Rosewood era uma cidade tão pequena que Alison se sentia exprimida, a medida que o carro se aproximava de sua nova casa. Ali havia olhado algumas fotos da cidade e pesquisado curiosidades em seu iPhone, durante todo o caminho. Marc ligou para ela duas vezes, mas Ali não teve coragem de atender. Ela sentia vontade de chorar, mas tentava esconder as lágrimas para que ninguém notasse.

Seus pais estavam presentes, mas ao mesmo tempo distantes. Jason dormiu a maior parte do caminho, e quando Ali resolveu acordá-lo para mostrar uma foto do novo shopping que foi construído na Filadélfia, ele disse para ela ''deixá-lo em paz.'' E foi o que ela fez.

Quando o carro parou em frente da nova casa - ou melhor dizendo, mansão dos DiLaurentis - Ali se sentiu aliviada. Era como se agora fosse um recomeço. Os segredos que Courtney sabia sobre ela estariam bem guardados no hospício junto com ela. Pelo menos era isso o que Ali pensava.

A grama em frente da casa era tão verde e brilhante, que parecia ter sido pintada e hidratada com um creme bem caro, como os que Ali usava em seus cabelos. A porta da frente da casa possuía um tom de madeira escuro, que lembrava as casas antigas que Ali tanto gostava. Apesar de ainda não conhecer ninguém, Ali se sentiu em casa. Pelo caminho Ali tocou no assunto de sua irmã, mas a única informação que seus pais lhe passaram foi de que Courtney estava internada em um hospício na Filadélfia, e que amanhã de manhã eles teriam de ir até lá para ver como tudo vai ser feito. Ótimo, penso Ali. Tomara que a vadia não volte pra casa.

Quando saiu do carro, Ali olhou para a casa ao lado. Atrás dessa casa, havia um celeiro. Ali notou que alguém a estava observando, na varanda da casa. Era uma menina de cabelos lisos e castanhos, e usava um óculos preto e quadrado que a deixava com mais cara de nerd ainda. Ali tinha um apelido para pessoas assim, ''ridiculamente afetadas''. Ela e CeCe passaram várias noites acordadas fazendo a lista das pessoas mais idiotas do colégio, que nunca mereceriam trocar uma palavra sequer com elas. A garota continuava olhando para Ali, que lhe deu um sorriso esnobe em troca e desviou o olhar para sua nova casa.  Assim que seus pais abriram a porta, Ali se surpreendeu com o tamanho do lugar. Não era tão grande como a sua antiga casa, mas ainda sim era enorme. Ali subiu os degraus da escada como uma criança de cinco anos, indo direto para o seu novo quarto. O closet era um pouco maior do que o seu, o que a deixou realmente feliz.

-  Preciso fazer compras. – disse ela, sorridente.

- Ei, vai com calma. – disse Jason, colocando a última mala de Ali em seu quarto.

O final de tarde estava tão bonito, com pequenos pássaros cantando perto da janela do quarto de Ali, que ela finalmente se sentiu a salvo. Mesmo deixando tudo para trás, ela percebeu que tinha muito pela frente agora.

No dia seguinte, Jessica e Kenneth DiLaurentis passaram na escola Rosewood Day, para fazerem a matrícula de Jason e Alison, depois que voltaram da visita ao hospício na Filadélfia. O que fazia Ali tremer era o fato, de que a sua irmã psicopata estava a apenas 40 minutos de distância dela.  Quando Ali viu seus pais chegarem, resistiu a vontade de perguntar tudo o que havia acontecido. Mas ela tinha muita coisa para arrumar em seu quarto, e logo dois caminhões iriam chegar com grande parte da mudança.

Pela manhã, assim que seus pais saíram, Ali foi até o quarto de Jason para se certificar de que ele estava dormindo. E, para sua alegria, seu irmão estava em um sono tão profundo que nem uma sirene de bombeiro iria acordá-lo. Alison voltou correndo para seu quarto, pegou uma das caixas de madeira, e fez questão de escondê-la como na sua antiga casa, no assoalho.  Para sua sorte, em seu quarto havia um tubo de ar, bem atrás de sua cômoda, que facilitou ainda mais para ela. Depois que seus ‘’objetos valiosos’’ estavam escondidos, Ali começou a desfazer o resto das malas, separando cada peça por cor e estação do ano.

A tarde logo veio e Ali lembrou que não havia comido nada ainda. Quando estava prestes a sair de seu quarto, um barulho na janela chamou a sua atenção. Ali se aproximou e percebeu que era só um pequeno pássaro, mas só então ela notou, que a janela de seu quarto dava para a janela do quarto da sua vizinha nerd. E lá estava ela, sentada em uma poltrona de couro vermelho, lendo um livro bem grosso. Alison riu.  Por um momento ela queria saber qual era o nome daquela garota, para incluir ao seu livro de ‘’idiotas’’. Esse pensamento fez com que Ali se lembrasse de CeCe. Será que ela leu o bilhete deixado por Ali, na noite em que partira? O mais confuso era que CeCe não havia telefonado desde que Ali chegara em Rosewood. Mas, Ali deixou bem claro no bilhete ‘’me ligue, se precisar’’. Então ela tinha certeza de que CeCe estava bem.

Alison abriu a porta de seu quarto bem devagar, sem fazer nenhum barulho. Enquanto descia as escadas, ela escutou seus pais discutindo baixinho na cozinha.

- Então, esse tempo todo, o pai biológico de Jason era nosso vizinho aqui em Rosewood. É isso o que você está querendo dizer? – falava seu pai, furioso e confuso.

-  Eu não pude te contar antes. Eu tentei, mas não consegui. – sua mãe dizia em meio a soluços.

Ali foi tomada por um choque. Seu corpo estremeceu, dos pés até a cabeça. Um sorriso maldoso tomou conta de seu rosto, mas ao mesmo tempo ela não estava contente com essa descoberta. Isso queria dizer que a garota esquisita da casa ao lado, era sua meia-irmã.