Dia Seguinte. Levantei cautelosamente para não acordar meu irmãozinho que ressonava tranquilamente. Sorri torto e lhe depositei um beijo na sua testa.

Me dirigir até o banheiro liguei a torneira da banheira esperando que enchesse de água quente. Equanto isso, me encarei no espelho que já se embaçava devido a umidade do local. Fechei meus olhos e os abri novamente. Vi uma garota de cabelos ruivos naturais, olhos médios e com olheiras, pele pálida e lábios um pouco corados. Respirei fundo fechando os olhos mais uma vez e os abrindo em seguida olhando meu reflexo novamente.

"Você é fraca como dentes de leão e frágio como bolhas de sabão." 

Passei a mão direita no espelho tentando tirar um pouco o embaço. Inspirei e segurei o ar, levantei a cabeça olhando para o teto e soltei o ar devagar.

Fui até a plateleira de sais minerais e coloquei alguns na banheira, fazendo a espuma subir. Devagar, me despi e prendi meu cabelo em um coque frouxo; entrei na banheira com cuidado para não escorregar, me sentei sentindo meu corpo todo arrepiar-se. A água quente foi como um calmante a meus músculos, foi relaxante. Fechei meus olhos ouvindo o silêncio.

"_Você vai deixar a gente Lafa? -Ele perguntou já com uma voz chorosa.

_Não Dan, eu não vou deixar vocês, eu vou ficar bem, você vai ver meu amor. -Lhe dei um beijo no topo da cabeça. _É só uma dorsinha de cabeça Dan, vai passar.

_Plomete? -Perguntou me olhando com algumas lágrimas molhando seu rosto e mais uma vez seus lábios formando um biquinho.

_Claro que sim Dan. Vem vamos dormir. -Cobri-nos com meu edredom e dormimos rapidamente."

Mergulhei na banheira com esses pensamentos.

"_O que tiver que dizer sobre mim... eu prefiro que diga na minha frente. -Falei firme. Minha mãe me olhou assustada e voltou seu olhar novamente ao médico.

_Pois bem, a senhorita Rafaela Althoff teve um nível de seu tumor, elevado e... -Ele mesmo se interrompeu.

_E...? -Incentivei-o a continuar, ouvindo em seguida minha mãe soluçar; mas me recusei a olha-la.

_E devemos fazer a cirurgia o mais rápido possível, pois o tumor não responde mais ao tratamento. -Minha mãe se desesperou e eu apenas suspirei."

Assim que o ar faltou debaixo da água quente, levantei meu rosto devagar encarando o nada. 

...

Me enrolei em uma toalha e enrolei outra em meu cabelo, para que tirasse o excesso de água. Saí do banheiro e não Daniel dormindo na cama, ele já devia ter saído. Fui no meu mini closet e escolhi uma roupa simples, fiz uma trança de lado e passei um perfume bem fraco. Peguei minhas coisas e desci as escadas.

No café da manhã, comi minhas torradas com suco de laranja sem olhar no rosto de minha mãe, não demos se quer uma palavra além de "bom dia". Me despedi dela com um simples tchau e fui em direção ao ponto de ônibus perto da minha casa. Fiquei esperando por um tempo e logo já estava dentro do mesmo.

_Oi. -Ouvir uma voz familiar, rouca e muito linda. Devagar levantei meu rosto para o encarar e me assustei quando percebi quem estava em pé em minha frente, sorrindo. Como se respira mesmo? _Tudo bom? -Falou sorrindo. Pude ouvir do fundo alguns murmurios e algumas risadas baixas.

_O que você quer? Me humilhar de novo? -Perguntei firme olhando em seus olhos. Ele sessou o sorriso e olhou pro fundo do ônibus, seu sorriso aparecia e desaparecia sem saber se olhava pra mim ou pro fundo.

_Érr... não. -Sem permissão ele se sentou no lugar vago ao meu lado. Realmente eu não estava entendendo nada. _Na verdade... eu queria te pedir desculpas por aquele dia e... te dizer que estou arrependido do fundo do meu coração por ter te tratado tão mal varias vezes. -falou e eu permaneci estática no meu lugar, apenas o encarando. Ouvir algumas risadas no fundo do ônibus, mas não liguei. Cara aquilo estava mesmo acontecendo?

_C-como é? -Perguntei gaguejando.

_Me desculpa? -Falou me olhando nos olhos. Ele parecia estar falando sério. Eu não conseguia dizer nada, estava apenas observando aquela cena com total felicidade, só que eu não conseguia demonstrar. _E então? -Ele sorriu e depois me olhou sério. _Podemos ser amigos?  -Perguntou, amigos? Justin Drew Bieber que ser amigos da nerd que mais humilhou na vida? Isso é maravilhoso, eu sabia que ele tinha um lado bom, o fundo no fundo eu sabia que ele era bom, e estou feliz que esse outro eu apareceu.

_A-a-amigos? -Gaguejei mais uma vez e ele assentiu. _Tá. -Só consegui dizer isso. Ele sorriu e se aproximou me dando um beijo na bochecha e saindo logo em seguida. Pus a mão no local. Sério, alguém precisa me besliscar, eu acho que ainda estou dormindo. Meu coração estava a mil, minhas mãos estava tremendo e meus olhos esbugalhados.

_Rafa. -Ouvir alguém me chamar tirando-me por completo de meus desvaneios, me virei e vi Larry, o motorista do ônibus. _Melhor descer não? -Falou e eu vi a porta do ônibus aberta, havia apenas eu naquele veículo. Sorri envergonhada e desci no mesmo.

Entrei na escola e a mesma já estava bem movimentada, cheia de alunos correndo para todos os lados, alguns estudando, outros conversando, outros brigando... me dirigir ao meu armário e encontrei a Vênus.

_Oi. -falei sorrindo.

_Olha só, está sorrindo hoje, finalmente, o que aconteceu? -Perguntou e eu sorri um pouco alto. Contei-lhe toda a história e Vêus ficou só me encarando séria.

_O que acha disso tudo? -Perguntei com um sorriso de orelha a orelha.

_Hm... Rafa, eu... -Ela ia começou, mas eu a interrompi.

_Shiiii, ele está vindo. -Nos viramos para ver Justin se aproximar, levantei minha mão em cumprimento, mas ele passou reto. Achei estranho, mas nem liguei. _Que estranho, ele falou comigo no ônibus, e agora nem se quer olhou na minha cara. -Falei me virando para Vê. A mesma estava com uma expressão esquisita no rosto. _Vê? -A chamei.

_Érrr... Rafa, eu preciso te... -Ela começou novamente, mas foi interrompida pelo sinal tocando avisando a primeira aula.

_Que coisa, depois nos falamos. -Falei e lhe dei um beijo na bochecha e sai correndo até a minha sala.

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Algumas aulas depois e chegamos ao intervalo. Peguei meu lanche e me sentei no lugar de sempre, logo veio Vê e se sentou comigo, ela estava estranha, estava quieta.

_O que aconteceu Vê? Você é sempre tão animada. -Ela sorriu e começou a comer. Resolvi não fazer perguntas.

_Rafa... -Ela se pronunciou. Avistei Justin chegar em minha mesa acompanhado de seus amigos.

_Oi Rafa. -Falou e eu abri um sorriso de orelha a orelha.

_Oi. -Sorri tímida, e senti minhas bochechas queimarem.

_Vamos nos encontrar depois lá no pátio? Quero conversar com você sobre o trabalho de biologia. -Falou e abriu um pequeno sorriso. Eu apenas assenti e ele saiu.

_Ahhh! Ele não é lindo? -Perguntei me derretendo.

_É. -Vê falou quieta.

_O que você queria me contar? -Levantei meus olhos para vê-la. Vênus abaixou sua cabeça e ouvi-a suspirar.

_É que...