Penny Jackson E O Vaso De Pandora escrita por Redbird


Capítulo 21
O presente de Sócrates vem com um aviso


Notas iniciais do capítulo

Obaaa mais um capitulo. Espero que gostem. Beijoos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/259677/chapter/21

Na manhã seguinte acordo com o cheiro de café e pão novo. Meu estômago dá cambalhotas. Felizmente percebo que Alex já acordou então eu vou o mais depressa ao banheiro para ficar um pouco ajeitada. Não que eu estivesse me produzindo (e eu também não estava nervosa em ver Alex, não mesmo), só não queria dar a impressão de parecer a medusa quando acordava.

Encontro Alex e Sócrates conversando amigavelmente na cozinha. Os dois pareciam bem relaxados, fiquei impressionada, já que Alex reagira bem diferente quando estávamos com Homero. Mas eu não me importei com isso, entendi que Alex tinha um dom para conhecer as pessoas e detectar um sinal de perigo. Uma habilidade bem útil que, infelizmente, eu não tinha.

–Bom dia- eu disse roubando um dos cookies do prato de Alex, enquanto ele bufava com minha falta de educação- sobre o que vocês estavam falando?

–Oh foi bom você chegar Penny. Alex e eu estávamos conversando e meio que chegamos a um impasse. Você acha que a maldade é algo inerente ao ser humano? E se não for, por que cometemos tanta crueldade?

Eu deixei meu cookie a meio caminho da boca e fiquei olhando para os dois. Eles estavam tendo esse tipo de discussão no café da manhã? Alex olhou minha expressão confusa e começou a rir. Acho que eu realmente deveria estar com uma cara engraçada.

Então nossos olhos se encontraram. Eu achei que iríamos travar nossa guerra de sempre. Ele me observando e pressionando para dizer algo inteligente. Eu o desafiando. Mas ao invés disso, assim que nós olhamos, coramos e viramos o olhar para outro lugar. Caramba, por que as coisas tem que ser complicadas?

–Hum- diz Sócrates nos olhando atentamente- Tem certeza que vocês não são namorados?

–Não- dissemos prontamente

–Ok, bom, eu sabia que não era uma boa ideia deixar dois adolescentes juntos no mesmo quarto, mas enfim... Vamos a coisas mais importantes. Então Penny, você acha que a maldade é inerente ao ser humano?

–Bom – eu digo ainda meio intimidada por Alex do meu lado- Acho que nenhuma das duas alternativas. Quer dizer, o que é o mal? Para mim ele tem um conceito, para você outro. Eu sei que isso é meio simplista mas...

Sócrates me olha com aprovação. Alex engasga com o café e fica me olhando abismado. Qual é a desse garoto? Eu nem dei uma resposta tão inteligente assim.

–Bom, é verdade, meio simplista. Mas concordo com seu ponto de vista. Além disso, ética e o conceito de bem ou mal são coisas nas quais Aristóteles se especializou, não eu. Uma pessoa intragável aquela.

– Mas você não chegou a conhecer ele- digo desconfiada.

–Eu sei. Mas acredite em mim, esse mundo grego dá voltas querida. Mas me diga, você se interessa por filosofia?

Se eu me interesso?

–É claro!- digo- Eu amo filosofia. Sabe achei que talvez, se eu sobreviver até chegar a faculdade, eu posso me especializar nisso. Não que eu seja boa é claro- digo com as bochechas vermelhas. Eu nunca disse isso a ninguém, nem mesmo ao Tio Leo.

Alex me olha mais impressionado.

– Achei que você faria Arquitetura, ou Biologia marinha. Mas filosofia, isso eu nunca imaginaria.

– Não, você está me confundindo com meus pais- digo meio dura.

– Penny tem razão. Cada um nasceu com uma função. Penny é filosofa. Uma verdadeira neta de Atena.

Eu olho Sócrates feliz. Ele tinha me chamado de Filosofa, quero dizer, o próprio Sócrates, o pai da filosofia moderna. Mas então me lembro de que estamos no meio da missão, que ainda tenho muitas coisas que fazer e com as quais me preocupar.

–Huum senhor Sócrates, eu sei que o senhor disse que só poderíamos sair de viagem amanhã, mas meu tornozelo está bem melhor e Alex está bem descansado. Será que nosso Pégaso não teria condições de nos levar até o Olimpo já?

–Sinto muito Penny, não acredito que seu Pégaso possa levá-los hoje. Vocês estão muito perto de Nova York, mas, ainda assim, seu amigo não está em condições de viajar.

Eu e Alex suspiramos derrotados, queríamos muito chegar o quanto antes no Olimpo.

–Alex, que dia hoje?- pergunto torcendo para que meus cálculos estejam errados.

– 21 de junho- diz Alex me olhando triste.

– Vocês tinham que entregar o vaso no solstício?- Perguntou Sócrates.

–É o que pretendíamos. Gostaríamos de convencer os deuses a poupar a vida de uma amiga nossa- diz Alex consternado. Sei que ele está tão preocupado com Nina quanto eu.

–Entendo

–Além disso, nossos amigos ficaram para trás. Não sabemos o que pode ter acontecido com eles.

–Ah bom, quanto a isso... eu acho bom vocês darem uma olhada na TV Hefesto. Parece que seus amigos causaram uma grande confusão no acampamento dos Menelaus.

Ele então nos leva até a sala. Não tinha percebido, mas aquela casa velha podia esconder muita tecnologia. No meio da sala agora tinha uma TV de plasma 42 polegadas. Não pude evitar pensar em Sócrates de pijama assistindo a filmes de madrugada, fazendo anotações sobre cada filme que via. “Hum, Jéssica Park afirma que homens são difíceis de entender. Interessante. Filosofia do século 21 é baseada em fatos ridículos, irrelevantes e suposições falsas”. Tive que me concentrar para não rir da imagem.

Ele ligou a televisão e pude ver cenas da batalha dos nossos amigos. Eles estavam se saindo muito bem. Tales atacava as Campes com uma fúria que eu nunca tinha visto. Mirna parecia uma daquelas deusas guerreiras e Lara, bom, eu nunca tinha visto uma filha de Afrodite lutar tão bem. Eles conseguiram levar Pandora e a família para um lugar seguro.

O problema é que os monstros eram muitos, e eles estavam realmente muito zangados por termos destruído seu acampamento. Em cinco minutos eles já estavam cercados por basiliscos. Felizmente os Menelaus nem se importaram com meus amigos. Eles deviam estar muito ocupados tentando reconstruir o acampamento e provavelmente achavam que os monstros dariam conta de matá-los. Isso me deixou um pouco intrigada, mas preferi não pensar nisso, eu já estava morrendo de preocupação por que os monstros eram cinco vezes mais numerosos que eles.

Mas de repente eu vi um barulho enorme do céu. Um navio, e quando eu digo um navio, era o melhor navio que eu já tinha visto na vida. Um dragão estava na proa e eu pensei que não fosse mais ver algo tão magnífico durante toda a minha existência. Percy, Jason e Hazel saíram para a proa correndo, com as armas prontas para lutar.

–Pessoal, a ordem aqui é atacar. Vamos nos dividir. Os meninos não tem muito tempo- gritou Percy.

–Percy, você sabe o que fazemos nessa situação não é?- diz Jason sorrindo.

–É claro cara, vamos criar uma distraçãozinha. Hazel, Leo, Caio, fiquem prontos para descer e lutar.

Então ele e Jason criaram uma tempestade que dispersou a maioria dos monstros. Caio, Hazel e Leo saíram do Navio e simplesmente começaram a lutar como se não houvesse amanhã. Hazel era perfeita em cima do cavalo. Dando golpes que matavam dois, três até dez monstros de uma vez. Tio Leo não ficava atrás.

– Vocês querem brincar seus monstros? Não mecham com os sobrinhos do Valdez Flamejante. Homem fagulha muito, muito zangado- dizia ele queimando metade dos monstros como se fosse um lança chamas.

Caio também era perfeito. Em cima do cavalo e atirando flechas para tudo que é lado, os monstros não tinham a menor chance. Assim que os monstros se dispersaram meus amigos foram correndo para o navio.

– Valeu ai mãe- diz Tales ainda meio chocado com o calor da batalha.

Hazel dá um abraço de urso no filho. Caio dá palmadinhas nas costas do irmão sorrindo.

–Hei, onde estão o Alex e a Penny?- Pergunta Jason olhando para os lados

Pude ver meus amigos empalidecerem.

–Achei que eles estivessem com vocês. Eles foram na nossa frente para levar o vaso o quanto antes para o Olimpo, nós ficamos aqui para garantir a segurança de Pandora.

– O que? Di imortales! Eles não estão no Olimpo. Nós saberíamos- diz Percy- Bom, vamos encontrá-los. Agora subam no navio. Vamos voltar para casa. Só espero que eles estejam bem- diz meu pai com uma expressão preocupada.

Assim que termino de assistir o vídeo um alivio imenso toma conta de mim. Meus amigos estão salvos. E não posso deixar de pensar no quão grata estou por meu pai ter ido salvar eles. Ter ido me salvar. Olho para Alex, ele parece estar pensando a mesma coisa que eu.

–Apesar de tudo, eu não consigo deixar de pensar que eles são o máximo- diz ele sorrindo para a televisão.

Ele se aproxima e me abraça por trás, não ligo, estou extremamente aliviada.

–Penny acho que você deve saber que um amigo seu está aqui. E devo acrescentar que ele é um cavalo maravilhoso- diz Sócrates olhando pela janela.

–Blackwind. Não acredito, Alex podemos ir para o Olimpo hoje. Meu cavalo está aqui.

–Penny, será que é uma boa ideia irmos de cavalo para Nova York?

–É claro que é. Além disso é o único jeito que temos de chegar hoje ainda.

–Penny tem razão. São duas horas de viagem, mas acredito que vocês consigam fazer esse percurso com tranquilidade.

–Ok, então- diz Alex, como se a ideia não lhe agradasse muito- Vamos a cavalo.

–Perfeito. Alex, você poderia fazer um favor, para mim? Eu preciso que alguém corte aquela grama do meu jardim, estou muito velho para isso- Falou Sócrates olhando pela janela.

Alex encarou o filósofo. Eu sabia que ele não estava gostando da ideia de me deixar sozinha com um estranho.

–Tudo bem. Mas eu já vou te avisar. Se fizer alguma coisa com ela...

–Não se preocupe. Penny e eu temos muito o que conversar.

Eu lhe dou meu melhor sorriso encorajador. Ele suspira e olha para mim como se dissesse "Você não tem jeito mesmo” e sai pisando duro. Eu me viro para Sócrates.

–Venha Penny, tenho algo que preciso lhe mostrar.

Ele me leva até uma sala onde haviam objetos de todas as épocas. Era realmente muito estranho, eu me sentia como se estivesse em um museu. Mas a parte estranha é que eu me sentia realmente muito bem ali. Haviam armaduras medievais, pergaminhos, livros feitos na época em que a imprensa nem pensava em existir, mapas de antigos impérios. Eu simplesmente amei aquele lugar.

Estava tão atenta as coisas que nem percebi que Sócrates estava procurando algo em minha volta. Só percebi sua presença assim que ele gritou um

–Eureka!

Dei um pulo e quase derrubei uma armadura.

–Nossa, calma! Você não é Arquimedes.

–Ah minha cara, o que eu tenho aqui é muito valioso. Mais valioso do que você possa imaginar.

Ele parou na minha frente, extremamente feliz. Parecia até uma criança que tinha acabado de abrir os presentes de natal. Ele estava segurando um pequeno livro de couro, dava para ver que era muito antigo. Pude ler a capa Sibilos.

– O que é isso?

–É o livro Sibilino - diz Sócrates sorrindo.

– O livro que Octavian tanto queria?

–Ele mesmo minha cara. Octavian vem procurando ele por toda a vida.

–Nossa, mas se ele conseguir colocar as mãos nisso...

–Terá um poder imenso. E um homem como Octavian não pode ter esse tipo de poder.

–Concordo com você.

–Penny existiam nove livros. Infelizmente o restante foi queimado ou destruído em guerras.

–Como alguém pode destruir algo tão precioso assim?

–Ah minha menina, infelizmente os homens não dão valor ao conhecimento, ele é uma das coisas mais atingidas numa guerra. Bom, você conhece a história desse livro?

–Um pouco. Ele foi escrito pela vidente Sibila não é mesmo?

–Exato. Um imperador certa vez tentou comprá-lo. Mas não quis pagar o preço justo. Sibila então queimou três desses livros. O imperador voltou, mas novamente não quis pagar o preço justo. Sibila então queimou mais três livros. Quando o imperador voltou pela terceira vez eles finalmente fizeram negócio. Os outros três livros foram destruidos durante as invasões bárbaras. Este é o único que restou. E agora você deve guardá-lo.

–Eu? – pergunto atônita.

–Você. Use-o com sabedoria. Ele estava destinado a ser seu. Eu também fiz umas anotações. Acredito que você vá gostar. Quem sabe você não aproveita no curso de filosofia hein?

Eu sorrio para ele, perplexa demais para conseguir falar.

–Esse livro, foi uma donzela quem escreveu não é? –pergunto finalmente me dando conta de algo.

–Foi- diz ele me olhando sem entender.

–A minha profecia. Dizia que o perigo se encontrava nos segredos da donzela. Ela se referia a este livro não é?

–Possivelmente. Mas não se preocupe, nada vai acontecer se você usá-lo com sabedoria. Mas Penny eu tenho que lhe advertir. Seu futuro não vai ser muito fácil. Você vai ter que trair aquilo que mais ama. Vai ficar sozinha. Tudo isso para proteger sua família.

–O que você quer dizer com isso?

–Quero dizer que você terá escolhas difíceis pela frente. Mas sei que você vai morrer com uma heroína.

–Um pensamento realmente encorajador.

–Ah quanto ao resgate de Thalia e Nico. Você terá que falar com alguém que já esteve no mundo inferior. Alguém com livre acesso. Alguém com poder de entrar e sair de lá.

–Perséfone?

– Exato. Mas antes também seria bom ter uma conversa com Psique.

–Psique? A mulher de Eros?

–Essa mesma. Ela já esteve no mundo inferior. É a única mortal, sem um pingo de sangue dos deuses, a sair de lá com vida, graças a Eros.

–Ok, muito obrigada senhor Sócrates. Não sei como vou poder lhe agradecer tudo isso.

–Não precisa agradecer. Só... Prometa que continuará estudando filosofia.

–Vou sim. Obrigada por tudo.

Então saímos da sala. Alex já estava a nossa espera do lado de fora da casa, com o jardim magnificamente podado.

– Seu jardim está em perfeita ordem senhor Sócrates.

–Obrigada Alexandre.

–Huum de nada- diz Alex meio desconfortável por Sócrates ter usado seu nome de batismo- Penny acho melhor irmos. Eu já selei Blackwind.

–Ok. Obrigada por tudo senhor Sócrates. Temos que ir. Nunca vou esquecer o senhor.

–Obrigada Penélope. Eu também não vou me esquecer de você. Permaneça sábia.

As ninfas também vem se despedir da gente. Acho que elas não viam gente há muito tempo porque ficavam dando em cima de Alex. Não sei por que mas isso me irritou. Elas não ousaram vir se despedir de mim.

–Com ciûmes- ele sussura assim que passa por mim.

–Nos seus sonhos- digo de volta.

Subo em Blackwind que parece feliz em me ver.

Pensou que ia se livrar de mim Princesa do mar?

Assim que Alex sobe em suas costas, o cavalo sai em disparada. Aceno mais uma vez para Sócrates em despedida. Alex tenta se equilibrar segurando o vaso e minha cintura para não cair. Rio do seu desconforto.

–Domadora isso não é nada confortável. Você sabe disso não é?

–Para mim é maravilhoso.

Blackwind relincha feliz. Ele galopava numa velocidade incrível para um cavalo comum. Menos de duas horas e estaríamos no Olimpo. Durante a viagem não soltei a mão da minha mochila com o livro sibilano. E não pude deixar de pensar em tudo o que Sócrates me dissera. Seja como for, ele estava errado em uma coisa. Eu jamais trairia meus amigos.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Por favor me digam. Beijoos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Penny Jackson E O Vaso De Pandora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.