Ladies's Brotherhood escrita por Aria S


Capítulo 19
Capítulo 14 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, eu sei (É o meu primeiro capítulo do ano, agora que notei o_o). Nem vou enrolar vocês com os motivos da minha demora. Espero que vocês aproveitem o capítulo ao máximo. Boa leitura o/



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No capítulo anterior...

Uma Lady americana invadiu o território da Irmandade Britânica, em busca de informações das verdadeiras intenções de Madame Beauford.

Depois de uma árdua perseguição e uma bem sucedida tentativa de fuga, a garota chega viva até a sua sede nos Estados Unidos. Então Madame Beauford aparece na sede americana e declara que as Irmandades devem escolher de que lado lutar na Tempestade.

Agora Catherine, líder da Irmandade Americana, decide dividir informações com sua única possível aliada: Madame Marie Van de Hout.

Capítulo 14 – Parte II

O sol estava brilhando sobre a Irmandade Francesa, e Collet aproveitou aquele dia ensolarado para treinar alguns de seus novos cães, os filhotes de sua husky-siberiana Dorothy. Os animais já haviam crescido bastante e Collet achou que já estava na hora de treiná-los um pouco. Dorothy estava junto com ela, porém cochilava na grama banhada pelo sol.

Os seis filhotes ficaram enfileirados um ao lado do outro, de frente para Collet. Eles estavam quietos e olhavam a garota com atenção, obedecendo cada ordem que a humana lhes dava.

De repente a cadela, mãe dos filhotes, ergueu a cabeça e as orelhas, olhando em direção à floresta. Alguma coisa lá havia chamado sua atenção, e Collet havia sentido mesmo.

– Há um invasor aqui. – ela murmurou.

***

Collet entrou na floresta junto com a husky, e pegou uma faca que estava guardada atrás de seu vestido. Ela andava sorrateiramente entre os arbustos e árvores, evitando fazer qualquer barulho possível, e a cadela tentava o mesmo.

Estava difícil encontrar o invasor, o cheiro dele parecia mudar, como se ele não fosse completamente humano, e isto deixava Collet intrigada. Ela farejou o ar mais uma vez e então sentiu o invasor logo à frente. Dorothy soltou um leve rosnado, e Collet não precisou ordenar para que ela atacasse-o. A cadela rapidamente correu em direção ao inimigo.

Collet esperou algum sinal de Dorothy, e então escutou um gemido distante de um animal ferido, era Dorothy. Sem pensar duas vezes, a garota correu em direção ao som.

Chegando ao local, ela se deparou com uma garotinha de pele morena e cabelo negro trançado. Ela estava agachada em frente ao animal ferido com a mão suavemente sobre o pelo.

– Não se preocupe. Ela só está dormindo. – a garota morena respondeu, se referindo à cadela.

– Quem é você? – Collet exigiu que respondesse.

– Meu nome Kenda. Apesar de não ser daqui, sou uma Lady, como você. – Kenda se levantou e olhou diretamente nos olhos de Collet, para que ela acreditasse.

– Isso é impossível. – Collet desacreditou, mantendo sua pose defensiva contra Kenda.

Já prevendo tal situação, Kenda retirou de dentro de uma pequena bolsa presa em seu vestido uma carta fechada com um selo vermelho.

– Talvez isso te ajude acreditar. – Kenda sugeriu entregando a carta para a garota.

Collet pegou o envelope, mas permaneceu desconfiada sobre a garota. Ao abri-lo e ler seu conteúdo Collet só pode acreditar que aquela garota também era Lady.

– O que veio fazer aqui? – Collet perguntou.

– Preciso falar com sua Madame. ­– Kenda exigiu.

***

Marie estava apreensiva em seu escritório. Soulier estava lá também, mas com sua mente tão inquieta com preocupações que era como se ela não estivesse. Depois do ataque contra a Primeira Dama, que era sua antiga colega de trabalho, e de descobrir que quem havia tentando matá-la era uma Lady enviada por Rosalie, nada mais poderia ocupar a sua mente além disto.

Ela olhava atentamente suas cartas de tarô que brilhavam naturalmente com a magia que havia nelas. Marie havia escolhido um grupo de cartas aleatoriamente e as alinhou sobre a mesa, na tentativa de ver o futuro como os cartomantes faziam, mas infelizmente não obteve nenhuma resposta.

A Madame suspirou pelo fracasso mais vez, e Soulier – que organizava alguns documentos – não se conteve mais em ficar quieta.

– Vidência nunca foi seu forte Marie. – Soulier esclareceu, fechando e guardando um documento que estava em suas mãos. – Ainda mais com um baralho incompleto. O que você está tentando ver afinal?

– Uma solução. – Marie respondeu se sentindo fracassada, abaixando o rosto e apoiando as mãos sobre a testa.

– Você nunca vai encontrar uma solução desta maneira. – Soulier aconselhava. – Se você visse o futuro, estaria fazendo a mesma coisa que Rosalie. Precisa pensar fora da caixa, diferente dela.

– Acho que você deveria ter sido a Madame no meu lugar. – Marie brincou sorrindo de canto para a colega, numa tentativa de fugir por um segundo da situação frustrante que estava passando.

– Eu não precisava. – ela sorriu de volta. – Já faço um ótimo trabalho apenas lhe aconselhando.

Enquanto juntava e guardava as cartas de tarô de volta em seu pentagrama, seus olhos se depararam por um segundo em uma estatueta de cavalo de ouro sobre sua própria mesa, e isso a fez pensar.

– Você conhece a história da Guerra de Tróia, não é mesmo Soulier?

– Mas é claro. Começou quando Páris, filho do rei Príamo de Tróia, se apaixonou pela rainha Helena, esposa do rei espartano Menelau, e a levou junto para seu país. É claro que o “sequestro” da esposa foi só uma desculpa para Menelau começar algo que já queria. – Soulier deu uma resposta completa. Não era à toa que ela era uma das professoras da Irmandade. – E por que isto de repente?

– Obrigada pela aula de história. – Marie brincou. - Acho que agora você já entendeu a onde eu quero chegar. – então deduziu.

Soulier pensou um pouco no que havia acabado de explicar e entendeu o que Marie tentou dizer.

– Você acha que Rosalie quis matar a Primeira Dama na tentativa de iniciar o conflito entre as nações? – ela perguntou duvidosa. – É uma tática antiga, e obvia.

Antiga ou obvia, ela funciona. E Rosalie sabe disso. – Marie disse. – O que temos que descobrir é o que Rosalie ganha com tudo isso.

De repente as duas ouviram alguém bater na porta do escritório. Nenhuma das duas esperava alguém.

Madame Marie? – era a voz de Collet por trás da porta. – Desculpe incomoda-la, mas há alguém que precisa vê-la.

Marie estranhou a visita repentina.

– Peça para entrar, por favor. – ela permitiu em atender a certa pessoa.

Quando a porta se abriu, a primeira pessoa que viu foi Collet, mas logo atrás surgiu a pequena garota que Marie já havia visto antes, no dia em que a Líderes se reuniram.

– Você já pode ir, Collet. – Marie ordenou.

Sem fazer perguntas, Collet deixou aquela sala.

– Qual é o seu nome, minha jovem? E o que veio fazer aqui? – Marie perguntou intrigada, pensando se aquela garota tinha a mesma intenção da pequena Lady que havia enfrentado outro dia.

– Meu nome é Kenda, e trago uma mensagem da Madame Delafield da Irmandade Americana. – ela mostrou a Marie outra carta, também selada com o símbolo da Irmandade.

***

Enquanto Marie enfrentava um grave problema em suas mãos, Paola enfrentava os seus próprios. Na biblioteca, ela se concentrava nas dezenas de livros abertos sobre a mesa que ocupava. Mesmo com pouquíssimas pessoas na biblioteca, ela optou por uma distante, onde quase nenhuma garota passava.

De todos os livros que lia, a maioria era sobre maldições, possessões e até mesmo controle mental. Tudo para descobrir o que era e como se livrar da voz que dominava sua mente. Várias opções pareciam possíveis, mas era impossível saber qual era a verdadeira.

Hmm... O que está lendo? – a voz cantarolou debochadamente.

– Você sabe muito bem o que estou lendo. – Paola resmungou farta das piadinhas que a voz sempre fazia.

Ainda tentando descobrir o que sou eu? Deve ser horrível ter um incômodo tão grande e não saber como resolvê-lo. – a voz debochou mais uma vez.

Paola a ignorou desta vez. Estava achando que quanto mais ignorá-la maior a chances de aquilo parar. Mas parte dela sabia que não funcionaria.

Paola? – ela ouviu alguém chama-la, mas pensou que era a voz tentando engana-la e então ignorou.

A pessoa a chamou novamente, tocando em seu ombro desta voz. O susto foi tão grande que Paola quase saltou para fora da mesa. Ela olhou para o lado e viu que era apenas Lolita que a chamava.

– Você me deu um susto Lolita. – ela suspirou aliviada.

– Desculpe. Eu não sabia que estava tão concentrada assim. – Lolita pediu sem graça. – O que você está lendo?

Paola colocou os braços sobre os livros discretamente, para que Lolita não soubesse o conteúdo que estava lendo.

– Nada de mais. Só estou aprendendo sobre novas magias. Nunca se sabe quando vamos precisar. – ela tentou inventar um desculpa.

– Paola, você sempre quer estar preparada para tudo, não é mesmo. – Lolita sorriu. – Tenho que ir, só vim buscar um livro que haviam me pedido. Até mais tarde. – ela se foi rumo à saída da biblioteca.

Aproveitando a ida de Lolita, Paola voltou a se concentrar em seus livros.

Lolita sempre foi uma garota tão alegre e positiva, não é mesmo? – a voz comentou. – Não entendo porque você a odeia tanto.

Aquilo foi um absurdo. Paola não odiava ninguém daquela casa. Mas ela não discutiria com a voz, não valia a pena.

Não finja que não sabe do que estou falando. – continuou. – Você sempre odiou as garotas mais fortes da casa. Mesmo você estando em 6ª lugar, você sempre odiou as outras por serem mais capazes que você. Principalmente Victória.

Paola não conseguia mais se concentrar em seus livros. Suas mãos tremiam sobre a mesa e os livros. Se aquela voz vinha de sua mente, quer dizer que tudo era verdade?

A vadia da Victória. – ela disse com desprezo. – Ela sempre foi à queridinha de todas. Enquanto você passava horas e dias tentando aperfeiçoar seus poderes, Victória nasceu com os dela, e cada vez ficam melhores e mais fortes. Não é uma vergonha? A filha da Madame da Irmandade Francesa ser tão franca enquanto uma órfã qualquer será claramente a nova líder da casa?

CALE A BOCA! ­– Paola berrou, batendo os punhos fortemente sobre a mesa.

Todas que estavam lá dentro ouviram o seu grito, assustadas com a ação incomum da colega. Mas ninguém estava tão abalada quanto ela mesma.

Bom saber que consigo fazer você perder as estribeiras. – a voz debochou mais uma vez antes de finalmente deixar Paola em paz.

Ela não aguentava mais. Estava deixando aquela voz a manipular e isso não podia acontecer. Não sabia mais o que poderia acontecer. Ela se levantou e saiu da biblioteca, sem mesmo colocar os livros no lugar. Se ela queria mesmo se livrar daquela voz só havia uma pessoa que poderia ajuda-la. Sua própria mãe.

***

No escritório da Madame, Marie lia atentamente a carta que a jovem Kenda havia trazido, sem acreditar no que estava escrito naquele papel.

Soulier assistia sua colega ler aquela carta, e pela expressão que Marie fazia sabia que nada de bom estava escrito lá.

– Então, o que diz a carta? – Soulier finalmente perguntou.

– Leia você mesma. – Marie entregou a carta para Soulier, e voltou sua atenção para a jovem americana em pé a sua frente. – Então você invadiu mesmo o território da Irmandade Britânica sozinha?

Kenda assentiu.

– Sim, Madame Van de Hout.

Marie ficou impressionada com a capacidade e a coragem da garota tão jovem.

– Não deve ter sido uma tarefa fácil. – ela deduziu.

– Sim, Madame. Mas admito que já enfrentei situações piores. – Kenda confessou a Marie que suas habilidades não são de serem menosprezadas.

– Minha jovem. – Soulier interviu. – De acordo com a carta, a senhorita presenciou Madame Beauford se encontrar com um militar britânico, estou certa?

Kenda confirmou.

– Sim, um general para ser exata.

– Poderia descrever a aparência deste general para nós? - ela pediu.

Kenda não entendeu o motivo, mas não viu o por que de não poder responder.

– Um homem mais velho, por volta de seus 40 ou 50 anos. Cabelos castanhos claros, mas quase totalmente grisalho, e olhos azuis escuros se minha visão estiver correta. – ela deu os detalhes.

Soulier não esboçou nenhuma expressão, e Marie não entendia o motivo dela ter perguntado aquilo à garota.

– A situação está cada vez mais complicada. – Soulier suspirou.

Ela então agachou e sussurrou algo no ouvido de Marie. Kenda não entendeu o que estava acontecendo, mas quando viu a expressão de espanto de a Madame fez ao ouvir o que quer que seja, sabia não eram boas noticias.

– Você tem certeza disso? – ela perguntou a Soulier ainda abismada.

– Se minhas informações tiverem corretas, então sim, eu tenho certeza. – Soulier confirmou.

Marie apoiou seu rosto sobre as mãos mais uma vez, processando o que havia acabado de ouvir. E Kenda apenas permaneceu no mesmo lugar, ainda tentando descobrir o que estava acontecendo.

– Minha jovem. – Marie a chamou levantando o rosto novamente. Apesar de parecer ter recebido alguma noticia alarmente a poucos momentos atrás, agora ela parecia tranquila e atenciosa. – Precisarei de um tempo para criar um bom relatório para você entregar a Madame Delafield, então que tal passar a noite aqui? Você deve estar cansada com o dia que teve. Soulier guiará você até um quarto desocupado.

Soulier foi até a garota e educadamente a guiou até a porta. Apesar de querer voltar para casa o mais rápido possível, Kenda achou lógico o que a Madame havia proposto. Afinal, ela estava realmente cansada.

Finalmente sozinha, Marie se sentou de maneira mais relaxada na poltrona que sentava, fitando o teto composto apenas por um único lustre.

– E eu achando que a situação não poderia ficar ainda mais complicada. – ela murmurou para sim mesma, aceitando toda a situação que estava surgindo.

***

Paola andava com passos firmes no corredor escurecido que levava até o escritório de sua mãe, a Madame. Quando chegou até a porta, duas pessoas saíram de lá. Uma delas era Soulier, e uma garota que pareceu desconhecido no principio, mas logo ela reconheceu que aquela era uma das Ladies que estava na reunião entre as Madames. A única que lhe ajudou quando a Lady alemã a ameaçava.

Paola parou bem em frente as duas, sem saber o que estava acontecendo.

– Ah, Paola, que bom que está aqui. – Soulier disse soando bastante casual. – Não tenho tempo para explicar, mas poderia levar essa pequena jovem até um quarto vazio? Ela passará a noite aqui.

Ela queria muito saber o que estava acontecendo no momento, mas não tinha vindo até aqui para isto. Tinha perguntas muito importantes para fazer a sua mãe.

– Sinto muito, madame Soulier, mas preciso perguntar algo para minha mãe. – Paola negou da maneira mais educada possível.

Soulier colocou uma de suas mãos sobre o ombro de Paola.

– Sua mãe está realmente muito ocupada no momento, e ela não pode ser interrompida agora. – ela disse tentando ser sutil. – É melhor tratar deste tal assunto outra hora.

Paola desviou o olhar para porta por um tempo. Ela precisava muito falar com sua mãe sobre o que está acontecendo, talvez ela fosse à única que a pudesse ajuda-la. Mas se Soulier estava dizendo que Marie estava realmente ocupada, ela não podia questionar.

– Está bem. – ela concordou. Depois sorriu para a garota que esperava ao lado de Soulier. – Venha comigo.

Kenda seguiu apenas Paola pelo escuro corredor, deixando a outra senhora para trás. A estrangeira permaneceu em silêncio por opção. Ela não era de conversar. Já Paola não sabia o que dizer. A garota a havia salvo de outra Lady, mas havia deixado claro que elas não haviam se tornado amigas por isso.

Pelo menos pergunte o nome dela. – a voz sugeriu parecendo entediada com a cena.

Ela não quis acreditar, mas a voz estava certa.

– Então, qual é o seu nome? – ela tentou ser amigável.

– Kenda. – a jovem foi direta.

– É um nome bem diferente. Tem algum significado? – Paola tentou continuar a conversa.

Kenda olhou para a garota ao seu lado, e ficou surpresa por algum motivo. Ela já havia dito seu nome varias vezes aquele dia e nenhuma pessoa havia perguntado o significado. Ela não conseguiu segurar um leve sorriso que sorriu em seu rosto.

– Significava “magia” na minha antiga aldeia. – ela voltou a olhar para frente, mas o sorriso ainda não havia sumido.

– É um significado bem interessante. – Paola comentou. Então olhou para o braço de Kenda e viu um borrão vermelho se formando na atadura amarrada perto de seu ombro. – Sua ferida ainda não cicatrizou. É melhor limpar e trocar faixa.

– Não há necessidade disso. – Kenda recusou a oferta.

– Claro que é necessário. Pode infeccionar. – Paola insistiu. – Venha, vou leva-la até a enfermaria.

Como Kenda era hóspede, achou que seria rude recusar mais uma vez o pedido de uma das moradoras da casa. Então seguiu a garota que entrou em outro corredor.

***

Enquanto isso nos dormitórios da mansão, Victória se trancava em seu próprio quarto. Ela estava deitada na cama, e fazia flutuar um pequeno origami em formato de rosa acima dela, próximo ao teto. Aquele foi uma pequena dobradura que Christofer havia lhe ensinado a fazer um dia.

Parte dela pensava em Christofer e o que faria em relação a ele. Ela realmente gostava dele e não queria simplesmente afasta-lo. Outra parte dela pensava em seus poderes. Na noite passada ela havia criado um leve tremor só por ter se zangado com Brieta, e então relacionou esse pequeno ato com o dia em que Marietta foi sequestrada. Ela se sentiu tão poderosa aquele dia que destruiu uma mansão inteira. Mas depois de pensar bem percebeu que seus poderes só ficaram daquele jeito porque estava com raiva dos homens que havia sequestrado sua melhor amiga. Se pequenos excessos de raiva a deixava tão forte, imagine quando uma raiva maior a dominasse.

Ela estava com medo de si mesma. Era disto que Brieta estava falando. O “perigo” que mencionou era de Victória poder machucar alguém. E este alguém poderia ser Christofer, ou até mesmo uma das garotas da Irmandade.

Então Marietta entrou de repente no quarto, que também era dela. Ela parecia feliz e bem animada. A aparição repentina vez o origami que Victória levitava cair em seu peito.

– Você ficou trancada no quarto o dia inteiro? – Marietta perguntou quando finalmente percebeu a amiga deitada na cama olhando em sua direção. Ela colocou as mãos na cintura indignada quando percebeu o que acontecia. – Essa não, você está depressiva de novo.

– Marietta. – Victória a chamou enquanto se sentava na cama. – Você acha que eu sou perigosa?

Marietta ficou calada por alguns segundos, e de repente começou a gargalhar com tanta vontade que sua barriga até doeu. Victória assistiu confusa ao comportamento repentino da amiga a sua frente.

Quando finalmente se acamou, ela se sentou de pernas cruzadas na outra cama vazia.

– Victória, você pode ser muitas, eu garanto, mas perigosa não é uma delas. – esclareceu. – Isso tem haver com o que Brieta te disse noite passada?

Victória não respondeu, mas seu silêncio já foi uma resposta. Marietta se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

– Em primeiro lugar, Brietta nunca fica mais de um dia aqui na Irmandade, então ela não tem o direito de opinar em nada, principalmente na sua vida. – ela continuou, apoiando suas costas na porta do quarto. - E segundo lugar, não use seus poderes como desculpa para deixar de ver o rapaz.

– O quê? Mas eu não estou usando meus poderes como desculpa. É que... – ela tentou se explicar, mas o olhar julgador de Marietta logo a interrompeu.

– Escute... – Marietta desapoiou da porta e ficou em pé em frente de Victória. – Eu te conheço desde o momento que veio para essa casa, e seus poderes nunca foram um problema, mesmo eles sendo tão fortes. Você sempre foi a garota que sempre seguiu as regras, e sair com Christofer é quebrar as regras. Você só está assustada, mas sei que você vai fazer a escolha certa.

– Você está dizendo para eu escolher... O Christofer? – Victória perguntou incerta, sentido um nó se formar em sua garganta.

– Só estou dizendo para você fazer uma escolha. Não importa quando, mas pelo menos faça. Mas não importa qual seja, eu sempre irei apoiar você. – Marietta sorriu quando concluiu seu conselho.

Victória não respondeu. Ela ainda não tinha feita uma escolha, mas precisava fazer isto agora. Disto ela tinha certeza. Porém de uma coisa ela sabia no momento. Ela sentia a vontade de ver um certo alguém, e sabia que nunca iria machuca-lo. Nem ele, nem ninguém que ela amasse.

– Obrigada Marietta. – Victória sorriu para a amiga, e então se levantou e pegou um casaco que estava pendurado.

– Aonde você vai? – Marietta perguntou confusa.

– Aproveitar meu momento de rebeldia enquanto ainda posso. – ela piscou para amiga e então saiu do quarto, quase saltitando.

O jeito incomum da colega espantou Marietta, deixando-a de queixo caído, e quando Victória saiu ela começou a rir sozinha.

– Boa sorte. – ela murmurou ainda rindo, mesmo sabendo que não havia mais ninguém ali.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
Victória finalmente apareceu. Ebaaaa o/ Pena que foi uma aparição curta, mas prometo que no próximo capítulo ela terá mais destaque.