_A não? -Engoli em seco prevendo o pior. Ele apenas negou estralando os dedos da mão e me olhando como se fosse me surrar.

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Justin respirou fundo, ele se levantou de uma vez me dando um susto e fazendo com que eu apertasse meus olhos bem fortes.

Houve um breve silencio, pensava eu que naquele momento minha cara já deveria está cheias de hematomas e cortes. Mas ao contrário não sentir nada, nem um arder de uma tapa na cara, nem um puxão de cabelo, nem um aperto de braço, nada. Justin nunca fez isso, mas ele agia como se um dia ele fizesse, e eu sempre temia por isso. Na minha antiga escola os populares me enxiam de murros. Aqui é diferente, não me batiam, mas me zoavam, e de uma forma ou de outra, isso continua sendo Bullyng.

Me encolhi por fim e mesmo assim não houve nada.

_O que você tem? -Aos poucos levantei meu olhar para encontrar os seus, aqueles olhos cor de mel que me deixavam sem ar estavam me encarando com uma expressão confusa.

_Não... não vai me... bater? -Perguntei ainda desconfiava. Ele começou a rir, um riso tão alto que me deixou muita envergonhada. Olhei para os lados discretamente e percebi que todos os alunos olhavam para ele. Corei violentamente, revirei os olhos e sai dalí o mais discreto possível; sentir minha cabeça doer e parei de caminhar esperando ela passar, estava um pouco forte, mas dava pra aguentar. Fechei os olhos e pus uma mão na cabeça.

_Rafa? -Ouvir alguém me chamar e logo a mesma pessoa tocou meu ombro. Levantei meu rosto e olhei para Vênus que me encarava com uma cara preocupada. Meus olhos marejaram e não conseguir conter as lágrimas, a abracei sem mesmo lhe pedir permição. _Rafa, o que aconteceu pra você estar assim amiga? -Apoiei minha cabeça em seu ombro e apenas chorei.

_Não é nada, só me deixa chorar por favor. -Pedir e ela se calou passando as mãos por minhas costas. Soltei-me de seu abraço e limpei as lágrimas sorrindo de lado, Vê retribuiu.

_Estar com problemas? Pode me contar. -Falou forçando um sorriso. Neguei com a cabça.

_É, alguns problemas, mas não se preocupe, são problemas bestas. -Sorri falsa e me parece que ela não caiu muito nessa conversa.

_Hm... não me convenceu ainda Rafa, mas não vou te obrigar a falar. Vem, vamo lá no banheiro comigo, preciso te contar uma coisa. -Revirei os olhos e praticamente ela saiu me puxando até o banheiro. Chegamos lá ela começou a tagarelar e eu como sempre não pretei-lhe muita atenção, só assentia e sorria.

O sinal tocou novamente e fomos pra sala de aula, próxima aula era de Física, essa eu não fazia com a Vênus e sim com o Justin e a turma dele. Poxa, eram poucas as aulas que eu fazia com a Vê, e muitas que eu fazia com o Justin. É muito azar não?

Assim que adentrei na sala vários toda a atenção foi diretamente para minha pessoa, me fazendo corar violentamente. Tentei não olhar pra ninguém, sentei em meu lugar e fiquei aguardando o professor chegar na sala.

...

Finalmente as aulas terminaram por hoje. Como sempre fui a última a sair da sala e assim que sair avistei Vê me esperando.

_Oi, vamo? -Assenti. Nós fomos conversando até o ponto de ônibus, e assim que o mesmo chegou, nos despedimos já que ela não pegava o mesmo ônibus que eu eu entrei no mesmo. Fiquei quieta observando uma chuva muito grossa se formar no céu. Ouvia-se ruídos vindo dos fundos, risos e conversas absurdas.

Depois de alguns minutos desci no meu ponto e segui até em casa.

A casa estava silenciosa, parecia que não havia ninguém. Subi até meu quarto e coloquei a mochila em cima da cama. Depois desci as escadas e fui comer alguma coisa, já que eu aguentei sete horas sem comer nada, sim claro, eu estava desmaiando de tanta fome. Assim que terminei, fui até o quarto de Daniel, ele estava pintando alguma coisa em seu caderno de pinturas. Sentei-me ao seu lado no chão e fiquei a observa-lo.

_Oi Dan. -Falei lhe dando um beijo na bochecha.

_Oi Lafa. -Falou sem olhar pra mim.

_O que está desenhando? -Perguntei olhando seus rabiscos mais uma vez.

_Eu, você, mamãe e o papai... ah, e a nossa casa. -Falou sem tirar os olhos do papel novamente.

_Hm... está ficando muito bonito, e quem foi buscar você na escola hoje? A vovó? -Ele negou.

_Não, foi a mamãe. -Falou por fim.

Achei estranho, tipo, a mamãe nunca busca ele na escola, sempre sou eu ou a vovó.

_Hm... entendi, está com fome? -Ele negou. _Tá bom então.

Sair de seu quarto e fui pro meu quarto, fiz alguns deveres que tinha pra fazer, alguns trabalhos, e estudei a matéria nova de física.

...

Depois do jantar fui escrever no meu diário:

"Querido diário, antes de ontem até hoje ocorreram tantas coisas, primeiro descobri que estou muito doente. Estou sentindo dores muito fortes na minha cabeça, mas graças a Deus eu vou ficar boa logo, isso se eu não piorar. Eu não estou muito preocupada com isso por que o que mais me importa é que a minha mãe não se preocupe comigo e sim com a saúde dela. Eu não sei, mas eu tenho quase certeza que ela vai voltar a se drogar, e aliás sei que seu corpo vai pedir por isso... Ahhhh! São tantos problemas que eu não sei pra quem desabafar se não for pra você. Tá que agora tenho uma amiga (Vênus) mas ainda não tenho cem por cento confiança nela, acho que por conhecê-la a tão pouco tempo, e eu não sei, eu só sinto que não devo ter tanta confiança assim.

Hoje na escola eu pensei que Justin iria me bater assim como o pessoal fazia comigo, mas não, ele ficou rindo quando o perguntei se ele faria isso. Nossa, sentir tanta vergonha das gargalhadas que ele dava, e todos ficavam olhando para nós; minha vontade era de sair correndo dalí e enfiar minha cabeça no chão e não sair nunca mais. Mas enfim. Hoje apesar de muitas zoações que eu já estou acostumada, fora isso claro, foi um dia calmo, e até adorável.