Ladies's Brotherhood escrita por Aria S


Capítulo 20
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olááá para todos que ainda esperam pacientemente pelos capítulos. Vocês devem ser os leitores mais pacientes do mundo kkkk
Enfim, eu não sei o que dizer. Só que estive muito ocupada para terminar esse capítulo, que estava mofando em meu notebook e meu drive.
Aproveitem o/



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No capítulo anterior...

Madame Marie recebe algumas informações muito importantes através de uma Lady estrangeira da Irmandade Americana. Enquanto isso, Paola sofre com a insanidade, por causa da voz irritante e provocadora que perturba sua mente. Quando finalmente decide pedir ajuda a sua mãe, ela recebe a tarefa de cuidar da Lady americana.

Victória fica preocupada momentaneamente sobre seus poderes e sua posição na Irmandade. Ela não sabe se deve deixar Christofer de lado ou não. Então graças a um conselho de Marietta, ela decide que não precisa fazer uma escolha ainda, ela só precisa aproveitar os poucos momentos ao lado de seu amado Christofer.

Capítulo 15

Antes mesmo que percebesse o tempo passar, Victória chegou até um grande portão dourado conectado ao um enorme muro cinzento. Ela estava impressionada com tanto luxo. Sabia que Christofer vinha de uma família mais abastada, mas não esperava que fosse tanto.

De repente um criado bem asseado apareceu perto do portão.

– Posso ajuda-la, mademoiselle? – ele perguntou.

– Ah, sim. – Victória respondia. – Meu nome é Victória de Langrage. Gostaria de visitar o messiê Christofer, por favor.

– Victória? – indagou, parecendo já ter escutado aquele nome antes. – Ah, sim, o messiê Christofer já mencionou sobre a mademoiselle. – ele sorriu simpático para a jovem, pegando uma chave guardada no paletó e abrindo o portão. – Por favor, entre.

Victória começou a se sentir nervosa enquanto o criado a guiava pelo jardim até a entrada da mansão. Ela nunca havia visitado a casa de Christofer e não sabia o que poderia descobrir lá dentro. Ele não falava muito de sua família, apenas um pouco sobre sua mãe. Talvez hoje ela descubra mais sobre eles.

***

Christofer cochilava debruçado sobre a escrivaninha em seu quarto. As cortinas balançavam fortes com o vento, mas o som não parecia incomodar. Ele estava em sono profundo e sonhava. Um sonho que ele não queria ter.

Uma floresta escura e pantanosa preenchia o mundo de seu sonho, e o rapaz vestia um uniforme militar. Ele não sabia que estava sonhando. Para Christofer, ele era mais uma vez um soldado britânico.

Ele corria pela floresta, e seus pés afundavam sobre a lama. De repente começou a chover. Christofer olhou para cima, pensando se a situação poderia piorar.

Christofer... – uma voz fraca e feminina ecoou até ele.

Ele olhou para todos os lados, a procura da origem da voz. Ela o chamou mais uma vez, e Christofer correu ainda mais rápido até a direção do som.

O rapaz chegou até uma área aberta e larga, com uma mulher de cabelos ruivos trançados estava de pé no centro. Ela estava de costas para Christofer, mas ele já sabia quem era ela.

Com passos lentos, ele andou até a garota. Ao alcançá-la, ele tocou em seu ombro. Ela se virou, mas no momento em que seus olhos se encontraram a garota desabou. Christofer a segurou em seus braços, e uma mancha de sangue se formava no vestido dela.

– Por que, Christofer?... Por que... – ela repetia fraca, enquanto a vida saia ao poucos de seu corpo.

– Não, não, não... – ele repetia desesperado, abraçando ainda mais a garota ruiva em seus braços. – Isso de novo não...

Christofer acordou de olhos arregalados sobre sua escrivaninha. Ainda assustado, ele levantou a cabeça e olhou tudo ao seu redor. O sol ainda estava brilhante lá fora e seu quarto continuava o mesmo. Ele ficou mais calmo quando percebeu que tudo foi apenas um sonho, mas a imagem ainda estava clara em sua mente.

Ele apoiou a cabeça em suas mãos, e emaranhou os dedos em seu cabelo, numa tentativa frustrada de tirar o sonho de sua cabeça.

– Por que justo agora? – ele murmurou.

De repente, alguém bateu em sua porta.

Messiê Christofer? – um mordomo o chamou por trás da porta.

– Pode entrar. – ele se ajeitou em sua cadeira.

O mordomo abriu a porta.

– Há uma visita a sua espera lá em baixo, messiê. – ele disse. – Uma jovem chamada Victória.

Christofer levantou de uma vez da cadeira.

– Victória está aqui? – ele confirmou surpreso.

Ele só conseguia imaginar se era mesmo coincidência ele ter aquele sonho e receber uma visita de Victória no mesmo dia.

***

Victória aguardava ansiosa por Christofer no saguão na entrada da mansão. Enquanto o esperava, ela olhava atentamente vários quadros espalhados pelo saguão, mas um em particular chamou mais atenção. Uma pintura de Christofer com sua família.

Não parecia ser muito antiga, porque o rapaz não aparentava tão diferente de agora. Christofer claramente era quase idêntico ao pai, mas também tinha alguns traços que herdou da mãe. Victória tentou imaginar como ele seria se tivesse cabelos negros como o de sua mãe. Será que ele ainda seria bonito?

– Victória. – ele a chamou do topo da escadaria.

Christofer praticamente desceu correndo a escada. Estava descabelado e com as roupas quase toda amassada. Victória ficou preocupada de ter sido um incômodo visitá-lo justo hoje.

– O que houve? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – ele fez várias perguntas uma atrás da outra.

– Não, está tudo bem. – ela não entendia por que ele estava tão preocupado. – Mas se eu estiver atrapalhando posso voltar outro dia.

– Desculpe. É claro que você não está atrapalhando. – ele respirou mais calmo, e segurou as mãos de Victória. – Eu só fiquei surpreso, só isso.

Victória sorriu mais tranquila, e Christofer sorriu junto com ela.

– Venha. Vou lhe mostrar a casa. – ele ofereceu o braço para que ela o segurasse.

***

Enquanto isso, na Irmandade Francesa, Paola guiou a pequena Kenda até a enfermaria que estava vazia no momento. Kenda sentou-se em uma cadeira enquanto esperava Paola voltar com uma caixa de primeiros socorros. Quando voltou, Paola desamarrou a faixa enrolada perto do ombro da garota.

– Hmm... Não parece ser algo sério. – Paola comentou enquanto analisava o ferimento.

– Eu disse que não havia necessidade de ver. – Kenda disse.

– Pode não ser sério, mas ainda pode infeccionar. – Paola explicou. – Vamos limpar mais uma vez o ferimento e trocar a gaze.

A Lady mais velha pegou um pequeno tecido molhado de leve com produtos químicos e passou sobre a ferida. Kenda se encolheu quando o produto atingiu sua pele.

– Desculpe. – Paola pediu continuando o processo.

– Tudo bem. Já passei por coisas piores. – Kenda disse sem olhar para o ferimento sendo tratado.

Paola ergueu o rosto em direção à jovem, e analisou discretamente a cicatriz da garota. Ela ficou muito curiosa em saber como ela ganhou aquela marca, mas tinha certeza que seria inadequado perguntar, então tentou pensar em outro assunto para conversar.

– Então, mais cedo você me disse que seu nome significa “magia” em sua aldeia. – Paola falava. – Você não precisa responder se não quiser, mas há algum motivo de seu nome ter esse significado?

Kenda havia contado a história de seu nome para poucos, mas apenas porque quase ninguém havia perguntado. Então não viu motivos para não contar à Lady.

– Na minha aldeia, tínhamos uma tradição de apenas dar nomes aos filhos depois que eles atingissem certa idade, para que o nome seja adequado a ele. – Kenda contava. – Meu nome é Kenda porque eu era a única criança da aldeia que conseguia usar magia.

– Isso é impressionante. – Paola admirou a história.

– Não é nada de mais. – Kenda disse indiferente. – Acontece sempre em uma nova geração. Eu apenas fui a “sortuda”.

Paola percebeu que Kenda não parecia feliz com aquela história, então resolveu não tocar mais no assunto.

– Prontinho. Terminei. – Paola disse quando amarrou a gaze nova e limpa.

Kenda levantou e analisou os primeiros socorros realizados em seu braço. Pareciam estar muito bem feitos.

– Venha, vou te levar até seu quarto. – Paola a chamou.

As duas seguiram pelos corredores da enorme mansão. Ela era muito maior do que a mansão da Irmandade Americana.

Elas encontraram muitas Ladies no caminho, e todas estranharam a presença da desconhecida pela casa.

– Sinto muito por isso. – Paola pediu sem graça. – É que não estamos acostumadas com visitas aqui.

– Tudo bem. A Irmandade Americana também nunca recebeu a visita uma Lady estrangeira antes. – Kenda disse sem se importar com os olhares confusos das outras Ladies.

Paola finalmente chegou ao quarto desocupado e o mostrou à Kenda. Ele era igual ao resto dos quartos pela mansão, e um dia pertenceria a alguma aprendiz que se tornaria Lady.

– Espero que goste do quarto. – Paola disse. – Se precisar de alguma coisa é só me procurar, está bem? – ela aconselhou antes de deixar Kenda a sós.

– Espere. – Kenda a chamou. – Tem algo que quero dizer.

– O que é?

– É sobre o incidente durante reunião das Madames. Seu desentendimento com a Lady alemã.

Paola engoliu o seco. Não esperava que Kenda tocasse naquele assunto tão de repente.

– E sobre o que você quer falar? – Paola perguntou desconfortável.

– Só quero apenas lhe dar um conselho: Caso você encontre-a novamente, tente não se envolver em uma briga com ela. – Kenda disse e começou a explicar. – Já vi Blanca Kutner em ação antes. Ela pode ler a mente das pessoas e controlar seus corpos em um piscar de olhos, e não só de uma pessoa, e sim de dezenas ao mesmo tempo. Ela é muito poderosa. Não é à toa que Blanca seja a número um de sua Irmandade.

Paola já imaginava que os poderes da Lady alemã fosse algo do tipo, mas não imaginava que fosse tanto. Será que Blanca era tão poderosa assim que nem mesmo Victória, a número um da Irmandade Francesa, poderia derrotá-la?

– Mas... Você tentou enfrentá-la aquele dia. – Paola disse.

– Eu apenas a atrapalhei. – Kenda respondeu. – E também sabia que Blanca não causaria uma cena na frente de todas as Madames.

Paola não sabia mais o que dizer. Estava claro que Kenda era uma garota muito esperta, forte e corajosa, mesmo sendo tão jovem. Agora ela entendia porque Kenda era o braço direito da Madame Americana.

– Muito obrigada, por ter me ajudado aquele dia. – Paola finalmente agradeceu.

– Como eu disse antes: eu apenas não gosto que as pessoas julguem os outros pela sua origem. – Kenda explicou seus motivos.

– Entendo. – Paola apenas disse. – Bem, vou deixar você a sós agora. – ela saiu de uma vez do quarto.

Do lado de fora, Paola suspirou longamente, encostando sua testa na porta. Ela não esperava falar sobre o que aconteceu aquele dia tão cedo. Mas agora Kenda havia clareado suas idéias. Ela disse que a Lady alemã podia controlar mentes, então com certeza foi ela que colocou a voz em sua cabeça. Agora Paola sabia exatamente o que fazer.

***

Na casa de Christofer, o rapaz levou Victória até um belo e grandioso jardim atrás da mansão. Tudo lá era lindo, tanto as flores quanto a forma em que elas estavam distribuídas. Christofer à guiou pelo jardim, enquanto ela dizia a ele o nome de algumas flores que conhecia.

Os dois se sentaram na grama sem se preocupar em se sujarem. Christofer ouvia atentamente o que Victória falava, enquanto ela montava algo com algumas flores que havia colhido, mas ele parecia um pouco cansado e um pouco distante naquela tarde.

– Está realmente tudo bem? – Victória perguntou preocupada.

– Sim, é claro que está. É só que... – ele suspirou de leve e balançou a cabeça antes de continuar. – Eu estava cochilando um pouco antes de você chegar, e tive um sonho ruim.

– Eu sabia que estava atrapalhando. – Victória desviou o olhar, se sentindo um incômodo para ele.

– Você não me atrapalhou. Eu juro. – Christofer disse. – E como eu disse, era um sonho ruim, e você me tirou dele.

Victória sorriu aliviada e constrangida ao mesmo tempo, e Chritofer fez o mesmo. Os dois se olharam por um tempo em silêncio, e o rapaz não conseguiu tirar sua atenção dos olhos da garota.

– Seus olhos... São tão diferentes. – ele comentou encantado.

Victória desviou o olhar na hora.

– Eles são esquisitos, não são? – ela perguntou, tentando voltar sua atenção de volta para as flores em seu colo.

– Claro que não, eles são lindos na verdade. – ele respondeu.

Victória riu de canto de uma forma diferente, como se algo tivesse passado em sua cabeça no momento.

– Quando eu era pequena, eu odiava meus olhos. Tanto que sempre evitava olhar para os espelhos. – ela dizia. – Mas então eu notei que ninguém se importava com eles, nem mesmo os percebiam. Então parei de me importar também.

– E não deveria mesmo. – Christofer disse. – Eles são lindos e você deveria ter orgulho deles.

Victória sorriu de canto mais uma vez, ainda concentrada no que fazia com as flores.

– Terminei! – ela avisou alegre.

Então pegou o que havia feito e colocou sobre a cabeça de Christofer: uma coroa de flores.

Victória tentou conter uma risada, mas não conseguiu.

– Ficou lindo em você. – ela continuou a rir de leve.

Também rindo, Christofer passou a mão sobre a coroa de flores em sua cabeça, depois a tirou.

– Aposto que ficaria melhor em você. – ele colocou a corou na cabeça de Victória, e observou como havia ficado. – Você é praticamente a princesa da primavera agora.

– Estamos no outono. – ela o corrigiu com um sorriso amável no rosto.

– Eu sei. – ele sorriu de volta, sem se importar com seu erro proposital.

Christofer colocou uma das mãos sob o queixo de Victória e se aproximou vagarosamente, e a garota permitiu. Mas então alguém o chamou a atenção. Christofer olhou por cima dos ombros de Victória e notou uma mulher mais velha atrás dela.

– Mãe. – Christofer se levantou surpreso, depois estendeu a mão para ajudar Victória a levantar também. – Eu não sabia que havia chegado.

– Disseram-me que você estava com uma visita no jardim. – ela respondeu, depois olhou a jovem. – Você deve ser Victória. Meu filho só fala de você agora. – ela sorriu.

– É um prazer conhecê-la, madame Hardy. – Victória cumprimentou levantando as pontas do vestido.

– Igualmente. – ela disse. – Que tal tomarmos um chá? Adoraria conhecê-la melhor, Victória. – a mãe de Christofer sugeriu.

Não teria como o casal recusar, então sem delongas os três foram juntos até um local apropriado para um delicioso chá da tarde.

Victória, Christofer e sua mãe sentaram-se em uma mesa perto do mesmo jardim que estavam antes. Ela já estava repleta de guloseimas para todos os três degustarem. A mãe de Christofer já devia ter pedido para alguns empregados prepararem aquela mesa antes de mesmo de chamar o jovem casal.

– Então, Victória. – a mãe de Christofer começou a falar, enquanto enchia sua xícara com café. – Christofer me disse que você trabalha em um orfanato.

– Isso mesmo, madame Hardy. – Victória confirmou.

– Por favor, me chame apenas de Madeleine. – ela pediu gentilmente.

– Esta bem, Madeleine. – a jovem aceitou.

– De volta ao assunto. – Madeleine continuou. – Deve ser difícil trabalhar em um orfanato. O que exatamente você faz?

– É difícil de explicar. – Victória dizia. – Sempre nos pedem para fazer tarefas diferentes. Não ficamos presas em um só serviço.

Em situações como essa, era difícil para Victória ser parte da Ladies’s Brotherhood. Ela odiava esconder a verdade na frente de Christofer.

– Entendo. – Madeleine disse e depois bebericou um pouco de seu café.

– Na verdade, Victória, - Christofer começou a dizer. – minha mãe era órfã também.

– É mesmo? – ela olhou surpresa para a mãe dele.

– Sim. – Madeleine confirmou. – Mas eu tive sorte e o destino foi bondoso comigo. – ela sorriu satisfeita.

De repente, um criado apareceu ao lado da mesa em que os três estavam acomodados.

– Com licença, messiê Christofer. – o criado o chamou. – Messiê Edgar está no telefone.

– É mesmo? Melhor eu atender. – Christofer se levantou. – Voltou em um minuto, está bem. – ele anunciou às duas mulheres e deixou a mesa.

Victória ficou um pouco constrangida de ficar sozinha com a mãe de Christofer pela primeira vez. Não sabia o que dizer a ela.

– Ele é um ótimo rapaz, não acha? – a mãe de Christofer disse, olhando na direção que o filho havia ido.

– Com certeza ele é. – ela sorriu compartilhando o mesmo sentimento.

– Apesar da aparência idêntica, ele é muito diferente do pai dele. – Madeleine acrescentou.

– Christofer nunca me fala sobre o pai dele. – Victória comentou.

– Ele nunca se deu muito bem com o pai. – Madeleine explicava. – Meu marido consegue ser um homem bem difícil ás vezes. Ele sempre tentou fazer com que Christofer fosse igual a ele, mas nunca obteve sucesso.

– Entendo... – Victória disse um pouco constrangida. Não sabia se era certo ouvir tudo aquilo já que Christofer nunca havia tocado nesse assunto com ela. – Eu nunca conheci meus pais. Nem sei quem eles eram, e o que faziam. – ela disse.

– Isso é comum entre órfãos. – a mãe de Christofer disse. – Mas já tentou procurá-los?

Victória encolheu os ombros.

– Não, porque sei que é impossível. Victória de Langrage nem é meu nome de verdade. Eu o ganhei no orfanato. – ela disse sem esperanças.

– Não acho impossível. Só será se você não tentar. – Madeleine a encorajou.

Antes que pudesse continuar a conversa, ambas escutaram os passos de Christofer que estava voltando para a mesa.

– Desculpe a demora. – Christofer pediu educadamente. – Sobre o que conversavam?

– Sobre família. – sua mãe respondeu, olhando carinhosamente para Christofer e em seguida para Victória.

De repente, um dos relógios da casa soou fortes badaladas, ecoando por quase toda a mansão.

– Eu preciso ir. – Victória se levantou. – Não posso chegar muito tarde ao orfanato.

– Tem certeza? Você pode dormir aqui se quiser. – Christofer ofereceu, e quando notou que Victória havia ficado corada, ele percebeu o que acabara de falar. – Q-Quero dizer, essa é uma casa grande, você pode ficar em um dos quartos vazios.

Vendo como Christofer ficou embaraçado, Victória não conseguiu segurar sua risada. Enquanto isso, Madeleine fingiu que não havia escutado.

– Que tal acompanharmos a senhorita até a saída? – sua mãe ofereceu.

– C-Claro... – Christofer aceitou a oferta.

Christofer e Victória esperavam na entrada principal da mansão. Madeleine havia esquecido algo para entregar a jovem e pediu para que a aguardassem.

– Eu adorei sua visita hoje. Realmente adorei. – Christofer disse, entrelaçando seus dedos nas duas mãos de Victória. – Mas gostaria que me avisasse antes de fazer isso.

Algo havia mudado no olhar do rapaz. Ele estava preocupado agora.

– Por quê? – ela não pode evitar de se magoar um pouco.

– O problema não é você... Nunca será você... É que... – ele tentava se explicar, segurando ainda mais forte as mãos de Victória, mesmo que não fosse mais possível. – Eu só não quero que você encontre com ele por acidente.

– Está falando de seu pai, não é? – Victória perguntou preocupada. – Sua mãe me contou que vocês não se entendem muito bem.

– Isso ainda é pouco. – ele disse. – Se fosse por mim, você nunca precisaria conhecê-lo.

Victória não conseguia entender como Christofer podia odiar tanto o próprio pai dessa maneira. Será que ele havia feito algo que magoou Christofer de maneira tão incorrigível?

O rapaz notou como Victória havia ficado preocupada com todo aquele assunto, e tentou mudar sua expressão, esboçando um leve sorriso de canto.

– De qualquer maneira. – ele continuou sorrindo. – Eu realmente amei sua visita de hoje.

Ele se abaixou um pouco, e beijou suavemente os lábios de Victória, algo que ele queria fazer desde o momento que ela havia chegado.

Sua mãe apareceu novamente, e fez um barulho limpando a garganta, tentando chamar a atenção do belo casal. Ambos se afastaram imediatamente, mas mantiveram uma das mãos ainda entrelaçadas. Apesar de um pouco envergonhados, nenhum dos dois se arrependeu do que acabou de acontecer.

– Aqui, minha jovem. – Madeleine entregou a Victória um envelope fechado. – É um convite.

– Um convite para quê? – Victória perguntou.

– Para o baile que ocorrerá daqui a uma semana. – Madeleine respondeu. – Para a despedida do Presidente e sua família que partirão de volta para a capital.

– Era por isso que a senhora estava tão ocupada esses dias. – Christofer concluiu. – Por que você não me avisou?

– Eu pretendia anunciar hoje, de qualquer maneira. – sua mãe explicou. – A senhorita poderá vir, não é?

– Mas é claro. – Victória concordou sem pensar duas vezes.

Ela com certeza não perderia a chance de ir a um baile com Christofer. Ela já havia ido a muitos bailes, mas sempre a serviço. Seria a primeira vez que iria como uma real convidada.

Ela olhou para fora e viu o sol se pondo.

– Eu realmente preciso ir agora. – Victória disse parecendo apressada.

– Tem certeza que não quer que eu te acompanhe? – Christofer sugeriu.

– Não precisa, eu vou ficar bem. – ela disse confiante. – Foi um prazer conhecê-la, madame Hardy.

Victória se despediu e correu até o cavalo que a esperava perto do portão principal.

– Você parece realmente gostar dela. – sua mãe comentou.

– E gosto. – ele disse sincero, olhando Victória partir de volta para o orfanato.

– Já contou a ela? – Madeleine perguntou, imaginando que seu filho saberia do que ela estava falando.

– Contar o quê? – ele perguntou.

– Que você já teve outra pretendente. – ela foi direta.

Christofer colocou as mãos nos bolsos, e demorou em responder a pergunta de sua mãe.

– Ela não precisa saber ainda. – ele disse, se mantendo de costas para sua mãe, deixando-a sem saber como ele estava se sentido depois de responder aquilo.

***

Enquanto Victória aproveitava sua felicidade, Paola tentava pegar a dela de volta, e para isso ela precisava se livrar daquela voz dentro da sua cabeça.

Kenda havia dito que Lady alemã, que a ameaçou na reunião das líderes das Irmandades, tinha poderes de controle mental. Agora que tinha recebido essa informação, ela sabia o que fazer.

Paola tinha certeza absoluta que a Lady alemã tinha colocado algo dentro da cabeça dela, e agora ela iria remover.

Ela havia lido em alguns livros na biblioteca que falavam sobre isso, e por sorte achou algumas informações de como desfazer.

Paola encontrou uma pequena sala vazia, levou alguns itens que precisava e se preparou. Ela desenhou um enorme pentagrama na sala escuro, ascendeu algumas velas ao redor e misturou alguns ingredientes dentro de um recipiente. Bem como estava escrito no livro.

Acha mesmo que vai funcionar? – a voz irritante perguntou.

Paola a ignorou completamente, por que sabia que faltava pouco agora para se livrar daquele incômodo.

Terminando os preparativos, Paola sentou-se no centro do pentagrama e colocou a vasilha e o livro em sua frente. Ela juntou as mãos perto do rosto, como uma oração, e repetia o encantamento que estava escrito no livro. Era uma língua antiga, que nem mesmo exista mais, porém Paola sabia como pronuncia-la corretamente.

O desenho do pentagrama começou a brilhar em uma luz roxa, junto o líquido dentro da vasilha. Paola continuou a recitar, e as luzes ficavam cada vez mais fortes. Estava perto agora.

De repente, o líquido dentro da vasilha explodiu, fazendo Paola cair para trás assustada.

Um vento misterioso apagou a chama das velas, junto com a luz do pentagrama. Será que havia funcionado? Ela não tinha certeza.

Ela se levantou e olhou ao seu redor, sem saber ao certo o que procurar. Tudo parecia normal. Mas para confirmar, Paola tinha que fazer uma coisa.

– Voz irritante, você está aí? – ela perguntou.

Não houve resposta, nem mesmo um ruído. Paola sentiu um alivio enorme em sua consciência. Ela finalmente estava em paz.

Ela limpou toda aquela bagunça e foi para seu quarto, tentar descansar um pouco. Seu quarto estava vazio, e Collet, que era sua colega de quarto, não estava lá. Ainda havia um pouco de sol lá fora, mas o quarto já estava escuro. Ela ascendeu uma luz e foi direto para a penteadeira para soltar seu espartilho e se preparar para banho.

De repente, a luz do quarto se apagou de repente. Uma risada ecoou por todo o quarto. Paola sabia que voz era aquela.

– Não, não, não... – ela murmurou desesperada. – Eu me livrei de você... Não é possível...

Paola escutou as taboas do chão ranger, como se alguém estivesse andando pelo quarto. Mas ela olhou para todos os lados e encontrou ninguém.

Se livrar de mim? – a voz perguntou cínica. – Minha linda, nós duas sabemos que isso é impossível.

Sem saber o que fazer, a garota correu para porta, mas ela estava trancada. Paola não se lembrava de ter trancado a porta.

De repente, um mão encostou na porta. Uma mão feminina. Ela vinha por trás de Paola.

– Quem é você afinal?! – Paola perguntou amedrontada, sem coragem para se virar.

Por que você não vira e descobre? – a voz desafiou.

Engolindo o seco, Paola se virava lentamente, mas com os olhos fechados. Ela estava de frente para a “criatura” agora, mas ainda sem coragem para abrir os olhos.

Vamos, abra os olhos. – ela pediu, apoiando os dedos no queixo de Paola. – Não vou te morder. Pelo menos não agora.

Aquilo era real. Paola conseguia sentir os dedos gelados em sua pele. Lentamente, ela tentava abrir os olhos.

Ela não acreditou em quem viu em sua frente. Era ela mesma. A mesma Paola Van de Hout. Mas postura e olhar dessa “Outra Paola” era complemente diferente da verdadeira. A Outra Paola tinha um olhar malicioso e sádico, algo que a verdadeira nunca demonstrou. Além disso, os olhos da Outra brilhavam uma luz lilás, exatamente como os olhos da verdadeira ficavam quando usava os poderes.

A verdadeira Paola estava sem palavras.

Por que a surpresa? – a Outra Paola perguntou. – Eu sou aquilo que você mais odeia. Ou seja, você mesma.

A Outra Paola aproximou o rosto ainda mais perto da verdadeira.

E eu vou me divertir muito com você ainda.

Então as luzes do quarto se acenderam e a Outra Paola desapareceu. Por enquanto.

Paola despencou de joelhos no chão. Seu feitiço não havia funcionado, na verdade tinha piorado a situação. Ela não sabia mais o que fazer.

***

O céu escureceu por completo, e Victória havia chegado à Irmandade. Depois de guardar o cavalo no estábulo, ela entrou na mansão pela entrada principal.

O saguão principal estava cheio de outras Ladies, mas apenas uma chamou mais a sua atenção: Brieta Tenébres.

Victória ainda não havia esquecido o que Brieta havia dito a ela. A Lady tentou ignorar a garota de cabelos brancos, enquanto passava por ela para subir as escadas.

– Você foi vê-lo, não foi? – Brieta teve a ousadia de perguntar.

– Não é da sua conta. – Victória disse ríspida, ainda continuando a subir a escada.

– Você sabe muito bem que isso é um erro. – Brieta insistia. – É muito perigoso.

– O que isso tem a ver com você? – Victória se virou, falando quase gritando, vendo Brieta ao pé da escada. – É a minha vida, não a sua.

O tom alto de Victória chamou a atenção das outras Ladies espalhadas pelo saguão.

– Não estou falando isso por você, e sim pelo rapaz. – Brieta disse.

Victória se irritou. Ela sabia que nunca machucaria Christofer, tinha certeza. E não deixaria Brieta, a Lady que se quer era amiga dela, mudar sua cabeça.

Ela se virou para voltar a trilhar seu caminho, mas percebeu que não conseguia mexer seus pés. Ela olhou para baixo e viu algo os segurando. Uma sombra.

– Brieta, me solte! – Victória ordenou.

– Só te soltarei quando conseguir fazê-la mudar de ideia. – Brieta respondeu.

Subitamente, Victória esticou o braço em direção a Brieta e a empurrou com sua telecinese, fazendo seu corpo deslizar sobre chão.

Victória nunca imaginou que usaria seus poderes contra outra Lady, mas Brieta havia pedido isso.

As sombras criadas por Brieta haviam soltado Victória, e agora ela poderia finalmente ir para seu quarto. Mas Brieta não desistiu. Ela esticou sua mão, enrolando outra sombra ao redor da cintura de Victória, fazendo rolar escada a baixo.

Jogada de costas no chão, Victória abriu os olhos e viu Brieta em pé atrás de sua cabeça.

– Qual é o seu problema? – Victória perguntou, ignorando a dor de ter acabado de cair de uma escada.

– Só estou tentando proteger a vida do rapaz. – Brieta disse, mas aquele seu tom indiferente fazia aquilo ser difícil de acreditar.

Brieta olhou para o lado, e de repente um sofá arremessado pelos poderes de Victória a atingiu. Victória ficou de pé novamente, e viu Brieta tentar tirar o sofá arremessado de cima dela.

– Eu não quero te machucar, Brieta. – Victória disse. – Então pare de se meter em minha vida!

De repende, todo o corpo de Victória foi enrolado por sombras, até mesmo sua boca, fazendo-a cair de joelhos no chão. Ela estava imóvel agora.

Brieta finalmente conseguiu tirar o sofá de cima dela. Enquanto isso, as outras Ladies não sabiam o que fazer. Elas só assistiam amedrontada toda aquela briga.

Enfurecida, Victória levitou todos móveis do saguão. Ela estava preparada para arremessar todos eles em cima de Brieta se ela não a soltasse.

De repente, Brieta sentiu um dor horrível em sua coluna, fazendo-o cair por completo no chão no mesmo instante. Quando caiu, revelou-se que Pepita estava trás dela.

A dor tinha passado, mas Brieta não conseguia mexer nenhuma parte do seu corpo por alguma motivo, somente a cabeça.

– O que você fez comigo? – Brieta perguntou para Pepita, enquanto continuava imóvel sobre o chão.

– Acertei uma certa vértebra da sua coluna com muita força. Só isso. – Pepita explicava. – Não preocupe, você vai poder se mexer novamente daqui a poucos minutos.

– Mas o que está acontecendo aqui?! – Madame Marie surgiu de repente no topo escadaria, vendo toda aquela bagunça em seu saguão.

As três olharam diretamente para a Madame, e as sombras soltaram o corpo de Victória, e os móveis despencaram de volta ao chão.

Marie viu Pepita, Brieta e Victória no meio de toda aquela bagunça, enquanto todas as outras estavam escondidas, ou tentando se esconder.

– Vocês três, no meu escritório. Agora! – Marie ordenou furiosa.

A três se entreolharam, imaginando tudo que teriam que dizer para Madame Marie.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
Ia ter uma parte com a Kenda tendo um dialogo com Collet, mas eu tirei. Ficou muito desnecessário kkk E teria outra com Marie tendo um flashback do dia que ela conheceu Rosalie (a líder da Irmandade Britânica pra quem não lembra), mas vai ser no próximo capítulo. Ou não vai ter, ainda não decidi.
Desculpe se a parte entre Victória e Christofer ficou muito fraca. Eu realmente não sei escrever partes românticas kkkkk. Mas eu gostei bastante da parte da Paola perdendo a realidade u.u kkkk
Mas deixem ai seus comentários sobre o que acharam o/