Faça-me Um Pedido! escrita por Apiolho


Capítulo 10
Capítulo 10 - Sorvete, de novo não!


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, galera!
Desculpem-me a demora, mas é que eu tive muitas atividades e provas para fazer. Além do mais tivemos que fazer algumas coisas no trabalho.
Quero agradecer a Claray e a hans por comentar no capítulo passado, muito obrigada mesmo. *-*
Beijos e boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/260871/chapter/10

Capítulo dez

Sorvete, de novo não!

“Antes de
amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.”

(Pablo Neruda)

 

 

Ela não acreditava. Não mesmo. Nunca. Jamais.

Várias formas de como mata-los estava em sua cabeça, desde o esfaqueamento até com um tiro de bazuca. Porém apenas uma coisa se destacava em sua mente. Charlotte. James. Ele jogando basquete. A vadia oferecendo sorvete para ele. De morango ainda!

Então o que presenciou a fez lembrar-se de uma cena:

“Anne estava deitada em sua cama enquanto uma morena lia algumas piadas em um velho livro. As do pontinho eram as que mais tinham. Charlotte não parava quieta, ao contrário da outra que ouvia atentamente.

— Prima, o que tu acha do Chay? — perguntou de repente.

— E-eu não sei... — mentiu, porém Charlie bem sabia do que sentia por ele.

Amor, a mais pura paixão infantil.

— Então não se importa que eu divida esse sorvete com ele, não é?

— Tanto faz. — respondeu com desdém.

Seu pior erro foi confiar em si mesma e crer que poderia conquista-lo, mesmo com uma concorrente a altura. Só viu a garota dar o doce rosa para o guri e depois ver tudo desmoronar com um beijo.”

Correu até os dois e pegou o gelado da mão da morena, começando a digeri-lo em seguida. Sua prima apenas a olhou de forma indiferente, porém dava para perceber a raiva que sentia.

— Devolve! — urrou simplesmente.

— Mas esta tão bom. — revidou.

Anne tentava se esquivar da outra enquanto segurava o sorvete de maneira segura para que não caísse. O ruivo se encantara com o que vira, principalmente por perceber o verdadeiro sorriso da namorada. E ele desejava que ela fizesse isso mais vezes.

— É para o James e não para ti, gulosa. — berrou de forma mimada.

— Eu não vou deixar que isso ocorra novamente, não mesmo. — retrucou.

Ela caminhou mais um pouco, esquivando-se o quanto podia, porém em uma brecha Charlotte a segurou pelo cabelo, puxando-a bruscamente para perto de si.

— A menininha ainda não esqueceu o seu primeiro amor, é? Pois deixa eu te dizer uma coisa, ele beija muito bem. — confessou de forma maléfica.

— Não vou mais permitir que roubes outro alguém de mim, sua vadia. — declarou.

O que viu a seguir foi completamente hilário para o James, se não fosse um pouco ruim. Humor negro era o que o ruivo mais gostava. Anne depois do que disse espremeu o sorvete no rosto da prima, para depois posicioná-lo em seu sedoso cabelo.

— Agora sim está bonita! — concluiu a morena.

— Tu vai ver o que é bonito agora. — declarou a outra partindo para cima da garota.

As duas se atracaram no chão, porém a líder de torcida estava em vantagem. Como estava por cima, ela pegou a casquinha e a quebrou na cabeça da Anne, fazendo com que o liquido escorresse por seu rosto e cabelo.

James nada podia fazer, e nem queria. Ver aquela luta era mais emocionante que assistir a um boxe na TV. Nem o futebol era mais interessante que isso. O que mais ansiava neste instante era uma pipoca, pois sentado na arquibancada já estava.

— James, tira essa bunda daí e me ajude! — berrou a Anne.

Sempre tão educada.

“Pronto. O encanto acabou”. Pensou o ruivo ao ir em direção as meninas.

Ele tentou pegar a Charlotte, mas as mãos no cabelo da outra não permitiram isso. Uma até que dava, porém duas era muito pesado para se carregar. Até que poderia tentar tirá-la de Anne a força, porém ia machucar a sua parceira com isso. A de olhos azuis se agarrava a morena como um carrapato.

— Não presta para nada mesmo. — gritou a companheira.

O ruivo percebia que ela estava perdendo, entretanto não queria machuca-la mais. Charlie tirou as mãos das madeixas da morena, pronta para dar uns tapas nela. Anne apenas sussurrou um “agora” para o “namorado”, fazendo com que ele pegasse a garota e a dirigisse para trás de si.

A morena tentou dar uns chutes na prima, porém o guri a impedia. Sua raiva aumentou ao perceber o que a líder de torcida acariciava o cabelo e pescoço dele e ele nada fazia. Correu para trás do companheiro, mas de nada adiantava, já que o James se esquivava.

— Que fique com ela então. — declarou ao perder a paciência.

Foi mancando até a porta do ginásio, sendo impedida por vários alunos que corriam em sua direção. Ela quase foi pisoteada e ferida pela manada. Manada esta que se dirigiram ao mesmo tempo para o local ao virem à professora vindo. Mas não fizeram por menos, pois ela é a educadora mais exigente e valentona de toda a escola. Muitos ficaram sem aula ou foram estapeados por ela.

Entrou no corredor e foi em direção à enfermaria. Quando estava no
caminho notou o que fez, principalmente não avisar a algum aluno de sua saída. Ela deu de ombros, torcendo para que James fizesse isso. A sua sorte era que a sala dos enfermos estava vazia e a mulher pode atendê-la prontamente.

— O que houve querida? — questionou.

— Eu cai e ralei o joelho. — mentiu.

Não queria ter que ser levada para a diretoria por causa da briga. Pior seria contar o motivo do por que isso aconteceu. Ela já se sentia mal só de pensar.

— Então se sente aqui, meu anjo, que irei enfaixar e remediar o machucado. — doce.

— Obrigada. — sussurrou após sorrir.

Apesar de não querer admitir em voz alta, tinha muita sorte por ter ela como enfermeira. A mulher levantou a perna de Anne com delicadeza, começando a passar a pomada no ferimento.

— Tens certeza que caiu? Isso não parece... — foi cortada rapidamente.

— Sim! — respondeu de imediato.

— Se tu dizes, quem sou eu para duvidar, não é? — questionou.

A morena bem sabia que ela não acreditava na resposta dela quando falava isso. Mary começou a mexer sua perna constantemente, principalmente pela dor que estava sentido. Em um de seus “ataques” acabou acertando na canela da outra.

— Acho melhor deixa isso quieto, tá? Pelo seu bem e... o meu também. — confessou.

Anne a achou tão fofa envergonhada desse jeito. Talvez ela fosse à pessoa mais tímida e meiga que conhecera.

— Eu sei que está tentando ser o mais delicado possível, mas tá doendo! — rude.

— Irei tentar ir mais devagar, está bem? — questionou.

A morena apenas deu um meneio com a cabeça, acalmando sua perna em seguida e percebendo que ela não doeu mais depois. Após isso agradeceu a enfermeira por cuidar dela, culpa da educação que herdou de seus pais. Foi a passos de tartaruga para o ginásio, já que não queria ir para a aula e aguentar as asneiras daquela mulher.

— Senhorita Evans, três voltas na quadra. — disse simplesmente.

Ela apontou para a perna, mas parece que de nada adiantou.

— Agora! — berrou, dando uma forte apitada depois.

Começou a caminhar lentamente enquanto escutava as risadas das outras pessoas, principalmente da Penélope, que mais parecia uma hiena quando gargalhava. Percebeu que mesmo assim seu machucado estava doendo, mas não queria desistir. Não era uma pessoa fraca. Não mesmo.

—Mais rápido.

E Anne obedeceu.

— Até a minha avó é mais ágil que você, garota. — comentou.

— Eu estou com a perna machucada se ainda não entendeu! És tão cega para não perceber isso? Por acaso eu já faltei outra vez na sua aula, em? — revidou, pois estava cansada das humilhações.

—Percebi, mas isso foi por sua culpa. Deveria te dar mais punições, porém ainda fui boa em pedir apenas para dar três voltar na quadra. Ao contrário de ti a Charlotte ficou para assistir a aula, mesmo ferida. Sabe o que você merece? Detenção. — declarou.

— M-mas... — foi cortada.

— Anda! E leva a sua prima contigo, o diretor vai ter muito que conversar com vocês. — disse, apontando para a porta.

— Por que eu também tenho que ir? Foi ela que começou, Senhora. — comentou.

— Mas ele precisa ouvir as duas versões, não só a dela. Se não estiver lá não terá como se defender. — respondeu, acariciando os cabelos de Charlotte.

Vadia! Como ela consegue fazer com que todos a adorem?

— Tens razão. — finalizou, indo com a morena até a diretoria.

Antes de sair do ginásio Anne deu uma última olhada para trás, vendo que James não estava no local. Talvez ele estivesse no campo, já que cada turma faz uma função diferente nessa aula.

— Espero que seja expulsa. — sussurrou a de olhos azuis.

— Se eu for te levarei junto, porque quem começou a briga foste tu. — retrucou.

— Mas foi porque você jogou sorvete em mim.

— Pare de se fazer de vítima. Não fui eu que quis roubar o namorado dos outros. — mal-humorada.

— Tanto faz. — concluiu.

Anne sabia que isso era sinal de que ela ia aprontar alguma. Ao chegarem à sala do diretor, a líder de torcida o cumprimentou com um “bom dia” animado, sendo correspondida com uma piscadela. A outra sabia que estava ferrada neste instante. Era tão ruim ter um diretor safado.

— O que aconteceu, Senhoritas Evans? — questionou olhando para Charlie.

— Essa garota me bateu. — respondeu prontamente.

— É verdade, Anne? — perguntou.

O caso já estava acabado, mas ele apenas tinha que seguir as “regras”.

— Mas foi ela que começou, sendo que até machuquei a perna. — disse mostrando a perna de modo indiferente. Sabia que de nada adiantava, mas sabia que poderia ganhar. Era mil vezes mais inteligente que sua prima.

— É? E por qual motivo ela começaria uma briga? É a aluna mais educada que conheci, ao contrário de ti. — duvidou.

E a morena se lembrou do episódio que ocorreu alguns dias atrás.

— P-porque eu taquei sorvete na face dela por estar paquerando meu namorado. Ela é realmente uma vadia, completamente falsa. — declarou.

— Mas isso não explica sua atitude, já ela tinha motivos para começar a briga. Ficara essa semana em casa, tanto pelo que ocorreu quanto pelas coisas que disse da sua prima. — resultou.

Ficou sem reação. “Como assim?”. Pensou.

— E não vai fazer nada com a Charlotte? — irritada.

— Com ela eu me entendo depois, mas tu já podes ir.

— M-mas...

— Vai querer mais uma semana de suspensão, Evans?

— N-não, senhor. Já estou indo. — declarou.

“Ai, que ódio! Ele não sabe que eu tenho uma prova amanhã?”

Anne sentiu-se injustiçada com isso, porque já sabia que a prima não seria punida. Ele faz isso apenas para enganar as inocentes, pois sempre defende as mais bonitas da escola. A vontade que tinha era de voltar e despejar tudo que pensava sobre o diretor, mesmo que fosse expulsa depois. A única coisa que a impedia era saber que essa escola tinha a melhor educação do país e poderia a ajudar a entrar na melhor faculdade que queria por isso.

Andou a passos largos para a saída, porém voltou e ficou escondida esperando a Charlie sair. Quando a porta se abriu viu a garota limpando o canto dos lábios e arrumando a blusa. Caramba! Até ela? Porém notou que sua expressão não era sacana, mais a mais triste que já vira. Com isso foi mancando até em casa e nem se quer lembrou-se de chamar o Zacky para buscá-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram do capítulo?
O que acharam da enfermeira? E do diretor?
Eu estou odiando muito a Charlotte. auiehauei



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Faça-me Um Pedido!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.