P.O.V Vênus

_É que... –Engoli seco olhando Rafa me olhando atentamente, eu me perguntava: Será que a Rafa merece saber disso? Percebi que ela é caidinha no Justin, e falar isso pra ela agora, a magoaria muito, mas ela precisa saber, ela precisa saber que não deve confiar tanto nele assim.

_Fala. –Rafa disse docemente me olhando com aqueles olhos verdes esmeraldas. Poxa, eu nunca tive uma amiga verdadeira como a Rafa, seria crueldade.

Abaixei minha cabeça e apertei os olhos.

_É que... lembra do Adam? –Perguntei já sentindo meu peito apertar. Ela fez uma cara pensativa, como se não soubesse quem era. _Aquele que eu fiquei na noite passada lembra? Que eu te contei. –E ela continuava com aquela cara de pensativa. _Você não prestou atenção em nada que eu te disse não é? –Falei e ela riu me fazendo ri abafado.

_Desculpa Vê, eu estava voando. –Sorri. _Mas continua por favor.

_Não, deixa quieto, é besteira. –Disse me levantando.

_Não, espera, desculpa, senta aí vai, me conta. –Ela falou séria. Sorri de lado. _Não fica brava comigo. –Ela disse e fez uma cara de cachorro pidão. Eu não podia continuar essa conversa, não tenho tanta contagem pra isso.

_Não to brava Rafa, só que... depois a gente termina a conversa, preciso ir a um lugar. –Falei e sorri saindo dali em seguida. Fiz questão de nem olhar para trás para vê-la, me deixaria pior ainda, e agradeço a ela por não lembrar de nada que lhe disse.

Caminhei diretamente até o auditório, chegando lá me sentei no palco e chorei. Logo ouvi passos ecoar pelo local, e me assustei, ouvi também uma risadinha baixa.

_Quem ta aí? –Perguntei enxugando algumas lágrimas.

_Olha só quem está no auditório se remoendo em culpa. –Escutei sua voz se expandir no palco me deixando arrepiada.

_Por que está aqui? –Perguntei e ouvi uma risada abafada.

_Bom, me disseram que estaria aqui, então... vim ver você querida. –Justin pegou em meu queixo, virei bruscamente minha cabeça e ele riu pelo nariz. _Calminha aí leoazinha. –Disse se sentando na beira do palco e batendo a mão no espaço para que eu sentasse, e assim fiz.

_O que você quer de mim? –Perguntei o olhando assustada.

_Olha Vênus, eu sei que você ta grávida, e também sei que esse filho vai te custar a sua bolsa de estudos pra faculdade... e também sei que esse filho é meu, então é o seguinte, você aborta e ta tudo certo, isso claro, se você não querer que nada de mal aconteça com a sua amiguinha, Rafaela. –Falou e riu irônico. Eu estava estática, não conseguia me movimentar, nem se quer falar uma palavra.

A história é o seguinte: Eu fui pra uma boate a umas quatro semanas atrás, isso foi antes de eu conhecer a Rafa, lá conheci o Justin através do Adam e acabou que ficamos, mas foi só uma noite. Quando me mudei para essa escola, por meu azar ele também estudava aqui, então combinamos de fingir que nunca nos vimos, nem nos falamos, e muito menos se olhar durante o período da escola. Beleza, eu aceitei e assim fizemos, só que nessa semana eu descobri que estava grávida, então o único pai teria que ser o Justin por que dês de que fiquei com ele naquela maldita noite, não tinha ficado com mais ninguém.

_Isso que você está me pedindo é desumano, você é... é um canalha imbecil, mal caráter, como... como você tem a coragem de me pedir pra eu fazer um aborto? Você ficou maluco? –Eu já me alterava, isso era um absurdo. _Tá que essa criança veio na pior hora possível mas... mas... arg! Eu não vou fazer isso. –Me levantei colocando as mãos na cabeça .

Justin suspirou fundo e me olhou com cara de deboche.

_Então é você quem sabe, eu não me responsabilizo por essa coisa, e ainda finjo que nunca tive nada com uma vadia como você, e tem mais, também não se culpe se algo de ruim acontecer a sua doce amiga Rafinha. –Falou irônico. Isso fez com que meu mundo caísse, agora fudeu mesmo, eu estava entre a cruz e a espada, sem saber pra onde correr. _Você escolhe meu bem, seu futuro ou a o fim da sua amiguinha. –Disse e saiu.

Chutei uma cadeira de raiva e me sentei no chão com as mãos na cabeça.

“E agora? O que eu faço meu Deus? Onde eu fui enfiar meu burro?”

P.O.V Rafaela

Eu fiquei com cara de “WHAT?”, Vênus sai e me deixa com cara de taxo, tem alguma coisa errada com ela. Mas agora eu não tenho tempo pra pensar nisso.

Me dirigir até a sala de matemática e fiquei no mesmo lugar de sempre, esperando o professor. Assim que o mesmo entrou, todos os alunos entraram junto com ele e calmamente a aula passou, Vê não apareceu, sendo que essa aula ela fazia comigo, mas Justin apareceu e se sentou no mesmo lugar, me parecia que ele estava com raiva, pois sua cara estava fechada. Resolvi nem olhar.

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Finalmente todas passaram e eu já estava indo para casa quando sinto alguém me puxar pelo braço.

_Ai que susto. –Pus a mão no coração sorrindo para o ser mais perfeito da terra. Ele sorriu em contribuição.

_Desculpa. Lembra que iríamos conversar sobre o trabalho de biologia? –Perguntou e eu sorri assentido. Fomos até um dos pátios da escola; nos sentamos em uma mesa e abri o  livro em uma página. Fiquei estudando por uns dois minutos, mas senti seus olhos sobre mim, então levantei meu olhar encarando aquelas poças maravilhosas de caramelo.

_Que foi? –Corei violentamente e ele sorriu.

_Nada, só estou observando sua beleza. –Abaixei a cabeça sorrindo e corando mais se possível. _Não precisa ficar envergonhada, nada do que eu disse é mentira. –Senti suas mãos sobre as minhas, levantei meu olhar e vi ele se aproximando de mim.

Ai, meu coração acelerou, meus olhos se esbugalharam e eu estava com as mãos geladas e tremendo.

_O- o que está fazendo? –Perguntei e me afastei. Idiota.

_Rafa, eu sempre quis sentir o sabor do seu beijo, mas eu sou muito envergonhado e sempre ia pela cabeça dos meus amigos. –Falou se aproximando de novo.

_É- é s- sério? –Gaguejei, não acredito que gaguejei, que vergonha.

_É sério. –Sussurrou e fechou os olhos. Fui no embalo e fechei meus olhos também sentindo seus lábios macios encostarem nos meus. Isso foi o bastante pra eu sentir uma carga elétrica percorrer todo o meu corpo deixando meus pelos eriçados. Ele pediu passagem pra língua, mas aí eu percebi o que estava fazendo, e virei o rosto no mesmo instante fechando os olhos com força me lembrando de tudo o que ele fez comigo. Mas eu senti um arrependimento, sentimento esse que eu não entendi.

_Desculpe. –Tomei coragem e olhei em seus olhos. Seu rosto estava sem expressão, possivelmente estava pensando: “Porra, por que você parou?”

_Tudo bem. –Disse e respirou.

Sem tocar no assunto, fui explicando o trabalho pra ele que me olhava com cara de tédio.

_Está muito tedioso não é? Não tem problema... –Eu ia continuar mas ele me cortou.

_Não, que isso, eu estava prestado atenção em tudo. –Disse bocejando. Fechei os livros e coloquei a metade na minha mochila.

_Não precisa negar. –Sorri e ele retribuiu. _Terminamos outra hora. –Falei colocando a mochila no ombro direito.

_Tudo bem, hmmm.... pode ser na minha casa? –Perguntou e eu gelei.

_N- n- na sua c- casa? –Gaguejei de novo, que coisa. Corei em seguida.

_É, algum problema? –Perguntou sério.

_S- sim... quer dizer N- n- não, pode ser sim na sua casa. Que horas? –Perguntou e ele se levantou.

_Às 20:00. –Disse e sorriu torto.

_Tão tarde assim? –Perguntei tímida.

_Algum problema com essa hora? Sua casa não fica tão longe da minha assim. –Falou.

_Não tem problema, então às 20:00 estarei lá. –Falei me virando e saindo.

_Vou está te esperando então. –Levantei a mão e fui para o ponto de ônibus. Dês da antepenúltima aula que eu não vejo a Vênus, será que ela já foi embora? Olhei no relógio, é, possivelmente sim, já são quase 18:00.

Ai nem acredito que eu e o Justin estamos nos falamos tão bem assim. Que bom, que bom, que bom.

P.O.V Justin

Esperei a Rafa sair do pátio e fui até o banheiro masculino onde toda a minha turma me esperava.

_Fala aí dude, como foi lá com a nerd? Conseguiu alguma coisa? –Perguntou Chaz. –Me encostei na pia.

_Fala mano, conseguiu alguma coisa lá? –Disse Brian impaciente como sempre.

_Depois de tanto tédio ouvindo aquela merda falar, finalmente consegui convencê-la de ir a minha casa “estudar” as 20:00, é hoje. –Falei e nós comemoramos.

_Beleza, agora... o que você falou com a Vênus? Ela vai fazer o aborto? –Disse Ryan.

_Cara na boa, to pouco me fudendo pra aquela imprestável, se ela se cuidou ou não o problema é dela, eu não quero uma aberração na minha cola, e ela que se ferre, eu já disse o que ela deve fazer, eu não vou me responsabilizar por nada, e se ela resolver ter o pestinha, ela vai cuidar só, já faz parte do meu passado. –Falei e eles riram.

_Certinho cumpade. Segue tua vida, as outras que se ferrem. –Brian disse fazendo nosso toque.

_Né não? Tô pouco me lixando, agora meu alvo é a Rafaela, o que vou fazer com ela, é isso que me importa. –Disse e eles assentiram.

_E também, a Vê decidindo ou não abortar, vamos fazer o que estamos planejando do mesmo jeito. –Acrescentou Chaz.

_É isso aí. –Completei e ficamos rindo.

Algum tempo depois saímos do banheiro e fomos para o ponto de ônibus esperar outro já que a gente tinha perdido o primeiro. Demorou um pouco, mas logo ele estava ali, entramos e foi a mesma bagaça que aprontamos de sempre, a diferença foi que tínhamos encontrado um grupo de amigos de outra escola.

...

Chegando em casa, fui pro banheiro e tomei um banho gelado pois estava fazendo muito calor. Assim que terminei sai enrolado em uma toalha e estava pronto para entrar no meu closet, quando escutei o toque de mensagem. Olhei no visor e vi que era do Brian.

“Ei cara, estamos indo pra aí agora de noite, vamos levar cerveja e uísque, não se preocupa a gente leva uma coisinha pra você colocar na bebida da nerd, vai ficar mais fácil pra tu comer ela e a mesma nem sentir, kkkkkkk, falou, te vejo depois”.

Sorri com essa mensagem e entrei no closet passando a toalha no cabelo. Coloquei uma roupa simples, apenas uma camiseta branca de manga e um short jeans mostrando minha cueca Box preta, e meus supras pretos com detalhes cinzas. Passei perfume e ajeitei o cabelo deixando-os um pouco assanhados, deu um toque bem sexy no visual. Peguei meu celular e desci pra comer alguma coisa.

_Oi mãe. –Disse frio como sempre me sentando na mesa onde minha mãe estava fazendo algumas contas.

_Oi filho. –Respondeu sem olhar na minha cara.

_O que tem pra comer? –Disse me levantando e abrindo a geladeira.

_Sei lá, to muito ocupada, olha aí na geladeira e vê o que tem. –Disse digitando em sua calculadora.

Encontrei bolo de cenoura com cobertura de chocolate, eu adoro, tirei uma fatia bem grande e pus no prato guardando o resto em seguida.

_Uma garota te ligou Justin. –Minha mãe falou.

_Jura? Quem? –Perguntei voltando me sentando no balcão.

_Primeiro, desce desse balcão agora. –Falou agora me olhando séria. Revirei os olhos e desci do balcão me sentando junto a ela na mesa.

_Tá, agora diz quem foi que ligou. –Disse colocando uma garfada na boca.

_Disse que se chamava Rafaela, e que ia demorar um pouco para chegar porque tinha que levar a mãe no hospital por que estava doente e mais alguma coisa lá. –Falou ainda concentrada em sua calculadora.

_Hm. –Disse apenas.

_Você a conhece Justin? –Dona Pattie perguntou.

_Arram, é uma mina da escola, vamos fazer um trabalho juntos, e combinamos de estudar aqui em casa.

_Hm, entendi, bom, agora a noite eu tenho um compromisso então... se quiser chamar seus amigos para dormir aqui em casa pode. –Falou e eu me animei.

_Sério mãe? Valeu. –Falei lhe enchendo de beijos.

_Só quero que tenha juízo filho.

_Tudo bem mãe.

...

Ryan, Chaz e Brian entraram sem a permissão como sempre, mas como são da família... minha mãe já havia saído e agora estávamos apenas eu e eles jogando vídeo game, comendo besteiras e tomando bebidas alcoólicas. Combinamos de não fazer uma festa descente, por causa da nerdsinha que eu queria pegar hoje ainda, pra mim ver livre dela.

...

_Eu atendo. –Falei correndo até a porta a abrindo em seguida e vendo a nerd ali parada com cara de idiota e com alguns livros em mãos.

_Hm, entra. –Falei dando espaço.

_Ah, obrigada, está dando uma festa? –Perguntou.

_Hm... não, não é uma festa, apenas uma reunião de amigos. –Disse calmo.

Sentamos no sofá e eu a apresentei pros garotos.

_Então... vamos logo começar? –Perguntou.

_Começar o que? –Perguntei não entendendo.

_A estudar, está tarde e eu ainda preciso ir embora hoje.

_Ah, claro. Vem, vamos pra cozinha. –Disse e a levei até a cozinha.

_Uau, sua casa é linda Justin. –Disse admirando a cozinha, fui até a geladeira e peguei duas garrafas de cerveja.

_Obrigada, a minha mãe é arquiteta sabe?

_Entendo... ah... eu não bebo. –Disse fazendo gestos com as mãos.

_Que isso... não me faz essa desfeita vai? Só uma. –Ela me encarou.

_Não posso, quer saber? Eu acho que estou te atrapalhando, é melhor eu vir amanhã. –Falou arrumando seus livros, olhei para a porta da cozinha e vi os garotos acenarem “não” com a cabeça.

_Não, que isso, fica, se não quiser não beba, mas fique. –Disse me sentando e dando uma golada na minha cerveja, ela apenas me encarava. Rafa se sentou e abriu seus livros novamente. _Não quer mesmo? –Levantei a garrafa que eu peguei pra ela, a mesma ficou me encarando. Ela vai acabar querendo, eu tenho certeza, e vai acabar se arrependendo também.