Faça-me Um Pedido! escrita por Apiolho


Capítulo 23
Capítulo 23 - Noite de meninas


Notas iniciais do capítulo

BOA NOITE! *-*

Quero agradecer Sparkly Dark Angel por comentar no anterior, muito mesmo, obrigada.

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/260871/chapter/23

Capítulo vinte e três

Noite de meninas 

“Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.”

(Clarice Lispector)

— Posso entrar? — declarou alguém ao bater na porta.

É claro que a voz era conhecida, tanto que ela sabia quem era, a pessoa de cabelos pretos e olhos cinzentos mais lindos que já vira.

— Pode Ethan. — gritou.

Logo foi aberta e ele entrou com pote e saco plástico com algo dentro em mãos e duas colheres. Era sorvete de menta com chocolate, comida do qual eu mais gosto. O moreno deu um sorriso torto enquanto o olhava em interrogação.

— Eu trouxe para você porque notei que estava um pouco nervosa quando chegou, foi difícil achar no mercado, mas por sorte encontrei. E, claro, filmes também. — explicou-se.

— Como se fosse uma noite de “meninas”? — questionou, segurando-se para não rir.

— O que quiser que seja. — sussurrou, parecia alegre.

— E os outros? Não vão ver conosco?

— Então quer dizer que aceita? Eles já foram dormir no estábulo. — comentou.

— Dai-me esse sorvete logo antes que derreta e deixa eu ver os filmes que escolheu. — respondeu ao dar de ombros.

Prontamente atendeu e ficou a esperando. Dentre as opções tinha “doce amor”, “perigo em duas rodas” e “sussurros a meia noite”. Queria pegar o último, mas resolveu pelo primeiro, já que não queria ficar se agarrar nele por sentir medo de alguma cena.

— Coloca no DVD embaixo da TV por favor? — perguntou após dar a fita.

— Vamos ver aqui? Digo, no seu quarto? — assustado.

Ela então sorriu de maneira traiçoeira ao ouvi-lo.

— Por que não? É uma noite de garotas mesmo. — gargalhou.

— Fale o que deseja, não entrarei no seu jogo, mas apenas hoje farei uma trégua. — disse de forma calma enquanto colocava o filme.

Depois desse ato se posicionou ao lado da morena ao se cobrir com a coberta. O ar condicionado era forte e fazia com que sentisse frio, porém nada disse ao saber que logo se acostumaria. A cena se passou em uma escola do ensino médio em que os dois se trombaram e se apaixonaram perdidamente, sempre com uma vilã para tentar atrapalhar, algo clichê e enjoativo para Anne.

Ethan parecia tenso e rolava os olhos a cada parte melosa, fazendo com que a morena se arrependesse de não ter escolhido o de terror. Ela comia o sorvete e o companheiro teve que ser rápido para pegar comê-lo, era ligeira e parecia um saco sem fundo enquanto devorava o gelado.

— Então, o que aconteceu para que ficasse tão nervosa? — questionou tentando aparentar desinteresse.

— Encontrei-me com Cold e ele me beijou. — respondeu após suspirar.

O de olhos cinzentos pareceu engasgar nesse instante e ficou vermelho ao sussurrar “aquele maldito, ele prometeu”. E foi com dificuldade e depois de um tempo que conseguiu olhar para a garota.

— E você gostou? — perguntou sem vontade.

— Não, apenas fez isso porque eu parecia com Charlotte. — declarou, fazendo uma careta.

O gênio fechou as mãos em punho ao ouvir isso.

— Então por que chorou? Ele te machucou? — a raiva transpirava pelos seus poros.

Ela então começou a soluçar ao derramar lágrimas pelo seu rosto, Ethan a abraçou e acarinhou seu cabelo por causa da reação da jovem. Estava assustado, desesperado e sem saber o que fazer, falar.

— Pelo contrário, disse que eu sou linda, guerreira e que merecia ser ajudada. Mesmo ele ainda amando a minha prima resolveu me oferecer aqueles documentos, deu-me crédito. — falou com dificuldade.

A roupa dele estava praticamente encharcada, entretanto não se importava. Não sabia do que a morena falava e nem precisava ter essa informação agora. Neste momento levantou sua face pelo queixo de forma lenta para que a olhasse e soube o que falar quando os viu encharcados.

— Você é linda Anne Evans, uma beleza que não vi em nenhuma garota, sem falar da personalidade. Mesmo querendo parecer durona, é frágil, além de divertida, alguém que Charlotte nem chega aos pés, nunca. — confessou em baixo tom.

Abriu a boca e balançou a cabeça em discordância para depois corar, parou no mesmo instante de chorar para dar um pequeno sorriso.

— Acha isso mesmo ou só está sendo gentil por causa da trégua? — desconfiada.

É claro que se achava bonita, mas isso dificilmente sai da boca de outra pessoa. Charlie sempre foi o centro das atenções e ela a sombra.

— Não, estou sendo sincero. — foi duro, seus olhos pareciam perfura-la nesse instante.

O ambiente se tornou silencioso enquanto um fitava o outro, ela parecia avalia-lo. Seus olhos pareciam brilhar, mas não deixavam de ser penetrantes. A garota estava sendo acariciada com o polegar de forma lenta e os rostos estavam próximos, até demais. O filme estava no final, e o que se admirava era de não querer estragar esse clima com essa desculpa.

Aquele ar, o rosto, o cabelo, tudo nele parecia atraente. Seu coração disparou, não resistiu e mirou seus lábios, sentindo uma vontade de tocá-los como nunca antes. Por Deus! Como tenho desejo disso. Ao abrir a boca sabia que iria se arrepender, mas o fez.

— Me beije Ethan, por favor... — ralhou de forma desesperada.

Ele então posicionou seus lábios em sua bochecha e a beijou de leve para depois ir de encontro a orelha.

— O que disse? — sussurrou, o que soou sexy para a morena.

— N-nada. — gaguejou enquanto ele sugava o lóbulo de forma sedenta.

Os créditos corriam pela tela, mas sentiu quando ele paralisou e a olhou após segurar seus ombros. Parecia descrente enquanto balançava a cabeça, a cada ato ele dizia “merda”, “droga”.

— Se soubesse o que faz comigo não me provocaria desse jeito Evans, tenha uma boa noite. — declarou de forma séria e foi em direção a porta e a fechou.

Levantou-se e ao ir no banheiro constatou que seu rosto estava sujo de sorvete e com um aspecto rosa, como se tivesse corrido uma maratona. Não acreditou no que tinha falado, entretanto sua imagem refletida era de alguém sorridente.

Não! Isso nunca. Nunca. Pensou e se dirigiu a cama, tentando ao menos dormir enquanto observava o Wonka mexendo em sua pantufa. Mais uma que ia para o lixo amanhã.

Acordou mais cedo para não topar com o gênio e ter tempo para estudar para a prova, mas ao descer a escada encontrou os três na cozinha. Passava o mel na panqueca e brigava com o Max pela forma como ele comia ao mesmo tempo. Ethan não falou nada para a morena e nem ao menos se olharam. A cena de ontem passava pela cabeça e ela constatou que só poderia estar bêbada para pedir aquilo e a última frase dele rondava em sua mente constantemente.

— Vai ficar até mais tarde no colégio hoje Anne? — perguntou James.

— Sim, avisem ao motorista para não me esperar hoje. — disse simplesmente.

— Okay. — rebateu de forma risonha.

O fato é que ele disse isso enquanto escrevia no ar a palavra, tinha lido “a culpa é das estrelas” e gostou tanto da história que repetia isso direto. A garota fingia odiar o livro, mas chorou escondida no final das páginas, era impossível não ficar triste pelo que ocorreu.

— Vão mais cedo? — falou, já atravessando a porta.

— Eu. — declarou Max enquanto os dois ficavam na casa.

Quando sentaram-se no banco da limusine Zacky partiu.

— Posso saber porque querer ir na escola nesse horário? — braba.

— Vou dar uns amassos em uma garota antes de começar as aulas. — respondeu de maneira maliciosa.

— Preferia nem ter perguntado. — sussurrou.

Nada disseram e quando saiu do carro foi direto para a biblioteca e ele para trás do colégio. O encontro, a balada e os acontecimentos a fizeram se dedicar pouco aos estudos. A prova era hoje e se fosse mal nela ficaria de recuperação. Pegou o livro da matéria e o folheou para depois procurar na internet do computador, que era mais lenta que a manivela, e só saiu quando bateu o sinal.

Lindsay já estava na sala, assim como o fofão. Ao redor do Saulo estavam vários pessoas, eram uns sanguessugas, tanto de dinheiro quanto de informação. Como se uns minutos o fariam se sair bem na prova. Novamente músicas foram tocadas, alguns alunos trocando de carteira, pessoas rezando e o professor pedindo silêncio.

As perguntas eram fáceis, até demais. Ela procurou por alguma pegadinha, mas nada. Sussurros foram soltos atrás de si e do lado, pessoas colando, claro. O professor pegou uma dupla e colocou um zero bem grande e colocou no quadro para todos ver enquanto os mandava para a diretoria.

As aulas passaram rápido, como a Robertha não se encontrava ficou sozinha no intervalo. Max estava beijando uma garota na parede e se lembrou do que ocorreu ontem. Logo dissipou seu pensamento enfiando a cara no livro que estava em mãos. Viu no meio do pátio James com o clube de basquete e Charlotte pulando em suas costas, fazendo com que o fulminasse e ao perceber repeliu a prima e foi em sua direção com a turma atrás.

— Esses são Mike, Matthew, Paul, Fred, Courtney, Alisson, Taylor. Gente, essa e a Anne Evans, minha noiva. — apresentou, levantando-a.

Todos olharam aquela cena enquanto ele se abaixava e colocava um anel em seu dedo, confirmando os boatos que se seguiam desde quando entraram na escola. Charlotte parecia irritada, desconformada e chateada. Anne ficou vermelha, tanto de raiva quanto por vergonha.

— Quero te fazer a mulher mais feliz do mundo. — berrou enquanto a rodopiava.

Ele pediu para que saíssem e todos que batiam palmas pararam de os mirar. O ruivo então suspirou para depois dar um selinho na garota e posicionar as mãos em sua cintura.

— Desculpa não ter te contado, mas queria que fosse surpresa, espero que tenha gostado. — explicou-se.

— Mas não assim, na frente de todos. — disse, seus olhos ficando marejados.

Ela não sentia nada, apenas vergonha.

— Nunca poderia ser de outro jeito, meu amor. Assim Charlotte saberá que estamos comprometidos e não dará mais em cima de mim, e Cold terá a certeza de que é comprometida. — estava alterado.

Olhou para o lado e percebeu que Justine estava ali, a mirando, mas ao perceber foi em direção a prima dela.

— Então é por causa disso não é? Acha que eu sou sua propriedade e não quer que eu ande mais com ninguém. — explodiu.

— Claro que não, porém é óbvio que ele te feriu, e eu não quero isso.

— Não mais que você, que beijou a Charlotte na minha frente e me deixou sozinha na festa para dar carona para ela. — disse tudo que estava entalado em sua garganta.

— Fiz isso para te proteger! — exclamou.

— Zelar-me? De quê? Posso saber? — questionou.

— Sinto muito, mas não posso contar, não agora. — finalizou e se afastou em seguida.

Aquilo foi muito estranho para ela. Com o que Charlie o estava chantageando? Deveria ser algo muito sério para ele não contar. O sinal bateu e as aulas continuaram, matérias chatas entediantes, porém não queria que acabasse.

Quando todos saíram percebeu que era para sair, levantou-se de forma lenta e esbarrou em Cold no corredor. Como hoje era o dia em que participariam do comitê não poderia fugir dele e do que ocorreu no recreio.

— Já estava indo te buscar para irmos na quadra. — sorriu de forma cínica enquanto a abraçava de lado.

Foram até o local e os chefes começaram a dar ordens neles, Anne tinha que ajudar nos cartazes e Cold pegar mais papel e canetas. A garota ficou aliviada com isso e avisou que ia na biblioteca imprimir imagens com a organizadora principal do baile.

— Está realmente noiva do James? — questionou quando estavam perto do local.

— Sim. — confirmou.

— Pensei que estava com Cold, pois pareciam próximos na segunda. — rebateu.

— É apenas meu amigo. — Deu de ombros.

A garota loira de olhos verdes pareceu desconfiada, mas não a bombardeou mais com perguntas. Pegaram figuras de vestidos, casais dançando, balões, bolas e flores. Logo começaram a fazer as colagens e estava ficando bonito, mas nada espetacular, já que era apenas para informar a data da formatura.

— Anne... — chamou a voz conhecida.

— Que foi Cold? — questionou.

— Por que esta noiva de James? — parecia seco, grosso e bruto.

— Não te interessa, eu vi o quando procurou Charlotte e não quero que conte nada a ela. — rebateu no mesmo tom.

— Não precisa me dizer, uma hora descubro a verdade. — sussurrou de forma sombria enquanto ia em direção aos outros.

Aquilo a assustou e a fez ficar arrepiada, imaginando que algo ruim está para ocorrer. E ela almejava que estivesse errada neste momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nomes ficticios de filmes, não lembro de nenhum com esse título.

Gostaram? Espero que sim, fiz com muito carinho. *-*

Quero reviews, gostaria muito, obrigada por tudo!

Beijos,
Apiolho



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Faça-me Um Pedido!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.