Tudo acontecera rápido demais. O sono inexplicável que a acometeu no ônibus, o despertar naquela enorme colina desconhecida. Uma horrenda criatura de corpo escamoso encarava-a, bufando agitadamente. Tinha um rosto indefinido, repleto de deformações, seis patas com garras retorcidas e deveria ter quase 3 metros de altura Definitivamente, não era o momento certo para analisar a situação. A não ser que ela pretendesse fazer disso seu último ato.

Levantou em sobressalto, ainda desnorteada. Suas pernas cambaleavam. Ao fitá-las, percebeu uma enorme quantidade de arranhões que entrecortavam a calça do colegial, eliminando uma espécie de espuma. Sangue jorrava, possivelmente o efeito dessa substância venenosa.

Um passo. A morte. Ela estava perdida. Eis que arriscou, colocou um pé à frente. Algo errado. Não havia terra. Era um sólido. Uma espécie de faca com dois gumes. Uma adaga recordou do termo usado em alguns livros sobre tempos medievais. Abaixou, lentamente, para que o monstro não sentisse a ameaça e decidisse finalmente atacar.

Então, fez a única coisa que lhe cabia. Atirou a arma. Não esperou para contemplar o resultado. Impulsionou-se, com a força que a restava, e correu até o ponto mais alto do monte. Perdeu o equilíbrio, a visão completamente distorcida. Ouviu um urro de longe e desabou. Avistou enormes campos, e, enfim, seus olhos se cerraram. Morangos a esperavam.