The Perfect Ball escrita por Rocky


Capítulo 5
Wake up, girl


Notas iniciais do capítulo

Acho que ficou uma bosta esse capítulo x.x não sei se vão entender o final, mas tentei ser o mais realista possível. ♥



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– Ei, acorda! Garota!

Abri os olhos lentamente. Não lembrava onde estava. O que era aquilo na minha frente? Um menino. Puta que pariu, um menino. Dei um pulo e cheguei para trás. Tinha dormido na praia com a roupa que estava, que se encheu de areia.

– Quem é você? – perguntei, tapando a luz do sol que me cegava. Não sabia como era possível fazer tanto calor uma hora dessas.

– Meu nome é Leo. O que está fazendo aqui? Nunca te vi antes.

Ele tinha o cabelo ondulado e a pele bronzeada, com olhos escuros e extremamente brilhantes. Aparentava ser da minha idade e estava com um calção estampado e uma camiseta, parecia estar correndo por lá.

– Sou Piper. Não sei, eu dormi sem querer.

– Deu para perceber. – ele riu e eu não sabia se era porque achava engraçada a situação ou o meu estado que não devia estar dos melhores. Isso me irritou levemente. – Você mora por aqui?

– Moro ali perto. Acho que é perto na verdade. E você, o que faz aqui? – falei.

– Minha mãe me dá uma grana para vender as bugigangas dela pela praia, estava correndo para buscar uma coisa que esqueci. Prazer em conhecê-la, Piper!

– O prazer foi meu – sorri. Ele não parecia ser uma má pessoa. Assim que se despediu, voltou a correr pelo lado oposto ao que eu teria que ir, e me espreguicei ao lembrar da enorme distância.

Fui andando pela areia, molhando os pés às vezes, pelo que pareceu uma meia hora, até avistar a casa. Esperava que meu pai não ficasse com raiva no primeiro dia. Subi as escadas e bati na porta, uma mulher de meia idade abriu para mim.

– A senhorita deve ser Piper – disse ela, com um sorriso. Não era possível, todas as pessoas pareciam ser felizes naquele lugar. – Seu pai mandou deixar o café-da-manhã para você. Está em cima da mesa da cozinha.

– Obrigada. – tentei lembrar o nome dela sem sucesso, então apenas sorri e entrei na sala.

A casa estava do mesmo jeito que ontem, embora parecesse mais arrumada. Andei por um tempo até achar a cozinha, e fiquei surpresa ao ver a mesa. Eu não conseguiria comer aquilo tudo nem se tivesse passado uma semana com fome. Eu sabia que meu pai tinha sido um ator famoso quando era mais jovem, mas não sabia o quanto ele realmente devia ter de dinheiro. Me senti um pouco mal por ele ter escondido isso de mim, mas acho que foi por uma boa causa. Agora eu via aquilo tudo como um exagero e não uma coisa normal.

Comi uns dois pães dos que estavam na mesa e bebi suco correndo, para subir apressadamente. Tomei um banho quente e demorado, e vesti uma roupa qualquer. Não sabia exatamente o motivo, mas queria conhecer mais a cidade. Me arrependi por não ter conversado direito com Leo, pois ai teria companhia e alguém para me apresentar as coisas, além do meu pai.

Desci e mandei Judith (esse era o nome!) avisar papai caso ele voltasse antes de mim, partindo para fora. Quando estava no carro não tinha percebido que a casa era realmente longe da outra parte da cidade, não sei exatamente por quanto tempo andei pelas ruas vazias até encontrar o início das lojas. Não tinha coisas extremamente interessantes, mas era divertido.

Fui na livraria e me surpreendi ao encontrar mais lançamentos que na antiga cidade, pois eu achava que aquele lugar era um fim de mundo. Um fim de mundo moderno e atualizado, percebi. Depois fui à loja de discos e por último a uma lanchonete que vendia milk shake. Enquanto fazia o pedido, a garçonete me informou que haveria um festival de música com uma banda da cidade vizinha daqui dois dias, o que parecia uma quebra do tédio atual. Ela não parecia ter mais de 20 anos e tinha um sorriso caloroso. Debbie, vi seu nome no crachá.

Nunca tinha ouvido falar na banda que ia tocar, mas disse que ia mesmo assim. Só teria que conhecer mais alguém para ir comigo. Parecia que todos já tinham ouvido falar de mim, pois eu era alvo de todos os olhares nas ruas pacatas. Ficou entediante depois de um tempo, então voltei para casa. Como se fosse melhorar alguma coisa. Não sabia o que eu iria fazer até o fim do verão naquele lugar.

As aulas ainda não tinham acabado, devia faltar mais ou menos uma semana para que eu oficialmente entrasse de férias, mas por causa do que aconteceu eu não precisava ir à escola. Não sei se isso seria bom ou ruim. Ótimo porque eu não precisaria ver conhecidos que sabiam nem ficar me lembrando a todo instante, mas péssimo porque eu não conhecia ninguém. Só algumas amigas da California, mas elas não eram assim tão íntimas a ponto de vir me visitar.

Caminhei pelo que pareceu uma década até chegar em casa, e em seguida desmoronei na cama. Estava fazendo um esforço enorme para não pensar em nada ruim e tentar me divertir, mas não estava funcionando tão bem assim. Enganar a mim mesma não iria diminuir a gravidade dos fatos. Nem fingir que eu tinha entrado de férias antes.

Não sei quando senti as primeiras lágrimas escorrerem.

O ruim de ficar triste de repente é que eu não estava acostumada. Sempre tinha sido forte o bastante para aguentar o que quer que fosse, mas não sabia o que era tristeza de verdade. Eu não me esforçava para pensar no quão horrível estava minha vida. Tudo à minha volta já falava por mim. As janelas rústicas, o cheiro do mar. Isso poderia ser maravilhoso, porém se tornara um pesadelo.

Tenho que parar.

Lágrimas não vão me trazer de volta.

É como uma guerra sem vencedores. Eu tinha que parar de chorar, estava sendo ridiculamente fraca. Eu tinha que aliviar de algum modo o que estava acontecendo. Vai se fuder, Piper McLean. Ridícula. Para com isso. Sabia que tinha que me manter racional e não me deixar levar por besteiras. No entanto, parecia ter uma voz que me obrigava a fazer tudo de ruim que viesse a mente. Que me obrigava a me sentir mal. Seria a consciência? Pois não se parece em nada com o que descrevem, e sim com um demônio, alguém que te obriga a fazer algo que você não quer.

Quando isso começou a acontecer? Sinto que vou ficar louca. A qualquer momento.

Pare com isso, Piper.


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