Dia seguinte, fiz a mesma coisa que todos fazem, a rotina de sempre, levantar, usar banheiro, tomar café e voar pro ponto de ônibus. Assim que cheguei lá, não demorou muito e já estava dentro do ônibus, no mesmo lugar.

_OU... NERD! –Ouvir alguém gritar no fundo do veículo, apertei meus olhos tentando me convencer de que não era eu que estava sendo chamada. _NERD, NÃO ESTÁ OUVINDO EU TE CHAMAR NÃO? –Gritaram mais uma vez e eu não dei confiança até sentir uma coisa me atingir, não era duro nem macio, era uma bolinha de papel. Me virei para trás e tinha um Brian (amigo de Justin) me olhando debochado e jogando beijos. Revirei os olhos e me virei novamente para a minha posição anterior. Segundos depois alguém se sentou ao meu lado e passou seu braço por meus ombros, pelo hálito já percebi que era Brian mais uma vez me enchendo a paciência, e sim, ela estava cheirando a álcool.

_Faz meus deveres de casa gatinha? Posso te pagar depois na sua casa, que tal? –Ele sussurrou a última parte. Eu neguei e apertei meus olhos tentando evitar as lágrimas que já estavam doidas para saírem. Brian se aproximou mais de mim e tentou me beijar, pus-me a empurrá-lo mas ele é mais forte que eu. Ouvir várias risadas ecoarem pelo ônibus; e sem eu perceber seus lábios pousaram levemente em minha bochecha, e sua mão automaticamente foi direto puxando meu rosto em direção sua boca. Eu tentei me afastar. Sério, parecia que só havia nós dois lá, as outras pessoas sorriam e nenhuma se quer ousou vir me ajudar a sair dos braços daquele brutamontes, nem se quer o motorista chamou atenção. E como eu sou fraca...

_Para. –Falei o empurrando.

_Vai dizer que não está gostando desses amasso? –Disse beijando toda minha bochecha e indo em direção ao pescoço abaixando um pouco minha blusa. Eu o empurrei o mais forte que conseguir fazendo ele cair no chão. “Meu Deus, to ferrada”, pensei. Comecei a limpar os lugares que sua língua havia passado.

_Você vai me pagar vadia. –Disse e se levantou assim que o ônibus parou e todos os alunos saíram rindo de mim. Suspirei e peguei minha mochila saindo daquele local enxugando algumas lágrimas que tinham caído.

Fui direto pro meu armário, peguei meus livros e fui para minha primeira aula, que era de biologia. Chegando lá, me sentei em meu devido lugar e fiquei esperando o professor chegar, essa aula eu fazia com a Vê, mas ela não apareceu hoje, e infelizmente eu fazia também com Justin, ele e sua turma entraram na sala e se sentaram no fundão, onde fazem bagunça e brincadeiras sem graça.

_Bom dia, bom dia, bom dia pessoal. –Disse o professor entrando na sala e jogando seus livros e apostilas em cima da mesa fazendo um barulho. A sala inteira riu, menos eu, como sempre.

_CAIU DA CAMA HOJE PROFESSOR? –Justin gritou do fundo, fazendo a sala toda ri. Certamente ele falou isso por que o professor sempre chega atrasado.

_Foi, por que? –O professor disse sério parando a sala, e agora foi eu quem riu, bem baixinho para que ninguém percebesse.

O professor explicou uma nova matéria e no final ele falou sobre um trabalho que tínhamos que fazer em dupla. Comecei a torcer pra mim ir junto com a Vê.

_ ...Cyntia e Aidan, Rachel e Liam, Vênus e Mary... –Droga, não fiquei com a Vênus. _Justin e... Rafaela. –WHAT? Eu e quem? Acorda, é um pesadelo, acorda, fazer trabalho com o Justin não, Meu Deus, to morta.

_COMO É QUE É? –Falamos eu e ele juntos.

_Me desculpe professor, mas não pode me colocar com outra pessoa não? Faz assim troca as duplas eu e... –Fui interrompida pelo professor.

_Não, já separei as duplas, e acho bom vocês se acostumarem por que todos os trabalhos que eu passar vão ser com essas duplas, até o final do ano. –Abaixei minha cabeça e o Justin começou a fazer um barraco.

Bom o trabalho seria a gente sair por uma floresta procurando algumas coisas lá que eu não entendi muito bem por que não conseguia me concentrar muito bem na aula depois dessa.

Tocou o sinal para a outra aula que era de Espanhol, essa graças a Deus eu não fazia com o Justin, mas também não fazia com a Vênus, estava sozinha.

...

Tempo depois a aula terminou, encontrei a Vênus correndo desesperada pelos corredores, até que esbarrou em mim.

_Ai... desculpa, onde... você... estava? Eu... estou a horas... procurando por... você. –Falou  pausadamente tentando recuperar o fôlego. _Cara eu to mesmo sedentária, preciso de uns exercícios.

_Mas o que foi? O que aconteceu pra você está assim tão... desesperada. –Falei e ela segurou em meu braço abaixando a cabeça e respirando repentinas vezes.

_Você tem que vir comigo. –Falou me puxando, e assim saímos correndo pelos corredores esbarrando nas pessoas e ouvindo alguns xingamentos absurdos. Mas assim que chegamos ao local, o sorriso que estava em meu rosto foi trocado por lágrimas que sem pensar duas vezes saíram rápidas e quentes.

Tinha muitas fotos pregadas nos armários minha e do Brian, dele tentando me beijar a força, de eu tentando empurrá-lo, tinha montagens também de eu só de lingerie.

_O- o que... é isso? –Falei sussurrando pra Vê.

_CARA EU SABIA QUE A NERD NÃO ERA SANTA, QUE FOTÃO HEIN? –Gritou Justin pegando uma das montagens e mostrando para todos que riam sem parar. Olhei pra cada um deles e depois pisquei várias vezes tentando expulsar as lágrimas que já imploravam pra sair, depois sem pensar duas vezes sair dali correndo sem me importar com as vaias, as gritarias, as zoações e as risadas; entrei no banheiro e fechei a porta em seguida com toda a minha força. Chorei, chorei e fiquei pensando o porque das pessoas me tratarem assim.

_RAFA, RAFA, você está aqui? –Vê gritou entrando no banheiro. Não respondi só solucei, e chorei mais ainda.

_Por que? –Perguntei aos prantos. _Por que são todos assim? O que eu já fiz de mal pra eles? –Ela não respondeu, e eu continuei chorando.

_Talvez por que no fundo eles gostam de você. –Falou e eu sorri pelo nariz. _Não fica assim Rafa. Sai daí. –Falou empurrando um pouco a porta e me vendo dentro daquele Box, toda encolhida e chorando, eu devia estar igual a uma pimenta de tão vermelha. _Vem. –Ela me ajudou a sair do Box, e me levou até a pia. Eu lavei meu rosto.

 Suspirei. Sentir minha cabeça doer, e de novo aquela dor insuportável, pus minhas duas mãos na cabeça e fui escorregando até o chão.

_Rafa? Tudo bem? –Eu não conseguia nem abrir a boca com o tamanho da dor.

_Minha... cabeça... essa dor, eu não agüento. –Falei apertando os olhos, e mais uma vez as lágrimas vieram sem permissão.

_Calma, eu vou chamar alguém, droga... mais eu também não posso te deixar aqui, aaaaaaiiii o que eu faço? –Falou confusa.

_NÃO, não precisa chamar ninguém, já vai passar, ai. –Falei impaciente, logo tudo estava rodando, e minha vista estava ficando pasma, meu estômago deu uma reviravolta e me deu ancia de vômito, sentir alguma coisa subir por minha garganta, coloquei a mão sobre a boca e corri até a pia devolvendo todo meu café da manhã, meus olhos marejaram com a força que eu pus.

_Ai minha nossa, você tá bem? –Vê perguntou. Assenti lavando a boca.

_Acho melhor eu sair daqui. –Disse já um pouco melhor da tonteira.

Sair pelo hall do banheiro sem nem olhar pra ver se Vê estava vindo atrás de mim, me dirigir até a enfermaria.

_Com licença? –Bati na porta entrando em seguida e fechando a porta. A enfermeira Lucy estava lá como sempre com aquele sorriso sincero que ela sempre tem.

_Rafa, está se sentindo mal? –Perguntou vindo me tocar. _Está muito pálida. –Falou me puxando para se sentar. Novamente sentir minha cabeça doer forte, e dessa vez veio com pontadas. Senti também minha cabeça rodar. _Rafa? Ai não. –Ouvir Lucy dizer e minha visão escureceu até que não conseguir mas enxergar nada.