O Chá de Homero era realmente O chá. Lindos cookies de chocolate, pasteizinhos salgados, pão, manteiga, presunto, queijo. Chá de maçã, erva-doce, laranja. Tudo era simplesmente magnífico. Até mesmo Alex parou de se preocupar e começou a comer com vontade

Homero nos olhava com um belo sorriso na cara. Mas alguma coisa no jeito em que ele olhava para Tales e Alex fazia com que eu me sentisse desconfortável. Além disso, eu ainda estava pensando em Thalia e Nico. Um tremor involuntário percorria minha espinha ao pensar neles sendo torturados da pior maneira possível. Olhei para Tales, eu não sabia se contava ou não sobre o tio, mas achei melhor esperar.

–Então, falando sobre esses Menelaus, é bom vocês terem cuidado. O líder deles Octavian, pode não parecer, mas é inteligente e tem muita sede de poder. Além de ser muito cruel.

–Ah- digo colocando mais um pedaço do cookie de chocalate dentro da boca- pode deixar teremos cuidado sim. Então senhor Homero, o senhor também é descendente de Atena?

–Sim minha pequena. Sou um dos filhos da deusa da sabedoria. Fiquei cego lutando contra dois monstros sabe. Além disso, eu não era muito bonito. O povo ateniense tinha um certo receio de mim, mas eles me respeitavam.

–Oh, sinto muito senhor- Lara olha para Homero com pena. Ser mal tratada por ser considerada “feia” é algo que ela pode entender. Apesar de Lara não ser feia, as beldades fúteis das irmãs dela sempre a trataram mal por ela ser um pouco diferente.

–Ei, Espera! Você disse Octavian? Ele não foi um dos pretores no acampamento Júpiter?-perguntou Alex.

–Ah me esqueci que você era um dos romanos- Ele disse romanos como se fosse alguma doença ou algum tipo de inseto particularmente nojento- Bom digamos que ele sempre tentou ser pretor. Mas é claro, os pais de vocês nunca deixaram isso acontecer. Jason Grace e Percy Jackson sempre tiveram um lugar como pretores em Nova Roma, o que deixou Octavian um tanto ressentido.

Eu e Alex nos entreolhamos preocupados. Além dos monstros, nós ainda teríamos que nos preocupar com um psicótico em busca de vingança pessoal.

–Você conhece ele? Ele estava lá quando você foi capturado pelos Menelaus?-Pergunto me virando para Alex.

–Não, felizmente.

O Chá continua calmo depois disso. Eu estava tentado extrair o máximo de informações que tinha de Homero. Quer dizer, era Homero, o maior escritor de todos os tempos. Os outros apenas prestavam atenção na nossa conversa. Alex terminou seu chá e foi vasculhar a livraria. Os outros também. Eu obviamente fiquei ali, conversado com um dos meus tios preferidos.

– Penny, pode vir aqui um Instantinho?- A voz de Alex me chamou de uma das estantes mais distantes.

–Ah Alex, agora estou ocupada.

–É um pouco importante Penny.

Me levanto com um pouco de raiva e me dirijo até ele.

– O que foi? Eu estava tendo uma das conversas mais interessantes da minha vida e ..

Ele levanta um livro. A capa é vermelha com dois homens duelando. Meus olhos vão em direção ao titulo “O grande conflito- Por que gregos e romanos nunca devem se encontrar”

–E daí Alex- digo um pouco impaciente- É só um livro idiota.

–Não, não é. Olhe quem é o autor.

–Homero da Grécia- digo sem acreditar- Mas não pode ser. Ele não pode acreditar nessa baboseira!

–Ah vai por mim, você não viu o jeito que ele estava quando ficava perto de mim e Tales?

–Alex...

Mas antes que eu possa dizer alguma coisa escuto uma explosão na entrada. Alex e eu corremos para o local do barulho e em pânico percebemos nossos amigos aprisionados.

– Mas o que...?- Pergunto sem entender nada.

–Sua carona. Bom Menelaus, aqui estão os meios sangues como combinado.

–Homero o que você está fazendo? – Digo pegando contracorrente e me posicionando para lutar- Como pode negociar com os Menelaus?

–Simples querida. Os romanos são todos assassinos, merecem a morte. Nossa nobre civilização só pereceu por causa desses ladrões psicopatas.

–Homero não! Você é um pacifista. Troia é sobre os perigos e o preço de uma guerra não é? Você sabe que é ridículo julgar uma cultura inteira.

– Será mesmo Penny? Além disso, Troia era exatamente sobre o porquê gregos e romanos não devem ficar juntos. Seus pais tentaram acabar com essa rixa. Mas mesmo que os dois acampamentos estejam cooperando pacificamente, eles nunca conseguiriam sobreviver juntos por muito tempo.

– Penny- grita Tales.

Olho para meus amigos. Tales está sendo aprisionado por dois garotos, que devem ter uns 18 19 anos, apenas um pouco mais velhos que nós. Ambos estão prontos para dar uma surra nele. Mirna está tentando lutar com um garoto com o dobro do tamanho dela e não está tendo muito sucesso, já que outro se aproxima e a segura.

Lara dá estocadas com sua espada em quem aparece na frente, mas ela já tem cortes em cima da sobrancelha e nos braços. Alex também está fazendo o possível, mas suspeito que sua condição mestiça o faz um alvo mais desejado que os outros. Ele está tendo que usar o charme, mas alguém vem por trás e acerta sua cabeça com o cabo de uma espada. Não há tatuagens tradicionais do acampamento Júpiter, então acredito que ele seja um dos fugitivos do acampamento Grego.

–Alex- tento chegar até ele, mas um dos outros campistas impede o meu caminho.

– Uma grega é?

O acerto com a espada. Ele tenta me bloquear e sou mais rápida. Ele cai no chão enquanto corro até Alex. Eu poderia usar o boné da minha mãe, mas não vejo como ficar invisível possa me ajudar numa situação dessas.

Um dos campistas romanos agarra meu braço quando estou tentando fazer Alex acordar. Começo uma luta frenética para me desvencilhar dele, mas simplesmente não consigo. Ele consegue me prender usando uma chave de braço.

– Não toquem nela. Apenas os levem para o acampamento. Acho que Octavian vai querer falar pessoalmente com ela e com o mestiço- um deles, que parece o líder diz.

–Homero- Tento mais uma vez sem esperança- Atena disse que encontraríamos abrigo aqui. Como pode nos trair assim?

–E foi exatamente o que encontraram minha cara. Mas eu não posso ajudá-los mais. Além disso, preciso defender nossa civilização Penny.

Então somos carregados até uns carros que estão na frente da casa de Homero. Tales e Alex são colocados em um, enquanto eu, Mirna e Lara ficamos em outro.

–Onde estamos indo? Onde estão os garotos, por que vocês nos separaram?

–Fique quieta garota. Você vai ver quando chegarmos lá. Octavian vai ficar realmente feliz, não vai Brutos?

–Ah aposto que sim César, vai realmente ficar muito feliz.

–Quem é esse Octavian?- Pergunto.

–Quieta garota. Já disse para parar de fazer perguntas.

Decido calar a boca. Parece que se passam eras dentro do carro, mas eu sei que não devemos ter ido tão longe por que assim que saio dele percebo que ainda estamos em Quebec. E por incrível que pareça, a primeira coisa que vejo ao descer é a cabana do meu sonho. O Vaso deve estar aqui em algum lugar.

Presto mais atenção no lugar. Estamos em uma espécie de acampamento militar. Há pelo menos umas dez tendas aqui, sendo que há uma maior que as outras no centro. Acredito que essa seja a tenda principal, o Quartel General onde esse tal de Octavian está.

Olho para trás a procura dos meus amigos. De repente vejo Tales e Alex saindo de um carro. Tales está com a testa cortada. Alex também me percebe e nossos olhos se encontram. Meu coração dá um salto ao vê-lo andando na nossa direção. Sinto tanto alivio de vê-lo bem que começo a tremer. Eles vêm em nossa direção.

–Que bom ver você viva Domadora- Alex sussura enquanto somos escoltados até a tenda principal.

–Também fico feliz que você esteja bem General.

Felizmente, apesar de tudo, os Menelaus não nos separaram. O que já é um grande alivio. Alex parece ler meus pensamentos por que enquanto estamos sendo levados até Octavian ele pega minha mão. Não sei o que pensar sobre isso, mas é melhor assim. Octavian vai perceber que somos um time.

Assim que entro na tenda, percebo que eu não fazia a menor ideia de com quem estava lidando. Eu esperava um cara forte, um pouco musculoso demais, com expressões duras. Um típico soldado romano. Mas ao invés disso encontrei um homem loiro, que aparentava ter um pouco mais de 40 anos. Muito magro, vestido com uma túnica e um cinto onde estavam presos... ursinhos de pelúcia? Pode apostar muito mais assustador.

–Senhor, aqui estão os campistas que lhe falamos.

Octavian levanta os olhos azuis de um mapa que estava estudando. Ao nos ver sua expressão vai de profundo tédio para uma excitação quase insana.

–Esses são os filhos dos sete?

– Ah garota ruiva e os outros dois garotos são senhor. Há ainda mais um menino, mas nós ainda não sabemos o paradeiro dele.

Sinto o corpo de Tales dar uma leve tremida do meu lado. Não sabemos se Caio está bem, mas já é uma boa noticia o Menelaus não estarem com ele. Octavian vai até Tales.

–Você deve ser o filho de Hazel Levesque não é?

Tales não responde, apenas olha duro para o homem a sua frente.

–Você poderia ser meu filho, sabe? Se sua mãe não tivesse casado com aquele Frank Zhang e rejeitado todas as tentativas de ficar com um cara decente.

– Então ela se livrou de uma boa. Você também Tales.

Octavian caminha em direção a mim.

–Você- diz ele com uma voz carregada de ódio- deve ser a filha de Percy Jackson e Annabeth Chase.

–Seu poder de dedução me deixa abismada- digo encarando o cara dos ursinhos.

–Você deveria mostrar um pouco mais de respeito.

– Sinceramente com esses ursinhos na sua cinta fica meio difícil.

– Penny, você não está deixando as coisas mais fáceis.

Octavian se vira para Alex que acabara de falar. Ele observa nossas mãos entrelaçadas e vejo um pequeno sorriso cruel se formar em seu rosto.

– Um diplomata, assim como os pais. No entanto uma completa aberração. Não passa de um mestiço.

–Falou o cara com o ursinho no cinto- digo enfurecida.

–Não se preocupe Penny Jackson, sua arrogância não vai durar muito tempo do meu lado. Quanto a vocês- diz ele se dirigindo aos soldados- Muito bom trabalho. Se existem meio- sangues que podem ajudar nossa causa são estes. Prendam eles juntos, quero conversar um pouco mais com esses pequenos encrenqueiros depois. Por enquanto, ainda preciso saber como interrogar aquela idiota.

–Quem?- Pergunto para Octavian

Brutos me olha de cara feia e me puxa.

–Eu já disse para parar de fazer perguntas garota. Feche o bico agora.

Então ele faz um sinal para os companheiros e os soldados nos escoltam até a prisão improvisada no meio do acampamento. Uma tenda bem menor que as outras. Parece que eles não se preocupam muito com o conforto dos seus prisioneiros.

Felizmente, a tenda só está ocupada com apenas mais uma prisioneira. Assim que ponho os olhos nela a reconheço de algum lugar. Ela parece ter a minha idade.

–Quem são vocês?- A moça parece meio assustada. Não é para menos.

– Oi- digo tentando mostrar que estamos do lado dela- Eu sou a Penny, esses são Mirna, Tales, Lara e Alex. Qual é o seu nome?

– Pandora.

Meus amigos e eu nos entreolhamos assustados. Então um calafrio me assalta

–Acho- digo tentando falar o mais calma o possível- Que conheço você.

E é verdade, porque ela é mulher do meu sonho. O sonho que tive assim que cheguei ao acampamento.