My First Kiss With Her – Cap 2

Cato (15 anos) (Clove tem 13)

Já era a hora. Já estava tudo planejado. Logo depois do Centro de Treinamento levaria Clove até sua casa, e na sua porta diria tudo o que passei a sentir por ela durante esses anos, cada detalhe do sentimento que hoje eu admito ser paixão. Eu nunca demonstro afeto por ninguém, mas eu me desarmo ao lado dela. Eu diria um inalcançável “você é linda” e bum!, eu a beijaria.

Não estou nervoso, longe disso, até por que já fiquei com milhares de garotas até hoje. Mas sempre que Clove as via, sentia um aperto em meu coração (que hoje posso dizer que tenho um).

Entro no C.T. e miro ela com seu olhar penetrante e atraente, enquanto ela joga facas com uma certa brutalidade no centro do alvo. Sua pele pouco pálida destaca suas leves sardas que salpicavam seu rosto. Aproximo dela, que me olha confusa. Eu nunca chego “cedo” no treinamento, apenas de madrugada, e agora são 21h da noite.

─Meus pais foram jantar em um restaurante por ser aniversário de casamento deles e decidi te encontrar. Acho que eles não vão voltar tão cedo. –explico rindo.

Seu sorriso se fecha, seu rosto começa a ficar em um tom avermelhado e uma lágrima se escorre por sua face.

─Que droga, Cato! – ela grita largando a faca no chão e corre para fora do C.T.

O que eu disse?!

─Ei, Clove, espera! – chamo-a, correndo  para alcançá-la.

Ela some em direção à campina. Sigo-a, com apenas as estrelas me iluminando. Ouço um choro baixo em cima de uma árvore, passo entre as gramas molhadas de orvalho e vejo-a na copa. Escalo-a e subo no mesmo tronco que ela.

─Clove... Eu... –tento dizer, mas ela me interrompem em um abraço.--Tudo bem... – eu digo, acariciando seus cabelos enquanto ela chora abraçada ao meu tórax.

─Meus pais se separaram, Cato. –ela diz soluçando.

─Oh... Me...Me desculpe se... – não consigo terminar a frase. Fico com pensamentos em minha cabeça. Eu sou Cato. O garoto que todos têm medo. Aquele que sempre vence. O Bruto. O bruto Cato.  Ponho meu rosto entre seus cabelos, inalando o seu cheiro de cereja. ─Clove... Por que... Por que só você conhece o meu lado mais...

─Dócil? – ela para de chorar e sorri. Sorriso lindo. ^^

─É. – sorrio junto.

─Por que você... Faz questão de mostrá-lo para mim. – ela diz. ─Só pra mim. –ouço seu sussurro e solto-a de meu abraço.

─ E por que será? Pergunto sorrindo enquanto lentamente vou me aproximando de seu rosto, vendo-a ruborizar.

─Me diga você... –ela ri. Seus cabelos refletiam as estrelas da noite. Dava para ouvir grilos e cigarras “cantando”. Sua cor de pele já havia voltado ao normal, seus olhos estavam mais cinzas que a tempestade.

─Por que você é minha garota das facas, Clove. – digo calmo, deixando as palavras fluírem. Sinto um frio na barriga no instante que, com uma mão, puxo-a para mais perto de meu corpo, e com a outra, pego em seu rosto. ─Só minha. ─ Ao dizer isso, junto seus lábios gélidos ao contato com os meus,  beijando-a com delicadeza.

Como eu já disse esse não foi o meu primeiro beijo, mas foi o mais importante, pois foi com a Clove, minha pequena.