The Perfect Ball escrita por Rocky


Capítulo 6
What the fuck man


Notas iniciais do capítulo

Oeeee! Obrigada pelos reviews lindos ♥ não sei nem explicar o quanto é lindo voltar a escrever depois de tanto tempo e ainda ter leitores alksjdlaksjd amo vcs

PS: AVP Beach Volleyball é o campeonato mais famoso nos Estados Unidos em que os jogadores olímpicos competem e tal, enfim kkk se quiserem saber mais é só pesquisar ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/259781/chapter/6

– Já acordada? – perguntou meu pai, mas não dei atenção.

– Não tenho tempo a perder. Você não se incomoda né? Não vou jogar. – eu falei. Amarrei o cadarço do tênis e peguei uma torrada na mesa.

– Pode ir então. – ele respondeu e saí correndo até chegar à porta.

Estava cansada do tédio. Era só meu segundo dia ali, mas sabia que não aguentaria ficar parada por muito tempo. Era parte de mim fazer coisas. Ajeitei o short folgado e o top e saí para a praia, o sol mal tinha surgido no céu. Tinha planejado passar a manhã correndo e depois fazer um circuito ali mesmo. Não iria ficar mais nem um minuto sem me mexer.

Comecei a correr assim que alonguei, a vista era impressionante. Não coloquei os fones de ouvido como costumava fazer, era divertido ouvir os sons ao meu redor. Um passarinho cantando, o vento, tudo parecia tão incrivelmente vivo. Mais vivo do que eu me sentia naquele momento.

Achava que com o tempo a dor ia passar, mas quanto tempo seria necessário para isso? Dias? Meses? Preferia não lembrar e me distrair com outra coisa.

O show ia ser amanhã e eu ainda não tinha achado companhia muito menos roupa para ir. A maioria das roupas que eu tinha era uniforme ou esportiva. Um ou outro vestido, e esses só estavam lá porque eu ganhava de presente no Natal. Acho que tinham esperança de que eu usasse algum dia. Porém, vestidos me repudiavam. Assim como maquiagem. Então eu não fazia a mínima ideia do que usar.

~~

Já estava suada e completamente fedida quando reconheci aqueles cabelos ao vento. Não poderia ter aparecido em momento pior. O sol já estava alto no céu. Sequei o rosto na toalhinha que levava, esperando que eu não estivesse tão nojenta quanto me sentia. Leo correu na minha direção.

– Uau. – falou ele, olhando para mim de cima a baixo e me deixando envergonhada. – Não sabia que você era assim.

Minha vontade era de falar “O que você sabe sobre mim?”, mas apenas dei um sorriso fraco.

– Oi pra você também.

Me arrependi por ter ido de top e não com uma blusa maior, pois Leo parecia ter dificuldades em olhar para o meu rosto. Eu me achava horrível, mas era uma atleta, ter um corpo sarado era minha obrigação.

– O que está fazendo aqui? – perguntei.

– Hoje é meu dia de folga. Pensei em vir para cá passar o tempo, não tem muito o que fazer na cidade. E você?

– Preciso fazer alguma coisa. Não consigo ficar parada.

– Achei que garotas da cidade grande eram todas sedentárias patricinhas. O que você faz? Líder de torcida, caminhada no parque, passear com o cachorro?

– Ah, para. Eu jogo vôlei. Jogava, pelo menos, antes de vir pra cá. – escondi a decepção na minha voz. Esperava que ele não percebesse.

– Mentira. Você tá me zoando. Não pode. – ele abriu a boca em um O e eu não sabia se ria ou falava alguma coisa ou sei lá. A cara dele era de surpresa e ele começou a rir desesperadamente.

– Zoando por quê?

– Não parece que você joga. – ergui uma sobrancelha. – Pera, não é isso. É que... Pelos deuses! Eu também jogo. Nunca achei que fosse encontrar alguém legal que também gostasse disso! Tem um clube esportivo aqui. O povo treina pra valer.

– O quê? – e foi a minha vez de me espantar.

Não era possível que aquele lugar era o único fim de mundo que tinha coisas assim. E que lugar meu pai tinha escolhido para morar? Claro, parecia até que o destino estava rindo da minha cara.

– É bem ali em cima. Eu estava jogando, mas cansei e vim pra cá. Venha! Tenho que te mostrar! – ele sorria de orelha a orelha.

– Não Leo... Não acho que seja... – mas ele já tinha corrido praia acima antes que eu terminasse de falar. Corri atrás dele contra a minha vontade.

A primeira coisa que pensei ao subir a praia foi: como eu não tinha visto? Tinha quadras de areia enormes que brilhavam ao sol, circundadas por uma grade, e meninas de biquíni jogavam em duplas. Leo me arrastou até a entrada do clube e fez com que o porteiro nos deixasse entrar.

– Não é maravilhoso? – ele parecia encantado de verdade.

E realmente era. O piso era de pedras brancas e tinha várias piscinas em uma área mais afastada, como em um clube normal. Como era possível? Lá não tinha nem shopping, quem dirá um clube. Tinha alguns bares e uma plataforma de madeira que levava à praia, onde pessoas andavam de um lado para o outro. Perto da plataforma tinha a entrada para as quadras e algumas construções onde devia ser a administração. Também tinha um ginásio ali perto.

Parecia escondido por algum tipo de mágica, pois eu não tinha visto ninguém enquanto corria. Ou talvez estivesse tão socada na minha própria tristeza que nem percebera.

Eu olhava abismada para o lugar até que percebi que Leo falava alguma coisa à minha frente.

– Que? – perguntei, prestando atenção de repente.

– Não escutou nada? – ele parou e pareceu que ia chorar por um momento. Depois começou a rir e voltou a falar. – Você tem que passar em uma seletiva para jogar aqui, mas pode fazer uma aula experimental. As meninas não são muito legais, já vou avisando, mas dá pra sobreviver! E também vai ter uma etapa do AVP no próximo mês. Acho que é no próximo, ou então no outro, odeio decorar as coisas. Eu já estou terminando a escola, então preciso me sair muito bem se quiser alguma chance de vaga em uma universidade! – ele fez uma careta e fingiu que estava morrendo.

– É fantástico! – eu olhava em volta maravilhada. Faria de tudo para jogar naquele lugar. – Obrigada por me trazer aqui!

Eu olhava distraída para as meninas que jogavam na areia, até que percebi o garoto que se aproximava correndo para falar com a gente.

– Leo, seu mariquinha! Saiu e nem falou comigo! – falou ele, os cabelos loiros com grãos de areia. Ele usava uma bermuda estampada. E só. Sem camisa. Sem chinelos. Juro, eu tentei olhá-lo nos olhos, mas estava além de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!