Chegar ao Olimpo não foi tão difícil. Tirando a parte em que eu tinha que ficar ouvindo o tempo todo Alex reclamar de andar a cavalo. Eu não sei como ele não gostava disso, cara, era uma das melhores sensações do mundo. Mas assim que chegamos ao Empire State ele estava com uma cor meio verde. Tive que fazer força para não rir da cara dele.

–Uma viagem agradável não é? – pergunto cínica.

Ele me lançou um olhar mortal. Infelizmente seu estado não ajudava a intimidar então comecei a rir da cara dele.

–Muito engraçado Domadora. Eu sei que você só gostou da viagem por que meus braços estavam em volta da sua cintura.

Infelizmente Blackwind estava do nosso lado ainda. “Isso é verdade. Eu sei que você gostou dos braços dele na sua cintura”

– Aham! Claro. Vem, temos muito trabalho a fazer ainda. E Blackwind... Dá próxima vez que você ler meus pensamentos eu vou te deixar uma semana sem cenouras.

O cavalo se limita a dar um relincho feliz, sinceramente acho que ele estava rindo da minha cara. No mundo Grego é assim, até seus animais de estimação te zoam. Alex me olhou confuso enquanto cruzávamos as portas.

– O que ele leu nos seus pensamentos?

–Nada importante. Vamos.

Felizmente Alex não faz mais perguntas. Assim que chegamos percebo uma porteiro com a cara mais entediada do mundo.

–Hum... Alex, o que nós fazemos agora? Quer dizer, eu nunca estive aqui antes.

Alex também parece tão confuso quanto eu, o que é um alivio.

– Para falar a verdade, também não sei. Acho que nós devemos perguntar.

–Hum claro... perguntar. Por que as pessoas já não me acham louca o suficiente.

Andamos até o porteiro. Assim que chegamos ele levantou o olhar da revista que estava lendo. Vogue. Sim, o porteiro do Empire State estava lendo a Vogue (depois sou eu que tenho problemas)

–Em que posso ajudá-los?- perguntou no tom mais indiferente possível.

–Huum, bom dia. Nós temos que entregar uma encomenda no Olimpo.

– Olimpo? Não existe nenhum escritório com esse nome nesse prédio mocinha.

Eu já ia me virando para Alex dizendo que tínhamos errado de lugar mas ele foi mais rápido.

–Olha, nós realmente temos que entregar essa encomenda para os Deuses. Nós estamos com o vaso de Pandora bem aqui.

–Sinto muito. Você não tem audiência marcada.

Ai bom, você já deve estar imaginando que me enfureci. Pois acertou.

–Escuta aqui. Nós somos dois meio sangues. Precisamos entregar o vaso de Pandora no Olimpo e queremos falar com Zeus, Júpiter, ou qualquer um que mande nessa bagaça- disse pegando o colarinho do homem- Além disso, tem certeza que você  vai querer dois meio sangues atraindo monstros na sua porta?

Eu sei, ás vezes até eu me surpreendo comigo mesma.

– Huum, podem subir. 600º andar. Por favor, não se esqueçam de verificar se estão sozinhos no elevador.

– Obrigada- disse puxando Alex direto para o elevador.

Inserimos o cartão na fenda de segurança. Segundo depois estávamos no elevador apertando o botão para o 600º andar. Assim que apertamos o botão algo realmente terrível aconteceu. O elevador foi invadido pelo som de Abba. Sério tivemos que subir 600 andares escutando “Dancing Queen”. Acredite em mim, nada, nada legal.

Assim que o elevador se abriu me deparei com o lugar mais lindo que já tinha visto em toda minha vida. Eu podia ver toda a Manhattam, com seus prédios enormes. E mais a frente um monte, cheio de prédios magníficos no estilo da Grécia Antiga.

Alex arquejou do meu lado.

–Esse lugar é lindo.

Lindo? Lindo era eufemismo. O lugar era... Olímpico.

Assim que chagamos no prédio Central, que deveria ser a sala de reuniões com deuses, tive que me concentrar para observar uma coisa de cada vez. Era tudo tão magnífico! Estátuas em tamanho real, detalhes do prédio que contavam pedaços da história do mundo grego e romano, aquilo realmente fazia jus aos deuses.

–Sua mãe fez um ótimo trabalho aqui.

–Minha... ah sério?

–Aham. Acho que ela é uma das melhores arquitetas que já conheci.

–Puxa!

E seguimos direto para a sala dos tronos. Quando abri percebi que havia uma confusão. Por sorte ninguém reparou em nós então pude observar mais os detalhes. Cara aquela sala era divina. Os tronos representavam muito bem a personalidade de cada Deus. Aliás, ao que parecia, todos eles estavam ali. Menos o Deus dos mortos.

Deixei de prestar atenção na sala para ver o que estava acontecendo. E ah Deuses, meus pais estavam ali, com meus amigos, Tio Leo, os Pais de Alex, Hazel e Frank. Pude ver pela expressão dos Deuses que eles estavam entediados e nossos pais estavam furiosos.

–Nós temos que buscá-los. Não sabemos onde eles estão, podem estar em perigo e, além disso, eles estão com o vaso. Pelo que sei ele precisa ser entregue no Olimpo.

–Percy nós... – começou o meu avô, mas foi interrompido por um gritinho histérico de uma das deusas. Acho que era Afrodite por que ela parecia uma daquelas modelos do catálogo de biquíni.

–Afrodite parece com você- disse Alex

– O que?

Antes que ele pudesse me responder, a mulher veio em direção a nós.

–Ai estão vocês, sãos e salvos- disse ela.

–Ah, oi vó- disse Alex

– Gostaram das férias que eu dei para vocês? Não foi legal? O monte, Sócrates, o b....

–Você?!- Digo antes que ela possa dizer mais alguma coisa constrangedora- Nós podíamos ter morrido. Nosso pégaso caiu da altura de um prédio de 60 andares sabia?

–Ah, mortais e seus problemas. Deveriam aprender a se divertir mais queridinha. Ok, já que vocês cortaram meu barato voltando cedo, vamos ao que interessa.

Dei um sorrisinho para meus pais e meus amigos e me dirigi ao senhor dos céus.

–Ah senhor Zeus... Júpiter, seja lá em que forma você estiver, nós trouxemos o vaso de Pandora.

–Para você é Zeus menina. Ótimo.

– Então senhor Zeus, nós estávamos pensando que poderíamos pedir um favor aos deuses- digo olhando de esguelha para Alex. Ele apenas balançou a cabeça aprovadoramente.

–Penny, isso não é uma boa ideia – falou minha mãe meio preocupada.

–Nós sabemos-diz Alex antes que eu pudesse falar- Mas precisamos fazer isso.

–Huum é uma grande petulância, mas o que exatamente vocês querem?

Eu e Alex nos entreolhamos.

–Bom-começo- Queremos anistia para nossa amiga Nina.

–É sabemos que por algum motivo ela está sendo ameaçada e procurada por vocês- diz Alex fime.

–Ah nem tentem. Eu já pedi isso milhares de vezes- diz Afrodite olhando carrancuda para Ártemis.

Meu coração afunda. Mas eu não vou desistir. Não posso desistir agora.

–Senhor Zeus, eu sei que vocês raramente mudam de ideia, mas por favor, a garota é apenas uma menina de sete anos- digo- Ela não é uma ameaça. Eu prometo. Além disso, mudar de ideia é uma prova de sabedoria não é mesmo vó?- Pergunto olhando esperançosa para Atena.

–Hum, nesse ponto você tem razão- diz Atena.

Sorrio para ela.

–Muito bem. Acontece que essa menina é muito poderosa. Não sabemos se ela vai ser uma ameaça. Além disso, como Ártemis pode lhe contar, ela é filha de uma relação proibida.

–Exato. Eles quebraram um voto. Foram punidos por isso- diz a deusa me analisando.

–Ela só tem sete anos. Ela não pode ser culpada pelos erros dos pais- digo começando a me enfurecer- Além disso, a menina é sua neta.

Todos me olham tentando entender. Acho que nem eu sei como cheguei a essa conclusão. Acho que foi o sonho e depois os olhos. Igualzinho os de Tia Thalia. Alex me olha chocado.

–Como você?...

–Depois te conto.

–Penny, você acha que essa menina tem algum coisa haver com ... – Pergunta Jason. Obviamente ele está interessado, a menina é sobrinha dele.

–Sim, a menina é filha da Thalia.

–Eu sei- diz Zeus me olhando intensamente- Por isso mesmo, é minha responsabilidade.

–Sua responsabilidade? A menina não é uma ameaça. Ela precisa dos pais e é sua neta. Me deixe resgatar Thalia e Nico. De uma chance para a família deles.

– Nico? – Pergunta Hazel- O que meu irmão... oh Deuses!

–Espera Penny, nós descobrimos que os dois estão no Tártaro sendo torturados. Também viemos falar sobre isso senhor Zeus, mas... o que você está nos contando...-Diz meu pai meio chocado.

–Vocês não contaram nada a eles não é?-Digo me virando para os deuses- Simplesmente sumiram com os dois e deixaram a menina em um orfanato até decidirem o que fazer com ela?-digo furiosa sem me importar com os olhares assustados dos outros.

– Penélope Jackson. Sugiro que você controle sua fúria. Eles desacataram um voto sagrado. Foram pegos pelos guardiões do mundo inferior. A culpa não é nossa- Diz Zeus me encarando.

– A culpa não é de vocês? Por que então não contaram para os outros heróis? Aposto que qualquer um deles teria corrido para salvar os dois- sinto cada célula do meu corpo tremer de fúria.

–Penny- Alex me dá uma aviso silencioso. Você está indo longe demais

–Sim, e é por isso mesmo que nós não contamos- diz meu avô pela primeira vez me encarando- Eles estão além de qualquer ajuda. Seria uma missão suicida para qualquer herói tentar resgatá-los.

–Ah bom, veja bem, Estou começando a me especializar em missões suicidas- digo encarando os Deuses.

–Penny, nós também queremos resgatar os dois mas...-começa minha mãe.

– Senhor Zeus eu peço permissão para iniciar uma missão de resgate- eu corto antes que qualquer um deles possa me impedir.

–Hum, deixa eu ver se eu entendi... Você quer ir para o mundo inferior, invadir o um dos locais mais bem guardados por monstros e resgatar dois proscritos?

–Hum colocando assim a coisa fica bem simples não é? Exato.

–Alguém já disse que você é insana?- Perguntou o deus dos deuses

– Deixa eu ver.. só esse mês? Foram 257 vezes senhor.

– Bom, perfeito. Ainda bem que lhe avisaram. Que seja, se você quer se matar...

– Muito obrigada. Aprecio sua compreensão- digo Irônica

–Ah, ok sem problemas- diz ele olhando o teto pensativamente. Deu para perceber que sarcasmo não é o forte dos deuses.

–Agora creio que terminamos nossa reunião. Penélope você tem que voltar para o acampamento e falar com Oráculo, escolher os seus companheiros de missão. E todas essas coisas. Acredito também que vocês não vão querer perder a festa que estão fazendo em homenagem a vocês.

–Até mais lorde Zeus- disseram todos. Eu apenas fiquei encarando o velho. Aquela com certeza havia sido a reunião de família mais estranha de todos os tempos.

Todos nos retiramos para voltar para o Acampamento Meio Sangue. Mas antes de sairmos totalmente Zeus grita

–Quando estiver sendo julgada Penélope, não esqueça de mandar lembranças ao meu irmão.

E naquele momento eu entendi... eu estava indo para uma missão sem chances de sucesso nenhuma.