A garota tinha a aparência de quem vinha sendo extremamente mal tratada. Sua pele estava com uma coloração extremamente pálida, ela tinha olheiras enormes, além de um olhar desconfiado. Pandora, no entanto, não tinha o olhar ensandecido de que eu me lembrava do meu sonho.

Quando disse que a conhecia ela apenas arqueou a sobrancelha, assim como meus amigos. Expliquei tudo, inclusive meu sonho.

–Então, você está com o vaso Pandora? Nós precisamos levá-lo para o Olimpo.

Ela me deu um sorriso triste, eu podia perceber que apesar de tudo, ela realmente queria nos ajudar.

–Sinto muito Penny, não estou mais com o vaso.

Então, Pandora me conta sua história. Ela tinha apenas seis anos quando encontrou o vaso em uma viagem que fez com a família. Eles estavam viajando para a Carolina do Norte, para uma praiazinha no sul do estado.

Em uma noite em que a menina se perdeu da família na praia, um estranho apareceu e entregou o vaso. Ele parecia tão amável, mas quando a menina tentou ver o que havia dentro do vaso, ele ficou muito zangado.

–Ainda não chegou a hora menina. Guarde isso para nossa pequena vingança no futuro.

Então o homem se abaixou e a olhou direto nos olhos. O que ela viu fez com que nunca, nunca quisesse abrir o vaso. Segundo o que Pandora me contou, que não foi muito por que estava extremamente aterrorizada, o desconhecido mostrou sua família sendo torturada, pessoas morrendo, tudo o que a menina conhecia sendo consumido aos poucos. Então ela nunca contou a ninguém sobre aquele encontro na praia.

– Os Menelaus estão com o vaso agora. Eles prenderam minha família. Vão matá-los, a menos que eu abra aquele vaso.

–Pandora você não pode fazer isso.

–Eles são minha família Penny, você não sacrificaria tudo para ver sua família a salvo também?

Eu queria desesperadamente dizer que não. Queria dizer que ela estava sendo egoísta, que ela não deveria deixar Octavian manipulá-la daquele jeito, que ela não podia ter entregado o vaso para eles.

Mas ai eu lembrei do sonho que tive com meus pais sendo atacados, e mesmo que eu não tivesse tido muito contato com eles, mesmo que apesar de tudo ainda sinta muita mágoa, eu ainda não conseguiria ver eles morrendo. Me lembro de Tia Thalia e Tio Leo, e olho para meus amigos. Acho que sabia exatamente o que ela sentia. Então a única coisa que disse foi:

–Eu sinto muito Pandora.

–Também sinto que não possa ajudar na sua missão- diz ela com pesar.

Alex que estava num canto pensativo de repente se levantou.

–Pandora, o homem que te entregou aquele vaso, como ele era?

–Ele era loiro, tinha olhos azuis, era enorme. E eu sei que isso pode parecer estranho, mas não parecia ser dessa época.

–Eu sabia- diz Alex triunfante.

– O que você sabia? –Já mencionei que simplesmente odeio quando alguém sabe algo e eu não sei? É aterrorizante.

Alex me dá um olhar divertido.

–Quer dizer que a sabe-tudo neta de Atena, ainda não entendeu?

–Alex ás vezes você é simplesmente insuportável- Eu juro que nunca mais vou acreditar naquele charme idiota dele “Que bom ver você viva”, estúpido. Aquela coisa de mãos dadas? Jamais!

– Ah claro, pelo que eu saiba quem nos meteu nessa enrascada foi você. “Homero você é tão inteligente. O que você quis dizer naquela cena em que fez Aquiles e o rei de Troia se encontrarem? Ah sim... que romanos e mestiços deveriam ser mortos”

–O que? Isso é injusto Alex. Eu não queria... Ah ok, está bem. Mas eu nunca pedi que você viesse nessa missão estúpida. Podia muito bem ter ficado lá no acampamento. “Muito bem adaptado” não é? Foi o que Dylan disse, antes de você tentar me matar lembra? Meia hora no acampamento e você já se junta com aquele bando de idiotas.

–Eu não estava tentando te matar sua tonta. Se algum dos capangas do Dylan tivesse entrado naquele luta, talvez você não estivesse nem aqui agora.

–Ah obrigada cavalheiro, eu me esqueci de que sou uma donzela indefesa que precisa da sua ajuda. Obrigada.

–Ás vezes você se comporta como uma.

–Eu teria acabado com Dylan se você quer saber e...

Então nos dois nos olhamos, chegando a mesma conclusão.

–Dylan. Ah, eu juro que eu vou matar ele. Aquele traidorzinho de uma figa.

– O que foi?- pergunta Mirna- A briga de casal de vocês estava tão interessante, por que pararam? Por que estamos prestes a morrer na mão do psicopata dos ursinhos?

Nos dois olhamos para ela com raiva.

–Desculpem, só estava tentando dar mais dramaticidade- diz ela rindo da nossa cara.

–Acontece que nós dois acabamos de descobrir quem é o espião no acampamento Grego- diz Alex abrindo os braços teatralmente.

Eles nos olham intrigados.

–Dylan? Vocês tem certeza?-Pergunta Lara desconfiada.

–Dylan... eu já ouvi esse nome por aqui- diz Pandora pensativamente.

–Então é ele mesmo- digo triunfante- Temos que avisar os outros. E Alex... você vai me contar quem é a pessoa que entregou o vaso para Pandora ou não?

– Fígado e águia significam algo para você?

–Prometeu? O bom titã?- pergunto incrédula

–De bom ele não tem nada, pode apostar.

–Ele deu fogo para os homens- digo com raiva para ele.

–Você não leu nada sobre a Segunda Guerra contra Cronos? Ele estava do lado dos titãs Penny.

– É claro que eu não li nada sobre essa guerra. E você sabe por quê.

Ele me olha envergonhado. Eu vou sentar num canto da Tenda. Eu precisava pensar. Ter um plano para tirar meus amigos sãos e salvos daquele lugar. E além disso, eu precisava ficar longe de Alex e dos outros. Alex tinha razão. Mais uma vez eu tinha falhado com eles, primeiro atrasando nossa missão e agora nos trazendo para essa prisão. Eu tinha tanta coisa na cabeça, a maioria envolvia matar lenta e dolorosamente Octavian, Dylan e Alex.

–Ei – diz Tales se aproximando uns 15 minutos depois. - precisamos avisar os outros sobre Dylan.

–Eu sei. Mas infelizmente não temos como mandar uma mensagem de Iris.

– Acho que podemos tentar. Vamos pegar alguma das águas que eles deixaram para que a gente bebesse. Podemos racionar o resto. E quanto ao arco-iris, eu tenho um prisma. Meu pai me deu antes de eu vir para a missão. Ele disse algo sobre manter contato ser importante e essas coisas todas. Dá para captarmos um pouco da luz do sol ali na parte mais inicial da tenda.

–Seus pais são legais sabia. Eu gosto das histórias que li sobre eles.

–Você disse que não tinha lido nada sobre os sete heróis.

–Não li, bem um pouco só. A parte que fala sobre o Tio Leo. Acabei esbarrando em algumas outras histórias. Também acho Jason e Piper geniais ás vezes. Mas nunca conte isso a Alex ou aos meus pais está bem?

Ele ri e pisca, indicando que entendeu meu recado.

–Alex- diz Tales se levantando e me puxando- Vamos mandar uma mensagem de Iris para o acampamento.

Alex assente. Tales entrega o prisma a Alex

–Toma, eu prefiro não falar com meus pais.

Alex pega uma moeda e fazemos uma poça d’água.

– Oh Deusa aceite minha oferenda Jason Grace, acampamento meio sangue.

A poça logo deixa entrever um homem loiro ao lado de Piper. Os dois parecem extremamente preocupados. Sinto meu estômago afundar assim que vejo que meus pais estão do lado deles.Caramba, esse povo parece ser inseparável.

–Huum pai? – Diz Alex meio desconfortável.

–Os quatro se viram imediatamente.

–Garotos graças aos deuses, vocês estão bem? Soubemos que foram capturados pelos Menelaus. Onde vocês estão?- Diz Jason.

Nós nos entreolhamos.

–Ah bem, tivemos alguns contratempos. Nada que não possa ser resolvido- digo – O que nós queremos é avisar que temos uma suspeita sobre quem possa ser o espião.

–É, achamos que Dylan é o espião dos Menelaus no acampamento- diz Alex

–Dylan? – diz Annabeth- Como vocês chegaram a essa conclusão?

–Ah não é bem uma conclusão, mas Pandora acha que ouviu o nome dele no meio dos Menelaus então... Achamos melhor avisar para que possam ficar de olho- Diz Lara.

–Pandora?- Pergunta Piper

–Bem, é uma longa história.

–Ok, mas meninos, onde vocês estão? Foram mesmo capturados pelos Menelaus? Quer dizer nós podemos ir ai resgatar vocês – diz Percy.

Nos três nos olhamos. As garotas estão esperando o que nós vamos decidir.

– Sim, mas não se preocupem- digo antes que qualquer um deles possa fazer objeção- Nós ainda precisamos descobrir algumas coisas por aqui. Voltaremos a entrar em contato se precisarmos de resgate.

–Sim, nós ainda precisamos cortar a cabeça de alguns ursos- Fala Tales.

–Ursos?- indaga Percy- O que ursos...

–Octavian- dizem os quatro como se tivessem seguindo os mesmos pensamentos.

–Exato. Bom não se preocupem, nós chamamos a cavalaria se precisarmos- diz Alex olhando para os pais.

–Meninos, tomem cuidado. Pelos deuses, nunca deveríamos ter deixado eles saírem em missão.

Alex faz uma careta.

–Vamos ficar bem mãe eu prometo.

Essa mensagem está me deixando um tanto nervosa. Nós não estamos pedindo resgate, queríamos apenas avisar sobre o espião. Por que eles têm que tornar tudo mais difícil?

–Bom temos que ir pessoal- digo tentando cortar a mensagem que já durou tempo demais- Qualquer coisa avisamos. E tomem cuidado com o espião.

Mas antes de cortar a mensagem de vez eu me lembro que também preciso dar outro aviso. Quem sabe, penso esperançosa, eles possam me ajudar.

–Pessoal, antes de irmos, preciso contar que Homero nos falou algo sobre Thalia e Nico estarem no Tártaro.

–Penny, eles não estão no Tártaro. Eles estão mortos, mas foram grandes heróis. Devem estar no Elísios agora- diz minha mãe.

–Não, não estão. Eles estão vivos e precisam da ajuda de vocês. Por favor descubram alguma coisa.

E antes que eles possam dizer mais alguma coisa eu corto a mensagem.

–Vocês sabem que eles vão vir correndo para cá não é?- diz Pandora.

–Por que você acha isso?- pergunto

–Bom, eles estavam com a mesma expressão que minha mãe usa quando estou prestes a fazer algo perigoso.

–Eles não vão precisar vir- diz Alex olhando para Pandora- Por que eu já tenho um plano.