Capítulo oito

Três "elefantes" incomodam muito mais

“São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades"

(Harry Potter)

Correção; há coisas que ela odeia mais que os homens:

Penélope Moore: A líder de torcida do futebol americano e sua concorrente no xadrez.

Sim! O diretor é tão bajulador dela que a deixou fazer duas oficinas. Muitos acreditam que ela dá para ele em troca disso.

Charlotte Evans: prima de 2º grau e líder de torcida do basquete.

Anne a detestava tanto que poderia esganá-la se pudesse. Faz-se de santinha, mas na verdade é a maior vadia do colégio. Porém engana tão bem que seus pais a adoram mais do que ela.

Essa raiva toda aumentou ao vê-las dando em cima de Max e James. A morena se afastou do Ethan e foi em direção ao ruivo, abraçando-o por trás. Ela poderia matá-la só com os olhos.

— O que tu está fazendo com o meu namorado? — rosnou.

— Eu só estava o avisando sobre os treinos, priminha. — revidou.

— O que ela disse é verdade? — questionou.

James apenas assentiu.

— Que tipo de namorada você é, em? Nem para assistir o treino dele tu serve. — declarou com maldade.

— Cala a boca. — berrou e puxou o ruivo para a sua direção, pulando com ele em felicidade.

“Parabéns, meu amor” sussurrou, porém Charlotte também ouviu. Bem, era isso que a pequena queria.

— Vaza. — ordenou para a morena, fazendo com que a outra saísse a passadas.

Depois do que ocorreu o homem se desvencilhou dela e a olhou de uma forma boba, porém maliciosa.

— Ficou com ciúmes, Anne? — sussurrou no ouvido dela, mesmo que estivesse a uma distância considerável da companheira.

— Cala a boca. — urrou.

Olhou para mais além e viu sua prima andando com graciosidade e balançando seus cabelos pretos enquanto observava o seu namorado tapado com seus grandes olhos azuis. A única semelhança que tinham era o cabelo, apenas isso. Anne agradecia aos céus por isso, porém ás vezes tinha inveja dela por não ter as íris do mesmo tom que Charlotte.

— Mas não se preocupe, eu ainda te acho mais linda que ela e nunca irei te trair. — comentou de forma automática.

— Como se eu fosse acreditar nisso mesmo. E por que não me contou que tinha passado no teste para entrar no time de basquete? — comentou ao rolar os olhos.

— Porque eu me esqueci. — respondeu.

— E-e tu sabes se o Ethan e o Max também passaram nos testes deles? — perguntou.

— O Max sim, porém o Ethan vai fazer agora — disse após olhar para o relógio.

— Eu tenho que ir. — esbravejou e foi correndo em direção a pista.

Em poucos momentos, como esse, que a morena gostava da escola que tinha. Era a única que liberava o aluno às 8h da manhã quando tinha algum teste. Isso geralmente ocorria duas vezes por ano e durava em torno de uma semana. Mesmo que quisesse faltar não podia, pois geralmente eles faziam provas durante esses dias.

O motivo de seu desespero foi porque se sentiu culpada por não assistir os testes dos dois, fazendo com que fosse pelo menos ver o do moreno. Seguiu em direção ao local e sentou-se na arquibancada.

— Ethan! — berrou ela após vê-lo.

O gênio apenas deu um meneio de cabeça, mas sua expressão pareceu ficar séria. Porém algumas meninas não gostaram do que ocorreu e começaram a chamar a menina de infiel e vadia, sendo que esses foram os xingamentos mais delicados que recebera.

Neste instante algumas líderes de torcida do basquete e futebol americano foram em direção ao gramado e começaram a improvisar uma coreografia para o novato - não tão novato.

A largada foi dada e Ethan correu em disparada, parecendo um Bolt em meio à pista. Foi o primeiro a chegar, porém não teve dificuldade em fazê-lo. Anne pensou que era porque ele tinha usado os poderes, mas logo se lembrou do que ele tinha dito no telhado. E então descobriu o porquê de ele ter ficado serio quando a notou.

— Lindo! — exclamou uma ruiva o beijando em seguida.

Anne que estava na arquibancada não entendeu o porquê de seu peito se apertar de uma forma dolorosa, notando que algumas lágrimas estavam insistindo em cair. Correu em direção ao banheiro e lavou rapidamente o seu rosto. Não queria compreender o seu ato e muito menos ficar naquele estúpido colégio.

Ficou feliz quando chegou a casa, feliz por não ter indo na companhia de alguém e feliz principalmente por ficar sozinha pelo menos uma vez em tanto tempo. Pegou uns ovos da geladeira e começou a tacar nas pessoas e pela primeira parou antes da hora. Queria acreditar que era por causa do seu amadurecimento, mas sabia o motivo disso era que a imagem que viu na pista não saia da cabeça.

Aquela garota o selando de um jeito nojento enquanto ele correspondia. Os braços dele enlaçando a cintura fina dela enquanto ela acariciava seus cabelos de uma maneira bruta. Não sabia que era porque fora o único dos três que não a beijara, que não conversava muito com ela ou se parecia indiferente a tudo que a pequena fazia. Parecia tão intocável e isso de alguma maneira a irritava, deixava-a tão fula que tinha vontade de sumir.

Um baque na porta foi ouvido, fazendo com que a morena fosse correndo até a sala. O que viu a deixou vermelha, tão vermelha que parecia estar doente. Duas coisas fizeram com que desse uns tapas no loiro e no ruivo, Charlotte e Penélope. Após isso ela os trouxe para a cozinha, fazendo com que as garotas não entendessem seu gesto.

— Vocês enlouqueceram por acaso? Por que trouxeram aquelas para cá? — sussurrou.

— Porque elas se ofereceram para nos mostrar o cronograma dos nossos jogos, só isso. — respondeu Max.

— E não poderia ser um menino, não? — perguntou irritada.

— Pelo que sei são as meninas que são encarregadas disso, já que são muito mais organizadas que nós. Além de que os jogadores estão muito ocupados para isso. — declarou o ruivo aos sorrisos.

— Tem razão. Mas façam o favor de irem bem longe com essas duas, eu não as quero aqui. — finalizou indo em direção à geladeira e pegando um suco de açaí e um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro e bombom.

— Posso pegar um pedaço desse bolo? — perguntou o loiro ao ver o que ela tinha na mão, mas foi impedido de pegar a comido por um beliscão nas mãos.

— Não! Agora saiam, senão a minha casa vai se encher de pulga com aquelas cachorras na minha sala. E eu não quero ter que comprar um dedetizador apenas para fazer isso na mansão. — rosnou, empurrando-os até o outro cômodo.

Suspirou ao perceber que já tinham ido. Rodopiou até o seu quarto e pegou um laço-gravata e foi em busca do Wonka. Depois de um tempo o achou após gritar seu nome umas milhares de vezes. Sussurrou um “você não faz nada que eu mando, não é?” para o gato e colocou o enfeito com muito, muito esforço. Isso lhe rendeu mais uma penca de arranhões e dentadas.

Um casal entrou em sua residência quando estava prestes a sair e ela apenas bufou por isso. A compra de novas pantufas ficaria para outro dia mesmo. Estava prestes a acertar as pessoas pensando ser o loiro o ruivo, porém se assustou que era o Ethan com aquela... aquela ruiva dos infernos.

— Saí daqui garota! — berrou a empurrando com brutalidade para fora.

— A convidada é minha, Anne, peço que a trate com respeito. — a morena até poderia ver um chifre e um rabo vermelho saindo do corpo da mulher só pela expressão que fizera.

— Porém eu queria que você me ensinasse a cozinhar, Ethan. — disse de forma mimada.

— Não mesmo, agora é minha vez de recusar a ajuda. E ela vai ficar aqui sim. — mandou, sentando-se com a garota no sofá.

Ligou a TV como se nada tivesse acontecido e abraçou a companheira, encostando o braço nos ombros dela. Um filme estava passando, mas mesmo assim Anne não desistira. Posicionou-se do lado do gênio e o olhou da forma mais irritada que podia.

— Esqueceu de apenas um detalhe, a casa é minha e você é apenas um inquilino dela. — comentou.

— Fique quieta e aproveite o filme. Não sabe o quanto é chato ter uma criança reclamando feito uma vovó no seu ouvido. — revidou, dando um selinho na ruiva.

Anne engoliu o choro, não querendo se mostrar fraca. Um bolo se formou em sua garganta e ela foi a passos fundos em direção ao seu quarto. Ainda não compreendia o porquê desse desconforto ao vê-los daquela maneira, desabando ao chegar a sua cama. Deitou-se de bruços e abraçou o ursinho que encontrara pelo caminha.

Ela odiava quando não faziam o que queria e não se permitia admitir que tivesse outro motivo para que reagisse dessa maneira tão escandalosa.

Como ela pode se deixar envolver com os três de uma maneira tão rápida? Não fazia nem uma semana que os conhecia, mas pareciam anos. Neste instante ela apertou o bicho de pelúcia, percebendo que o gato estava do outro da cama a olhando de uma maneira tristonha.

Talvez, só talvez, ele estivesse sentido pena dela. E assustou-se pelo que descobrira, já que um animal considerado tão solitário teve essa reação. Logo ouviu uma batida na porta, mas não pode responder, pois a pessoa a abriu em seguida.

— Desculpa. — sussurrou enquanto acariciava os cabelos.

— O que está fazendo aqui, em? Vai lá com a sua ruivinha, vai! — exclamou, porém sua voz saiu abafado pelo choro.

— Mesmo que tenha ficado com ela você é mais importante, já que é minha mestra. Além do mais eu percebi que a Lindsay é muito ciumenta, ficou reclamando de ti o filme inteiro. — declarou.

Ela se virou rapidamente e o olhou de forma alegre, ele apenas disse novamente um “desculpe” ao ver a situação em que se encontrava. Ethan tinha vontade de abraçá-la ao vê-la tão indefesa.

— Quer dizer qu- — foi cortada.

— Sim, eu a mandei ir embora. — respondeu de imediato.

— Melhor assim. — comentou aos risos.

— Aliás, vai querer aprender a cozinhar ainda? — questionou.

— Eu vou acabar contigo! — finalizou, correndo com o moreno em seu encalço.

Com muita dificuldade e algumas guerras de comida eles conseguiram fazer miojo, pois as tentativas de fazer um bolo ou outra coisa mais elaborado não deram certo. Mas pelo menos a morena conseguiu fazer ovo frito também.

— Seu mentiroso! Tu és péssimo na cozinha. — declarou enquanto comia.

— Pelo menos aprendemos juntos, não? — questionou enquanto gargalhava.

— Contudo acho bom não fazermos mais isso, pois tenho a certeza que dá próxima vez botaremos fogo na casa. — comentou.

— Como se tu não tivesse quase feito isso. — confessou.

— Mas eu consegui apagá-lo rapidamente. Diferente de ti que ficou paralisado sem saber o que fazer. — revidou.

Neste instante os meninos chegaram à cozinha e se assustaram com o que viram, porém pegaram os pratos e os acompanharam na janta. O encontro que tiveram não foi mencionado na mesa, já que a morena os olhava com ódio quando eles tentavam tocar no assunto.