Some Secrets Never Die escrita por APrettyLittleLiar


Capítulo 19
The Radley isn't a good place to stay


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Boa leitura! :)



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A brisa fria da manhã entrava pela fresta da janela do quarto de Ali. Seu despertador rosa em formato de ursinho fez um bip em cima da cômoda. Ela se levantou, um pouco tonta. Ali nem sequer teve forças para colocar o pijama na noite passada. Seu corpo estava todo dolorido, como se ela tivesse participado de uma luta. Suas costas doíam ainda mais, e só então ela notou que havia dormido em cima de seu celular. Alison o pegou, desbloqueando a tela. Ela estava rezando para que tudo não tivesse passado de um pesadelo, mas assim que ela clicou em Mensagens Recebidas, percebeu que aquilo estava mesmo acontecendo.

A mesma sensação da noite anterior tomou conta de seu corpo. Ali se levantou, calçou suas botas de couro que comprara em uma boutique em Paris, e se arrastou até a janela. Lá em baixo, uma mulher passeava feliz com seu poodle, falando ao telefone. Um homem de meia idade passou por ela correndo, fazendo seus exercícios matinais. Tudo estava normal em Rosewood, exceto na vida de Ali. Desde que sua irmã fora para o hospício, muita coisa acontecera. Ali sentia falta da sua vida em Connecticut, dos velhos tempos em que ela só se preocupava em ser popular e encantar as pessoas em sua volta, deixando Courtney sempre por fora de seus planos. Será que sua irmã queria mais do que perturbá-la? Será que ela queria... Vingança? Ali sacudiu a cabeça para se livrar desse pensamento, abriu a porta do quarto e desceu as escadas cautelosamente, como se estivesse com medo do que iria encontrar lá embaixo.

Jason estava com a camiseta de Rosewood Day, sentado de frente para a bancada da cozinha, comendo um prato de cereal com leite. Seus músculos pareciam tensos, e seu cabelo estava meio bagunçado. Mas, mesmo assim, ele continuava lindo.

– Oi.– disse ele, baixinho, vendo sua irmã se aproximar.

Ali abriu a geladeira e pegou um iogurte, sentou-se de frente para Jason e tentou não olhar diretamente em seus olhos.

– Você está bem? – Jason colocou a colher sobre a madeira polida, encarando Ali com um ar de preocupação.

Tudo o que Ali queria era poder contar o que estava acontecendo para alguém, de uma vez por todas. Mas, quem? CeCe era a única pessoa que ela realmente podia confiar. CeCe sabia de tudo a seu respeito, tudo mesmo. Mas desde que se mudara para Rosewood, sua ex melhor amiga nem sequer a telefonara. Alison pensava muito nisso, na maior parte do tempo. Ela tentava buscar no passado algo que explicasse, o fato de CeCe não querer mais ser sua amiga. Ali chegara até a considerar que CeCe estivesse sem celular, sem telefone, sem notebook... Mas isso era impossível. Sempre que o iPhone de CeCe estava com algum defeito, ela simplesmente jogava-o fora e comprava outro. Simples assim.

– Ei.– Jason tocou o braço de sua irmã, que estava mais frio do que o normal. – Quer que eu te leve ao médico? Posso perder a primeira aula.

Alison finalmente olhou para Jason. Seus olhos se encontraram, e por incrível que pareça ela se sentiu melhor.

– Não precisa. – Ali finalmente falou, encarando seu potinho de iogurte.

– Ali. – Jason fez uma pausa, esperando que sua irmã olhasse em seus olhos, mas ela não o fez. – Você sabe que eu jamais faria algo para te machucar, não sabe?

O corpo de Ali estremeceu. O que Jason queria dizer com isso, afinal? Alison olhou para ele, um pouco perplexa. Seus lábios inferiores tremiam. Quando ela ia abrir a boca para falar algo, a campainha da casa tocou. Jason e Ali ficaram no mesmo lugar, sem mover um dedo. A campainha soou novamente, dessa vez ainda mais forte. Sem dizer uma palavra, Jason foi até a porta e abriu-a. Um homem grisalho de meia idade estava parado na varanda da casa dos DiLaurentis. Ele vestia uma blusa social branca, com um emblema em um dos cantos. Era uma estrela de oito pontas, um pouco torta, e em baixo podia-se ler visivelmente ‘’Clínica Radley’’. Ali piscou os olhos, sem acreditar no que acabara de ler. Jason ainda estava encarando o homem.

– O seu pai está? – perguntou. Ali não deixou de notar que havia urgência em sua voz. – Meu nome é Maison. Sou um dos responsáveis pela sua irmã. – disse ele, com a voz um pouco abafada, apontando para o emblema em sua blusa.

O lábio inferior de Jason tremeu.

– Você pode entrar? – perguntou, dando uma olhada em volta na vizinhança. – Não quero conversar sobre ela aqui fora.

Sem hesitar, o homem entrou, batendo os sapatos pretos de bico fino no tapete atrás da porta, importado da Turquia. Sua expressão não se alterou. Certamente ninguém gostava de falar sobre um parente internado em um hospício com a porta aberta, para todos os vizinhos escutarem a conversa.

Jason o guiou até o sofá da sala de estar. Alison se encostou atrás da grande pilastra de mármore na cozinha, para poder escutar a conversa sem ser vista. Provavelmente o homem não sabia que Courtney tinha uma irmã gêmea.

O que aconteceu? – Jason parecia com medo da resposta. Ele sentou em uma poltrona de couro bem ao lado da lareira.

– Ontem, no período da tarde, liberamos os pacientes para darem um passeio pelo jardim da clínica. – Maison fez uma pausa, olhando para Jason, para ver se ele estava acompanhando-o. – Courtney passara a semana toda falando que sentia falta de casa, de sua família...

– Onde você está querendo chegar com isso? – Jason o interrompeu. Seu maxilar estava tenso, e seus olhos azuis pareceram ter perdido toda a cor.

– Depois que o tempo acabara, as enfermeiras conduziram os pacientes para seus quartos. – Maison fez outra pausa, rapidamente. – Mas Courtney havia sumido. E ela não voltara até hoje de manhã.

O coração de Ali saltou. Ela sentiu todo o seu corpo congelar em questão de segundos.

– Como assim ela sumiu? – Jason alterou sua voz. Ele parecia estar à beira de um ataque de nervos, mas depois sacudiu a cabeça meio que em negativa, como se não acreditasse naquilo.

– Estou dizendo que ela não voltou para seus aposentos. – Maison encarou Jason por um instante. – Pensamos que ela teria fugido para visitá-los. – Ele olhava para Jason como se estivesse acusando-o de algo.

– Ela não está aqui, definitivamente. – Jason falou, quase gritando. – Vocês já comunicaram nossos pais?

– Passamos a manhã inteira tentando comunicá-los. – Maison tossiu, limpando a garganta. – Mas seus celulares caiam na caixa postal. Achei que iria encontrá-los aqui.

– Eles estão no centro da Filadélfia. – Jason se levantou, levanto as mãos à cabeça, preocupado. Ele olhou para a cozinha, mas não viu que Alison estava escondida atrás da pilastra. – Eu não acredito nisso. – Jason encarou Maison, que continuava com a mesma expressão. Certamente ele já estava acostumado a lidar com pessoas em crise emocional. – Como vocês deixaram que ela escapasse?

– Nossa clínica tem regras diferentes para cada caso. – Maison notou que Jason estava o encarando, esperando por uma explicação. – Sua irmã foi avaliada por quatro especialistas diferentes. – continuou. – Nenhum deles confirmou que ela realmente tivesse distúrbios psicológicos. Seus pais foram informados disso, também.

Jason sentou novamente, perplexo. Seus pais não haviam mencionado aquilo.

– Seu pai pagou uma quantia realmente alta para que a deixássemos ficar lá por um bom tempo. – Maison fez um gesto com as mãos, como se Jason obviamente soubesse daquilo. – Courtney é uma garota adorável. Ela sempre fala da família, de seus amigos...

Amigos? – perguntou Jason. Pelo que ele se lembrava, Courtney nunca fora de ter amigos. Bom, pelo menos nunca havia visto ela com alguém durante os intervalos das aulas em seu antigo colégio, e jamais levara alguém para casa em um final de semana.

– Sim. – Maison pareceu confuso. – Ela mencionou alguns nomes, vejamos... – Ele pegou um pequeno bloquinho preto no bolso de sua camisa. – CeCe. É de quem ela mais fala.

Alison ainda estava escutando toda a conversa, encolhida, com os braços em frente do corpo. Assim que ouviu o nome de CeCe, seus joelhos dobraram. Aquilo era demais para ela. Como Courtney poderia ter citado o nome de CeCe como uma de suas amigas? Como aquilo poderia estar realmente acontecendo? Ali não sabia o que pensar.

Ouvir o nome da sua ex namorada fez com que Jason se encolhesse ainda mais. Seus olhos iam de um lado para o outro. De Maison para seu bloquinho, estendido sob uma de suas mãos.

– CeCe? – Jason repetiu baixinho. – Ela não é amiga dela. Elas nunca foram amigas.

Maison o encarou, como se aquilo fosse ridículo.

– Isso é impossível. – murmurou. – Ela fala muito dela. Elas realmente têm boas histórias.

O coração de Alison estava prestes a sair pela sua boca.

Jason engoliu em seco. Sua expressão ia de surpresa, à confusão, à perplexidade.

Quais outras mentiras ela contou? – Jason disparou, quase atropelando suas palavras.

– Ela disse que era muito popular na escola, e que não entendia o porquê de seus pais estarem fazendo isso com ela.

Jason olhou para ele ainda mais confuso. Desde quando Courtney era popular? Esse sempre fora o papel desempenhado por Alison.

– Você disse que ela mencionou a família, não é? – Jason suspirou, ele ficava cada vez mais tenso. – O que ela disse, de verdade?

– Ela falou muito sobre o irmão dela, Jason. É você?

– Sim. – Jason deixou escapar, tentando acompanhar seu raciocínio.

– Ela também falou que vocês costumavam se divertirem juntos, mas você se esqueceu disso há muito tempo.

– O-O que? – Jason franziu os olhos, incrédulo.

– Ela gosta muito de você. Muito mesmo.

Jason tentou conter uma risada irônica. Aquilo era impossível.

– Sobre quem mais ela falou?

– Conversamos sobre seus pais. – Maison suspirou. – Nada demais.

– Ela não mencionou... – Jason fez uma pausa, calculando suas palavras. – Mais ninguém da nossa família? Alguém que ela... Não gostasse?

– Não. – Maison parou por um instante, averiguando a pergunta. – Não da sua família.

O corpo de Jason gelou, com medo da resposta que receberia com a sua próxima pergunta.

– O que você quer dizer?

– Ela falou de uma pessoa em particular. – Maison passou a mão pelos seus cabelos grisalhos e ajeitou o aro de seus óculos de grau. Ele folheou o pequeno bloquinho novamente, procurando alguma coisa. – Alison. Falamos muito sobre ela.

Jason deixou um som agudo escapar de sua garganta. Ele se ajeitou na poltrona, tentando permanecer sentado. Isso não podia ser verdade.

Alison, ainda na cozinha, estava com vontade de invadir a sala de estar e pegar aquele maldito bloquinho, e depois procurar por Courtney e jogar na cabeça dela. A raiva estava tomando conta de seu corpo. Ela não podia suportar aquilo. Courtney definitivamente ultrapassara os limites.

– O que ela mencionou? – Jason fez uma pausa, olhando para o chão de madeira. – Sobre a... Alison?

– Ela disse que tinha alguém tentando machucá-la. – começou Maison, revisando o bloquinho mais uma vez. – Ela disse que seu nome era Alison. Ela não deu mais nenhuma identificação sobre quem ela era, de onde vinha... – Ele olhou para o bloco em sua mão, depois para Jason. – Mas, Courtney falou muito sobre ela.

– O-O que ela falou, exatamente? – Jason se engasgou, passando uma das mãos em seu cabelo castanho.

– Não posso te dizer exatamente. – Maison colocou o bloquinho de volta em seu bolso. – Não estou com os relatórios aqui. Mas venha até a clínica hoje à tarde, posso lhe mostrar algumas coisas não confidenciais.

Jason concordou com a cabeça, ainda sem conseguir acreditar naquilo tudo. Maison o cumprimentou rapidamente e seguiu até a porta, com Jason atrás dele.

– Estamos tentando nos comunicar com seus pais. – Ele parou na soleira da porta, olhando para Jason. – Há possibilidades de Courtney estar com eles. Por isso não podemos ligar para a polícia agora. E também não podemos fazer um laudo, pois tudo o que sabemos é que ela não retornou aos seus aposentos, e temos certeza de que ninguém entrou e tirou-a de lá. – Maison fez uma pausa. – Ela saiu sozinha. Não podemos considerar que seja um caso de desaparecimento, por enquanto. Se seus pais chegarem ou derem notícias, nos informem. Vou até o centro da Filadélfia para encontrá-los.

Jason continuou o encarando. A palidez tomava conta de seu rosto.

Maison colocou a mão em seu braço esquerdo, como um ato reconfortante.

– Não se preocupe. – disse ele. – Courtney é muito esperta. Ela vai aparecer.



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Notas finais do capítulo

Outro grande mistério foi relevado. O que será que vai acontecer agora? Continuem mandando reviews que em breve postarei um novo capítulo :) xo