Oracle - The Beginning escrita por


Capítulo 12
Capítulo 6 - Caçando fora


Notas iniciais do capítulo

E aewww pessoal, demorei, sim eu sei... Eu sei que sentiram falta, mas... Ta eu sei que devia postar logo, mas... Ta bom, vou ser mais rápido, ok? Pronto.
Posso falar? Então, o capítulo 6 está fresquinho...
Já adianto a vocês.
— Cena Annaje?
— Jean se divertindo.
— Caçada
— Pegação
Alguns temperos deste capítulo.. haha ;)
Boa leitura, te vejo nas notas finais. ( tem uma brincadeira )



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— Me deixa ver se entendi. Você quer que três de nós vá à outra cidade caçar vampiros?

Eram exatamente dez da manhã de sábado. Eu, Hector, Lorran e Bryan estávamos reunidos na casa de papai. Ele havia chamado todos para uma conversa e pediu para que fossemos a uma cidade chamada Pierre, localizada em Dakota do Sul. Adivinha o que ele queria? Mandar três de nós para acabar com alguns vampiros que incomodavam por lá.

— Um amigo meu pediu, e ele não me pediria ajuda se não fosse necessário – meu pai respondeu sério.

— Eu não disse que não iria – Retruquei. – Só quero informações. – Pedi, era o mínimo que ele devia.

Ninguém falava nada, apenas eu e meu pai. O clima não ficou estranho, e eu nem estava batendo de frente com ele, apesar de parecer.

— Esse meu amigo é humano, mas ele caça vampiros, ele tem lá suas armas e sua maneira de caça. O que acontece é que o bando é um pouco grande demais para ele. – Explicava para todos nós, não apenas focado em mim.

— Certo Sr. Vannor  – disse Lorran.

Apesar do nome do meu pai ser John Vannor Konery, ninguém o chamava por Konery. Chamavam de John ou Vannor.

— Mas porque ir em apenas três, senhor ? – Hector indagou. – Somos uma equipe, nós quatro, não somos?

Eu pensei o mesmo que Hector.

— Alguém tem que me ajudar a vigiar a cidade, ainda tenho receio depois que aquela vampira entrou em nosso território.

— Verdade – Bryan concordou.

— Quem vai ficar? – Perguntei. Eu não perderia isso por nada.

Olhei para Hector que negativou com a cabeça, Bryan fez o mesmo.

— Lorran? – Perguntei. Se ele não quisesse ficar teríamos que tirar na sorte.

— Eu fico, tenho algo para fazer sábado.

Ufa! Menos mal que Lorran ficaria, minha ida estava garantida.

— Certo, estão vocês podem sair lá pras 13 horas? – Papai perguntou.

— Pode ser – concordei, seguido de Hector e Bryan.

— Obrigado, meninos – meu pai se levantou da poltrona e foi para a cozinha. Eu o segui.

Eu queria algumas respostas dele, respostas que deveria saber e que não dava para descobrir sozinho. Na verdade dava, mas ele poderia simplificar às vezes.

— O que é, meu filho? – Parou na cozinha.

— Pai, eu quero respostas, mal tenho tempo de falar com você.

— O que quer saber? – estava calmo.

— É possível desenvolver mais de um dom? – perguntei.

— Creio que sim. Posso dizer que não seguimos um padrão, cada caçador é diferente.

— Minha audição, visão e olfato estão melhores, eu achei que cada caçador só podia desenvolver um dom. Hector que foi audição, você foi o olfato, apenas. Já o Lorran pode sentir as coisas através do solo, só. Porque no meu caso foi diferente?

— Cada um é cada um, Jean, entenda isso –  ele colocou uma mão em meu ombro. – Você é diferente de Bryan, de Hector e Lorran. Cada um tem suas qualidades, vantagens e desvantagens. Aproveite que você desenvolveu mais de um dom e use-os com extrema perícia. Você vai longe. – Me olhou nos olhos.

Não tinha o que discutir, ele dissera tudo.

— Eu tenho uma experiência para fazer com você, quero ver até onde seus novos dons podem alcançar. Creio que por ter desenvolvido mais que um não seja todos perfeitos – olhei para ele, confuso. – Perfeito no sentido, não tão bom quanto poderia ser se fosse apenas um. Por exemplo, daremos nota um para a audição humana, e para um caçador daremos nota cinco. Já o Hector que desenvolveu apenas um dom que é a audição, quinze. Agora quero saber a que ponto chega um dom seu.

— Como vamos testar? – Indaguei.

— Vamos testar pelo olfato.

Confirmei com a cabeça.

— Quantos aromas você consegue diferenciar dentro da geladeira? – Ele indagou. A geladeira estava fechada, mas a borracha estava um pouco desgastada.

Concentrei-me, tentando diferenciar os diversos aromas. Era meio complicado, pois alguns se misturavam e não dava para saber se era só um, ou dois unidos.

— Dez – eu disse. Foi o que consegui diferenciar dos demais. – E você, pai?

Ele parou por um segundo.

— Dezessete – afirmou.

— Uau!

— Lorran venha cá, por favor – ele pediu calmamente.

— Eu – Lorran surgiu do meu lado.

— Quantos aromas você consegue identificar dentro da geladeira? – meu pai perguntou a ele.

Lorran se concentrou, demorou um pouco mais que eu.

— Cinco – Disse.

— Obrigado, Lorran – sorriu para o garoto.

Ele tinha razão, meus dons não eram perfeitos. Por ser mais de um, acho que meu cérebro dividiu para interpretá-los. Bom como ele disse, eu era diferente. Isso era bom?

— Se quer saber, acho mais vantajosos com seus três dons medianamente evoluídos do que um por completo – ele sorriu. – Se souber usar você vai ser um caçador perfeito.

— Obrigado, pai – sorri para ele.

Fui arrumar minhas coisas. O mesmo foi fazer os meninos. Ficou decidido que iríamos no carro do Hector, uma caminhonete cabine dupla surrada, mas boa. Meu pai dera para ele há algum tempo. Meu velho tinha muito apego com Hector e Lorran, são como filhos para ele. E eu não sentia ciúmes disso.

Quando deu uma hora eu e Bryan já estávamos prontos. Ficamos sentados no jardim esperando Hector chegar. Eu vestia uma calça jeans surrada, uma camiseta preta e chinelos simples. Como de costume o céu estava entre nuvens, mas não fazia frio, o clima estava bem agradável. Deitei no jardim enquanto esperava.

— Jean, estou indo ali, já volto – Bryan se levantou.

Não levantei, apenas olhei para o lado e vi Claire saindo da casa dela. Ele estava indo falar com ela. Porque não ouvir o que eles conversavam?

— Oi Claire — a cumprimentou.

— Ei — Disse ela. Parecia que sorria, tive preguiça de usar minha visão para ter certeza. Eu fitava apenas o céu nublado.

— Eu queria mesmo falar com você – ela continuou. – Queria saber se vai estar disponível hoje à noite. – A voz dela demonstrava que estava meio sem graça. – Tem um filme muito legal que estreou ontem e não queria ver sozinha.

— Poxa, desculpa, morena. Eu tenho que sair com meu irmão e Hector hoje. Eu e Jean só estamos esperando Hector com o carro — Bryan lamentou.

— Tudo bem, posso saber o que vão fazer? – Eu estava ficando perito nisso. Eu senti uma pitada de ciúmes no tom da fala dela.

Bryan não respondeu. O ouvi coçar a cabeça.

— Vamos pescar... – Finalmente respondeu.

Pescar? Sério que ele disse isso? Bryan era o rei das desculpas, mas essa de pescar... Ela realmente o muda, ele nem consegue mentir direito para ela.

— Pescar piranha? – Indagou, ironicamente.

— Não, pescar de verdade. Sabe? Peixes... – Ele estava sem graça? Eu ri baixo.

Finalmente Hector parou a caminhonete na frente de casa. Desligou o motor e saiu do carro.

— Pronto? – me perguntou.

Fiquei de pé em um pulo.

— Mais que pronto! – Respondi, sorrindo.

Trocamos um aperto de mãos.

— Cadê seu irmão? – Hector indagou.

— Se despedindo da Claire – apontei para eles no final da rua. Eles deram um abraço rápido e Bryan voltou.

— E ai Hector? – Bryan estava com um sorriso no rosto.

Eles se cumprimentaram também.

— Vamos? Temos que passar em um lugar ainda.

— Vamos, vamos – eu peguei minha mochila.

Hector foi até a parte da trás da caminhonete, era coberta por uma espécie de lona de couro super-resistente. Ele passou a chave no cadeado bem grande e abriu o zíper da lona. Dentro tinha a mochila dele e algumas armas, uma besta, algumas flechas e estacas. Sem dizer nada joguei minha mochila lá dentro, Bryan fez o mesmo.

Entramos no carro, Bryan na parte da frente ao lado do motorista e eu na parte de trás, sozinho. Hector girou a chave fazendo o motor rugir, estava começando nossa pequena viagem para caçar.

Já tínhamos saído de Phenite quando eu me manifestei.

— Como ficou a conversa com a Claire? – perguntei deixando escapar um sorrisinho.

— Você... Você estava ouvindo? – resmungou bravo.

— Relaxa, eu só ouvi algumas partes. Sério que você disse que íamos pescar? – eu ri. – Você já foi melhor com mentiras, irmão.

— Perto dela eu fico um pouco inseguro para mentir, sei lá, essa menina mexe comigo de um jeito que nenhuma outra consegue – disse enquanto olhava a floresta pela janela.

— Eu sei como é isso, cara – Hector disse.

— Mas ela acreditou na desculpa? – parei de escutar a conversa deles quando Hector chegou.

— Ficou meio desconfiada, mas acreditou. Ela estava com ciúmes o que quer dizer que gosta mesmo de mim – sorriu como um idiota.

— E você dela – completei.

Ele apenas assentiu.

— Por isso eu a convidei para ir ao cinema amanhã.

— E ela? – indaguei, mesmo sabendo a resposta.

— Aceitou, amanhã às 19 horas. Estaremos de volta ás 17 horas pelo menos, certo?

Hector assentiu.

— Fazemos o que temos que fazer hoje de madrugada, nos divertimos um pouco, descansaremos e voltaremos para casa – Hector falou nosso cronograma, parecia tão simples.

Foram quatro horas de estrada até chegar a Pierre, e eu acho o nome dessa cidade estranha, admito. Mas a cidade em si era linda, as casas bem arrumadas com belos jardins, tão bela quanto Phenite.

Hector dirigia devagar, não havia muitos carros na cidade. Algumas pessoas voltavam do trabalho, outras faziam caminhadas, crianças andavam nas calçadas de mãos dadas, uma cidade típica.

O celular de Hector começou a tocar, ele atendeu rápido.

— Fala Jessie.

Oi, Hector— era mesmo a minha prima.

Não precisei usar minha audição caçadora, pois Hector estava usando o viva-voz, com seu celular no colo.

— Estou dirigindo, não posso falar agora – não falava num tom arrogante, falava calmamente.

Coisa rápida...— Ela fez voz de dengo.

— Tá bom, o que é?

Me leva no cinema hoje? Vai estrear uma comédia romântica que quero muito ver!— Ela pediu.

Pelo jeito era o mesmo filme que Claire iria assistir com Bryan.

— Eu estou viajando — respondeu. — Seus primos estão comigo, o pai deles pediu para vim pegar uma carcaça e peças para um carro que ele iria montar. Estamos em Dakota, então não dá pra ser hoje.

Isso sim era mentira boa, na verdade meia mentira já que estávamos mesmo em Dakota, mas viemos por outro motivo.

— Amanhã? Por favor... – Ela continuou com voz de dengo.

— Tudo bem, eu vou. Talvez encontraremos Claire e Bryan por lá... – Comentou.

— Claire? — Ela perguntou, surpresa.

Na certa ela resmungaria e tentaria marcar para outro dia.

— Claire sim, alguma coisa contra? – perguntou, firme.

— Não, tudo bem... – A voz dela murchou.

— Então tá bom, te pego às seis e meia. Beijo.

— Beijo.

Enfim desligou.

Uau, Hector estava mesmo mudando a Jessie, e olha que a menina tinha uma personalidade forte.

Ficamos conversando sobre as meninas enquanto nos dirigíamos à casa do amigo do meu pai. Bryan contando que provavelmente beijaria Claire e que depois disso não saberia o que iria acontecer com os dois, então a noite seria uma caçada e logo depois uma despedida de solteiro. Já Hector falava muito da Jessie. Dava para perceber que foi difícil ficar mais afastado dela essa semana, mas que estava dando certo. Minha prima gostava muito dele, acredito até que esteja apaixonada. Quem sabe não se formem dois casais no cinema.

A conversa estava ótima, mas tivermos que encerrá-la. Chegamos ao nosso destino, à casa do amigo do meu pai. Digamos que ficava um pouco isolada da cidade, mas era linda. Muito verde em volta, a casa era toda trabalhada na madeira, com chaminé exalando uma leve fumaça e luzes.

— Olá meninos! – Um homem surgiu de trás da casa andado em nossa direção.

Ele aparentava ter uns 45 anos, cabelos grisalhos, alto, magro e usava óculos de grau.

— Eu sou Marco, amigo de seu pai – apertou a mão de cada um de nós enquanto nos apresentávamos.

— Como foram de viagem? – perguntou.

— Bem, foi tranquila – Hector respondeu.

— Então, vamos direto ao assunto, sabem por que vieram e o que tem que ser feito – disse sério.

— Sabemos – eu rebati.

— Eles têm uma moradia por aqui, não descobri onde é, mas sei aonde eles vão. Vocês estão prontos? – eu sabia que esse “estão prontos?” era por causa de nossa idade.

— Nascemos para fazer isso, não nos pergunte se estamos prontos, sempre estamos – Bryan retrucou.

Marco sorriu e deu um tapa de leve em seu braço.

— Essa é a resposta – ele disse. – Venham.

Ele começou a andar para trás da casa, o seguimos. Chegando lá ele abaixou e varreu umas folhas do chão, assim podemos ver que tinha uma espécie de porta, possivelmente para um cômodo subterrâneo. Ele puxou uma maçaneta em forma de argola e levantou a porta. Tinha uma escada, descemos por ela.

O cômodo era escuro, rapidamente minha visão mudou, e dava para ver tudo num tom de azul com minha visão noturna de caçador. Lá era um pouco abafado, parecia uma oficina, várias mesas, balcões e havia algumas máquinas.

Marco passou por nós e acendeu a luz, bem melhor. Era uma oficina, não de carro e nem de bicicleta, mas era uma oficina. Na parede havia muitas bestas penduradas, um arco moderno, um revólver antigo, este por vez era o mais atraente.

— Uso balas de madeira nele, lindo, não?

— Muito – afirmei.

— Garotos, aqui é onde eu me preparo para caçar, todas minhas armas e as coisas que uso. Como não sou igual vocês tenho que ir muito bem preparado, não me permito errar.

— O que estamos fazendo aqui? – Hector perguntou.

— Quem vai ser o primeiro? – Marco apontou para uma cadeira.

— Como assim? – perguntei.

— Vai lá Jean.

Fiz uma careta, mas sentei na cadeira. Ela colocou uma pequena mesinha do meu lado e pediu para eu apoiar o braço, assim eu fiz. Ele veio com uma seringa.

— Preciso de um pouco de sangue, vocês sabem que sangue de caçador é veneno para vampiro – ele enfiou a seringa na minha veia. Era diferente, tinha uma pequena bolsa no final para onde ia meu sangue. – Umas 500 ml já está bom. Aproveitar e pegar um extra, não é todo dia que três legítimos caçadores vêm me visitar.

— Fique á vontade – sorri sem graça, odiava tirar sangue.

Ele tirou sangue de nós três totalizando um litro e meio. Depois ele deu um cinto para cada um, que tinha vários suportes para pequenos dardos. Enquanto nos passava os locais aonde os vampiros geralmente iam, ele foi entregando vários dardos para colocarmos nos cintos. No meu cinto coloquei uns trinta.

— Cada dardo desses vai um pouco de sangue de vocês, bem pouco, mas o suficiente para deixá-los bem fracos – enquanto falava ia entregando umas garrafinhas, por sorte o sinto também tinha suporte para ela. – A garrafinha tem trezentos ml de sangue, uns dois goles já vai ser o suficiente para matá-los.

Todos assentiram.

— A principio, o clã deve ter uns vinte membros, eu acho, então tenham cuidado e ajam com cautela – alertou.

— Como meu irmão disse, nascemos para isso – afirmei confiante.

— Vamos ser discretos e cuidadosos – Hector garantiu.

— Quando achar o local me ligue, eu vou lá com meu camburão para por os corpos dos vampiros. Matem o máximo que puderem usando o sangue, os que sobrarem inconscientes eu queimarei e enterrarei todos.

Ele me entregou um bilhete com seu número.

 

***

 

Marco fez um suporte de costas para mim, como aqueles suportes de espadas que tem em animes. Junto me presenteou duas belas estacas de madeira nobre, muito lindas por sinal, pretas com detalhes em alto relevo, uma arte. Elas tinham uns quarenta centímetros e encaixavam perfeitamente no suporte. Estava guardado para a caçada que estava para acontecer de madrugada.

Estávamos chegando numa espécie de balada, todos arrumados. Bryan e Hector diziam que era a despedida de solteiros deles, eu ria . Hector estacionou na frente da balada e entramos. Estava bem cheia, eram por volta das 23 horas. Por baixo da camisa eu escondia o cinto com dardos de sangue, enquanto eles deixaram no porta-malas. Pelo menos eu estava pronto para tudo.

Assim que entrei não deixei de notar o fedor de vampiro na área, e eram muitos. O lugar estava infestado. Era difícil saber quem era um vampiro e quem era humano, pois o cheiro vinha de toda parte e todos dançavam bem juntos na pista.

— Eu também senti o cheiro. Vamos nos divertir, tentar fazer amizade com um deles – sussurrou Hector.

— Claro – sorri.

— Não fique com raiva de mim – ele me olhou.

— Porque sentiria? – indaguei enquanto olhava para cara dele fazendo uma careta.

Ele não respondeu, tirou o celular do bolso e me mostrou.

“Consegui! Acabei de chegar do cinema, Anna foi comigo. Foi muito bom, cara. Ela é melhor que eu imaginava, acho que estou apaixonado. Não rolou nada, é muito cedo ainda, mas foi perfeito. Estou mega feliz!” Era de Lorran.

Olhei para ele.

— Por que eu me importaria com isso? – havia uma pequena alteração em minha voz. É claro que eu me importava.

— Sei que gosta dela, e ele fala dela desde que a viu pela primeira vez – ele estava tentando ser amigo de todos.

— E porque ele não chegou nela antes? – indaguei, minha voz se elevou um pouco.

— Não sei Jean, relaxa – colocou a mão em meu ombro. – Só me prometa uma coisa? – pediu.

— O que?

— Não briguem por causa de uma garota.

Eu assenti.

— Vou beber alguma coisa.

— Vai lá.

Saí de perto dele e sentei em um balcão. A balada era espaçosa, o DJ estava arrebentando na música eletrônica. A pista de dança fervia e ninguém ficava parado, todos saltitando ao ritmo envolvente da música. As luzes davam um show à parte. No balcão que sentei havia mais nove banquinhos, quatro deles ocupado por outros jovens que conversavam alto. Ainda bem que onde sentei era um pouco afastado deles.

— Boa noite, alguma bebida? – perguntou a moça do outro lado do balcão.

— Um whisky com gelo, por favor – pedi educadamente.

Ela me sondou com o olhar durante um tempinho e depois saiu. Que mulher estranha. Não demorou e ela voltou com minha bebida, paguei a ela.

— Fica com o troco – sorri.

— Obrigada – ela pegou e foi atender outro.

Não era muito chegado em bebida, mas hoje eu merecia. Não beberia muito, ainda tínhamos uma caçada madrugada adentro. Então quer dizer que aquele safado ficou só para sair com Anna? Bem que eu estava estranhando ele se oferecer para ficar. Mas a pior, Anna aceitou e nem me disse nada. Mas o que eu esperava? Éramos apenas amigos. Pelo menos esperava que ela me dissesse algo, achei que era o melhor amigo dela. Que saber? Que se ferre, a curtição batia minha porta.

Tomei todo whisky em um gole só. Depois de oito copos levantei e fui para pista dançar. Fui passando espremido pela multidão que dançava sem parar. Achei um bom lugar no centro da pista de dança e comecei a me mexer. Deixei que a batida da música me guiasse, parei de pensar em Anna, em tudo. Eu só precisava me divertir.

Enquanto dançava comecei a reparar em duas garotas. Eram gêmeas idênticas, brancas, cabelos lisos e pretos aparentavam vinte e poucos anos. Vestiam roupas parecidas e tudo mais. O que me chamou atenção foi à ousadia que dançavam. Comecei a me mover pela multidão para mais perto delas que dançavam sensualmente, uma colada na outra, coisa de outro mundo.

Aproximei-me mais e comecei a dançar perto delas e de repente as duas começam a se beijar. Meu Deus, que visão. As meninas estavam muito doidas mesmo. Continuei dançando e olhando para elas.

— Gostou do que viu garotão? – uma delas cochichou em meu ouvido depois que se largaram.

A noite promete.

— Nada mal, mas acho um desperdício, sabe? Eu to aqui e tudo mais – sussurrei de volta.

— Podemos resolver isso agora... – Ela disse ao meu ouvido, nem percebi que estávamos dançando bem juntinhos enquanto conversávamos.

Dei um sorriso safado ao perceber que a outra gêmea estava atrás de mim, dançando com os seios colados em minhas costas e as mãos acariciando meu abdome. Eu tinha que começar a frequentar mais baladas, ô se tinha. A gêmea da frente colou em mim, dançando sensualmente acariciando meus ombros e peito.

— Você é bem gostoso, sabia? – ela sussurrou no meu pescoço, assenti de leve enquanto mordia o lábio inferior por impulso.

Enquanto dançavam elas começaram a beijar meu pescoço, uma de cada lado. Beijei o pescoço da gêmea da frente enquanto a cheirava. Não, não era vampira. Sorri para mim mesmo enquanto dançava sensualmente com as gêmeas. Uma delas pegou minha mão e colocou na bunda, aproveitei e a eu puxei mais pra perto de mim e a beijei. Até que ela beijava bem, apesar do beijo sair com mais gosto de álcool do que tudo. Enquanto beijava uma a outra puxou meu rosto, me livrando da boca da irmã e me ocupando com a dela. O paraíso. A da frente puxou meu rosto novamente e me beijou, a mão foi descendo pela minha barriga, eu já estava excitado com a situação. Merda, os dardos de sangue no cinto. Segurei as mãos delas e me livrei da que me agarrava por trás.

— Tenho que ir ali – eu disse e saí no meio da multidão.

— Você vai voltar? – uma delas gritou. Não respondi, atravessei o povo e fui para o balcão.

Cheguei lá e sentei num banquinho, Hector e Bryan estavam sentados também, um pouco afastados, fui até lá para ver o que estavam fazendo.

— E aí? – fiquei entre os dois bancos, coloquei uma mão no ombro de cada um deles.

Eles ficaram me olhando com uma careta.

— Já pegaram muitas? – perguntei, sorrindo.

— Puta merda! Até Jean tá se divertindo! – Bryan exclamou indignado. – Eu não peguei ninguém, toda menina que eu chego eu vejo a Claire.

— Vish! Você foi fisgado, garanhão! – Gargalhei.

— Nunca pensei que esse dia chegaria, Jean me zoando por eu estar gostando de uma garota sendo que tinha que ser o contrário – ele resmungou.

— É a vida, irmãozinho – eu ri. – Mas e você, Hector?

— Jessie – ele suspirou.

Caí na gargalhada.

— Moça, três conhaques do mais forte que tiver – pedi.

Não demorou e as bebidas estavam no balcão. Eles nem se mexiam, ficaram quietos olhando para baixo.

— Tão me gozando? Só pode. Olhem aqui – puxei os dois pra mais perto. – Vocês vão se amarrar logo pelo jeito, então é melhor aproveitar agora que vocês estão solteiros.

Bryan pegou o copo e virou.

— Esse é o Bryan que eu conheço! – Soquei o braço dele de leve.

Hector hesitou.

— Hector, é hoje ou nunca – incentivei.

— Hoje – ele pegou e virou.

Virei o meu e pedi mais uma rodada.

— Vamos nos divertir! – Ergui meu copo.

— Vamos! – Eles ergueram e brindaram.

— Esperem aí que vou buscar uma surpresinha para os dois – eu disse maliciosamente.

Atravessei a multidão e fui até o lugar que eu estava antes, e as gêmeas estavam dançando com outro cara. Fui logo empurrando ele.

— Me empresta elas um pouquinho? – o rapaz me encarou e eu retribuí. – E fica quietinho.

Passei a mão pela cintura das meninas e saí da pista.

— Hector e Bryan, as gêmeas. Gêmeas, Hector e Bryan – apresentei. Os dois me olharam descrente. – São com vocês, meninas.

Me virei e saí de perto. Na verdade saí da balada, fui até o carro e me livrei dos dardos, deixando-os em uma caixa dentro do porta-malas. Tinha certeza que não precisaria deles por enquanto. Perdi a conta do quanto tinha bebido, estava tonto e muito alterado, mas não importava.

Entrei na balada de novo. Começou a tocar “Glad you came”, e eu adorava essa musica. Cheguei pulando na pista junto com a galera. Localizei Hector e Bryan pulando rodando a camisa no alto. Tirei a minha e me juntei a eles. Com certeza estava sendo o dia mais divertido da minha vida.

Não demorou as sermos cercado por meninas, jovens na verdade. Só Bryan tinha umas quatro dançando juntinho a ele, rebolando, acariciando-o todo. Já meu amigo Hector estava com duas revezando aos beijos.

— Quantos anos, gracinha? – me perguntou uma morena em minha frente.

— Dezoito, e você? – menti.

Estávamos dançando juntos.

— Vinte e cinco – ela sorriu. – Mas adoro um novinho, sabia?

— E eu adoro uma piranha, sabia? – disse sem pensar. Ela passou a mão pelo meu pescoço e me beijou.

Terminou a música e eu me livrei da morena, falei sinceramente que já tinha enjoado dela. Ela ficou com raiva, mas saiu do meu pé. Pega mas não se apega minha filha.

O DJ colocou uma música meio romântica ao ritmo eletrônico, logo foi se formando casaizinhos instantâneos. Bryan se livrou de três e ficou com uma morena, porque será? Já Hector ficou com uma branquela de cabelo preto e liso, porque será? Fui andando pelo povo caçando uma menina sozinha, estava difícil dessa vez. As meninas já estavam dançando com outros já. Esbarrei com uma loira, ela olhou para mim na mesma hora, e eu para ela. O que?

— Anna? – perguntei, estava meio tonto.

— Hãn? – a garota fez cara de confusa.

— O que está fazendo aqui? – perguntei.

— Dançando, está sozinho? – ela indagou com aquela voz de anjo.

— Para você, sim – eu disse enquanto puxava ela pela cintura para mais perto de mim. – Dança comigo? – Perguntei.

— T-ta bom – ela disse ofegante.

Não acredito que era ela. Dançamos bem juntos trocando calor humano. Eu estava sonhando, não podia ser verdade. Mas era. Que loucura. Minha mente se inundou de alegria. Ela desceu a mão até minha bunda e deu um belisco.

— É assim? – sussurrei em seu pescoço.

— É – ela sussurrou de volta no meu ouvido, que voz tentadora.

— Vai pagar por isso.

Comecei a beijar seu pescoço bem devagar, subindo para orelha. Enquanto isso minha mão deslizou para sua bunda, puxei-a mais ainda para mim. Ela ficou nas pontas dos pés. Lentamente fui movendo minha boca para mais perto da dela, passando com meus lábios por sua bochecha quente. Minha boca finalmente chegou a dela, meus lábios repousou colado aos dela.

— Senti sua falta.

Fechei os olhos e mergulhei em seu beijo, seus lábios quentes se moviam sobre o meu em perfeita harmonia, sua língua bailava com a minha entre nossas bocas, meu corpo ficou elétrico. Ela era minha, só minha. Aprofundei-me mais ainda em sua boca, gentilmente, explorando todo esplendor de seu beijo. Meu corpo fervia, minha vontade de tirar a roupa dela era imensa, mas eu me contive, não ali, não tão depressa, era Anna. Lentamente nos afastamos, ao fim da música. Fiquei olhando para baixo com um sorriso no rosto, foi muito bom. Espero que para ela tenha sido o mesmo.

Levantei o rosto e olhei para ela. Mas espera, Anna sumira. Logo meu sorriso foi junto. No lugar havia outra loira, linda admito, mas não era ela.

— Cadê ela? – perguntei a menina na minha frente.

— Quem? – ela sorriu para mim.

— A Anna, quer dizer, a garota que acabei de beijar, você a viu? – ela não podia estar longe.

— Ei, você acabou de me beijar, sou eu – ela disse me olhando, confusa.

— Foi você? – me perdi em pensamentos.

— O tempo todo – ela sorriu.

O cheiro dela mudou, não cheirava igual à Anna, cheirava a vampiro. Droga, minha cabeça me pregou uma peça. Coloquei a mão em minhas costas puxando uma de minhas estacas... Tinha sido só uma alucinação, uma alucinação idiota, não era ela, não era, não...  Olhei para minha mão, nada de estaca, eu não estava com meus suportes e nem poderia estar, haviam muitos humanos ali. Me vi completamente perdido em meus pensamentos. A frustração me invadiu de repente e tomou conta de tudo.

Saí abrindo caminho pela multidão sem reparar em quem empurrava e fui para o banheiro. Entrei feito louco e fui direto a pia, lavei meu rosto e fiquei olhando meu reflexo no espelho, novamente lavando-o.

— Algum problema, amigo? – perguntou um desconhecido.

— Não é da sua conta! – Bati com a lateral do punho no espelho fazendo rachar.

Saí sem dar satisfação nem olhar para a cara do rapaz, só podia lamentar. Na verdade não lamentava não.

Sentei no balcão e a mesma atendente veio em minha direção.

— Alguma bebida, jovem? – indagou educadamente.

— Não, obrigado.

Ela se retirou e foi atender outro. Abaixei a cabeça no balcão. Como pude pensar que Anna apareceria por aqui, assim do nada, como mágica? Como fui imbecil. Agora eu precisava focar no objetivo da viajem, a caçada. Novamente o cheiro de vampiro entrou em minhas narinas.

— Você está bem? – levantei o rosto e vi que era a vampira, a pessoa que minha imaginação junto com o álcool transformou em Anna por um curto período.

— O que você quer? – fui arrogante, com raiva.

— Eu fiz algo errado? – ela não me respondeu.

— Olha aqui, eu sei o que você é. E posso adiantar que não viverá muito mais.

— Do que você está falando? – perguntas e mais perguntas, muito ingênua.

— Que você é uma vampira. Eu sinto seu cheiro, vadia – eu a encarava nos olhos.

— Do que... – ela gaguejou.

— Não adianta mentir. Agora se você fosse esperta tentaria fugir, já que não posso me expor a te matar aqui dentro.

Sim, eu acabei de mandar ela fugir, o que deu em mim?

— Não vou fugir – rebateu decidida. – Você é lobisomem?

— Não.

— Humano idiota?

— Não. Mas que droga, nunca ouviu falar em caçadores de vampiros? Somos uma raça... Que merda eu nem deveria estar te contando essas coisas. Certamente alguém de seu bando deve ter ouvido e eu estraguei tudo.

Olhei em volta e reparei que a balada tinha esvaziado muito, Bryan e Hector não estavam à vista. Será que tinham ido à caça sem mim? Era o que me faltava.

— Já foram todos, eu era a ultima e já estava indo embora quando você me agarrou – mordeu os lábios. Ela era mesmo linda, pele de boneca, olhos verdes, lábios bem desenhados, sem contar que seu olhar era sexy e envolvente.

— Você cedeu muito fácil – sorri maldosamente.

— Ninguém nunca tinha me agarrado com tanta atitude e vontade, além do beijo, melhor de minha existência – ela chegou mais perto. Era estranho, eu não queria matá-la, não sentia essa vontade com ela. De certa forma eu controlava meus extintos de caçador.

— O papo está bom, mas eu tenho que matar alguns vampiros – me levantei e fui andando para saída, talvez os garotos só estejam me esperando lá fora.

Estava me aproximando da saída quando alguém me puxou pelo braço e me empurrou para parede, mal deu tempo de pensar e a boca da vampira estava na minha. Ela me evolveu com seu beijo, era tão bom que não resisti e retribuí com vontade. Meu lado humano nessa hora falava mais alto. Coloquei as mãos em seu ombro e afastei o pouco, girei e prensei-a na parede.

— E meu nome não é Anna, é Stacy – Me deu um sorriso sexy e mordeu os lábios.

— Jean, muito prazer.

Não resisti, comecei a beijar seu pescoço fazendo-a arfar. Recuei um pouco e beijei sua boca, meu corpo esquentava enquanto a agarrava. Minha mão minha ocupava sua nuca enquanto a outra estava e sua coxa. Foram cinco minutos de agarração sem sequer descansar, mas eu tinha um objetivo e não podia ficar mais.

— Eu tenho que ir agora – me separei dela.

— Mas já? – ela fez biquinho.

— Eu nem deveria ter te beijado – respirei fundo. – Eu caço vampiros, eu deveria te matar, mas...

— Não quer me matar.

— Eu não, mas meus amigos querem.

Peguei-a pelo braço e fui puxando ela para fora, que não resistiu.

— Vai me levar para eles? – perguntou calmamente. – Vai deixar que me matem? Eu sei que você adorou meu beijo.

— Isso não vem ao caso.

— Espera! – Ela pediu. Eu soltei seu braço e fiquei olhando-a, não parecia ser uma má pessoa, parecia uma simples garota.

— Fala.

— Lá fora tem outro vampiro, ele está me esperando.

Concentrei-me um segundo e percebi que era verdade, pelo cheiro havia mesmo outro lá fora.

— Olha, eu posso te ajudar – ela disse, dei uma gargalhada irônica.

— E porque você ajudaria um caçador a matar sua família, bando, grupo, seja lá o que são?

— Por que eu odeio todos eles, são todos uns imbecis! – Ela dizia com raiva.

— Vou fingir que acredito.

— Olha, meu irmão é o líder deles – ela olhava em meus olhos. – Ele virou vampiro com vinte anos, eu tinha dez na época que ele sumiu, e quando fiz dezoito ele voltou e me transformou. – Ela respirou fundo. – Eu era feliz, não queria isso.

— Há quanto tempo isso? – indaguei. Ela estava sendo verdadeira.

— Não sou tão velha, tá bom? – dei um leve sorriso. – Eu parei com dezoito, mas teria vinte e oito anos se fosse humana.

— Por que seu irmão fez isso? – uma pontada de pena bateu em mim.

— Ele é um imbecil, queria ter uma família segundo ele. Eu implorei para não fazer, mas ele não me ouviu.

— Por que anda com ele?

— Porque ele não me deixa partir, se eu fugir ele disse que mata nossos pais, além de me achar e me torturar – a ultima palavra saiu como sussurro.

— Não sei se devo acreditar em uma vampira.

— Eu te levo até onde estamos, ajudo você e seus amigos, ele não merecem viver. São nojentos, não tem sentimentos.

— Vai me dizer que você nunca matou um humano para se alimentar? Não seja hipócrita – cuspi as palavras com arrogância.

— Nunca matei um humano – ela afirmou.

— Não brinca... – eu ri ironicamente.

— Pode parecer idiota, mas é verdade. Eu me alimento de humanos, sim, mas eu seleciono antes e só me alimento. Não carrego o fardo de assassina.

— Como não? Vocês tem um segredo, até parece que um humano vai esquecer que foi mordido. Incomum outro humano morder, não? – indaguei.

— Eu roubo bolsas de sangue de hospitais, às vezes me alimento de animais, quando me alimento de humanos...

— Continue – fiquei curioso sobre sua dieta, mesmo podendo ser uma grande mentira.

— Eu mordo aqueles que têm ficha suja, sabe? Assassinos, ladrões, drogados que vacilam na madrugada, bêbados também. E nunca no pescoço, geralmente nos pulsos. Claro que eu os desmaio antes de me alimentar e quando termino eu deixo um esparadrapo para estancar o sangue.

— Muito boa com historinhas de vampira do bem.

— É verdade... Você vai ver – saiu andando depressa.

Tentei alcançar seu braço, mas ela foi mais rápida e saiu. Estava lá fora, droga. Ela foi andando na direção de um cara. Concentrei-me para escutar a conversa deles.

— Kurt, pode ir na frente. Eu vou logo atrás no carro de um amiguinho meu.

— Você não é disso, sabe que se levar alguém lá nós não vamos deixar viver, vamos secar até a ultima gota de sangue — o cara tinha uma voz grossa.

— Tanto faz, estou faminta e não me alimento há algum tempo. Veja aquele ali, é apenas um humano— ela apontou para mim. O vampiro não estava perto o suficiente para reconhecer o cheiro de caçador, ou desconhecia de nossa raça talvez – Ele tem amigos, você pode ficar com um. Vocês não queriam que eu mudasse? Eu quero mudar. – Disse decidida.

— Ótimo, venha logo atrás e traga nosso lanchinho— murmurou o vampiro. — Se tiver armando uma sabe muito bem o que seu irmão vai fazer, e eu o ajudarei.

Após a conversa o vampiro foi andando até um carro prata, deu partida e se mandou. Logo depois ouvi barulho de um carro passando, eram Bryan e Hector.

— Vamos logo, mas o que diabos você está fazendo com ela? – gritou Bryan da janela do carona.

Nem percebi que Stacy já estava do meu lado.

— Vai confiar em mim? – ela perguntou.

— Vem – puxei ela pelo pulso, me aproximei do carro e abri a porta. Entrei primeiro, mas ainda segurava o braço dela que estava fora.

— Confie em mim, ela vai conosco.

Puxei Stacy para dentro.

 

***

 

Depois de explicar tudo para Hector e Bryan e convencê-los de não matar Stacy, estávamos chegando ao ninho dos vampiros. Ficava do lado oposto da cidade em comparação a casa de Marco. Era uma casa grande, de três andares, afastada do ponto mais movimentado da cidade. Na verdade é bem afastada de todas as casas. Paramos um pouco antes do portão, todos nos equipamos discretamente. Tive que deixar meu suporte de costas com as estacas reais – assim que eu as chamava - porque não dava para esconder, até Stacy pegou duas estacas. Colocamos os cintos com dardos e fomos.

Eu estava confiando numa vampira, só podia está ficando maluco. O efeito do álcool em mim já estava passando, parece que quando a adrenalina de uma caçada invade nosso corpo recuperamos totalmente a consciência de nossos atos.

— Como eu disse, ao certo mesmo são quinze – a vampira repassava as informações. – Eu vou com Jean para o terceiro andar e você. – Apontou para Bryan. – Fica no primeiro. E você – olhou pra Hector – fica no segundo. Eu vou agir como se tivesse levando humanos para eles se alimentarem, claro que sutil.

Assentimos. Tudo isso é loucura, mas não tinha outro jeito, ou não tínhamos mais tempo para pensar um plano melhor.

— Eles primeiramente vão agir como humanos normais, vão acolher vocês, te passarem um pouco de segurança e logo depois atacarão, cuidado – ela deu o alerta.

— Eles que deverão ter – Bryan sorriu maldosamente.

— Só uma coisa, vampira – Hector falou. – Mesmo que seja uma emboscada saiba que um bando de vampiro não são pairos para nós, para seu bem espero que não seja.

Esperei ver alguma pontada de insegurança no rosto dela, mas não, ela sorriu e assentiu.

Atravessamos o portão e fomos todos para a porta. Ela não esperou, foi logo a empurrando. Lá dentro cheirava mal e era um pouco bagunçado, parecia uma sala de jogos e não uma sala. Haviam seis vampiros espalhados, dois jogando vídeo game, outros dois jogando sinuca e mais dois bebendo vodka.

— Olá gatos – Stacy disse alto num tom sedutor. – Trouxe mais um amigo para vocês – ela puxou Bryan pela camisa e empurrou num sofá vazio.

— Boa Stacy, mais um para nosso campeonato – gritou um dos que jogavam videogame, rindo.

— O tratem bem – ela piscou.

— Pode deixar – piscou um vampiro que estava na sinuca.

Bryan sorria.

— Quem perder eu entro aí! – Gritou entrando no personagem.

O sortudo ficou com seis vampiros, espero que tenha pelo menos sete no terceiro andar, ou oito se Stacy estivesse mentindo. Eu ainda não havia descartado a hipótese.

Subimos para o segundo andar, lá havia algumas redes e colchonetes e vários armários na parede. Três vampiros dormiam e dois estavam acordados, conversando como pessoas normais.

— Meninos, ele pode descansar aqui com vocês? – ela deu um empurrãozinho em Hector.

— Seja bem vindo amigo – cumprimentou com um aceno o vampiro loiro.

— Obrigado – Hector deu um sorriso.

Eram quinze. Se no primeiro e segundo totalizavam onze, droga, sobrou apenas quatro no terceiro. Eu subi junto com Stacy. Assim que chegamos ao terceiro andar houve um barulho no primeiro e uma gritaria começou. Imediatamente a gritaria começou também no segundo.

— Agora! – Gritou Stacy enquanto puxava duas estacas da cintura, já eu peguei apenas uma.

Demos de cara com dois vampiros logo que entramos no cômodo.

— O que está fazendo com isso na mão, Stacy? – um deles perguntou.

Antes de ela falar eu puxei dois dardos da cintura e lancei nos dois em cheio na garganta, que cambaleavam tontos gritando de dor.

— Termine – sussurrei a ela, dei as costas e fui andando pelo cômodo. Quando cheguei perto de uma porta os dois vampiros que joguei os dardos pararam de gritar e ouvi-os caírem, e logo Stacy apareceu do meu lado.

— Eles vão morrer? – ela perguntou.

Peguei mais dois dardos e joguei nas costas de cada um deles.

— Agora vão.

Dei um chute na porta e derrubei-a, nada discreto. Entramos numa espécie de quarto principal, bem arrumado e com uma enorme cama de casal coberta por uma cortina fina, coisa de luxo. Nela havia dois vampiros transando, a menina estava pulando em cima do cara com os seios balançando. Quando nos viu ela saiu de cima dele e se encobriu com a coberta.

— Mas que merda é essa? Será que não pode mais transar em paz nessa casa? O que faz aqui Stacy, resolveu se alimentar ou quer transar com esse idiota? – ele perguntou com raiva, expondo suas presas.

— Seu dia chegou irmãozinho – Stacy olhava para ele com os olhos sedentos e expondo as estacas.

— Sua vadia! – Ele rosnou e foi para cima dela.

A vampira vendo que o amante partira para cima da irmã veio em minha direção. Detalhe que os dois estavam nus. Ela veio rápido, mas não o suficiente. Eu desviei de sua presa e finquei a estaca na barriga fazendo ela se afastar cambaleando. Stacy gritou, o irmão estava com uma de suas estacas em mãos, enquanto ela não tinha nada. Ele ia machucá-la. Meu pensamento foi de milésimos, não dava para correr e chegar a tempo. Arremessei cinco dardos seguidos, todos em suas costas. Ele gemeu e caiu sobre Stacy que na mesma hora ficou quieta.

Eu corri para ajudá-la, mas algo me jogou na parede. A maldita vampira ainda estava viva. Ela retirara a estaca da barriga, bem durona essa, do jeito que eu gosto. Olhei melhor e vi que o vampiro ainda estava se mexendo e gemendo baixinho, logo morreria pelo sangue de um caçador em excesso. A vampira correu na minha direção gritando igual louca. Tentou me acertar com a estaca, mas eu segurei seu braço. Tentou me acertar com o outro, mas eu também segurei firme.

Era estranho lutar com uma vampira, ela era jovem, tinha cabelo escuro e corpo escultural, isso tinha.

— Desperdício, você é muito gostosa – sorri. – Fazer o que, não é?

Dei uma sequência de joelhadas na barriga dela enquanto ainda a segurava. Ela soltou a estaca, empurrei-a e peguei a estaca que ela soltara. Veio de novo, mas quando chegou perto eu peguei dois dardos e lancei em sua barriga, fazendo-a urrar de dor e cair no chão se contorcendo.

Cheguei perto com cautela, ela gritava de dor enquanto rolava no chão. Apesar de serem o que eram eu não gostava de fazer nenhum vampiro sofrer. Gostava de matar logo, sem dores e sem sofrimento. Botei a mão no ombro dela fazendo-a ficar quieta um pouco e finquei a estaca em seu coração, deixando-a imóvel.

Corri para Stacy, o irmão estava em cima dela. Tirei-o de cima dela e joguei-o no chão, ainda estava vivo, ainda gemendo de dor. Ela tinha uma das estacas no meio do seu peito, no coração. Retirei a estaca dela, andei até o irmão e, com o pé, virei seu busto para cima.

— Não... – Ele murmurou implorando para viver, mas não sabia que sua sentença já tinha sido dada. Não tinha como tirar o sangue de caçador de corria dentro deles, os dardos enfim era uma ótima criação.

Finquei a estaca no seu coração fazendo-o ficar imóvel. Dei uma bela morte indolor apesar de não merecer.

 

***

 

— Muito obrigado, meninos – agradeceu Marco.

Quinze vampiros mortos do outro lado, do nosso apenas alguns arranhões e um olho roxo de Bryan que logo ficaria melhor. Depois de um tempo que retirei a estaca do peito, Stacy ficou melhor. Devo admitir, ela foi de boa ajuda.

Assim que terminamos com os vampiros chamamos Marco. Quando ele chegou, pediu-nos para cavar um buraco grande e fundo. Eu e Hector ficamos responsáveis pela escavação, enquanto ele, Bryan e Stacy recolhiam os corpos. O processo foi rápido, jogamos os corpos no buraco e tocamos fogo. Por mim não precisava já que eles estavam mortos por causa do sangue, mas Marco preferia assim. Eram exatas cinco horas da manhã, quando tapamos o buraco. Marco de despediu e partiu, mas antes acertamos com ele de nos suprir de dardos de sangue quando precisávamos. Era bom pra ele que conseguiria sangue de caçador e bom para nós que teríamos boas armas. Os dois lados sairiam ganhando.

Hector e Bryan foram para o carro e ficaram me esperando lá.

— Acho que é uma despedida – ela lamentou.

— Obrigado por nos ajudar – agradeci a ela.

— Vocês me ajudaram, além do mais conseguiriam sem mim.

— Talvez – sorri para ela e tive retribuição.

— Onde você mora? – ela indagou.

— Phenite. Pode me fazer uma visita quando quiser, mas vai com cautela.

— A cidade é pequena para você me achar com facilidade?

— É sim – afirmei.

— Quem sabe eu passe em seu quarto e faça você esquecer essa tal de Anna. – Ela se aproximou. Ficamos a centímetros um do outro.

— Será que você consegue? – brinquei.

— Veremos no futuro – me beijou.

 Serio, ela beijava muito bem, era como se eu tivesse pulando de nuvem em nuvem e nunca mais queria descer ao solo. Os lábios tão macios e sutis, quente e delicado ao mesmo tempo, ao mesmo toque.

Quem diria que eu beijaria uma vampira? Ela me atraía, não era amor ou paixão, apenas uma atração carnal. Puxei-a pra mais aperto me aprofundando no beijo. Suas mãos aranhavam levemente minhas costas. Aquele minuto foi ótimo, eu precisava disso, beijar uma garota e esquecer o resto. Ela se afastou um pouco.

— Até mais, gatinho – ela sorriu.

— Até, Stacy – sorri meio sem graça.

Querendo ou não Stacy era uma garota muito delicada. Não no sentido de fragilidade ou fraqueza, mas olhando para ela dava uma imensa vontade de pegar para cuidar. De querer ficar perto e ver a próxima doidice que ela faria, mesmo a conhecendo tão pouco o jeito dela era bem quente ao mesmo tempo doce. 

— Stacy – Gritei. Ela já estava um pouco longe, mas parou e se virou.

 Corri rápido até ela e entreguei um papel com meu numero de celular.

— Caso você precise com urgência, por favor não deixe de ligar – beijei sua testa.

— Poxa gatinho. Assim eu fico derretida – ela beijou minha bochecha devagar.

— Se cuida, de verdade – pedi.

— Sempre, obrigado por tudo. E isso não é uma despedida. Adeus, meu gatinho – ela piscou e depois sumiu na imensidão de mato.

Coloquei a mão em meus lábios, relembrando nosso primeiro beijo. Eu não podia mais me enganar, eu sentia algo por Anna, algo muito forte.

— Beijoqueiro, vamos logo! – Bryan gritou. – Preciso chegar em casa logo e descansar, a noite tenho um encontro!

— Eu também! – Hector gritou.

Entrei no banco de trás do carro, o olho de Bryan já estava ficando melhor, incrível como a recuperação era rápida.

— Se abrir o bico para Claire eu te mato – Bryan brincou.

— Não, isso fica entre nós três – sorri para os dois. Fiquei sentado entre no meio, coloquei a mão no ombro de cada um deles através do espaço entre os dois bancos da frente. – Precisamos de mais disso algum dia. Mesmo que vocês estejam amarrados, só por diversão mesmo, não precisa pegar ninguém.

— Com certeza – Hector assentiu.

Bryan ligou o som na radio, para nossa surpresa estava tocando “Glad you came”, gritamos feito loucos enquanto Hector girava a chave no motor e acelerava.


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Notas finais do capítulo

Pergunte ao tio:
— Tio J, como assim não era Anna?
R. Ele estava meio confuso, bebeu demais haha.
— Tio J, porque Lorran não aparece tanto?
R. Ta muito ocupado chavecando a Anna, e a visão é do Jean, por isso ele não ta aparecendo tanto.
— Tio J, porque os vampiros da casa não viram as armas deles?
R. Porque estava por baixo da camisa, na cintura, e são discretas.
— Tio J, quando vai ter Annaje?
R. Eles cap. 8.
— Tio J, porque Jean não sentiu vontade de matar a vampira?
R. Ele sentiu, mas controlou e ignorou, além do mais ele é adolescente e sente atração carnal também.
Então, pergunte ao tio é uma brincadeira rs, podemos continuá-la na review, oks? Só perguntar que eu responderei.
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Obs: Apesar de não gostar de por hiperlink na fic, tive que por na Stacy, link para uma foto dela, já que nas notas não tem essa opção, :'( .
Música ( Glad you came) - http://www.youtube.com/watch?v=BiEEJds8JFE . ...
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É isso pessoa, queria deixar um agradecimento especial para Grazi, que fez a betagem do capítulo. Ela é demais.
E a Ana, minha namorada linda, por dar a sugestão do capítulo. Amo demais ela.
E a todos voces, leitores, amo vocês s2
Até a próxima.



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