Some Secrets Never Die escrita por APrettyLittleLiar


Capítulo 23
The Naked Truth - Part 1


Notas iniciais do capítulo

Como o capítulo ficou grande, foi dividido em duas partes. Espero que gostem. Boa leitura!



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A pequena loja de fantasias, localizada no estreito subúrbio de Brookhaven, parecia ter escurecido de uma hora para outra. Talvez os donos estivessem reduzindo o consumo de energia, ou uma das lâmpadas da loja tivessem apagado.. ou queimado. O ar em volta de Ali passou de quente e abafado para um frio congelante. Seus dedos ainda envolviam seu iPhone branco com tanta força, que parecia impossível desgrudá-los um dia.

Spencer, Hanna, Aria e Emily se aproximaram de Ali praticamente juntas, cada uma querendo mostrá-la alguma sessão específica. As quatro pareciam brigar pela atenção da amiga.

– Calma.– disse Ali, tentando se recompor. – Uma de cada vez, meninas. Não estamos em um zoológico.

À medida que ia caminhando pelo lugar, Ali olhava de um lado para o outro, tentando procurar a pessoa que lhe mandara aquela mensagem. Devia ser algum idiota do colégio, ela pensou. Quando morava em Connecticut, sua ex melhor amiga CeCe - que agora parecia ter sumido, sem deixar sequer um simples recado - costumava receber mensagens de uma pessoa desconhecida. Depois de um tempo ela descobrira que era Natan, o garoto idiota do segundo ano. Ali nunca perguntara como CeCe descobrira aquilo, ela só vivia dizendo ''deixa pra lá'' toda vez que Ali tocava no assunto.

Uma hora mais tarde, as cinco já haviam escolhido suas fantasias. Spencer afirmou que sua fantasia era de uma tal rainha, mas para Ali parecia mais um palhaço de circo. Aria optou por algo mais simples e sem criatividade: bruxa. Hanna escolheu uma fantasia esquisita, que jurava ser de Julieta. Ali deu uma breve risada, tentando imaginar quem seria o Romeu. Emily segurava algo semelhante a uma fantasia de índia, que certamente a deixaria sexy. Era o que ela queria que Ali percebesse.

Satisfeitas, todas foram saltitando para o carro de Aria. Assim que saiu pela porta da frente, liderando o grupo, Ali sentira que alguém a estava espionando por trás de alguns arbustos do outro lado da rua. Quando olhou novamente, não vira ninguém.

– Vamos, Ali.– Aria cutucou seu braço. Spencer, Hanna e Emily já estavam no banco de trás.

– Ok.– disse Ali, abrindo a porta do passageiro.

Aria deixou Ali e Spencer em casa primeiro, depois levou Hanna e Emily. Spencer parecia querer convidar Ali para dormir em sua casa, mas não o fez. Talvez por vergonha, ou por medo de levar um 'não'. Mas, considerando tudo, talvez Ali aceitasse a proposta nessa noite, mesmo que isso significasse dividir um quarto com Melissa Hastings. Spencer contara mais cedo na escola que o quarto de sua irmã estava em reforma, e por conta disso, ela havia se mudado para o quarto de Spencer por um tempo.

– Como você consegue? – perguntara Ali para Spencer, no meio da aula de geografia.

Spencer não disse nada, apenas a encarou, sem jeito. Talvez ela já soubesse que Ali odiava sua irmã, mas só não entendesse o motivo.

A luz do quarto de Jenna Marshall estava acesa, e uma sombra pairava pelas paredes cor de gelo de seu quarto. Ali observava enquanto caminhava até sua casa, com passos firmes. A sombra desapareceu e a luz do quarto se apagou, bem na hora em que Ali pisou em sua varanda de pedras.

Assim que abriu a porta, Ali notou que Jason estava na cozinha, segurando um bilhete. Ele parecia aliviado ao ver sua irmã.

– O que foi?– perguntou Ali, curiosa.

– Eu acordei agora pouco, e encontrei isso em cima da bancada da cozinha. – ele estendeu um pedaço de papel meio amassado para Ali. – Acho que eles não vão voltar até semana que vem.

Ali pegou o papel com as mãos um pouco tremulas. O bilhete dizia ''Caros filhos, tivemos que fazer uma pequena viagem de emergência. Não tivemos tempo de comunicá-los, pois era algo importante. Não se preocupem, pois voltaremos em alguns dias. E, sobre Courtney... Bem, já cuidamos disso. Com amor, mamãe e papai.''

O corpo de Ali estava tremulo. Ela deixou o bilhete cair no chão, e ela e Jason se abaixaram para pegar ao mesmo tempo. Seus rostos ficaram tão próximos que Ali conseguia sentir sua respiração ofegante, e um cheiro de vodka saindo da sua boca.

– Você bebeu outra vez? – perguntou Ali, encarando seu irmão. – Você sabe que precisa parar com isso.

– Por que? – perguntou Jason, parecendo frio.

Alison abaixou os olhos e se levantou. Ela sentia uma lágrima brotando no canto de seus olhos. Jason se esqueceu de pegar o bilhete e levantou também, reclamando de dor nas costas. Ali se apoiou na bancada da cozinha, pensativa. Ela se sentia tão... Desprotegida. Era como se estivesse por conta própria. Seus pais estavam fora de casa por uma semana, sua melhor amiga se esquecera dela completamente, sua irmã psicopata estava lá fora em algum lugar, e seu irmão nem sequer parecia se preocupar com ela.

– Escuta aqui. – Jason puxou seu braço, trazendo-a para perto dele e a envolvendo em um abraço forçado. – Você não está sozinha.


O dia seguinte surgiu com um sol brilhante. O ar lá fora cheirava a flores e grama, o típico cheiro de Rosewood em uma manhã ensolarada. Ali levantou da cama, confiante. Hoje seria um dia perfeito... Bom, pelo menos ela pensava que fosse.

Assim que abriu seu closet, notou sua fantasia de Lady Gaga perfeitamente no lugar em que deixara, ao lado de seu vestido da sorte que usara no baile de formatura em sua antiga escola. Ali se lembrou de sua entrada deslumbrante, com todos olhando para ela e suspirando. Todos os garotos largaram suas namoradas, para observar a perfeita Alison DiLaurentis subindo no palco para pegar sua coroa de ‘princesa do baile’. Como de costume, a coroa de ‘rainha’ sempre ia para CeCe, pois era mais velha que Ali.

Com um sorriso no rosto, Ali pegou seu telefone e discou o número de Spencer. Ontem, depois que Jason a abraçou, ele prometera a ela de que tudo ficaria bem de agora em diante. Os dois adormeceram no sofá da sala, assistindo ao filme ‘O diário de uma paixão’. A noite foi certamente perfeita. Era como se todos os problemas de Ali tivessem desaparecido, e ela podia se sentir viva novamente.

– Ali. – disse Spencer, um pouco ofegante. – Bom dia.

– Oi, Spence. – Ali bocejou. – O que você está fazendo?

– Estou em uma partida de tênis no meu quintal. – ela fez uma pausa. – Você está bem?

– Hm, sim. – disse Ali, indiferente. – Você está jogando com quem?

– Com o meu pai. – Spencer parecia feliz. – Quer se juntar a nós?

– Ah, não, obrigada. – Ali revirou os olhos. Ela tinha nojo de saber que o pai de Spencer era também... O pai de seu irmão, Jason. – Mas posso ir até aí depois?

– Claro. – Spencer ficou ainda mais animada. – Meu pai já está saindo em alguns minutos. Você pode tomar café da manhã aqui se quiser.

– Obrigada, Spence. – Ali desligou.

Hoje a noite aconteceria a festa mais esperada do ano, o Halloween na cada dos Kahn. Alison, Spencer, Aria, Hanna e Emily foram convidadas. É claro que Ali ser convidada não era uma surpresa, mas as outras quatro estavam nas nuvens. Era mais do que um sonho para elas, algo fora da realidade. Ali não queria que suas novas melhores amigas a fizesse pagar um mico essa noite, e nem em nenhuma outra, então ela bolou um plano em sua cabeça: se aproximar ainda mais delas. Até agora, haviam trocado alguns segredos. É claro que Ali nunca contava os seus, ela só ouvia os delas. Mas, Ali precisava de mais. Ela precisava garantir a confiança delas, de alguma forma. Ela só não sabia como fazer isso, por enquanto ainda não.

Spencer esperava ansiosa em sua varanda, ainda segurando uma bola de tênis em uma das mãos, e com uma faixa ridícula demais em sua cabeça.

– Você gosta mesmo disso, não é. – Ali surgiu do outro lado do jardim, com um sorriso sarcástico no rosto, característico dela. Seus olhos e sua pele estavam tão brilhantes sob a luz do sol, e ela usava uma blusa branca tão perfeita, que parecia até um anjo.

– É só um hobbie. – disse Spencer, colocando a bola dentro de um vaso do lado da porta e tirando a faixa de sua cabeça, o que deixou seu cabelo um pouco bagunçado.

Ali riu.

– É, eu sei.

As duas entraram e se jogaram nos bancos de madeira da mesa da cozinha. Spencer ofereceu um iogurte para Ali e ela aceitou.

– A sua mãe compra umas maçãs horríveis. – Ali franziu o nariz, olhando para a fruteira de Spencer no canto da mesa.

– Essas foram a Melissa quem comprou. – Spencer puxou a manga de sua blusa, envergonhada.

Ali deu uma gargalhada.

– Ah, por isso.

Spencer engoliu em seco.

– Porque você não gosta da minha irmã? – perguntou, com medo da resposta.

– Um dia você vai descobrir. – Ali piscou, se levantando. – Bom, eu tenho que ir agora.

– Você já vai? – Spencer fez uma cara de triste. – Pensei que fosse passar a manhã aqui. Você poderia me ajudar com os cartazes. – Spencer estava concorrendo à presidente da escola, um cargo muito importante. Bom, pelo menos para ela.

– Não posso. – Ali se aproximou e deu um beijo em sua bochecha. – Aria me mandou uma mensagem, vamos dar uma volta. – disse, olhando para a tela de seu celular.

– Ok, então. – Spencer acompanhou Ali até a porta, olhando para o chão como se estivesse tentando evitar uma lágrima.

– Você quer vir junto? – Ali olhou uma última vez para Spencer antes de atravessar o jardim.

Spencer queria muito, muito ir, mas ela precisava fazer um bilhão de coisas.

– Não vai dar. – disse ela, tristemente.

– Ah, é uma pena. – Ali acenou e saiu desfilando pelo quintal de Spencer.


Aria Montgomery olhava para a rua através da janela de seu quarto, ansiosa para a chegada de Ali. Assim que viu algumas mechas loiras surgindo em seu campo de visão, ela desceu as escadas correndo e abriu a porta.

Alison estava com uma blusa branca e um blazer rosa bebê por cima. Aria sorriu ao vê-la.

– Fico feliz que tenha vindo. – disse ela, dando um passo para trás para que Ali entrasse.

O pai de Aria, Byron Montgomery, surgiu na sala de estar, segurando uma maleta preta. Ele era professor de história, e dava aula na faculdade de Hollis, que ficava perto do centro da Filadélfia.

Ele parou ao ver Alison, e sua expressão sugeria que ele havia levado um susto.

– Pai. – Aria se virou, sorrindo. – Essa é Alison, minha amiga. Ela é da minha classe.

– Ah. – um som de alívio saiu de sua boca. – Prazer em conhecê-la.

Alison acenou, sorrindo.

– Eu preciso ir. – disse Byron, se desculpando. – Estou atrasado. – ele deu um beijo na testa de Aria e saiu correndo pela porta.

– Ele é sempre assim, tão estranho? – Ali sussurrou.

– Geralmente não.– disse Aria, encarando o chão.

– Você não suspeita de nada? – Ali sussurrou novamente, dessa vez mais perto.

– Do que eu deveria suspeitar? – Aria encolheu os ombros e encostou-se à porta.

Ali riu.

– Todos nós temos segredos, querida.


Aria sugeriu que as duas fossem até uma sorveteria famosa, que ficava perto do campus de Hollis. As duas se maquiaram na casa de Aria e entraram no carro. Byron costumava levar Aria e Mike até lá em dias de verão, quando era impossível ficar em casa.

Ali sempre optava pelo sabor de caramelo, e mesmo que Aria preferisse o de baunilha, ela escolheu o mesmo que Ali, dizendo ser seu sabor favorito também. Ela queria muito que as duas tivessem algo em comum, mas na verdade... Não tinham. Ali era bonita, inteligente, conseguia arrancar suspiros e olhares de todos, e Aria era... Esquisita. Mas talvez Ali tivesse achado algo em comum entre elas, por isso resolveu convidar Aria para ser sua amiga.

Aria convidou Ali para ir com ela até Hollis, pois estava na hora da pausa das aulas e seu pai poderia levá-las para uma tour pelo lugar. Os garotos que estudavam em Hollis eram os mais bonitos de toda a Filadélfia, e é claro que Ali não recusou o convite. As duas foram tomando seus sorvetes, contando piadas e rindo ao longo das grandes calçadas que circulavam a entrada da faculdade. Ali escutou um farfalhar de arbustos atrás de si, mas não se virou. Bem no começo da rua, uma menina de óculos redondos e cabelos escuros, um pouco desbotados, corria atrás delas.

– Ei, Ali! – gritava a garota. Ali olhou por cima dos ombros e viu, era Mona Vanderwaal.

– Ali! – continuava ela. Parecia ser algo urgente, importante, mas Alison simplesmente deu de ombros, rindo.

– Que idiota! – exclamou Ali. – Será que ela nunca vai desistir?

Aria riu, concordando com a cabeça.

– Vamos correr. – Ali sugeriu, gargalhando. – Assim ela vai embora.

Aria não protestou, apenas seguiu os passos rápidos de Alison e em poucos minutos as duas já estavam correndo, dobrando uma esquina e depois outra. Mona não estava mais atrás delas, e isso fazia com que as duas rissem ainda mais. Mas a felicidade, é claro, dura pouco. Assim que entraram em uma rua sem saída, que dava para um dos portões do fundo da faculdade, Aria notou um carro bem familiar. Ela parou, e seu coração também. Ali observou atenta. Duas figuras estavam no banco de trás... Se beijando. A mulher tinha cabelos loiros, mas nem Aria e muito menos Ali sabiam quem era. Certamente não era a mãe de Aria.

– Aquele... – Ali fez uma pausa, revirando seu sorvete com uma colher pequena de plástico. – Não é o seu pai?

Aria parecia uma estátua, com seu rosto pálido. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

O pai de Aria, Byron, parou de beijar aquela desconhecida e sorriu, como se fossem amantes a muito tempo. Ele se virou para o lado e viu Aria, parada ao lado de Ali. Alison não sabia o que fazer. Ela tinha vontade de dizer "eu bem que lhe avisei", para Aria, mas não o fez. Somente colocou uma das mãos sobre o ombro da amiga, como um ato reconfortante.

O queixo de Byron caiu, e a mulher olhou na direção em que ele olhava, um pouco envergonhada. Ela parecia ser muito mais nova do que ele, na casa dos vinte e poucos anos. O estômago de Ali se revirou. Será que era uma aluna?

– A-Aria. – disse ele, abrindo a porta do carro, correndo na direção da filha.

Aria puxou Ali pelo braço e saiu correndo, tropeçando em seus passos. Elas conseguiram alcançar o carro, estacionado próximo a uma das entradas de Hollis. Aria arrancou com o carro a um milhão por hora.

– Vai com calma! – Ali gritou, ainda perplexa com a cena que presenciaram.

Lágrimas e mais lágrimas brotavam dos olhos de Aria, e ela não disse nada até deixar Ali em sua casa. Ali bateu a porta do carro e olhou uma última vez para Aria, com um rosto expressando pena.

– Ele deve ter uma explicação para isso. – disse ela, quase que sarcasticamente.

Aria balançou a cabeça, em negativa, e saiu com o carro. Um pingo de preocupação tomou conta de Alison, mas ela não podia deixar que o problema de outra pessoa arruinasse sua vida. Afinal, ela já tinha seus próprios problemas.

Parte 2


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