Born To Die - Clato escrita por Sadie


Capítulo 31
Capítulo 31




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/261231/chapter/31

Quando acordo, Cato já está de pé. Ele já havia arrumado a nossa mala.

– Vamos agora? – pergunto. Ele afirma com a cabeça. – Mesmo trem? – ele afirma.

* * *

Entramos no trem e vamos para a sala. Só estávamos nós dois. Vamos para a sala, sentamos no sofá e encosto meu ombro na cabeça de Cato. A viagem só vai durar algumas horas.

Digamos que, hum, a gravidez tem me deixado sonolenta e cansada, e por isso acabo cochilando no ombro de Cato.

– Clove – Cato me acorda. – Vai para o quarto dormir.

– Eu to bem aqui.

Ele bufa, e por incrível que pareça, consegue me pegar no colo e me leva até o quarto. Ele me deita na cama e encosto minha cabeça no travesseiro. Acabo dormindo.

* * *

Quando acordo, percebo que o trem estava parado. Olho para a janela do meu quarto, e vejo que estava anoitecendo. Mas, pelas horas que a viagem dura, eu deveria ter chegado ao Distrito 2 no início da tarde. Será que teve algum problema no trem?

Saio do quarto e vou até a sala. Cato não estava ali. Vou para a cozinha. Ele também não estava ali. Olho no outro quarto, e ele também não estava ali. Suspiro, já pensando no pior.

Vou até a cabine do maquinista.

– Com licença – chamo. O maquinista se vira para mim. – Estamos no Distrito 2?

– Ah, não. Cheguei ao Distrito 2 faz duas horas. Estamos no Distrito 1. – ele fala humildemente.

– Ah, sim – digo desanimada. – Você sabe se um homem alto, loiro e de olhos azuis, saiu do trem?

– Sim, senhora. Ele saiu apressadamente, como se estivesse atrasado para algo. – ele responde pensativo.

– Ah – digo calmamente. – Obrigada.

O motorista acena com a cabeça e sorri.

– São quatro horas ainda, se quiser, posso te levar até lá. São só três horas de viagem.

– Se não for muito incômodo...

– Ah, não! Hoje eu tenho que fazer hora extra mesmo. E além do mais, vou ter companhia. – ele sorri.

O maquinista parece ter a idade de Cato, mas quando ele sorri, rugas aparecem, deixando-o com cara de mais velho. Mas ele é bonito.

Ele dá a partida e seguimos para o Distrito 2 conversando, e esqueço a minha raiva por Cato ter me abandonado aqui.

* * *

Quando o trem chega à estação, o maquinista olha para a minha barriga e pergunta:

– É menina?

– Oh, sim. Ally. – sorrio.

– Bonito o nome. Aposto que vai ser bonita igual à mãe.

– Obrigada – não consigo disfarçar minha vermelhidão. Ele sorri humildemente. Chegamos à estação de trem, agradeço ao motorista e saio. Minha raiva toda volta, e percebo o quanto estou cansada. Reviro os olhos, pego o telefone e ligo para Cato.

– Clove, meu bem! Onde você está? Fiquei te procurando igual um doido!

– CATO SEU BESTANTE DE UMA FIGA, EU VOU TE MATAR QUANDO EU TE ENCONTRAR, SEU BESTANTE IDIOTA QUE MORRE NA CORNUCÓPIA, QUAL O SEU PROBLEMA?! POR QUE ME DEIXOU NO TREM?! – estou gritando, e todas as pessoas da estação de trem me encaram com espanto. – TÃO OLHANDO O QUÊ?! – grito para as outras pessoas. Elas voltam a fazer o que estavam fazendo. – CATO, VENHA ME BUSCAR AGORA NA ESTAÇÃO DE TREM, MAS ANTES ME RESPONDA SE VOCÊ AINDA TEM AMOR À VIDA: POR QUE DIABOS ME ESQUECEU NO TREM?!

– Clove, eu tive uma ligação do meu trabalho de uma reunião de ultima hora e tive que sair do trem correndo e...

– ENTÃO VOCÊ ACHA QUE O TRABALHO É PRIORIDADE E NÃO PODE ACORDAR A SUA ESPOSA?

– Eu pensei que você já tinha acordado! Clove, não quero discutir, estou indo para aí. Me espera. – ele desliga o telefone. Desgraçado!

Depois de MEIA hora, ele chega. Começo a bater no seu braço.

– O QUE QUE DEU EM VOCÊ, HEIN?! VOU TE DAR UM REMEDINHO PRA VOCÊ DORMIR, TE AMARRAR NUM TREM E MANDAR VOCÊ LÁ PRA **** QUE PARIU!

– Clove, calma. Tá todo mundo olhando pra gente. Vamos para casa. – ele segura meu braço e vai me arrastando até o carro, e vou xingando ele de todos os nomes possíveis até em casa.

– EU LHE DOU DEZ SEGUNDOS PARA ME EXPLICAR O PORQUÊ DE TER ME ESQUECIDO. – digo, ao sentar no sofá e fuzilar ele com o olhar. – UM...

– Clove, isso não importa... – ele começa.

– DOIS...

– Clove, me escuta!

– TRÊS...

– EU RECEBI UMA LIGAÇÃO SUPER IMPORTANTE DE UMA REUNIÃO DE ULTIMA HORA E QUE EU POSSO SUBIR DE CARGO E... – ele perde a paciência e grita. Já disse que Cato é ambicioso?

– E EU?! PRECISAVA DE ME ESQUECER?!

– NÃO, MAS SE VOCÊ TIVESSE ESPERADO MAIS UMA HORA PARA DORMIR EM CASA, ISSO NÃO TERIA ACONTECIDO!

– ACHO QUE VOCE NÃO ESTÁ LEMBRANDO, CATO, MAS EU ESTOU GRÁVIDA E ESTOU SONOLENTA POR CAUSA DISSO!

– QUANDO MINHA MÃE ESTAVA GRÁVIDA DE ANNE, ELA NÃO FICAVA ASSIM! – ele grita se aproximando de mim.

– TÁ ME CHAMANDO DE MENTIROSA? – rebato.

– NÃO FUI EU QUEM FALOU QUE O OUTRO SE IMPORTA MAIS COM O EMPREGO DO QUE COM A FAMÍLIA! – ele grita. – E NÃO SEI SE VOCE AINDA DESCOBRIU, MAS EU SOU O ÚNICO NESSA CASA QUE TRABALHA!

– NÃO SEI SE VOCE PERCEBEU, MAS EU TAMBÉM TRABALHO COMO MENTORA, E NÃO ESTOU TRABALHANDO PORQUE ESTOU GRÁVIDA! – grito de volta. – GRÁVIDA, SABE O QUE QUE É ISSO?! G-R-Á-V-I-D-A! ESPERANDO A SUA FILHA!

– NÃO SOU BURRO, SEI O QUE É A MULHER ESTAR GRÁVIDA!

– BEM, PARECE QUE VOCÊ SABE DE MUITAS COISAS, MAS NÃO SABE O QUE É TRATAR UMA ESPOSA DIREITO! – grito com raiva, já em pé na sua frente. Ele agarra meu pulso com força. – CATO, SOLTA MEU PULSO!

– SEI NÃO, CLOVE? NÃO SOU EU QUEM TE DÁ UM COLAR, TE DÁ FLORES TODO SANTO DIA, TE ALEGRA QUANDO VOCÊ ESTÁ TRISTE, TE TRATA COMO UMA RAINHA, NÃO SOU EU NÃO? – ele aperta mais ainda meu pulso, deixando-o vermelho.

– CATO, VOCÊ ESTÁ ME MACHUCANDO! – grito, tentando me soltar. Ele levanta a outra mão, e me encolho, achando que ele vai me bater. Cato é capaz disso? Sinto lágrimas rolarem dos meus olhos.

Mas não. Ele parece mudar de idéia. Ele solta meu pulso e me encara. Ouço o barulho de chuva e de trovões. Ele vê que estou chorando e esfregando minha mão esquerda no meu pulso da mão direita.

– Clove... – ele se aproxima de mim.

– NÃO ENCOSTA EM MIM! – grito, me afastando dele. Meu pulso dói demais e Cato teve a rápida idéia de me bater. Ou será que não teve a idéia, e é só um fruto da minha imaginação?

– Clove!

– SAI DAQUI! – grito. – Você me machucou. – encosto na parede. A idéia de ter me machucado parece ferir Cato como uma navalha. Ele se afasta, abre a porta, dá uma ultima olhada para mim, sai da casa e bate a porta tão forte que ouço um prato caindo no chão da cozinha.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fiquei com um aperto no coração quando escrevi esse capítulo...