha, me tiraram de lá.

Além de tudo, ainda nos mudamos no meio no ano letivo. Eles vieram um mês antes, compraram a casa e arrumaram as coisas sobre escola etc. Durante esse tempo, fiquei com minha tia. Foi legal. Ela não é exatamente o que se pode chamar de tia responsável. Depois vim pra cá, simples assim. Todos os meus amigos – que nunca foram muitos, mas vamos fingir que sempre fui normal – foram arrancados de mim e tudo o que minha mãe disse foi “Não acha que seria legal viver na Califórnia?” antes de decretar que iríamos. E a única coisa que não me fez espancá-la – não no sentido literal, claro – foi o fato de não ter de dividir mais o quarto com Michael, que sempre teve uma atração por bagunçá-lo. Não que eu seja arrumada, mas ele consegue ser pior, e olha que isso é bem difícil.

Sabe quando você capricha na letra e até troca a cor da caneta quando está copiando um texto no caderno e um idiota vem e esbarra no seu braço? Tudo o que você fez já era. Foi mais ou menos assim que eu me senti. Claro que eu não quebrei o dedo da minha mãe quando ela fez isso, como eu tinha feito com um garoto na sexta série. Não foi de propósito, eu nem sabia que tinha aquela força toda, mas, naquela época, eu era uma das melhores alunas e queria que meu caderno estivesse sempre caprichado.

Ouvi o barulhinho que considero irritante avisando que alguém havia dito algo. Era Romy. Ela era minha vizinha e sempre ia pra minha casa quando sua mãe resolvia fazer uma reunião entre amigas. Mas era por causa dessas reuniões que sua mãe sempre levava bolos que sobravam para mim e Michael, que já deveria ter morrido de overdose de açúcar, de tantos doces que come.

Aceitei a chamada de vídeo que estava propondo e tomei um susto quando gritou: – É sério que faz sol o dia todo, que os garotos são lindos e que BMWs andam por toda parte?!

Sorri ao ouvi sua voz e respondi: - Oi pra você também, Romy. E, sim. É. Acho que sim. Tem tudo isso que você disse e faz sol o dia todo, pelo menos até agora fez. Como andam as coisas por aí?

Como sempre – deu de ombros – Quer dizer, eu ando tendo que suportar minha mãe e aquelas amigas esquisitas dela, mas tá tudo bem. E aí, algum vizinho gato?

Essa era a Romy. Sempre falando de garotos por mais que não tenha experiência e atrás de um vizinho realmente bonito. Os nossos nunca foram lá grandes coisas. Como morávamos em um prédio antigo, a maioria dos moradores eram idosos ou jovens que faziam faculdade, mas eram sempre mulheres.

– Não conheço meus vizinhos – me repreendeu com os olhos, mas me deixou continuar – Mas os garotos da escola são, sim, bonitos. E tem o Seth, mas é o Seth.

Seth? – me lançou um olhar malicioso – Quem é?

Suspirei, rindo dela. Eu não poderia esperar outra coisa. Se eu digo um nome de garoto, automaticamente já tenho que estar gostando dele.

– É só um menino do segundo ano que mora a duas quadras daqui, é uma das poucas pessoas que conheço.

Não que eu conheça o Miller, mas ele e June são os mais próximos que tenho de amigos por aqui.

– E, antes que diga alguma coisa, só o conheço há dois dias e a única coisa que sei sobre ele é que é irmão do atacante do time do colégio e que dorme durante filmes. Só isso.

Não conhece mais nenhum garoto? – neguei.

– Os únicos com quem falei foram o Seth, o irmão dele e um cara chamado Eric, e mal conversamos. Sexta tem uma festa na casa do Seth, talvez eu conheça mais algumas pessoas.

Mas avise, o.k.? Preciso saber se minha amiga anda ficando com alguém – sorriu – Por mais que... Bem, por mais que nenhuma de nós saiba nada sobre amor.

Errado. Eu sou a personificação do amor, como diz meu pai. E, por mais que eu discorde disso, tenho que admitir que, sendo um cupido, amor é uma das coisas com a qual mais me identifico. Tá certo que eu me atrapalho sempre e não tive experiências pessoais, mas sei bastante coisa sobre o assunto.

– É – foi a única coisa que disse.

– Romy, me ajuda com a lição de casa? – pude ouvir Janie, sua irmã mais nova, gritar de outra parte da casa, fazendo Romy bufar e fazer careta.

Tá! Já vou! – gritou de volta e se voltou para mim – Preciso ajudar a pirralha, falo com você depois. Tchau, Jess, vê se arruma um namorado gato – finalizei a chamada e fui verificar os contatos online, esperando encontrar alguém com quem eu falasse em New York ou June, que eu havia adicionado hoje, na sala de mídia.

Ninguém online. E, com ninguém, quero dizer ninguém mesmo. Como se todos tivessem sido abduzidos por ETs. Fiquei jogando por um tempo, mas nunca fui do tipo viciada em jogos onlines que fica o dia inteiro na internet.

Fechei o laptop e me ajeitei na cama, abraçada a uma almofada. Estava cansada. Dormir na aula não tinha adiantado muita coisa, pelo visto.

Acordei depois de um tempo, peguei o celular no criado mudo e olhei as horas. Uma e dez da madrugada. Dormi por bastante tempo. Espera, eu tinha uma redação pra fazer!

Levantei da cama em um pulo e corri para o banheiro. Lavei o rosto e juntei o cabelo em um rabo de cavalo, sem me importar se estava ou não desajeitado. Voltei para o quarto e peguei o notbook, digitando “Segunda Guerra Mundial” no Google, para depois abrir várias guias de blog. Wikipédia não seria nada original e ficaria óbvio. Se for copiar um trabalho, que copie direito pelo menos, certo?

Alterei algumas palavras que ninguém da minha idade saberia, retirei todos os hiperlinks, mudei algumas coisas na formatação e fui para o escritório, para conectar o laptop a impressora e imprimindo o texto.

Gastei menos de meia hora fazendo tudo isso, mas agora não tinha mais sono. Ou dormia, ou ficaria com sono amanhã.

Argh, Sr. Kinney.



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Notas finais do capítulo

Então gente aqui é a Biana, meu nome é Fabiana, mas eu acho feio e todo mundo me chama de Biana, mentira, todo mundo me chama de Adelaide, sério. Bando de loucos. Maas enfim, estou eu aqui linda postando o capítulo para vocês. Eu tenho um aviso, eu não sou a fofa da Jaay Witzigreuter (é, eu misturei o nome de agora com o último), mas se vocês não mandarem reviews eu não posto o próximo capítulo quando ela me mandar. Isso mesmo, sou ruim, ninguém me paga para ser legal. Mas ok, eu falo demaais, deu para perceber. Desculpa por eu ter demorada um pouco, tava lendo o resumo dos capítulos de Dom Casmurro para minha prova e depois fui ler o capítulo. Espero que vocês gostem como eu gostei. Enfim, mandem reviews se não n-a-d-a de capítulo, beijinhos. Eu não quero ir embora, podem parar de ler, tchau. Trollei vocês, rs.