Distrito 11 escrita por esa


Capítulo 2
O Trem


Notas iniciais do capítulo

demorei né? hahaha só que não! ok, vou parar com isso.
bem, tá ai, espero que gostem



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            A sala é grande, bem espaçosa, contém dois sofás, um virado para o outro, que estão cobertos por uma fina camada de pó, já que a sala só é usada uma vez à cada ano. Um quadro representando o estrago que a Capital causou ao Distrito 13 está pendurado em uma das paredes, uma forma de nos reprimir, garantir que não façamos o que eles fizeram, que não tentemos começar um levante.

            A sala era mal iluminada e abafada, não continha nenhuma janela. Talvez pelo fato de que os tributos pudessem apenas acelerar o que estavam prestes à acontecer. Sua morte. A porta se abriu com um gemido agudo e seco, fazendo-me virar rapidamente.

            -- Oh April, minha filha, eu sinto tanto! – minha mãe irrompeu em lágrimas, voando em meus braços e enfiando o rosto em lágrimas em meus cabelos. Ela soluçava e engasgava.

            -- Mãe, pare, vai ficar tudo bem, ok? Você só precisa... se esforçar mais, fazer mais serviços, Lish sabe como apanhar mais frutas nos pomares, não se preocupe, vai dar tudo certo! Eu prometo! – abracei-a de volta, forçando-me à não chorar.

            Um dos Pacificadores abriu a porta, um sinal de que o tempo de minha mãe havia acabado, então a arrastou para fora da sala, batendo a porta. Alguns instantes depois, a porta se abre novamente. Lish e Tennence entram já chorando, e envolvem minha cintura com seus finos bracinhos.

            -- Ei, ei! Vai ficar tudo bem, confiem em mim! Lish, me escute, você sabe como apanhar as frutas, sabe como as esconder. O faça, mas tenha cuidado! Tennence, você vai ajudar a mamãe. – falei acariciando os cabelos das duas.

            -- Tudo bem. – ambas sussurram, afastando-se de mim.

            -- Você tem que ganhar. – murmurou Tennence secando as lágrimas com os dedos trêmulos. – Prometa.

            -- Eu prometo tentar. – coloquei-me de joelhos e dei um beijo na testa de cada uma, então um Pacificador as tirou da sala.

            Àquela altura, não sabia o que mais me machucava, se era caminhar para a morte ou abandonar meus irmãos e minha mãe. Se eu quisesse mesmo ganhar, o que eu realmente achava duvidoso, teria de me esforçar o máximo, aprender o possível no Centro de Treinamento da Capital. Ah, e eu também teria de matar Jose... Jose, meu melhor amigo.

            Fiquei ali, sentada, tentando impedir que as lágrimas rolassem, o rosto enterrado nas mãos. Sabia que não teria mais visitas, porque além de meus familiares, a única pessoa que eu acharia provável me visitar seria Jose, mas ele estava agora em outra sala igual à está no final do corredor, provavelmente esperando os amigos, ou os familiares.

            -- Seu tempo acabou, venha. – um Pacificador disse ao abrir a porta, já caminhando até mim, pronto para me forçar à ir se eu me negasse à tal ação.

            Levantei-me e dei uma olhada ao redor. A camada de poeira, a mesma que cobria o chão frio de nossa casa, a mesma escuridão que continha devido à falta de iluminações e apenas uma janela. Sabia que não voltaria à ver minha casa, o Distrito 11, quanto à isto eu estava certa. Balancei a cabeça, como uma despedida silenciosa, e então, em apenas alguns minutos já estávamos na estação, flashes de câmeras ofuscando meus olhos.

            Lá estavam Dawn e Zen, as mãos em nossas costas, empurrando-nos para dentro do trem. Jose agarra minha mão e começa à me puxar. Estou tão desacreditada que fico sem reação, então Jose me puxa com mais força, tirando-me de meus pensamentos, fazendo com que eu acorde.

            O trem é enorme, já estamos em movimento e eu nem ao menos sinto isto. Zen me guia até meu quarto, então deixa a porta aberta para que eu espie um pouco antes de entrar. Balanço a cabeça em agradecimento, afinal, não é sua culpa eu estar ali, e sim da Capital. Quando entrei no quarto fiquei boquiaberta. Era enorme, com uma gigantesca cama bem no meio do aposento. Então, mais ao fundo, uma porta estava fechada, ao começo achei que seria do quarto de Jose, então quando a abri vi que estava errada. Era um banheiro, gigantesco, o chuveiro continha mais botões que as máquinas em que meu pai um dia trabalhara.

            A lógica da Capital me irritava, eu morreria em alguns dias, mas ainda assim eles me proporcionariam conforto. Abri as gavetas de uma cômoda maior que eu, encontrando lá dentro pilhas e pilhas de roupas novas e limpas, nada comparado ao nosso guarda roupa em casa. Casa. Afastei os pensamentos de minha mente, e me joguei na cama, que era macia e confortável. Fechei os olhos, e então adormeci.

            Uma batida na porta me fez estremecer, sentei rapidamente e passei as mãos pelo rosto, tentando melhorar minha aparência. Mais uma batida, então a voz de Jose fez-se presente do lado de fora.

            -- April? – ele perguntou vacilante, talvez confuso. Provavelmente não tinha certeza se deveria me visitar ainda.

            -- Entre. – falei e assim ele fez, fechando a porta à suas costas.

            Levantei-me da cama e me joguei em seus braços, tentando inutilmente reprimir as lágrimas, que rolavam por minha face debilmente. Ele me abraçou, puxando-me cada vez mais para perto, confortando-me. Seus dedos fazendo círculos em minhas costas, pois ele sabia que isso me acalmava. Sua outra mão afastando os cabelos de meus olhos.

            -- Ei, vai ficar tudo bem. – ele falou acariciando meus cabelos, então explodi.

            -- Não, não vai! Em algum momento, um de nós vai morrer, e nem ao menos sabemos se seremos nós mesmos que teremos de nos matar! Eu odeio a Capital! Odeio esses Jogos idiotas e sem função, isso... – ele colocou os dedos em meus lábios, fazendo-me silenciar.

            -- Não fale assim, eles podem te ouvir! – ele me abraçou ainda mais forte. – E eu não seria capaz de te matar, você sabe disto.

            Eu realmente sabia. De ambas as coisas. Sabia que eles estavam me ouvindo, e sabia que Jose não me mataria, assim como eu sabia, ou esperava saber, que não o mataria. Os Jogos são feitos para nos testar, são uma forma de diversão para as pessoas da Capital, até mesmo de alguns dos distritos mais ricos, como o 1, o 2 e o 4, onde os jovens são treinados para os Jogos. Os Carreiristas, como todos os chamam. Geralmente são eles os vencedores.

            Sentei na cama, ao lado de Jose, encostei a cabeça em seu peito e passei os braços ao redor dele, assim como ele também fez, passando um dos braços por minhas costas, enquanto o outro fazia carinho em meus cabelos. Levantei o rosto manchado de lágrimas, encontrando seus olhos fixos à mim. A coloração verde deles não era diferente da dos meus. Nunca havia percebido como Jose e eu éramos parecidos, quase únicos no Distrito 11, onde a maior parte da população tem a pele escura e sedosa, os cabelos escuros e os olhos grandes e castanhos. Baguncei os cabelos loiros dele, que eram parecidos com os meus. Poderíamos ser parentes, não fosse pelos sobrenomes diferentes. Ele desviou o olhar, olhando para o chão.

            -- Quando tudo isto acabar, você volta pra casa. Eu prometo. – ele disse inclinando-se para mim, e dando um beijo suave em minha testa. Levantou-se e saiu do quarto, sem ao menos olhar para trás.

            Estava tentando compreender suas palavras, o que ele queria dizer ao falar que eu voltaria para casa. Não consegui decifrar aquilo, de modo que me joguei na cama novamente, e quando estava prestes à me cobrir, outra batida na porta.

            -- Venha jantar April. Ah, e veremos a reprise das colheitas, então venha logo. – a voz de Dawn soou atrás da porta. – Ah, e venha arrumada, por favor. 


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Notas finais do capítulo

é isso ai pessoal, diz ai quem quer a April e o Jose juntos?
o o o o o o
bem, comentem bastante e me façam feliz! se quiserem divulgar a fic também não seria nada mal né ~le pisca sexymente~
é isso ai, beijo e até o próximo capítulo



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