Ali atravessou o jardim e bateu na porta da casa dos Hastings. Spencer apareceu com uma cartolina picotada em uma mão e uma tesoura sem ponta na outra.

– Ali? – Spencer perguntou, confusa e surpresa. – O que você faz aqui? Pensei que estivesse com a Aria.

Alison tirou seu blazer e entrou.

– Ela passou mal depois que tomamos sorvete.

– Ah. – disse Spencer, confusa.

– O que você está fazendo? – perguntou Ali, curiosa.

– Montando os cartazes. – disse ela. – Você quer me ajudar?

– Não sou muito boa nisso. – Ali deu de ombros, mexendo na gola de sua blusa.

– Qual é! – Spencer olhou para ela, sorrindo. – Você é boa em tudo.

Ali sorriu.

– É, acho que você tem razão.

Ela se aproximou e ajeitou alguns papéis em cima da mesa.

– Você acha mesmo que vai ganhar isso? – perguntou.

– C-Como assim? – Spencer gaguejou.

– É uma coisa difícil, querida. – Ali colocou uma mão sobre seu ombro. – Nem tudo acontece da forma que queremos.

A noite chegou rápido, bem mais rápido do que Ali esperava. Ela, Emily Fields e Hanna Marin já estavam na casa de Spencer, dando um último retoque na maquiagem para a festa na casa de Noel. Aria ainda não havia chegado, e isso preocupava Ali.

– O que vocês acham? – Ali se levantou, dando uma volta. Ela usava um conjunto preto sexy e uma peruca branca, com botas de couro pretas.

– Perfeita. – disse Emily, envergonhada.

– Obrigada, Em. – Ali piscou e mandou um beijinho para ela, o que deixou Emily mais envergonhada ainda.

Ali se jogou na cama, ao lado de Hanna, passando a mão em sua trança levemente bem feita.

– Você é boa com penteados. – Ali sorriu. – Qualquer dia deixo você tentar um em mim.

Hanna concordou, parecendo feliz.

– Cadê a Aria, hem? – Ali se levantou, mandando a septuagésima quinta mensagem para ela.

A campainha tocou bem na hora em que Ali clicou em "enviar".

– Deve ser ela. – disse Spencer. – Deixa que eu atendo.

Cerca de dois minutos depois, Spencer surgiu no quarto com uma Aria sem fantasia atrás dela.

Ali se virou para ela, lançando um olhar de desprezo.

– Eu não acredito nisso. – disse ela.

Aria a encarou, olhando bem no fundo de seus olhos.

Spencer, Hanna e Emily ficaram ao lado de Ali, um pouco confusas.

– Eu... – Aria gaguejou. – Não estou com vontade de ir à festa.

– O que? – perguntaram Spencer, Hanna e Emily ao mesmo tempo.

– É a festa mais esperada do ano! – exclamou Hanna, incrédula.

– Eu sei... Mas...

– Mas o que? – Ali se colocou bem na frente dela. – Está tudo bem em casa, querida? – ela mudou o tom da sua voz.

– Ali! – exclamou Aria, baixinho.

– Sua mãe está bem? – Um sorriso maldoso surgiu nos lábios de Ali.

Antes que Aria pudesse responder, a campainha tocou novamente.

– Deve ser a pizza. – disse Spencer, andando até a porta.

– Ou alguém querendo nos assustar. – disse Emily, com a voz tremula, se encolhendo em cima da cama.

– Eu não vou lá sozinha. – Spencer se apoiou ao lado da porta.

– Nós vamos. – Hanna se levantou, arrastando Emily com ela.

As três saíram do quarto e desceram as escadas silenciosamente, deixando Ali e Aria sozinhas.

– O que você está fazendo? – disse Aria, em um tom de frieza.

– O que, querida? – Ali sentou em frente à penteadeira e retocou seu batom cor de pêssego.

– Me confrontando na frente delas!

Alison deu de ombros, encarando Aria através do espelho.

– Você já contou pra sua mãe? – ela perguntou.

– N-Não. – Aria gaguejou, começando a chorar novamente.

Ali se levantou e caminhou até ela, com suas botas de salto fazendo barulho no chão.

– Você precisa contar, Aria! – ela exclamou, olhando bem nos olhos dela.

– Eu não posso. – Aria não conseguia controlar as lágrimas.

– Se você não contar, outra pessoa pode fazer isso. – Ali sussurrou bem perto de seu rosto.

O queixo de Aria caiu. Ali estava mesmo dizendo o que ela pensou que fosse? Ela estaria a ameaçando?

– A festa não seria a mesma sem você. – Ali deu uma risada sarcástica.

– Você não faria isso... – Aria estava tonta, quase sem ar.

Ali deu um sorriso para ela, como se quisesse dizer "não brinque comigo’’.

Emily, Hanna e Spencer apareceram na porta com duas caixas de pizza, rindo porque o entregador era bonitinho e supostamente teria paquerado Emily.

Elas notaram a expressão no rosto de Aria, e ela enxugou as lágrimas ao mesmo tempo.

– Aria decidiu ir com a gente. – Alison se aproximou, sorrindo para Aria de forma amigável e colocando uma das mãos em seu ombro. – Não é mesmo, querida?

Aria engoliu em seco.

– Sim.

Meia hora depois, as cinco entraram no carro de Aria, fantasiadas, e seguiram para a festa. Haviam várias pessoas nas ruas com fantasias, seguindo o mesmo caminho. Emily reparava em todos os rostos desconhecidos, certamente de pessoas que não estudavam em Rosewood Day. Haviam garotos bem mais velhos do que elas parados no estacionamento, em frente a mansão dos Kahn. Eles pareciam bêbados e lançaram um olhar paquerador para Ali.

– Idiotas! – exclamou ela, revirando os olhos. Emily, Hanna, Spencer e... Aria, seguiram atrás dela com passos curtos. Elas estavam tão nervosas como em uma prova de matemática.

Noel Kahn estava parado bem na porta, recebendo os convidados.

– Alison DiLaurentis. – gritou ele, e todos se viraram para ela. Pessoas assobiavam, outras só olhavam. Um grupo de garotos se aproximou e elogiou sua fantasia. Noel a puxou para um abraço apertado.

– Médico? – Ali se afastou, olhando para a fantasia dele.

– Ginecologista. – disse ele. Um agradável hálito de menta saia de sua boca. – Quer marcar uma hora?

Alison riu.

– Garotos brincam com brinquedos, garotas brincam com garotos. – disse ela, passando por Noel sem olhar para trás.

– Eu acho que isso foi um sim! – gritou ele, mas Ali deu de ombros.

As outras quatro entraram atrás de Ali, e Noel as elogiou também. Aria se esqueceu de seus problemas, por um momento, e sentiu-se nas nuvens. Ali atravessou a casa de Noel e foi direto para a pista de dança, onde alguns garotos da Hollis dançavam com copos em suas mãos.

– Vamos dançar, meninas! – disse Ali, levantando os braços para cima.

Emily riu e copiou a amiga. Spencer parecia um pouco sem jeito, mas começou a se mexer também, junto com Hanna, que tentava esconder sua barriga com as mãos. Aria ainda estava triste e chateada pela atitude de Alison, mas ela tinha medo de que ela contasse tudo para sua mãe. O que Ali não fazia ideia era de que Aria sabia de um segredo seu também, mas para sua sorte ela havia o esquecido. Meia hora depois, as meninas já estavam espalhadas pelo lugar. Emily e Hanna foram pedir uma bebida e Spencer foi conhecer a famosa biblioteca de dois andares no fundo da casa, onde algumas garotas inteligentes como ela estavam debruçadas sobre as mesas de mármore, devorando livros enquanto a festa rolava do lado de fora. Alison continuou na pista de dança, e Aria não estava mais em seu campo de vista. Talvez estivesse lá fora, chorando ao pé de uma árvore.

Uma garota com a mesma peruca que Ali se aproximou, arrancando suspiros das pessoas a sua volta. Até mesmo Noel Kahn apareceu para dançar com ela. O queixo de Ali caiu quando ela notou quem era. Jenna Marshall.

Ali se aproximou e empurrou Noel, que saiu de perto sem protestar. Jenna cruzou os braços por sob seu macacão vermelho bem colado em seu corpo, e ajeitou a peruca com uma das mãos. Ela continuava tão linda quanto Ali.

– Oi, Alison. – disse sorrindo, com um tom de voz diferente.

– Porque você faz essa voz quando fala o meu nome? – Alison a encarou, com seus olhos fixos nela.

Jenna riu.

– Você não se lembra mesmo, não é?

Alison continuou a encarando, sem entender nada.

– Você passa muito tempo se preocupando com a sua reputação, e atropela pessoas no caminho. – disse Jenna, com uma voz amigável. – Mas, não se preocupe, uma hora você descobre. – Ela saiu andando, batendo no ombro de Alison.

Ali ficou tão furiosa que tinha vontade de empurrar Jenna de um precipício, e observar em quanto seu corpo caia a trinta metros abaixo.

Uma garota mascarada apareceu atrás de Ali, e cutucou seu braço apressadamente. Ela se virou, esperando ser alguém importante, e fez uma careta quando viu que era Mona Vanderwaal. Ali começou a andar na direção oposta, mas Mona a puxou pelo braço.

– Não me ignora, por favor. – sua voz parecia tremula. – É importante.

Alison riu.

– Faz um favor? – Ali olhou para ela com desprezo. – Saia da minha frente!

– Por favor, Alison. – Mona andou atrás dela. – Preciso te falar algo muito importante.

Mas Ali não deu ouvidos a ela e continuou andando.

O celular de Mona vibrou em sua mão, e ela olhou para tela, com medo. Havia uma mensagem, de um número bloqueado. Ela clicou em ‘ler’, com seu coração disparado.

"Me encontre na floresta, ou alguém vai se machucar. –A."