Oracle - The Beginning escrita por


Capítulo 3
Capítulo 1 - O Recomeço : Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olaa... Bom, finalmente está saindo a parte 2 do capítulo.
Queria agradecer a AnaSalvatore pela edição =) - abg amor *-*.
E queria tbm dedicar o capítulo a D.I ( Delicadamente Intocável - De Jacih) Foi uma fic que me levou de volta a hogwarts e que está nos últimos momentos, mas será eterna para mim. Vou deixar o Link nas notas finais,é uma ótima historia gente.
Nesta parte dois, Jin (Jean)começa a praticar seus dons, é até engraçado e idiota ao mesmo tempo. Tem também a parte em família. Não tem ação mas é legal. Leiam.



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— Eu topo! – Bryan disse animado.

 Se somos mesmo caçadores, vamos cair de cabeça nisso.

— Eu também, mas antes eu quero saber mais algumas coisas - eu precisava mesmo saber.

— Certo, pode perguntar – meu pai disse calmamente.

— Se esteve lá, por que não foi falar com a gente?

— Eu iria, mas tive que ajudar Lorran com o outro vampiro, o que Bryan derrubou. Não estava confiante que aquela estaca ia parar ele por mais tempo. Após terminar o serviço eu voltei pra cá. – Ele disse estaca, acho que é o ponto fraco dos vampiros, por ora não iria entrar neste assunto.

— Certo – eu disse, mas eu ainda tinha mais perguntas – Eu lembro que um chamou minha mãe de bruxa branca, depois o outro a chamou de valquíria, isso tem explicação também?

— Eles a chamaram de bruxa? – ele perguntou.

— Foi o que eu disse.

— É só para insultar.  Valquíria é outra raça – ele disse tranquilamente, era tudo normal pra ele.

— Espera aí – eu disse pensando – Eles a chamam de bruxa como forma de um insulto, mas a raça dela é valquíria? – Tudo era tão confuso.

— Sim, é isso mesmo. Antes que pergunte, as valquírias são uma raça bem rara e o sangue delas é muito especial.

— Foi isso que o vampiro na estrada disse – eu interrompi. – Desculpe, pode continuar.

— E é mesmo, o sangue dessa raça tem uma propriedade de cura incrível, se um humano beber ele prolonga a vida em alguns anos, além de curar qualquer doença ou ferimento.

— E se um vampiro beber? – Bryan perguntou.

— Se um vampiro beber, aí ele aumenta muito sua força, ficam muito mais fortes que nós. O vampirismo e a licantropia não tem cura, infelizmente.

— Mas se você tem o gene caçador e mamãe de valquíria, por que eu e Bryan só pegamos o de caçador? – perguntei.

— Porque o gene de caçador só se desenvolve em homens, e o de valquíria só em mulheres, no caso se tivéssemos uma menina possivelmente seria valquíria, ou humana – agora eu estava começando a entender tudo.

— E por que... – Bryan abriu a boca.

— Hey, chega de perguntas por hoje – John interrompeu. – Vão descansar.

— Mas e o chá? – lembrei-o.

— Vamos, é rápido de fazer – ele foi andando em direção a casa.

Já na cozinha fiquei sentado e quieto pensando em tudo que ele disse, Bryan estava fazendo um sanduíche – que novidade – enquanto nosso pai terminava o chá. Ele disse que iria ajudar muito, eu espero que ajude mesmo porque a dor estava muito forte.

— Pai, e a escola?

Já era começo de setembro, acho que as aulas já estavam no início.

— Ah sim, bem lembrado, Jean – ele disse. – Eu já fiz as matriculas de vocês, o diretor é um amigo de infância. Só quero que levem alguns documentos de vocês para oficializar tudo, ok?

— Ok, valeu pai – agradeci.

Depois de tomar o chá – o mais horrível de toda minha vida – fui direto para meu quarto, que ficava no segundo andar. Diferente de quando eu era pequeno, agora era um quarto para mim e outro para Bryan, o que me agradou muito.

Liguei o ventilador e deitei na cama, que era bem macia por sinal. Tentei esvaziar minha mente para que pudesse dormir mais rápido, mas não foi necessário, o chá dava muito sono. Não demorou nem cinco minutos eu já tinha apagado.

 

 

***

 

— Acorda filho – ouvi uma voz suave me chamar – Jean, acorda.

Abri os olhos bem devagar. A janela estava aberta, mas não havia sol, típico do outono de Minnesota. Eu tinha que acostumar que não estava mais na Califórnia. Conhecendo bem o outono daqui o sol seria raridade.

— Bom dia – era minha mãe, estava sentada na beira da minha cama.

— Bom dia – levantei sonolento e a abracei. – Como está?

— Eu estou bem. Seu pai me contou tudo, desculpe não ter contado isso antes. Não queria meus filhos por aí atrás dessas coisas, mas agora já é tarde – ela suspirou.

— Não se preocupe mãe, eu prometo que não vou morrer nisso, nem Bryan – eu não tinha tanta certeza assim, mas não queria ver ela preocupada. Ela me lançou um olhar de censura depois sorriu.

— Obrigada por me salvar – ela me deu um beijo na testa. – Eu estou indo para a cidade, a mudança chega hoje. Você pode dormir aqui quando quiser, mas recomendo dormir lá nos dias de semana por causa da escola. E amanhã volto para almoçar com vocês.

— Certo – eu disse, ela já estava na porta.

— Se cuida, filho – ela disse e saiu fechando a porta.

Peguei meu celular para ver as horas. O que? Como? Eram seis da manhã, de sábado! Eu dormi de dez da manhã de sexta às seis da manhã de sábado, não acredito. Foi o chá, só podia. Fiquei de pé finalmente, olhei para o canto do quarto e minha mochila estava lá. Peguei uma cueca, uma blusa de frio – fazia uns 11° C – e uma calça jeans. Corri para o banheiro, me despi e tomei aquele banho gelado – e põe gelado nisso – para dar disposição.

Vesti minhas roupas limpas e joguei as sujas em outro compartimento da mochila. Quando desci, não havia ninguém na sala. Fui para cozinha e meu pai estava lá cozinhando alguma coisa.

— Bom dia, meu filho – ele disse animado.

— Bom dia, pai – respondi educadamente, sentando-me a mesa.

— To fazendo o café da manhã. Ovos mexidos e bacon, você gosta?

— Claro.

— Dormiu bem? – Ele sorriu.

— Até demais, nada de dor. O chá fez bastante efeito.

— Relaxa, só vai precisar tomar ele mais uma vez, talvez – e a frigideira chiava.

— Por quê? – não queria tomar esse chá horrível, apesar de ter tirado toda a dor.

— Se você desenvolver algum dom extra vai passar muito mal.

— Como assim? – Dom extra? Sempre surge algo pra me deixar mais confuso.

— Sim, igual a mim. Todo caçador tem os dons padrões, velocidade, força, cura, todos os sentidos melhorados. Claro que um pode ser mais rápido que o outro, depende de cada caçador. – Ele despejou os ovos mexidos com bacon em um prato e colocou na mesa para mim e sentou numa outra cadeira. – Então, além desses dons, pode acontecer de desenvolver mais um.

— Não entendi muito bem. – Na verdade não entendi o tema central. Esse outro dom pode me fazer beber o chá horrível de novo e perder mais um dia dormindo?

— Vou explicar melhor : eu desenvolvi meu olfato. Ou seja, era mais ou menos duas ou três vezes melhor do que um humano normal.  Agora é, hum... Mais ou menos umas quinze vezes melhor. - Isso me surpreendeu.

— Como assim? Quinze vezes melhor de que uma pessoa normal? – queria ter certeza que ouvi isso.

— Sim. O Lorran e o Hector também desenvolveram seus dons.

— E quais são?

— Hector tem uma ultra-audição e o Lorran sente as vibrações da terra numa área ao seu redor de mais ou menos uns dois quilômetros, isso apenas por encostar a mão no solo. É como um radar humano.

Fiquei fascinado.

— Demais! Mas deve ser chato ouvir o que os outros falam o tempo todo, não ter paz.

— É controlável, todos nossos dons são, sendo padrão ou não. – Isso me tranquilizou.

— E como usa? – se eu desenvolvesse este tal dom tinha que saber como usar.

— Basta se concentrar um pouco. Depois que acostumar fica muito fácil.

Tomei meu café da manhã depressa, olhei no relógio e eram 6:30 am ainda. John foi à cidade para uma reunião, ele fazia parte do conselho da cidade, uma espécie de guardião. Pelo que ele disse o conselho é formado pelo prefeito, alguns moradores mais antigos, o diretor da escola e alguns comerciantes. Todas essas pessoas sabiam de nossa existência, não só da nossa, mas também da de vampiros e lobisomens. Meu pai não tinha tempo para trabalhar, então ele recebia para exercer esse papel. Era justo ele receber, aliás foram muitos anos arriscando a vida para manter a segurança do povo dessa cidade. E ainda arrisca, e só Deus sabe até quando ele vai fazer isso. Sendo o que ele quer, eu respeito. Ele disse que patrulha a floresta toda noite, as estradas – que é onde os vampiros mais agem – e a cidade em si.

Eram sete horas e eu estava à toa e com muito tédio. Decidi ir para trás da casa. Já que eu estava sozinho e não tinha nada pra fazer, porque não testar meus dons de caçador? Afinal, a prática leva a perfeição, e John disse que só doía na primeira vez porque o corpo ainda estava se adaptando a toda energia do gene de caçador. Fiz um rápido alongamento, depois dei um leve pique floresta adentro, por uma trilha. As árvores eram bem grandes e mantinham um pouco de distância umas da outras. No chão havia uma pequena vegetação de capins e pequenas plantas.

Era impossível não admirar o lugar. Segui pela trilha ainda devagar, respirei fundo e fui aumentando a velocidade, cada vez mais rápido. Não demorou e eu já estava mais rápido que um carro, pelo menos ao meu parecer. Concentrei-me na trilha, tudo passava por mim como um borrão. Eu cortava o vento feito uma flecha sem alvo, sem direção, sem destino. A sensação de liberdade tomou conta de mim enquanto corria, parecia um sonho.

A adrenalina circulava por cada veia do meu corpo, e cada vez eu corria mais rápido, a cada minuto eu mergulhava cada vez mais no coração da floresta. Minha respiração estava rápida, porém meu corpo não pedia descanso, pedia mais velocidade. Essa sensação devia ser parecida com a voar, ou pelo menos se aproximava. Finalmente eu parei, e o incrível é que não estava nem um pouco cansado.

Me encostei em uma arvores para respirar o ar puro dali, o cheiro de terra úmida era ótimo. Logo à frente avistei uma família de veados que correram ao me ver, devem ter me confundido com um caçador de animais. Nessa época era comum a caça aos animais, porém no ultimo ano de ouve alguns sumiços de caçadores - humanos. Certamente tinha algum, ou alguns, vampiros envolvidos nisso. John disse que matou alguns na floresta, mas sempre surgem outros. São como pestes.

Agora que já tinha testado minha velocidade, estava na hora de testar a força. Me virei para a árvore, firmei as duas mãos nela, pisei firme no chão e empurrei concentrando toda minha força para os braços. Ela nem se mexeu. Respirei fundo, estalei todos meus dedos e voltei às mãos para a árvore. Empurrei de novo, dessa vez com mais força, funcionou, bem devagar ela foi se inclinando, na metade do percurso para o chão dei o empurrão definitivo e saltei uns dois metros pra trás, a árvore deitou no chão, suas raízes se expondo para mim. Está certo que foi uma coisa bem idiota de minha parte, mas foi divertido ao mesmo tempo. Fitei a árvore próxima, corri até ela e soquei firmemente seu tronco, meu punho adentrou em seu tronco e como era mais grossa que a outra não caiu. Retirei meu punho, só havia alguns arranhadinhos, nada com o que se preocupar. Além do mais depois de um tempinho já estariam curadas.

Ali na floresta estava me sentindo tão bem, era muito tranquilo. Os pássaros cantavam, nada de barulho de cidade, o ar puro e limpo, por mim eu ficaria o dia todo ali. Sentei no pé da árvore encostando minhas costas no tronco dela, apoiei meus braços nos meus joelhos e deitei a cabeça sobre eles, fechando os olhos.

Nunca que na Califórnia eu teria tanta tranquilidade assim. Essa era a vida que eu queria, em Phenite, onde eu nasci e de onde eu não deveria ter saído. Não que eu não gostasse da Califórnia, eu gostava muito, mas em Phenite eu me sentia completo, era ali que eu deveria estar. Viajando em pensamentos fiquei por mais de uma hora por ali. E por mim ficava mais se não fosse o urro de algum animal. Levantei depressa e girei olhando atentamente ao meu redor. Nada, não vi nada. Ouvi um galope e logo depois apareceu finalmente o animal; era um alce, bem grande, um pouco maior que um cavalo, com uma galhada enorme. Por um tempo o bicho me olhou, eu estava tranquilo, até demais. De repente ele começou a correr na minha direção - acho que eu estava no território dele -, levantei e esperei que chegasse mais perto. Quando ele chegou a mais ou menos um metro de mim, saltei. Segurei-me no galho da árvore, estava a uns três metros do chão, me ajeitei e fiquei sentado esperando o bicho ir embora, não queria machucar ele. Até que seria um bom teste de força, mas seria muita crueldade. Logo eliminei essa ideia.

Olhei pro relógio, mais quarenta minutos se foram e o maldito alce ainda estava ali. Ele se distanciou um pouco, mas ainda estava me vigiando, esperando eu descer. Só podia estar me marcando. Pensei seriamente em descer, e se ele me atacasse eu o colocaria para dormir por algumas horinhas. Resolvi fazer isso. Pulei do galho, caí com os dois pés firmes no chão. O alce urrou novamente e partiu pra cima de mim - de novo-, furioso, como um touro correndo em direção a um toureiro. Quando ele chegou mais perto, eu fui um pouco para minha direita, ele ia passando por mim, quando eu o golpeei com os dois punhos na região entre o pescoço e a barriga dele, tudo isso em menos de um segundo. Depois do golpe ele caiu inconsciente. Aproximei para analisar se não tinha exagerado na força. Ele ainda respirava, só precisava de um descanso e depois poderia atazanar outros aventureiros. Eu poderia ter descido e corrido, ele não teria mínima chance de me alcançar, só que essa ideia veio um pouco atrasada.

Fiquei passeando pela floresta até o meio dia. Já estava na hora de voltar. Voltei pra casa correndo para ver se meu pai já tinha chegado. Achar o caminho de volta foi bem complicado, e quando cheguei em casa já eram quase uma da tarde, mesmo usando minha super velocidade. O almoço estava pronto, John só estava me esperando para comer. Durante o almoço, comemos em silêncio.

Depois que almoçamos eu lavei o pouco de louça que tinha, John ia patrulhar a floresta, mas eu disse que estive por lá e não vi nada demais, ele então foi descansar no sofá. Quando terminei subi para meu quarto, dei uma arrumada em minhas roupas, separei as sujas das limpas, tomei um bom banho me vesti e desci. John me esperava e disse que queria me dar um presente. Acompanhei-o até a lateral da casa, onde tinha uma garagem, abriu o portão e nós entramos. Lá tinha dois carros, uma caminhonete azul escuro, modelo antigo, mas bem conservada, e um Camaro preto reluzente, muito bem conservado, parecia novo. Fiquei admirando a beleza deste carro.

— Camaro 1967, bonito não é? – ele perguntou.

— Claro. Muito lindo.

— É seu – ele disse arremessando as chaves do carro. – Presente pro meu filho mais velho.

Peguei por reflexo.

— Não sei se mereço tanto pai, um carro desses...

—  Consegui de um velho amigo, estava com um preço bom. Só tive que dar alguns reparos e pintar. O motor está muito bom, dá pra correr bastante com ele.

— Muito obrigado pai, mesmo! – Abracei-o forte.

— Vamos dar uma voltinha nele? – ele sugeriu, parecendo feliz por eu ter gostado do presente. Quem não gostaria de ganhar um carro? Eu não apenas gostei, eu adorei.

— Só se for agora – entrei no banco do motorista, ele ao meu lado.

O carro era muito confortável por dentro, os bancos macios, tinha um bom espaço, este modelo de carro só tinha dois lugares, mas era perfeito para mim. Encaixei a chave na ignição e girei, o motor ligou a mil, dei a ré bem devagar saindo da garagem. Enquanto eu dirigia pela rodovia John perguntou.

— E o que achou?

— Perfeito, simplesmente perfeito. Pai valeu mesmo! – Respondi com sinceridade. O carro era muito confortável, nem parecia que estava em movimento, o barulho do motor soava como musica para meus ouvidos.

— Certo, então. Do que quer falar? – ele disse.

— Se importa se eu fizer uma pergunta?

— Claro que não, pode perguntar – ele disse sorrindo, o vidro estava totalmente baixo e tinha o braço escorado na porta.

— Porque morar isolado?

— É melhor, para patrulhar. E é bom morar perto da natureza.

— Ok. Era só essa.

— E eu posso perguntar uma coisa? – o que eu saberia que ele não soubesse?

— Claro.

— Sua mãe, ela estava saindo com alguém na Califórnia? – ele disse sem jeito.

— Ah, então é isso – eu disse rindo. – Não, ninguém. 

Na metade da rodovia eu dei o retorno e rumava de volta para a casa de John.

— Hum... Sabe, nós caçadores temos uma ligação com as valquírias. Uma espécie de extinto de proteção, uma ligação. E eu e sua mãe ainda temos essa ligação – ele falava com a voz baixa, mas o suficiente para eu escutar. – Principalmente porque nós nos amávamos, na verdade acho que ainda há este amor entre nós.

— Eu acho que o senhor deveria tentar acender o amor de vocês de novo, se ela tivesse te esquecido já teria saído com outro cara há muito tempo. Mas essa da ligação eu não sabia, tem mais a falar dela? – cada coisa surreal, mas minha vida já não é normal mesmo.

— Sim, quando se ama muito uma valquíria e ela também o ama, não precisa ser casal, funciona também com fortes laços de amizade, meio que os dois se interligam. Como se sua alma tivesse um canal com a dela, e você pode sentir o que ela sente, quando o sentimento é forte.

—Todos os sentimentos?

— Principalmente os ruins, tristeza, medo, angustia. Acho que é porque nessas horas que elas mais precisam de nós, os protetores delas. – Passei pelo portão da casa aberto virei para a esquerda da casa e entrei na garagem, desliguei o carro e saí ao mesmo tempo em que John. Quando saímos da garagem, ele desceu o portão e fomos juntos para dentro conversando.

— Lembra do Mark, vizinho de vocês lá na Califórnia? – ele perguntou.

— Sim, o que tem ele?

— Amigo meu, caçador, eu pedi que ele tomasse conta da sua mãe todo esse tempo. Como eu sou protetor dela e não estávamos juntos, então eu pedi que ele fizesse isso por mim. Eu tinha que ficar pra cuidar da cidade. Foi muito difícil ficar esse tempo todo longe de vocês – ele disse com a voz fraca. – Não sei se ser uma valquíria é uma benção ou uma maldição...

— Tem a ver com o sangue delas? – indaguei.

— Sim, é muito perceptivo para um vampiro, o cheiro é muito mais forte, deixam eles atacados, principalmente os mais velhos, eles têm o olfato para sangue excelente. Os mais novos não percebem a diferença, ao não ser que haja alguma exposição ao ar, do sangue. Existem até caçadores de valquíria, é de dar nojo. Odeio vampiros, seres desprezíveis. – entramos na casa.

— Mas a maioria são vitimas, as que sobrevivem à mordida. Muitos não escolhem essa vida, apenas acontece.

— Mas depois da mordida as pessoas mudam, é como se não fossem mais elas, como se a pessoa morresse e um demônio entrasse no seu corpo. – ele disse com convicção, como se já fora mordido.
 Eu não acreditei. As pessoas que são vítimas podem tentar ter uma vida... Digamos que quase normal, não precisam ser assassinas. Sempre há uma escolha, não é possível que não haja.

— Eu ainda acho que a pessoa tem uma escolha, pai. Se ela é realmente boa, ela vai ser boa ainda que vampiro. Ela pode, por exemplo, viver a sangue de animal. Sei lá.

— O difícil é achar um vampiro assim meu filho, o desejo de sangue humano é maior – ele sentou num sofá e eu sentei no outro.

— É, mas ainda acho que quem tem vontade de ser bom, consegue – era minha opinião e nada que ele dissesse ia mudar.

— Certo, se é o que acha – ele não queria mais discutir o assunto.

— Então o que fez hoje cedo? – ele abriu um sorriso.

— Derrubei uma árvore e abati um alce – esperei ele rir.

— Certo – ele não riu, acho que estava prendendo riso. – Quando eu descobri que era um caçador eu derrubei um poste na cidade – ele riu. – A cidade toda ficou as escuras, mas foi sem querer. – Completou, ainda rindo.

Eu ri junto.

— Pai, quando precisar de mim estarei à disposição, ok? – ele fez cara de dúvida, então expliquei mais claramente. – Para caçar vampiros, ou patrulhar, tanto faz. Se o Lorran e Hector te ajudam, eu também posso.

— Claro, seria um prazer.

Continuamos a conversa sobre este novo mundo – para mim e Bryan -, depois ele foi fazer o jantar. Ofereci ajuda, porém ele disse que não precisava. Enquanto cozinhava ele me pediu para patrulhar a floresta e a estrada, eu disse que ia me perder, porque estava muito escuro – já era oito da noite – e provavelmente só acharia o caminha de volta de manhã. Ele alegou que me encontrava fácil, pelo cheiro – eu sempre me esquecia desse detalhe, o olfato super apurado.

Entrei na floresta andando, não conseguia enxergar um palmo a minha frente, ainda assim não parei, adentrei na floresta mais ainda até que não via mais a luz da casa. Aos poucos minha visão ia se adaptando a escuridão. Não só se adaptando, mas também a neutralizando. Depois de mais um tempinho eu passei a enxergar tudo na floresta, minha visão era meio azulada, mas dava pra ver tudo com extrema perfeição.

Fiquei fascinado, mas não surpreendido, John disse que eu tinha que descobrir algumas coisas sozinho, como ele fez. Depois de correr a floresta toda, passar pela rodovia toda – onde eu tinha sido atacado pelos vampiros – voltei para casa. O jantar já estava servido, jantei conversando com meu pai, ele começou a contar como matava um vampiro. Ele disse que estaca de madeira os paralisava por certo tempo, quanto mais novo o vampiro, mais o efeito da estaca durava. Depois de paralisá-los eles só eram mortos queimando-os. Ele também disse que o efeito do veneno deles não funcionava na gente – caçadores –, pois nosso sistema era imune, diferente dos humanos, porém a dor do veneno circulando pelas veias era indescritível, quatro horas de sofrimento até nosso corpo expulsar o veneno.

Depois do jantar saímos para trás da casa, treinamos combate, uma espécie de simulação contra um vampiro. Ficamos duas horas treinando – ele me treinando. Quando acabou ele disse que eu era bom, que minha velocidade era surpreendente, mais rápido que ele, Lorran e Hector e provavelmente Bryan também. Fiquei feliz com isso.

No domingo acordei cedo, o Bryan e minha mãe já estavam lá. Tomamos café todos juntos, conversando, como uma família normal. Depois eu e Bryan fomos dar uma volta pela floresta, realmente eu era mais rápido que ele. Tivemos uma briguinha de irmãos – uma brincadeira nossa –, ele era mais forte que eu, mas apenas força não ganha briga, eu era mais ágil e rápido. No fim eu o imobilizei, fiz pedir piedade, e acabou a briga. Ele ficou a resto do dia falando que me deixou vencer, depois disse que eu joguei sujo e por fim disse que estava cansado, tudo desculpa de perdedor. Sem falar que quando Bryan viu meu carro simplesmente se derreteu. John disse a ele que quando ele completasse dezessete anos iria ganhar o dele.

No fim da tarde nos despedimos de John e partimos para a nova casa, eu no meu novo carro, e minha mãe em seu carro com Bryan.

Não demorou muito a chegarmos a casa, era bonita e branca, tinha dois andares, o jardim bem cuidado. Minha mãe chegou primeiro, eu logo atrás. Ela guardou o carro na garagem, como só havia espaço para um, deixei o meu na rua, bem frente com a casa. Entramos nós três na casa, como eu havia suspeitado estava linda, minha mãe era uma excelente decoradora. Subi pro meu quarto, era bem simples, só havia meu guarda roupa, minha cama, e meu computador na mesinha, ele tinha a cor preta, e a janela era de frente para a rua – gostei disso.

Guardei as poucas roupas limpas que tinha na minha mochila, desci e coloquei as sujas no cesto. No jantar comemos pizza. Ainda no jantar conversamos sobre vários assuntos, aproveitei para tirar alguns duvidas sobre minha mãe.

— Então mãe, como é ser uma valquíria?

— Seu pai já disse tudo, não tenho nada a complementar – respondeu-me, seca.

— Nada, não tem nenhum... – pausei. – Nenhum dom especial?

— Minha raça não é igual à de vocês – ela respirou fundo. – Único dom é que eu posso ver o futuro nos meus sonhos. – arregalei os olhos. Esse dom era incrível, poder ver o que vai acontecer antes do ocorrido, poder desvendar o futuro sem ter vivido-o, era demais.

Ela suspirou de novo.

— Mas eu só posso ver quando vai ocorrer algo ruim contra mim, ou contra alguém que eu tenho forte laço de amizade, amor.

— Então porque não viu que íamos ser atacados por vampiros? – Bryan disse e depois enfiou um pedaço de pizza na boca.

— Porque eu não dormi, eu posso ver apenas as coisas bem próximas, a umas doze horas do que vai acontecer. – Respondeu.

 Dormiria se não fosse teimosa, eu me ofereci para dirigir milhares de vezes.

— Entendo... – eu disse.

— Por isso que a cada seis horas eu tiro uma soneca. E por isso peço que sempre andem com os celulares ligados. – Ela disse olhando pra mim e depois Bryan.

— Nada pode nos ferir mãe, nós somos tipo, muito sinistros – Bryan disse, eu ri. 
Ela lançou um olhar de censura para ele.

— Vocês não são imortais não, mocinhos. Tomem muito cuidado, os dois. E se chegarem machucados em casa vão ficar de castigo – advertiu ela, séria.

— Vamos tomar o máximo de cuidado mãe, né Bryan? – olhei para ele.

— Claro que sim, muito – ele disse após engolir mais um pedaço de pizza goela a baixo.

— Certo. Eu vou dormir. O dia hoje foi muito cansativo.

Mamãe se levantou.

— Boa noite, mãe. Eu também vou descansar – eu levantei, dei um beijo no rosto dela e comecei a subir as escadas do meu quarto.

— Espera – ela chamou, parei na metade da escada. – Comprei o material escolar de vocês e regulamentei vocês na escola. Perderam a primeira semana de aula, cuidem de recuperar. – Eu assenti e subi.

Chegando ao meu quarto tirei logo a camisa e joguei no canto, liguei o ventilador e deitei em minha cama. Pensei um pouco no amanhã, o primeiro dia de aula, como seria a escola, nas novas pessoas que poderia conhecer. Logo caí no sono, geralmente eu dormia muito rápido, em menos de cinco minutos.


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Notas finais do capítulo

É isso ae galera, o Cap 2 está pronto. Quando der eu posto, não demoro. JURO!
Aqui está o link de D.I (https://fanfiction.com.br/historia/184149/Delicadamente_Intocavel/ageconsent_ok) Se voce curte Hp vai amar, se não curte vai amaar do mesmo jeito.
Mais uma vez Obg AnaSalvatore, eu te amo muitoOO! S2
É isso... deixem REVIEW *-*
Até a próxima.



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