Como tudo começa ...   

Já eram sete horas quando acordei, pensei comigo, tá acabando. Só mais algumas horas e o ensino médio iria acabar. O tempo passou muito rápido, quando eu me dei conta e cai na real, iria me formar amanhã e minha vida seguiria um outro rumo. E eu sabia, que ela não vai mais ser a mesma. 
Abri a cortina e vi que o tempo tava meio nublado e sabia que mais tarde iria chover. 

Tomei uma ducha pra acordar, me arrumei e fui chamar Sean, meu irmão caçula para descermos pra tomar café. 

Cheguei no seu quarto e vi que a porta tava com uma fresta. Entrei e vi que ele ainda estava dormindo como um anjo. Me deu até pena de acordar ele. Sentei na ponta da cama e comecei a mexer em seu cabelo. Logo reparei que ele estava dormindo abraçado no Buzz de pelúcia que dei pra ele ano passado. Sorri ao ver essa cena tão fofa. Por mais que ele sempre arrume um jeito de me irritar, ele é meu irmão e eu amo muito ele. 

- Sean, acorda - falei passando a mão no seu braço - sua aula começa daqui a pouco. 

- AHH me deixa dormir mais - ele resmungou sonolento 

- Não pirralho, vamos nos atrasar se você não levantar agora - nessa hora eu já tava empurrando o muleque pra fora da cama.

- Nossa quanto amor Jullie. Vai arrumar um namorado pra sair dessa seca e desse mau humor e me deixa em paz. - Agora esse guri me irritou. 

- Tudo bem, se quiser eu desço e peço pra mamãe vir aqui e tirar você desaa cama. Ahh e só pra avisar que está numa puta TPM, e ainda pra ajudar ela e o papai brigaram ontem.

- Tá tá ja levantei - Sean disse indo tomar banho.

- Bom garoto - eu disse com um sorriso sínico.

Já tava saindo do seu quarto quando ele me chamou.

- Jullie ...

- Que foi ?

- Você acha que o papai e a mamãe vão se separar? 

- Sinceramente? - eu disse e ele assentiu com a cabeça - eu acho que não, o amor deles é muito forte e por mais que papai vive trabalhando, é o sacrifício dele pra que não falte nada pra gente.

- Pensando assim, é verdade. Sinto falta do papai e agora com a gravadora tá difícil a gente achar um tempo pra ficarmos todos juntos, como uma família - Sean disse me abraçando 

- É verdade pequeno, mas nós não podemos fazer nada. - retribui seu abraço e Sean foi se arrumar.

Fiquei esperando ele em seu quarto. Tinha uma parede com fotos, de nós dois, dele com os amigos e com papai e a mamãe. Ele terminou e descemos juntos. Chegamos na cozinha e minha mãe já estava comendo.

- Bom diaaa meus filhotes!! Dormiram bem?!

- Muito bem - Sean e eu respondemos em unissono.

- Mãe, cadê o papai? - perguntei curiosa porque  não tinha visto sua pasta na outra mesa.

- Ele já saiu querida, sabe como é o trabalho né - me respondeu com um sorriso fraco no rosto.

  Meu pai é dono de uma gravadora aqui no Rio. Ele é muito influente na sociedade carioca. E graças a ele já fui a muitos shows. Conheci um monte de cantores e famosos. E como nem tudo são mil maravilhas, sempre que  precisam dele na gravadora, ele tem que largar tudo que está fazendo e ir resolver, já que o pessoal que travalha lá é incompetente demais até pra trocar um lâmpada. 

Terminei meu café e subi pra pegar minhas coisas e escovar os dentes. Sean foi depois de mim. Logo descemos e nossa mãe já havia tirado o carro da garagem. Entramos e seguimos pra escola.

Tava um clima muito tenso o trajeto inteiro. Ninguém falava nada. Minha mãe estava concentrada prestando atenção no trânsito, Sean tava no banco de trás do lado direito, olhava pela janela do carro, observava as pessoas na rua, nos pontos de ônibus, nos outros carros. E eu no banco do passageiro. Ambos estavamos entretidos olhando pela janela. 

Atê que começou a chover e todas aquelas pessoas que estavam na rua começaram a correr e se refugiar nas outras lojas.
Não curtia muito chuva mas era o ultimo dia de aula e nada iria estragar meu humor.

Assim que chegamos na escola, avistei Larissa, minha melhor amiga, dei tchau pra minha mãe, só a veria a noite já que depois da aula iria pra casa da Lari.

Sean desceu e logo entrou. Fui ao encontro de Lari.

            - Dae loira 

- Fala morena - disse me dando um abraço. Ela tava com uma carinha triste e com os olhos inchados e vermelhos. E uma olheira que nem com massa corrida dava pra esconder.

- Ta tudo bem pequena? Aconteceu alguma coisa? 

Ela hesitou um pouco pra responder.

- Na-nada ... - Disse gaguejando. Eu via em seus olhos que tinha alguma coisa errada. Lari não é assim. Ela é alegre, divertida, vive pegando no meu pé e etc. 

- Eii, eu sei que você não tá bem. Quando quiser desabafar sobre isso, é só me chamar ok?!! - ela assentiu com a cabeça

TRIIIIIII - ouvimos o sinal tocar e a galera começou a entrar.

- É melhor a gente entrar... 
Seguimos em direção ao laboratório de química e como as mesas eram duplas, nos sentamos juntas.

Definitivamente química não era minha matéria preferida. A aula passou rápido, quando vimos o sinal do intervalo bateu e descemos para o pátio. Fomos até a cantina e pegamos um salgado. Nos sentamos num banco em baixo de uma árvore que ficava na frente do campo de futebol. Estavamos em silêncio, o clima estavapesado. Até que Larissa se pronunciou.

- Eu to triste por que o colegial vai acabar. Eu não tenho ideia do que vou fazer daqui pra frente. - ela disse com a cabaça abaixada

- Eii xuxu, não fica assim. O que deu daquele teste que você fez na Belas Artes? - falei tentanto reconfortá-la 

- O resultado sai hoje a tarde... Mas quer saber a verdade Ju? Acho difícil que eu consiga entrar. - ela falou fraco. Se eu não tivesse uma audição tão boa, acho que não teria escutado o que ela havia falado.

POV Larissa 
Depois de ter feito meu teste na Belas Artes, fiquei muito anciosa pra saber o resultado. Será que eu iria conseguir? Será que eu realizaria o sonho que eu tenho desde pequena? 
Me umas semanas pra cá, fui perdendo essa anciedade. Não estava mais nervosa. E por incrível que pareça, já havia perdido as esperanças. 
- Ahh minha loira - Jullie disse me abraçando de lado - não fique assim!! Se você não conseguir, ano que vem você tenta de novo. Só não vale desistir. 

O que Juliie disse era verdade... Ela tinha razão. Se eu não passar, eu tento de novo, e de novo. Até eu conseguir.
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