Na manhã seguinte, eu acordei já atrasada. Tomei um banho rápido, coloquei um vestido florido, uma sapatilha e saí, segurando minha bolsa, minha chave e uma pasta, com folhas em branco e folhas desenhadas. Eu nunca deixava que ninguém tocasse aquela pasta além de mim e de meus professores, eu achava que meus desenhos eram um tanto quanto pessoais. Eu apertei o botão e o elevador social desceu rapidamente do décimo andar para o nono.

A mesma coisa que me aconteceu na tarde anterior se repetiu. A porta quase me acertou, mas por impulso eu me afastei.

–Isso já é tentativa de homicídio! –brinquei ao me deparar com Louis no elevador. Zayn estava com ele e eu decidi que sorrir e dizer um “Oi!” não mataria ninguém.

–Então essa é a... –Zayn começou, mas parou com uma expressão de dor e em meio a um suspiro disse: –Ai! Eu já a vi por aqui. Ontem para ser mais exato! –eu o ouvi sussurrar no ouvido de Louis, mas resolvi ignorar o que disse e o pisão que ele levara.

Eu me virei para apertar o botão do térreo, mas uma pequena luz avermelhada já se posicionava acima do “P”.

–Estão saindo? –eu perguntei.

–Sim, vamos à praia. –Zayn respondeu, animado.

–E os meninos?

–Estão dormindo. –Louis disse.

–Ah, bem, então se divirtam na praia. –eu disse saindo do elevador. Antes de desaparecer pelo corredor eu me virei. –A propósito, meu nome é Luiza! –eu dei uma piscadela para Louis.

–Espera! –ele me segurou pelo braço. –Você vai fazer alguma coisa hoje de noite? –ele perguntou, um pouco envergonhado. Eu balancei a cabeça num sinal negativo. –Eu posso te chamar para sair?

–Passe lá em casa às oito. –eu disse e sorri. Ele me soltou, retribuindo o sorriso. –Eu tenho que ir, estou atrasada.

Eu voltei da faculdade, fiz um croqui que seria usado na grande apresentação e me deitei até o anoitecer. Eu coloquei o relógio para despertar às seis e meia, mas eu acabei acordando antes da hora e resolvi ir me arrumar.

Eu estava sentada no sofá esperando, afinal, ele marcou comigo de passar aqui as oito e já eram oito e quarenta e três.

–Atrasado? Não é um bom jeito de se começar. –murmurei e alguns segundos depois um som irritante tomou conta da minha mente. Eu me levantei, ajeitei o cabelo, arrumei o vestido e abri a porta.

–Está atra... –eu me interrompi quando ele estendeu um buquê de rosas brancas. Eu aproximei o buquê do nariz e pude respirar por alguns segundos o leve aroma das flores.

–Me desculpe pelo atraso... É que é meio difícil encontrar uma floricultura numa cidade que você não conhece. –ele sorriu, revelando dentes claros e perfeitos que construíam um sorriso Colgate.

–Obrigada, Louis! Elas são lindas. –eu disse e as coloquei num vaso sob a mesa de vidro da sala.

Eu peguei minha bolsa e meu celular e saí. Tranquei a porta e me juntei a ele enquanto esperávamos o elevador.

Lá dentro, não tínhamos muito que conversar, então eu resolvi perguntar:

–Como foi na praia com o DJ Malik? –eu perguntei, realmente mostrando interesse. Ele ergueu a sobrancelha parecendo surpreso por eu saber algo do tipo. –Minha melhor amiga é directioner, é minha obrigação saber alguma coisa de vocês.

–Ótima, maravilhosa para falar a verdade! –ele finalmente respondeu, sorrindo novamente.

Ele tem que parar com esse sorriso, pensei.

–Não temos praias assim em Londres. –ele continuou.

–É uma pena que não possam morar aqui. –brinquei.

–É... Uma pena!

Quando saímos, fomos imediatamente cercados por fãs e câmeras. Ele pôs o braço em volta de meu ombro e a mão sob os meus olhos, protegendo-os das luzes dos flashes e me guiou até o carro.

–Entre! –ele disse, abrindo a porta do carona.

–Não, eu dirijo. Conheço o Rio de Janeiro bem melhor que você. –ele assentiu e entrou.

Eu não sabia aonde iríamos, mas escolhi meu lugar preferido em toda a cidade. A praia.

Nós caminhamos pela praia até o antigo cais dos pescadores. Eu tropecei em um pedaço da madeira mais alto que eu não notara, mas consegui disfarçar me sentando. Ele se sentou ao meu lado e eu sorri.

–Então... Quanto tempo você ficarão no Brasil?

–Eu não sei, acho que alguns meses.

–Ah...

–Por que a pergunta?

–Nada.

Um pequeno período se fez enquanto eu observava o ir e vir das ondas fortes que havia durante a maré alta.

Uma leve brisa soprou, mas foi o suficiente para bagunçar o meu cabelo.

–Os meninos gostaram de você.

–Mas o único que já falou comigo foi o Zayn. –ele começou a corar.

–Digamos que...

–Você falou de mim pra eles? –eu perguntei, séria.

–Talvez! –ele respondeu e eu tentei não rir. –Mas o Niall já te ama...

–Quê? –eu disse.

–Você o ajudou a fazer comida... Ele casaria com você! –eu ri. –É sério!

–Não é disso que eu estou rindo.

–Do que é então?

–É que eu não entendo... Com tantas meninas que são loucas por você... Por que eu?

Ele não respondeu.

Como eu esperava, ele não respondeu. Ele simplesmente abaixou a cabeça para não mostrar que estava corando. Eu ri.

–Você tem um sorriso lindo! –ele disse e meu rosto começou a queimar.

MALDITO, PORQUE VOCÊ TINHA QUE FALAR ISSO? AGORA EU TAMBÉM ESTOU CORANDO!

–Obrigada! –eu respondi.

–Você não me vê como Louis, da One Direction, mas como Louis, um cara normal que quase te nocauteou com uma portada na cara. –ele continuou e riu.

–Você também tá com fome ou sou só eu? –eu perguntei, desviando do assunto.

–Morrendo.

–Então, no prédio do lado do nosso tem uma lanchonete ótima e...

–Eu tenho uma ideia melhor. –ele disse se levantando e me estendendo a mão para me ajudar a levantar.

–Aonde vamos?

–Que tal um jantar caseiro?

–Eu não sei cozinhar.

–Eu não disse que você que ia cozinhar.

–E você sabe cozinhar?

–Há essa hora, o Niall está jantando... De novo... Então eu pensei em irmos lá.

–Eu posso trocar de roupa antes? –eu perguntei tirando a areia grudada na parte do vestido longo e perolado sob a qual estava sentada.

–Não, você está perfeita assim! –ele respondeu.

Eu o deixei dirigir até em casa e fui para o apartamento com ele.

Eu estava meio... Envergonhada, afinal, eles eram famosos e, eu odiava admitir, mas lindos e desejáveis... Eu não sabia se estava pronta para isso, mas não podia mais voltar atrás. Louis já tinha destrancado a porta e abria espaço para que eu entrasse.

–Meninos, essa é a Luiza, a garota sobre quem eu... –ele se interrompeu e eu ergui a sobrancelha e ri.

Exatamente como eu imaginei, Niall estava comendo e Harry, Liam e Zayn estavam jogando.

TAQUEOPARIU! DAÍ-ME AR, SANTO DEUS TODO PODEROSO! O QUE QUE É ISSO, QUANTA BELEZA EM UMA SALA SÓ!

Harry usava sua camisa de manga preta, uma calça de moletom azul-marinha e estava descalço. Liam usava apenas uma bermuda de pijama acinzentada. Niall estava com uma regata branca, uma calça de moletom cinza. E Zayn... O Zyan... Ele usava uma regata acinzentada tão justa que definia com precisão cada músculo de seu peitoral, uma calça branca e um chinelo preto.

–Eu me lembro de você! Eu já te vi em algum lugar não foi? –Harry disse de modo lento como sempre falava e veio me cumprimentar.

–Ela é a garota do elevador. –Zayn disse tentando fazer Harry se lembra, mas pela cara dele, nada veio à mente. –A que estava trocando mensagem. –ele tentou novamente. –A das listras! –ele disse inquieto.

–Ah, agora sim eu me lembro.

–Você se lembrou de mim por causa de uma blusa de listras?

–É que o Lou também usa listras, aí... –Harry começou. –Esquece!

–Já esqueci.

–Lou, eu posso falar com você? –Harry disse.

–Ah, claro! Eu já volto, Lu! E vocês... –ele disse. –Eu os deixo em suas mãos, Liam!

Louis P.O.V.

–Caraca, Lou, ela é gata! Se você não pegar, pego eu!

–Como é? Eu a conheço há menos de uma semana. –eu retruquei.

–Tá! Agora, falando sério, você realmente gosta dela?

–Sabe, eu acho que sim, ela é diferente, ela é... Especial! Eu não tinha uma noite normal assim há anos e, sem contar que ela é bonita, é engraçada, é inteligente... Ela é perfeita!

Luiza P.O.V.

–Então, qual é a música da banda preferida? –Zayn perguntou.

–Só pra deixar bem claro, eu não sou uma directioner. Eu ao menos gosto da banda, apesar de não ter nada contra vocês.

–Mas... –ele foi interrompido pelo toque do meu celular. Eu tirei o iPhone branco da minha bolsa e vi minha foto com Letícia e logo abaixo, seu nome e o número.

–Eu preciso atender. –eu disse tocando a tela onde um botão verde se localizava. –Oi, Lettys! –a cumprimentei no tom mais alegre que pude.

–Por que você não atende ao telefone? Eu to desde cedo tentando falar com você. Já estava ficando preocupada.

–Me desculpe! Eu estava... –eu comecei, mas ela ficaria histérica se soubesse que saí com Louis e não contei para ela que o conhecia. –Ocupada! –continuei.

–Isso não importa! Você terminou o projeto para as provas de amanhã, né?

­–As provas já são amanhã?

–Sim!

–Eu tenho alguns croquis prontos, mas...

–Não importa, você vai ter que dar um jeito! Se você quiser, eu posso ir te ajudar...

–Não precisa, sua área é dança, não costura. –eu disse um pouco irritada, mas não com ela, comigo mesma por ter esquecido algo tão importante. –É... Amanhã a gente se fala na faculdade! –eu disse e desliguei.

Os meninos não estavam entendendo nada, porque com Letícia eu tinha que falar em português.

–Meninos, eu tenho que ir! –eu disse.

–Mas e o Louis?

–O que tem eu? –ele disse, quando voltou com Harry.

–Eu to indo! –eu disse.

–Por quê?

–Por que amanhã eu tenho uma prova de roupas que eu nem sabia e eu preciso estar com os modelos dos croquis masculinos e femininos prontos. São mais de vinte peças e eu só tenho cinco. Vou ter que passar a noite acordada fazendo esses croquis.

Eu abracei os meninos e beijei cada um deles na bochecha.

Chega a vez de Louis e algo inesperado acontece. Eu o abraço e no momento em que vou dar um beijo em sua bochecha, ele vira o rosto.