Bree namora um dos caras mais toscos que Aaron já tinha visto; Bryan, seu melhor amigo, está tão loucamente apaixonado por ela quanto o próprio namorado dela, ou tanto quanto Aaron. Era exatamente isso que estava irritando Aaron. Os dias seguintes a esses fatos de mal entendidos Aaron começou a ficar entediado e começou a perceber que a sua fraqueza e falta de atitude estavam começando a se transformar em algo não agradável para o seu organismo. Durante aquelas aulas chatas de teoria musical Aaron ficou gripado. Normalmente aulas de música nunca deixaram Aaron chateado, mas rever teoria musical quando você já deve ter um conhecimento prévio para se estudar em uma academia de artes estava sendo algo chato. Passou os dias na cama, só pensava em querer voltar pra casa. No domingo pela manhã o seu celular tocou. Abriu seus olhos pesados para ver quem estava ligando. Era Bree. Atendeu e tentou disfarçar a voz para que ela não pudesse notar que ele estava dormindo:

- Oi! – disse ele engrossando a voz.

- Aaron, como você está?

- Ainda descansando – disse ele enquanto se levantava e percebia que já era manhã, após uma noite mal dormida.

- Eu estava pensando em nosso encontro pra o projeto de artes. Também temos projetos de música e dramaturgia, lembra?

- Sim, eu lembro. Achei que poderíamos fazer isso à noite – dizia ele enquanto descia as escadas e tirava o lixo.

- De noite? Bom, eu acho que eu já tinha planos pra noite...

Aaron abriu a porta para colocar o lixo fora.

Deu de cara com Bree.

Foi a primeira vez que ela o viu com aquela cara de morto e de pijamas.

- ...Então eu pensei: por que não agora? – dizia ela tentando surpreender.

Ela parecia pronta para tudo. Usava um casaco bege por cima do seu vestido típico, também usava uma toca. Tinha uma máquina de fotografar presa ao pescoço e uma bolsa pequena. Aaron deixou a água para o chá fervendo enquanto tomava um banho. Bree resolveu dar uma olhada pela casa, em cada detalhe.

- Estava tirando fotos da casa? – perguntou Aaron enquanto voltava já arrumando “enxugando” o cabelo.

- Balançar a cabeça é mesmo um bom método de se enxugar o cabelo, e sim, estava preparando algumas coisas pra o nosso projeto de artes – disse ela com segurança na fala.

- Fotos da minha casa?

- Bem, onde está o Bryan?

- Trabalhando.

- Ótimo. Então temos a manhã toda, podemos começar dando uma volta no centro, tendo umas ideias, inspirações...

Aaron não aguentou a fala de Bree, por mais que a sua voz fosse agradável.

- E o Kenny? – perguntou Aaron sério.

- O que tem ele? – ela parecia realmente séria pela primeira vez.

- Você está sendo tão legal comigo, parece que às vezes você se esquece que tem um namorado. Me desculpe, mas isso me incomoda – desabafou.

- Ele não é ciumento, e eu tenho tempo pra ele. Não tem do que se desculpar – disse ela.

Preferiu não continuar no assunto e foi servir o chá.

Bree sentiu a frieza da conversa e rapidamente partiu para outro plano.

- Chá? Eu pensei que fossemos sair

Aaron fez cara de preguiçoso. Bree o empurrava até o carro.

- Por que você sempre parece tão inseguro? – dizia ela enquanto dirigiam pela cidade.

- Porque...eu sou novo na cidade e só conheço no máximo 5 pessoas? – disse ele tentando ser lógico.

- Bom argumento. Eu nasci aqui. Nunca gostei muito desse lugar, já pensei em me mudar várias vezes, mas algo sempre me traz de volta. A arte é a minha paixão. Poucas garotas te aceitam se você não quiser ser líder de torcida, modelo ou algo do tipo. Minha paixão sempre foi o clube de teatro da escola, o que incluía as pessoas menos populares da escola. Entrar para a academia de artes foi um sonho realizado. Mas enfim, também não conheço muitas pessoas por aqui.

Conversavam enquanto davam uma volta pela cidade. Pararam uma cafeteria e continuaram dando uma volta pela cidade.

- Há quanto tempo você namora o Kenny? – perguntou Aaron destemidamente.

- Uma semana – disse ela tentando não rir.

Aaron riu.

- O que? – ela continuou rindo.

- Nada – disse ele.

- Você sabe que eu gosto de você, já deve ter percebido – disse ele.

- Eu acho que você fala demais Aaron Smith de Maryland – dizia ela ignorando totalmente a pergunta e se retirando do carro. Era como se ela já tivesse tudo ensaiado, o que deixava Aaron louco.

- Aonde você está indo? – dizia ele descendo do carro e correndo atrás dela.

- Central Park! Precisa ver a minha parte preferida – dizia ela enquanto quase corria.

Aaron corria tentando acompanhar. Já estava cansado de correr, mas sabia que valeria a pena. Aquele lugar estava sempre cheio, mas mais uma vez Aaron comprovou que Bree tinha aquela cidade na palmadas mãos. Viu que ela o estava levando para um lugar menos frequentado do parque. Grandes árvores e alguns poucos bancos enfeitavam o lugar. Grandes montanhas de folhas secas de outono se acumulavam no chão. Ela correu e se jogou encima das folhas.

Aaron riu.

- É esse o seu método para me curar de uma gripe? Café e chão gelado? – perguntou ele.

- Vai pular ou não?

Aaron pulou de mal jeito. Gritou.

- Ai meu Deus! O que aconteceu? – ela se levantou preocupada.

- Acho que enganei alguém – disse ele.

Ela o encarou.

- Seu idiota!

Começou a jogar todas as folhas encima de Aaron até fazer uma pequena montanha. Começou a tirar fotos.

- Nosso projeto de artes poderia ser isso. Folhas em formato de gente trouxa – brincou ela.

- Parece bastante engraçado! – gritou ele.

Novamente ela se jogou encima das folhas. Eram muitas.

- Achei mesmo que fosse encontrar você aí – dizia Kenny se aproximando.

Aaron rapidamente se saiu daquela montanha de folhas.

Kenny estendeu a mão e a puxou.

- Achei que fossemos nos ver de noite – disse ela surpresa.

- Oi Aaron! – disse Kenny acenando de longe.

- Oi! – disse Aaron se levantando e estendendo a mão para o cumprimentar.

Ele não estendeu a mão de volta.

- Desculpe. Tenho que ir – disse ela parecendo bastante sem graça.

Kenny a abraçava.

- Podemos deixar o Aaron perto... – perguntava ela enquanto era interrompida.

- Não. Pode deixar. Eu sei o caminho de volta – disse Aaron bastante chateado.

- Viu? Ele sabe. Agora vamos almoçar. Até logo Aaron! – dizia enquanto dava as costas e ia embora.

Bree olhou para trás uma vez e viu Aaron tirando as folhas que estavam coladas em suas roupas.

Aaron estava mais triste do que furioso.